Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

16 outubro 2009

Uma gota d'água no deserto

Deserto...
Solitário e árido lugar de encontro consigo mesmo e com a fragilidade que nos torna humanos.
Lugar de amadurecimento, de sustentação de convicções e valores intrínsecos.
Deserto é aprendizado interior através do descarte das inúteis promessas de consolações exteriores, que por anos nos mantiveram medíocres.
É a expectativa diária por uma luz interna que proporcione equilíbrio, direção e sentido; é confronto e perseverança na espera deste milagre.
É período de descoberta da paciência, ânimo, confiança e coragem em si mesmo.
É tempo de reconciliação com o silêncio e a capacidade pelo não-fazer, apenas sendo.
É momento de desprendimento e de restauração da essencialidade através da desilusão benfazeja.
É tempo de recusa a frivolidade genérica, ao oportunismo temporal, aos antigos valores espirituais de terceiros e de uma profunda ânsia de saber per si.
É um sublime momento de lançar ao chão, máscaras e mochilas de intimas quinquilharias que só nos causam desnecessário peso, dor e suor.
É tempo de renúncia às débeis paixões e aos inconscientes impulsos dos instintos.
Tempo de experienciar na pele os cortantes e contrários ventos do ostracismo soprados pelas bocas que nos são próximas e queridas.
Tempo de descoberta de verdadeiros amigos, desmascaramento dos falsos e estabelecimento de íntegros relacionamentos nutritivos.
Deserto é oportunidade de substancial evolução por meio de profundas e alucinantes reflexões em momentos de silêncio e quietude e, através delas, ser capaz de florescer em meio à escassez.
O resto...
É pura miragem.

Nelson Jonas Ramos de Oliveira

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!