Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

31 dezembro 2010

Qual é a sua utopia?

Ideal
"O que nós queremos de fato é que as idéias voltem a ser perigosas"
- Escrito num muro de Paris, 1968

Utopia. O substantivo vem das palavras gregas ou e topos, que significam sem lugar. Refere-se a um lugar ou posição ideal, ainda não atingido.
Sonho impossível de realizar.
Ideal inatingível.

Era das utopias

Virada Cultural 2011: jogando o jogo.


A quem possa interessar, seguem as minhas resoluções para o Ano de 2011. São elas:
  • Ler os principais jornais, revistas semanais políticas e esportivas, bem como da vida dos colunáveis, para garantir assuntos de interesse público.
  • Incluir também o "livro da moda" e alguns almanaques.
  • Permanecer ansioso pelo próximo "BBB".
  • Colecionar amigos virtuais, scraps e comunidades dotadas de profunda mediocridade.
  • Hipnóticamente acompanhar a novela global.
  • Acreditar 100% no conteúdo das notícias propagadas pela mídia lucrativa. Acreditar sempre, levantar questionamentos, jamais!
  • Encostado ao balcão, com ajuda de alguns copos de cerveja, discutir política, acreditando que tal discussão possa solucionar o problema da corrupção anônima geralmente financiada por empresas despatriadas.
  • Me curvar diante das artimanhas escravagistas do mercado de trabalho para ser por todos bem visto e não mais como um "acomodado" (mal sabem eles o trabalho e responsabilidade que dá viver sem se curvar à isso).
  • Ser o mais hipócrita possível, mantendo sempre o olhar de paisagem e o sorriso elástico. De modo algum revelar a natureza dos meus sentimentos e pensamentos. O compartilhar e o entendimento intelectual deve ser deixado de lado em nome do bem-estar prá lá de comum.
  • Esquecer por completo a busca de valores perenes e me entregar à desmedida agitação pelos valores transitórios.
  • Abster-me do bom-senso e adequar meu corpo à vigente "Ditadura da Moda".
  • Abandonar meu atual modo de vida pautado na simplicidade voluntária e correr atrás de produtos, bens e patrimônios que possam me brindar com o prestígio social.
  • Endeusar o empreendedorismo por seguir fielmente a utópica e desumana cartilha do capitalismo selvagem. Louvar seus altos índices de sucesso de vendas, às custas das "vendas" colocadas em seus consumidores consumidos, da covarde exploração da mão de obra escrava, mesmo que por vezes registrada - (bem como seu insensível descarte),  e da sua inconsequente irresponsabilidade planetária. 
  • Curvar minhas costas e servir de desprezível degrau para o ganancioso crescimento de terceiros. Desprezar meu justo valor, para ajustar-me a mesquinha "política de preços" corporativista.
  • Criar uma rede de relacionamentos de conveniência (bajular sempre, aspirar ser ouvido, jamais!)
  • Manter sempre meus ouvidos disponíveis à confissão das insanidades alheias, mesmo que o confessante insista na continuidade das mesmas - sempre com maiores requintes - abstendo-me de qualquer retorno (em caso positivo, dizer exatamente aquilo que o confessante espera).
  • Tirar do peito a inconveniente necessidade de relacionamentos com pessoas nutritivas.
  • Afim de poder ser visto como um "homem esforçado", um "excelente profissional", dedicar-me a estafante rotina de uma carreira sólida, sempre cercada de medos e inveja, transformando-me num especialista, ao invés de me permitir a liberdade do ócio criativo e suas múltiplas experiências e possibilidades. Conformar e estagnar sempre, variar e evoluir, jamais. 
  • A altos custos, fazer um curso superior qualquer, mesmo que inferior às minhas profundas aspirações, para poder garantir um curriculum aceitável e o direito ao servilismo domesticado mal remunerado.
  • Para ser digno do rótulo de espiritualista, participar de algum sistema de crença organizada, apesar de sua notável caduquice. 
  • De modo político, ser um propagador de uma arcaica moral mesmo sem fazer os devidos ajustes em minha conduta e palavras.
  • Abrir mão do frescor da originalidade e contentar-me com a putrificável imitação.
  • Acreditar que a voz do povo é a voz de deus (de todas, acho que essa vai ser a mais difícil). 

