Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

16 janeiro 2009

Uma mente off-line

- Bom dia querido amigo! Que a harmonia, saúde, paz, felicidade e riqueza ocupem sua mente hoje e sempre!

- Bom dia e obrigado!... Desculpe-me, mas, não me lembro de você! Já conversamos anteriormente? Quem é o Pádua?

Enquanto esperava ele terminar de teclar sua mensagem, li no cabeçalho da sua tela do MSN a seguinte mensagem: "O controle do pensamento é a forma mais elevada de oração". Em vista dessa afirmação lhe fiz a seguinte pergunta:

- Então, pode existir o "controle" do pensamento?

- Pode sim.

- Não creio. vejo que sou impotente perante a manifestação do pensamento. Não tenho como saber como o pensamento vai se manifestar, com qual conteúdo e intensidade.

- É um trabalho constante de consciência que exige muita energia física e mental, mas é possível.

- Quando se "pensa" em controlar o pensamento, já não se está "pensando"?... Quem é o "controlador" e quem é o "controlado"?

- Não se pensa em controlá-lo e sim em estar sempre consciente do que se escolhe pensar.

- Por favor, quem é aquele que pensa e aquele que "escolhe" o que pensar? Quem é o "controlador" e quem é o "controlado"???? Que história é essa de "escolher o que pensar"? Para você o pensamento não surge sem a sua intenção de pensar? Ele não vive a brotar constantemente, vindo por si mesmo?... Gostaria de lhe indicar um link. Quando possível, dê uma olhadinha nele, tentando "controlar" seus pensamentos afim de não deixar os mesmos atrapalharem a leitura e dessa forma condicionando-a ao sistema de crença que você possa abrigar em seu "banco de dados mentais" ou se preferir em seu "arquivo da memória", em seu "HD mental"... Olha o link, confere lá: http://www.cuidardoser.com.br/pca/2007/08/1-observao.html

- Somos em essência puro amor e o amor em si mesmo é tudo que existe. O pensamento é criativo e na esfera do relativo há sempre uma dualidade na qual o ser pode conhecer-se experimentalmente indo de um extremo ao outro o tempo todo, "bem e mal".

- Com todo respeito: isso é experiência sua ou você está fazendo propaganda do que leu em algum lugar, viu em algum filme, ou então, vindo de algum sistema de crença espiritualista?... Você realmente é esse tal de "puro amor"?... E existe a divisão entre "puro amor e amor impuro"? Existe meia mulher grávida?... Não sei não! Estou bem longe disso (e nem estou buscando isso). Eu sou o que sou de momento em momento: raiva, inveja, medo, uma série de condicionamentos, alguns conscientes e outros ainda não! Não me satisfaço mais com teorias ou meras repetições espiritualistas. Prefiro viver "o que é", o que sou de momento a momento sem a neurótica tendência de querer vir-a-ser melhor, mais puro, ou mais sei lá o que quiser!

- Somos todos puro amor sem exceção, sendo que todos somos Um.

- Bonitinho! Mas não cola! Sem querer lhe faltar com o devido respeito, repito: isso É experiência sua? Ou está se limitando a repetir o que viu em algum filme, em algum livro de auto-ajuda que em nada ajuda, ou em algum sistema de crença? Você realmente vive isso em consciência total ou é apenas mais uma idéia bonitinha?

- É uma descoberta minha. Uma experiência que tive há três anos atrás.

- Três anos atrás... Experiência... Puro amor... Todos Um... Como disse o personagem no filme "Irmão Sol, Irmã Lua": 

- Palavras amigo, palavras... Houve um tempo em que eu me iludia com a palavras"... 

- Pádua, não me iludo mais: a palavra nunca é a realidade!

- JR, não se trata de palavras: trata-se de uma experiência que vivi há três anos atrás!

- Então, você ainda está lá? Está vivendo no passado de três anos atrás? E a realidade da experiência que está vivendo agora? Como fica?

- Trata-se de uma estória de busca interior de mim mesmo.

