Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

21 janeiro 2019

O xeque-mate da insuficiência psíquica

Da insatisfação compartilhada

Cada dia as coisas tornam-se mais claras: ninguém ama ninguém, ninguém está de fato em genuína relação. Vivemos de simulações, alimentamos falsa respeitabilidade e nos escoramos em românticas memórias que não condizem com a realidade. Vivemos do passado, ou melhor, somos o passado, o qual nada tem de significativo para o presente momento, sendo que este último, quase sempre se mostra dolorosamente entediante. Em nossos encontros — que na realidade não passam de ajuntamentos de pessoas inseguras, totalmente incapazes de real encontro —, cada um se isola num comportamento pessoal: na comida, na bebida, no cigarro, na política, nos jogos pelo celular e no bisbilhotar nas redes sociais, na imbecilidade dos programas de TV, na neurótica euforia que faz falar demais sem nada ter para dizer, na autopiedade da terceira idade com suas disputas de quem é o mais doente, de quem sofre mais ou de quem tem o melhor plano de saúde. Estamos tão fechados pelo nosso medo da solidão, que acabamos não enxergando ninguém, em especial, nem a nós mesmos. E assim a existência sem vida vai passando, enquanto nossos corpos vão engordando como resultando de tamanha, silenciosa e disfarçada insatisfação compartilhada.

Sentar-se em ócio se mostra um péssimo negócio, para quem não quer ter revelada a falsidade e a insignificância de seu condicionado modo de vida.

Outsider

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!