Mantenedores da ordem

O caos é sempre bom. A ordem está sempre morta. Do caos nascem as estrelas; da ordem, apenas Adolf Hitlers.

Osho - Palavras de Osho volume 2

30 dezembro 2010

Liberte-se da gaiola

Grades, foto por NJRO.

Por que você escolhe a escravidão, quando a liberdade está disponível? Por que você escolhe a gaiola, quando as portas estão abertas e o céu inteiro pertence a você? A resposta não é difícil de encontrar. A gaiola tem segurança; ela protege você da chuva, do sol, do vento forte, dos seus inimigos. Ela protege você da vastidão na qual a gente pode se perder. Ela lhe dá um abrigo; ela é seu lar aconchegante. E você não tem nenhuma responsabilidade de se preocupar com sua comida, de se preocupar com a estação das chuvas, de se preocupar se amanhã você será capaz de encontrar alimento ou não.

A liberdade traz tremendas responsabilidades.

A escravidão é uma barganha: você dá a sua liberdade e outra pessoa começa a ser responsável pela sua vida, pela sua proteção, pela sua comida, pelo seu abrigo; por tudo que você precisa.

Tudo o que você perde é a sua liberdade, tudo o que você perde são as suas asas, tudo o que você perde é o céu estrelado. Mas isso era sua alma. 

Numa gaiola, a salvo e seguro, você está morto; você escolheu uma vida sem risco, sem perigo. É por isso que você continua voltando para a sua gaiola, embora a profundeza de sua alma esteja insatisfeita na escravidão. Sua alma gostaria de arriscar tudo e de ter a liberdade de ir até os confins do céu. Ela anseia voar através do sol até as estrelas mais distantes; mas você irrevogavelmente decide ser um hípócrita. Isso é o que quase todos, no mundo inteiro, têm decidido. 

Você começa a cantar canções de liberdade dentro da sua gaiola. Embora as portas estejam abertas e o céu disponível, você se decide por uma vida de hipocresia. Você tem todas as comodidades, as garantias e a segurança da gaiola; e você tem todas as alegrias da liberdade na sua canção, na sua poesia, na sua pintura, na sua música. É por isso que você continua gritando: "Liberdade, liberdade!" Você está simplesmente iludindo a si mesmo. 

O novo homem não será um hipócrita. O velho homem foi basicamente ensinado a ser um hipócrita; quanto mais hipócrita ele fosse, mais honrado, mais era recompensado, mais era respeitado, porque ele tinha-se ajustado à sociedade: você me respeita e eu serei um escravo. Eu estarei à sua disposição - você apenas continue a me dar prêmios Nobel. 

Mas você não deve fazer parte desse mundo velho e hipócrita. Eu quero que você saia fora de toda a segurança, de toda a comodidade, toda a proteção. Faça do céu inteiro sua casa; seja um errante, um peregrino, para conhecer todos os mistérios e todos os segredos da vida. 

E não deixe sua vida ser um fenômeno sério e miserável, deixe-a ser uma alegre risada, uma brincadeira. Para mim, a autêntica religiosidade significa uma inocência de criança, um divertimento, uma sincera capacidade de rir. 

Então cada momento se torna tão preciso que você não cantará a canção da liberdade, você a viverá. Você não falará sobre a verdade, você a conhecerá... Você não cultuará Deus, você o encontrará onde quer que a vida esteja... em toda a existência.

Autor: Osho - Do livro: O Novo Homem - Ed. Gente - página 67

Diga não ao jogo social


Por que aceitamos a mediocridade cultural com tanto desinteresse? Qual tirano roubou-nos a alma? O cenário em nosso país é da hipocrisia estruturada nas relações de conveniência, o Deus selvagem do homem moderno. Quantos talentos natos estão perdidos nas sombras por simplesmente não participarem do jogo social? A lógica perversa é manter-nos em armários empoeirados, a ranger os ossos por um suspiro prolongado até que o toque mágico da mídia transforme a cultura em mercadoria banal e barata. Quem normalmente possui visibilidade ou já está morto (injustiçado em vida) ou curva-se diante do mecenato sadomasoquista governamental e particular. Beijam a mão do diabo, pois esse parece ser o único caminho para ser descoberto.