- Na minha visão, continua sendo uma relação com uma idéia, uma lembrança, uma projeção do passado, não uma ocorrência de momento a momento. Se me permite mais uma pergunta, por um acaso, o alimento físico ingerido por você há três anos atrás pode lhe manter em pé hoje?

- Sim! É verdade... É tudo que se pode e experimentar e ficar em si mesmo com a lembrança do que É.

- A lembrança do morango é o morango? A lembrança do morango lhe dá o sabor do morango no agora?

- Poderia ser outra coisa?

- Como assim?... A lembrança é o REAL?... Ou a lembrança é uma fuga do agora, um artifício do pensamento para nos distrair da realidade presente?... Quando se vive a lembrança, é possível de alguma forma estar-se consciente?

- A lembrança é tudo que se pode ter como experiência de si mesmo.

- Ah! Para! Fala sério!... Estou aqui e agora e não estou lembrando de nada! Não preciso de lembrança por que não sou o passado... Sou o aqui, o agora, o momento. Na minha percepção, a lembrança é mais uma fuga do pensamento para sair da realidade presente, do que se é... Você, há três anos atrás, viveu algo "extraordinário", ou seja, algo totalmente diferente da sua realidade cotidiana, mas não vive isso agora, foge para a lembrança e se conforma com a idéia... Desculpe-me, mas, não vejo muita inteligência nisso! O que há de real nisso?

- Sim, tudo que é passado, presente, futuro está acontecendo no aqui e agora, ao mesmo tempo, Não poderia ser diferente.

- Tem certeza de que não poderia mesmo?... Ok!... Tive uma experiência espiritual a X anos atrás... e daí?... Sou inveja, sou cobiça, sou medo, sou sensualidade condicionada pela mídia... Não me iludo mais com a "pseudo espiritualidade amorosa", com a idéia de "somos todos Um". A idéia nunca é o real. O símbolo nunca é o simbolizado. Minha percepção da realidade me diz que o pensamento é totalmente separatista e que, através dele, não pode haver amorosidade. Isso nunca pode existir enquanto há divisão entre o pensamento e pensador. Onde isso ocorre só pode haver conflito.

- Não vivi há três anos atrás... O que ouve foi um despertar de consciência que evolui gradativamente com o tempo.

- Sei! Despertar da consciência... Deixe-me ver se estou entendendo: então existe a consciência e aquele que observa a consciência... Consciência evoluindo no tempo... Que tempo?... Que raios de tempo é esse?... Existe isso?... Evolução psicológica da consciência num tempo?

- Sim!

- Ok! Então, por favor, poderia tentar responder ao menos uma pergunta?... Se você pode "controlar" o pensamento, então me diga: o que você vai pensar daqui há dois minutos?

- Só é possível se lembrar de uma experiência no aqui e agora. O agora é o único, não há nada além do aqui e agora. Tudo isso acontece simultaneamente.

- Não respondeu minha pergunta. Parece-me uma contradição. Então, por que você precisa se lembrar do passado? Por que não fica com a realidade do agora?... Você está vivendo agora com a mesma intensidade da experiência de três anos atrás? Ou está se conformando com o propagandear de uma lembrança?

- Esse sempre foi o propósito de tudo: descobrir a si mesmo e se recriar conscientemente a cada momento. Isso acontece o tempo todo... Você sempre está se recriando consciente disso ou não!

- Você não está respondendo as perguntas... Por que você precisa se refugiar no passado? Por que não fica com a realidade do que está ocorrendo agora?... Você esta vivendo agora com a mesma intensidade da experiência de três anos atrás? Ou está se conformando com a lembrança, com o saudosismo?... Ou com palavras bonitinhas?... Você é de fato aquilo que chama de "amor puro"?... Ou é uma infinidade de sentimentos desconexos que não refletem a realidade da crença do que você deveria ser?

- O nível de consciência é mais elevado. Somo todos puro amor!

- Somos mesmo?... Por favor, responda as perguntas.

- Sim! Somo todos puro amor!... Somos todos Um!

- Ah! Para!... Não generalize! Eu não sou puro amor!

- ... E amor é tudo o que há!!

