Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

27 abril 2007

Testamento

Estou cansado de viver
Neste imenso palco de marionetes,
Bonecos de engonço e fantoches
Presos pelas ilusórias cordas de suas posses.
Estou cansado de correr
Atrás de supérfluos acessórios
E de buscar explicações para o que sinto
Em medianos intelectos compulsórios.
Estou cansado deste
Infrutífero esforço mental
Para remediar a dor existencial
Fruto da busca do transcendental.
Estou cansado
Do coletivo movimento pregresso
De colecionar conquistas e títulos
Para ostentar progresso
Mesmo que à custa
De uma alma em retrocesso.
Estou cansado
Das personalidades mascaradas
Nesse imenso baile em contínuo desencanto.
Quero apenas um silencioso canto
Onde possa vivenciar meu pranto
Pela busca para ser, tão somente, humano.
Deixem-me ser um anônimo em luto
Deixem-me ser um nada...
Pois sinto que através do nada, resoluto,
É que fundo-me na mística do Absoluto.
Estou cansado desta imanência
E de toda transitória permanência.
Quero a sagrada ciência.
Quero a sapiência.
Quero a essência
De uma vivência
Em transcendência.
Quero...

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!