Autor: Rodrigo D Almeida Bertozzi, escritor

Sensibilidade

Sensibilidade, foto por NJRO.

O direito de defender do meio a própria sensibilidade, por muitos é tido por arrogância. 
Não seria igualmente arrogância o ataque à livre expressão da sensibilidade alheia?

Nelson Jonas

Olhar penetrante

Os olhos que não se vêem atravessam as coloridas paredes das aparências.

Nelson Jonas

Constatações

Família, foto por NJRO.
Por medo do desamparo, o homem sacralizou a família.

Nelson Jonas

Constatações

As árvores, arte por Bruna Garcino

É muito fácil criticar o sabor dos frutos de uma jovem árvore. Difícil é se debruçar na análise da negligência em seu plantio.

Nelson Jonas

Ponto de Apoio

Ponto de Apoio, foto por NJRO.
Arquimedes, em seu tempo disse: "Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo". Hoje, talvez diria: "Dêem-me a célula mater  da sociedade sem hipocrisia e maledicência e lhe darei um novo mundo".

Nelson Jonas

Sono profundo

Sono profundo, foto por NJRO.
O valor de um idealista não faz parte do olhar de seus contemporâneos, - isso é de seu conhecimento. Não poderia ser diferente, uma vez que os medrosos conservadores possuem o olhar voltado para pseudo-segurança dos arcaicos, disfuncionais e enclausurantes valores da tradição. O idealista sabe que o valor daquilo pelo qual conspira, encubado fica a espera da mente livre e ousada das gerações vindouras.

Insatisfação


Por que nunca estão satisfeitos os entes humanos? Não é porque estão em busca da felicidade e porque pensam que, pela constante variação, serão felizes? Passam de um emprego para outro, de um estado de relação para outro, de uma religião ou ideologia para outra, pensando que, com esse constante movimento de mudança, encontrarão a felicidade; ou ainda, procuram um canto isolado da vida, e aí se deixam estagnar. Ora, por certo, o contentamento é coisa muito diferente. Só se torna existente quando vocês vêem a si mesmo, tal como são, sem nenhum desejo de mudança, nenhuma condenação ou comparação - que não significa aceitar simplesmente o que se vê e se deitar a dormir. Mas, quando a mente já não está comparando, julgando, avaliando e é, portanto, capaz de ver o que é, de instante em instante, sem desejar alterá-lo - nesse próprio percebimento se encontra o Eterno.

Krishnamurti - A Cultura e o Problema Humano

29 dezembro 2010

A psicologia dos homens medíocres


A psicologia dos homens medíocres se caracteriza por um risco comum: a incapacidade de conceber uma perfeição, de formar um ideal.

São rotineiros, honestos e mansos; pensam com a cabeça dos outros, compartilham a hipocrisia moral alheia e ajustam seu caráter à domesticidade convencional.

Estão fora de sua órbita a genialidade, a virtude e a dignidade, privilégios do caráter excelente; sofrem com isso e desprezam-no. São cegos para a aurora; ignoram a quimera do artista, o sonho do sábio e a paixão do apóstolo. Condenados a vegetar, não suspeitam que existe o infinito além de seus horizontes.

O horror do desconhecido ata-os a mil preconceitos, tornando-os covardes e indecisos: nada pica sua curiosidade; carecem de iniciativa e olham sempre o passado, como se tivessem os olhos na nuca.

São incapazes de virtude; não a concebem ou esta exige deles esforço demais. Nenhum anseio de santidade altera o sangue em seu coração; às vezes não cometem delitos por medo de um possível remorso.

Não vibram conforme as tensões mais altas da energia; são frios, embora ignorem a serenidade; apáticos sem ser previdentes; sempre acomodatícios, nunca equilibrados. Não sabem estremecer de arrepio com uma suave carícia, nem se lançar de indignação ante uma ofensa.

Não vivem a vida para si mesmos, mas para o fantasma que projetam na opinião de seus similares. Carecem de linha; sua personalidade se apaga como um pedaço de carvão cujo lume vai-se extinguindo até desaparecer. Trocam sua honra por uma homenagem e fecham à chave sua dignidade para evitar um perigo; renunciariam a viver antes do que gritar a verdade ante o erro de muitos. Seu cérebro e seu coração estão igualmente entorpecidos como os pólos de um imã gasto.

