Deserto...
Solitário e árido lugar de encontro consigo mesmo e com a fragilidade que nos torna humanos.
Lugar de amadurecimento, de sustentação de convicções e valores intrínsecos.
Deserto é aprendizado interior através do descarte das inúteis promessas de consolações exteriores, que por anos nos mantiveram medíocres.
É a expectativa diária por uma luz interna que proporcione equilíbrio, direção e sentido; é confronto e perseverança na espera deste milagre.
É período de descoberta da paciência, ânimo, confiança e coragem em si mesmo.
É tempo de reconciliação com o silêncio e a capacidade pelo não-fazer, apenas sendo.
É momento de desprendimento e de restauração da essencialidade através da desilusão benfazeja.
É tempo de recusa a frivolidade genérica, ao oportunismo temporal, aos antigos valores espirituais de terceiros e de uma profunda ânsia de saber per si.
É um sublime momento de lançar ao chão, máscaras e mochilas de intimas quinquilharias que só nos causam desnecessário peso, dor e suor.
É tempo de renúncia às débeis paixões e aos inconscientes impulsos dos instintos.
Tempo de experienciar na pele os cortantes e contrários ventos do ostracismo soprados pelas bocas que nos são próximas e queridas.
Tempo de descoberta de verdadeiros amigos, desmascaramento dos falsos e estabelecimento de íntegros relacionamentos nutritivos.
Deserto é oportunidade de substancial evolução por meio de profundas e alucinantes reflexões em momentos de silêncio e quietude e, através delas, ser capaz de florescer em meio à escassez.
O resto...
É pura miragem.
Nelson Jonas Ramos de Oliveira
Nelson Jonas Ramos de Oliveira