- Bonitinho!... Já vivi esse papinho há alguns anos atrás! Era um amontoado de emoções reprimidas embaladas num celofane coloridinho chamado "espiritualidade"... Isso para mim, não cola!... Fico com o real! Com aquilo que sou de momento em momento!

- Você é sim "puro amor", pode ainda não ter consciência disso, mas é.

- Está bem!... Pelo visto, acho melhor pararmos por aqui, uma vez que não está ocorrendo um "observar juntos". Você não parece estar lendo minhas perguntas e querendo observar juntos. Parece estar querendo propagandear seu sistema de crença e, para mim, a crença é uma maléfica influência que nossa consciência prensa. Se prefere ficar no conforto da sua crença, é um direito seu! Mas não venha nesta hora da manhã querer infectar minha realidade!

- Você dispõe de todos os sentimentos e pode manifestá-los o tempo todo. Tudo é só uma questão de escolha.

- Não quero viver do passado, da lembrança, da crença... O que? Escolha?... Então, com todo respeito, você deve ser um ser fantástico, um novo avatar, uma vez que consegue "controlar" os pensamentos e ainda "escolher" os sentimentos". Como você faz? Aperta o botão "sentimento amor"?

- Podemos sempre fazer escolhas dos sentimentos. Essa é a beleza!

- Você está me fazendo lembrar de uma antiga amiga com a propaganda que fazia do livro "A Linguagem dos Sentimentos"... Amigo: isso não ocorre comigo!... Percebo a manifestação dos pensamentos e dos sentimentos que brotam sem a menor participação consciente. Os mesmos surgem por si de momento há momento. O que ocorre é a observação e na observação não ocorre escolha. Quando você vê uma cobra venenosa, ou se vê numa situação de perigo, você escolhe ou age de imediato? Onde há escolha, há vacilo, há conflito, há perda de energia!

- Você escolhe em um nível de consciência o como reagir diante de um determinado acontecimento.

- Mas sou totalmente impotente perante o conteúdo, a intensidade e a durabilidade dessa manifestação do pensamento ou do sentimento que nada mais é do que a somatização do pensamento.

- Isso!

- Você não respondeu nenhuma das minhas perguntas desde o começo da nossa conversa!

Isto está parecendo um monólogo! Por isso, creio ser melhor pararmos por aqui!

- O que se pode fazer é escolher diante de inúmeras manifestações de pensamento.

- Não dei a reposta que você gostaria de ouvir.

- Não se tratar de querer ouvir algo premeditado; trata-se de uma tentativa de dialogo. Mas vejo que fica difícil dialogar quando se está condicionado há um sistema de crença idealista. O idealismo é uma mera fuga da realidade, daquilo QUE É, AQUI E AGORA.

- Bom de qualquer forma foi um experiência maravilhosa!

- Então, conforme seus dizeres, se o pensamento se "manifesta" de inúmeras formas, você ainda acredita mesmo que tem "controle" sobre o pensamento?

- É o pensamento condicionado da massa.

- Quem é essa massa? Você está fora dela? Está realmente livre de todos os condicionamentos da "massa"? Quem é que está separando a massa, de você e de mim?... E aí? Cade aquele papinho de "somos todos Um"?... Agora já não somos todos um só? Somos uma divisão entre seres de consciência evoluída através do tempo psicológico e os seres inferiores classificados de "a massa"? Já não somos todos puro amor? Agora somos puro amor e a massa?

- Sua consciência em relação a si mesmo.

- Amigo, tenha um bom dia! Tenho mais o que fazer! Filosofar JÁ ERA! Estou mais a fim de viver o aqui e agora, de momento a momento, com aquilo que se manifestar, apenas observando! Seu papo está me fazendo lembrar daqueles hippies, com cabelos longos cabelos ensebados, fazendo uso de drogas, com cartazes de paz e amor!... Tenha um bom dia!

- O amor é tudo! Obrigado querido amigo! Para você também!

Antes mesmo que eu pudesse me despedir melhor, em meu computador apareceu a seguinte mensagem, que retratou bem a realidade ocorrida durante o monólogo:

!Pádua parece estar off-line. As mensagens serão entregues quando esse contato entrar. 

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!