Quando se juntam são perigosos. A força do número supre a debilidade individual: associam-se aos milhares para oprimir os que se negam a alinhar-se à rotina.

Subtraídos à curiosidade do sábio pela couraça de sua insignificância, fortificam-se na coesão do total; por isso a mediocridade é moralmente perigosa e seu conjunto é nocivo em certos momentos da história: quando reina o clima da mediocridade.

Há épocas em que o equilíbrio social se rompe a seu favor. O ambiente torna-se refratário a todo anseio de perfeição; os ideais diminuem e a dignidade se ausenta; os homens acomodatícios estão em sua primavera florida. Os estados se transformam em mediocracia; a falta de aspirações que mantenham alto o nível da moral e da cultura aumenta continuamente o lamaçal.

Apesar de não merecerem atenção quando estão isolados, em conjunto constituem um regime, representam um sistema especial de interesses inalteráveis. Invertem o quadro de valores morais, falsificando nomes, desvirtuando conceitos: pensar é um desvario, a dignidade é irreverência, é lirismo a justiça, a sinceridade é bobagem, a admiração, uma imprudência, a paixão, ingenuidade, a virtude, uma estupidez.

Na luta das conveniências presentes contra os ideais futuros, do vulgar contra o excelente, é comum ver o elogio do subalterno misturado com a difamação do respeitável, sabendo que ambos comovem igualmente os espíritos embrutecidos. Os dogmáticos e os servis afiam seus silogismos para falsear os valores na consciência social; vivem na mentira, nutrem-se dela, semeiam-na, regam-na, podam-na, colhem-na. Assim criam um mundo de valores fictícios que favorece a culminação dos obtusos; assim tecem sua teia de aranha surda ao redor dos gênios, dos santos e dos heróis, impedindo a admiração da glória. Fecham o curral cada vez que vibra nos arredores o vôo inequívoco de uma águia.

Nenhum idealismo é respeitado. Se um filósofo estuda a verdade, precisa lutar contra os dogmáticos mumificados; se um santo persegue a virtude se estilhaça contra os preconceitos morais do homem acomodatício; se o artista sonha novas formas, ritmos ou harmonias, as regulamentações oficiais da beleza cerram o seu passo; se o enamorado quer amar escutando seu coração, choca-se contra a hipocrisia do convencionalismo; se um impulso juvenil de energia quer inventar, criar, regenerar, a velhice conservadora corta seu passo; se alguém, com gesto decisivo, ensina dignidade, a multidão dos servis grita; os invejosos corroem a reputação dos que seguem o caminho das montanhas com furor malévolo; se o destino chama um gênio, um santo ou um herói para reconstituir uma raça ou um povo, a mediocracia tacitamente organizada resiste para escolher seus próprios arquétipos. Nesse contexto, todo idealismo encontra seu Tribunal do Santo Ofício.

José Ingenieros
O Homem Medíocre

O medíocre não inventa nada

Poder Criativo, foto por NJRO.

O medíocre não inventa nada, não cria, não empurra, não rompe, não engendra; mas, em compensação, protege zelosamente a estrutura de automatismos, preconceitos e dogmas acumulados durante séculos, defendendo esse capital comum contra a cilada dos inadaptáveis. O rancor pelos criadores é compensado pela sua resistência aos destruidores. Os homens sem ideais desempenham na história humana o mesmo papel que a herança tem na evolução biológica: conservam e transmitem as variações úteis para a continuidade do grupo social. Constituem uma força destinada a contrastar o poder dissolvente dos inferiores e a conter as antecipações atrevidas dos visionários. A coesão do conjunto precisa deles, como o mosaico bizantino necessita o cimento que o sustenta. Mas - é preciso dizer - cimento não é mosaico.

Sua ação seria nula sem o esforço fecundo dos originais, que inventam o que é imitado depois pelos outros. Sem os medíocres não haveria estabilidade nas sociedades; mas, sem os superiores não seria possível conceber o progresso, pois a civilização seria inexplicável numa raça constituída por homens sem iniciativa. Evoluir é variar; somente se varia mediante a invenção. Os homens imitativos se limitam a acumular as conquistas dos originais; a utilidade do rotineiro está subordinada à existência do idealista, como a fortuna dos livreiros está na genialidade dos escritores. A "alma social" é uma empresa anônima que explora as criações das melhores "almas individuais", resumindo as experiências adquiridas e ensinadas pelos inovadores.

