Estou cansado de viverNeste imenso palco de marionetes,
Bonecos de engonço e fantoches
Presos pelas ilusórias cordas de suas posses.
Estou cansado de correr
Atrás de supérfluos acessórios
E de buscar explicações para o que sinto
Em medianos intelectos compulsórios.
Estou cansado deste
Infrutífero esforço mental
Para remediar a dor existencial
Fruto da busca do transcendental.
Estou cansado
Do coletivo movimento pregresso
De colecionar conquistas e títulos
Para ostentar progresso
Mesmo que à custa
De uma alma em retrocesso.
Estou cansado
Das personalidades mascaradas
Nesse imenso baile em contínuo desencanto.
Quero apenas um silencioso canto
Onde possa vivenciar meu pranto
Pela busca para ser, tão somente, humano.
Deixem-me ser um anônimo em luto
Deixem-me ser um nada...
Pois sinto que através do nada, resoluto,
É que fundo-me na mística do Absoluto.
Estou cansado desta imanência
E de toda transitória permanência.
Quero a sagrada ciência.
Quero a sapiência.
Quero a essência
De uma vivência
Em transcendência.
Quero...