Estes são a minoria; mas são o fermento das maiorias vindouras. As rotinas defendidas hoje pelos medíocres são simples anotações marginais coletivas de ideais concebidos ontem pelos homens originais. O grosso do rebanho social vai ocupando, a passo de tartaruga, as posições atrevidamente conquistadas muito antes por seus sentinelas perdidos na distância; e estes já estão muito longe quando a massa acredita estar alcançando a sua retaguarda. O que ontem foi ideal contra uma rotina amanhã será rotina, por sua vez, contra outro ideal. Indefinidamente, porque a perfectibilidade é infinita.

Se os hábitos resumem a experiência passada dos povos e dos homens, dando-lhes unidade, os ideais orientam sua experiência vindoura e marcam seu provável destino. Os idealistas e os rotineiros são fatores igualmente indispensáveis, embora uns receiem os outros. Complementam-se na evolução social, ainda que se olhem tortos. Se os primeiros fazem mais pelo futuro, os segundos interpretam melhor o passado. A evolução de uma sociedade, estimulada pelo afã de perfeição e contida por tradições dificilmente removíveis, se deteria para sempre sem aquele e sofreria sobressaltos bruscos sem estas.

José Ingenieros
O Homem Medíocre

Sobre a Mente descontaminada


Quando a mente põe completamente de lado todo o conhecimento que adquiriu, quando para ela não existem Budas, Cristos, mestres, professores, religiões, citações, quando a mente estiver completamente só, não contaminada - o que significa que o movimento do conhecido cessou - só então haverá a possibilidade de uma tremenda revolução, de uma mudança fundamental. Tal mudança é obviamente necessária; e somente uns poucos, vocês ou eu ou X, que realizamos em nós mesmos esta revolução, somos capazes de criar um mundo novo. Não os idealistas, não os intelectuais, não as pessoas dotadas de grandes conhecimentos ou que estejam fazendo belas obras. Eles não são as pessoas indicadas - eles são todos reformadores. O homem religioso é aquele que não pertence a nenhuma religião, a nenhuma nação, a nenhuma raça, que dentro de si está completamente só, em estado de não-saber. E para ele se concretiza a graça das coisas sagradas.

Krishnamurti - Sobre Deus - Cultrix
Budas, foto por NJRO.

28 dezembro 2010

Constatações

Distorção

O raso distorce tudo que vê, inclusive a realidade de si mesmo, conforme as próprias conveniências.

Nelson Jonas

27 dezembro 2010

Constatações

Equilibrista, foto por NJRO.
Mil vezes conspirar por um idealismo desequilibrado do que por uma mediocridade equilibrada.

Nelson Jonas

A ética do idealista

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Poucos sonhadores encontram clima e ocasião propícios que os elevem à genialidade. A maioria deles é vista como exótica e inoportuna; os acontecimentos cujo determinismo não pode mudar tornam inúteis seus esforços. Daí provém certa acomodação às coisas que não dependem do próprio mérito; daí provém a tolerância de toda fatalidade invariável. Ao sentir a pressão exterior não se abatem nem se deixam contaminar: afastam-se, refugiam-se em si mesmos para se colocar à margem donde olham o riacho lamacento que corre murmurando, sem que nesse murmúrio se ouça um grito. São os juízes de sua época: vêem donde vem e como corre o turbilhão lodoso. Descobrem os omissos que se deixam turvar pelo limo, os caçadores de fama que brigam com o mérito e com a justiça.

O idealista estóico mantém-se hostil ao seu meio, assim como o romântico. Sua atitude é de resistência ostensiva à mediocridade organizada, resignação desdenhosa ou renúncia altiva, sem compromissos. Pouco se importa com a agressão ao mal que os outros consentem; mais vale estar livre para realizar toda perfeição que só depende de seu próprio esforço. Adquire uma "sensibilidade individualista" que não é egoísmo vulgar nem desinteresse pelos ideais que agitam a sociedade em que vive. São notórias as diferenças entre o individualismo doutrinário e o sentimento individualista; um é teoria e o outro é atitude. Em Spencer, a doutrina individualista é acompanhada de sensibilidade social; em Bakunin, a doutrina social coexiste com uma sensibilidade individualista. É questão de temperamento e não de idéias; aquele é a base do caráter. Todo individualismo, como atitude, é uma revolta contra os dogmas e os falsos valores respeitados pelos medíocres; revela energias ansiosas por expansão, contidas por mil obstáculos opostos pelo espírito gregário. O temperamento individualista chega a negar o princípio de autoridade, foge dos preconceitos, desacata toda imposição, desdenha as hierarquias independentes do mérito. São indiferentes aos partidos, seitas e facções, enquanto não descobrir neles ideais consoantes aos seus próprios. Acredita mais nas virtudes firmes dos homens do que na mentira escrita dos princípios teóricos; enquanto as melhores leis de papel não se refletirem nos costumes, não mudam de opinião sobre os que as admiram nem aceitam o sofrimento dos que as suportam.

A ética do idealista estóico difere radicalmente do individualismo sórdido que atrai a simpatia dos egoístas... É desprezível tudo o que o egoísta costuma desejar ou temer.Se as resistências no caminho da perfeição dependerem dos outros, convém ignorá-las, como se não existissem e redobrar o esforço engrandecedor. Nenhum contratempo material desvia o idealista. Se desejasse influir imediatamente sobre as coisas que não dependem dele, encontraria obstáculos em todas as partes. Contra essa hostilidade de seu ambiente só pode se rebelar com imaginação, olhando cada vez mais para seu íntimo. Aquele que serve a um ideal, vive dele; ninguém forçará a sonhar o que não quer nem impedirá ascender seu sonho. 

Esta moral não é uma contemplação passiva; somente renuncia a participar da alma. Sua aceitação do que é inevitável não é apatia nem inércia. Afastar-se não é morrer; é, simplesmente, esperar a hora possível de fazer, apressando-a com a pregação ou com o exemplo. Se a hora chegar, poderá ser uma afirmação sublime...

Quando o envilecimento dos domesticados se torna intenso, quando mais sufocante se torna o clima da mediocracia, eles criam um novo ambiente moral semeando ideais: uma nova geração, aprendendo a amá-los, se enobrece. Frente às burguesias enlouquecidas para remontar o nível do bem-estar material - ignorando que sua maior miséria é a falta de cultura -, eles concentram seus esforços para avaliar o respeito das coisas do espírito e o culto da originalidade. Enquanto a vulgaridade obstrui as vias do gênio, da santidade e do heroísmo, eles trabalham para restitui-las mediante a sugestão de ideais, preparando a chegada das horas fecundas que caracterizam a ressurreição das raças: o clima do gênio. 

Toda ética idealista transforma os valores e eleva o nível do mérito; as virtudes e os vícios trocam seus matizes, em mais ou em menos, criando um novo equilíbrio. Essa é, no fundo, a obra dos moralistas: sua originalidade está na mudança de tons que modificam as perspectivas de um quadro cujo fundo é quase imperturbável. Frente ao nivelamento comum, que leva à vulgaridade, os homens dignos afirmam com veemência o seu ideal. A mediocracia sem ideais - como um indivíduo ou um grupo - é vil e cética, covarde: contra ela cultivam profundos anseios de perfeição. Frente à ciência como ofício, a Verdade como culto; frente à honestidade de conveniência, a Virtude desinteressada; frente à arte lucrativa dos funcionários, a Harmonia imaculada da linha, da forma e da cor; frente à cumplicidade da política mediocrática, a máxima expansão do indivíduo dentro de cada sociedade.

Quando os povos se domesticam e calam, os grandes construtores de ideais levantam sua voz. Uma ciência, uma arte, um país, uma raça, estremecidos pelo seu eco, podem sair de seu caminho habitual. O Gênio é um roteiro que põe o destino entre dois parágrafos da história. Se aparecer nas origens, cria ou constrói; se ressurgir, transforma ou desorbita. Nesse instante todos os espíritos superiores remontam o vôo, moldando-se para obras perenes e pensamentos elevados.

José Ingenieros

Grito de alerta

O lugar

Por bom motivo
Grito à quem
Me é significativo:
Você não me compreende.
Não quero seus presentes;
Dispenso-os.
Quero sua presença
A dizer-me abertamente
O que realmente pensa.

Você me enxerga
E não me vê.
Me ouve
E não me escuta.
Me toca
E não me sente.
Me lê
Mas não visceralmente,
E por isso,
Apressadamente,
Me rotula.

Por efeito,
A décadas esta raiva
Na saliva e no peito.
Com tantas fugas
Tentei aplacá-la;
Quase morri.
Só mais raiva
Potencializada.

Raiva,
Não mais a quero.
Por isso, espero,
Ainda que tardia,
Liberdade
Dos que não me vêem
Dos que não me escutam
Dos que me rotulam
Dos que não me sentem
Visceralmente.
Quanto à mim,
Ainda que solitário,
Sigo em frente!

Nelson Jonas

Constatações sobre amor e aceitação

Fada Madrinha

Dizem que "amar" é aceitar o outro como ele é.
Concordo!
O que não dizem é que desde que o "É" seja do jeito que se pensa que é e que o outro não se mostre como realmente é.
Caso contrário, o amor e a aceitação ao outro vem com rótulos e receitas de domesticado comportamento!
Aceitação é ego domesticado. Já o amor é o que É.
No amor não há espaço para o politicamente correto.
Quem ama, não aceita; quem ama, ama!
Portanto, em nome do que chamam de amor, esquecida seja nossa autenticidade e reforçada seja nossa raiva contida com sorrisos de velada hipocrisia.

Nelson Jonas


Ditadura do Silêncio

Pela manhã, tive a confirmação de algo que já me era esperado: alguém, munido da força da mediocridade e protegido pelo covarde escudo do anonimato on-line, solicitou o bloqueio da minha conta no Orkut. Dessa forma, minhas postagens, conforme o aviso,  estão "temporariamente bloqueadas".

Parece que no quesito "liberdade de expressão", as ações atuais não diferem muito da triste realidade de tempos idos. Os que tendem a silenciar aqueles que ousam proclamar suas constatações diante da insana mediocridade coletiva, seus medos protegem através do anonimato e ações de retaliação. 

Em vista disso, me pergunto:

Por que estas pessoas optam pela prática da "politicagem covarde" ao invés da "abertura de argumentação corajosa?"

Por que escolhem a funesta "Ditadura do Silêncio" em lugar da vivificante "Pedagogia da Escuta?

Penso que tais escolhas ocorrem pelo total desconhecimento do estado de mente que ousa pelo "amor exigente e a excelência de ser". Tais pessoas, no conforto de seus decorados playground de egos, a todo custo protegem sua ignorância, a mais velha afilhada do medo.

Com certeza, muito breve ocorrerá o desbloqueio da minha conta; quanto a abertura da mente do anônimo solicitante castrador... duvido muito. 

A força de um ideal saudável


Quando um filósofo enuncia ideais para o indivíduo ou para a sociedade, sua compreensão imediata é tanto difícil quanto mais eles se elevam sobre o preconceito e o palavrório convencionais no ambiente que o rodeia; o mesmo acontece com a verdade do sábio e com o estilo do poeta. A sanção alheia é fácil para o que está de acordo com as rotinas tradicionalmente praticadas; é difícil quando a imaginação não confere maior originalidade ao conceito ou à forma...

Cada época possui certos ideais que pressentem melhor o futuro: entrevisto por poucos, seguidos pelo povo ou sufocados pela sua indiferença, ora predestinados a orientá-lo como pólos magnéticos, ora condenados a permanecer latentes até encontrarem a glória no momento e clima propício. E outros ideais morrem, porque são crenças falsas: ilusões que o homem forja sobre si mesmo ou quimeras verbais que os ignorantes perseguem dando golpes na sombra.

Sem ideais seria inexplicável a evolução humana. Houve e haverá sempre. Palpitam por trás de todo esforço magnifíco realizado por um homem ou por um povo. São faróis sucessivos na evolução mental dos indivíduos e das raças... Os fatos são pontos de partida; os ideais são os faróis luminosos que de trecho em trecho iluminam o caminho. A história da civilização mostra uma infinita inquietação de perfeição, que os grandes homens pressentem, anunciam ou simbolizam. Ante esses arautos, em cada momento da peregrinação humana se nota uma força que obstrui os caminhos: a mediocridade, que é a incapacidade de ideais...

Os ideais vivem da Verdade, que vai se forjando; nenhum ideal prosperará se não estiver de acordo com seu tempo... Seres desiguais não podem pensar da mesma maneira. Sempre haverá um contraste evidente entre o servilismo e a dignidade, a mediocridade e o gênio, a hipocrisia e a virtude. A imaginação dotará alguns de impulso original para o perfeito; a imitação organizará em outros os hábitos coletivos. Sempre haverá, por força, idealistas e medíocres. 

O aperfeiçoamento humano se realiza em ritmo diferente nas sociedades e nos indivíduos. A maioria possui uma experiência subordinada ao passado: rotinas, preconceitos, domesticidade. Os poucos eleitos não variam; esses homens, que buscam a perfeição e estão dispostos a se emanciparem de seu rebanho, são os "idealistas"... Os espíritos iluminados por algum ideal são adversários da mediocridade: sonhadores contra os utilitários, entusiastas contra os apáticos, generosos contra os calculistas, indisciplinados contra os dogmáticos. É alguém ou algo contra os que não são ninguém nem nada. Todo idealista é um homem qualitativo; possui o sentido das diferenças que lhe permite distinguir entre o mau que observa e o melhor que imagina. Os homens sem ideais são quantitativos: podem apreciar o mais e o menos, mas nunca distinguem o melhor do pior...

O hábito organiza a rotina e não projeta nada para o futuro; só dos criativos, a ciência espera suas hipóteses, a arte seu vôo, a moral seus exemplos, a história suas páginas luminosas... A excessiva prudência dos medíocres sempre paralisou as iniciativas mais fecundas... Todo idealismo é, portanto, um anseio de cultura intensa: entre seus inimigos mais audazes está a ignorância, madastra das rotinas caducas. 

Na evolução humana os ideais se mantêm em equilíbrio instável. Todo aperfeiçoamento real é precedido pela experiência e pelo esforço dos pensadores audaciosos, obcecados, avessos ao passado, embora sem a intensidade necessária para violentá-lo. Essa luta é um fluxo perpétuo entre o que é melhor concebido e o menos realizado. Por isso, os idealistas são obrigatoriamente inquietos, como tudo que vive, como a própria vida; contra a tendência pacífica dos rotineiros, cuja estabilidade parece inércia da morte. Essa inquietação exacerba os grandes homens e os gênios se o meio for hostil a suas quimeras, como costuma ocorrer. Não inquieta os homens sem ideais, que são a argamassa informe da humanidade. 

Toda juventude é inquieta. Só dela pode se esperar o impulso para o melhor: jamais pode se esperar dos decrépitos e dos senis. E só é sã e iluminada a juventude que olha para a frente e não para atrás; nunca os envelhecidos de poucos anos, prematuramente domesticados pelas superstições do passado: o que neles parece primavera é prenúncio de outono, a ilusão da aurora que já é o declinar do crepúsculo. Só existe juventude nos que trabalham com entusiasmo olhando o futuro: por isso no caráter excelente ela pode se sobrepor à corrosão dos anos. 

Nada se pode esperar dos homens que iniciam a vida sem abraçar apaixonadamente um ideal; para os que nunca foram jovens todo sonho parece sem sentido. E não se nasce jovem: a juventude deve ser adquirida. E sem um ideal não se adquire. 

Os idealistas costumam ser esquivos ou rebeldes aos dogmas sociais que os oprimem. Resistem à tirania da engrenagem niveladora, rejeitam qualquer coação, sentem o peso das honrarias com que tentam domesticá-los e torná-los cúmplices dos interesses criados, dóceis, maleáveis, solidários, uniformes na mediocridade comum. As forças conservadoras que compõem o subsolo social pretendem amalgamar os indivíduos, decapitando-os; detestam as diferenças, abominam as exceções, condenam aquele que se afasta em busca de sua própria personalidade. Original e imaginativo, o criador não teme seus ódios: desafia-os, mesmo sabendo que são terríveis porque são irresponsáveis. Por isso todo idealista é uma afirmação viva do individualismo, embora persiga uma quimera social; pode viver para os outros, nunca dos outros. Sua independência é uma reação hostil a todos os dogmáticos. Conscientes de sua incessante perfectibilidade, os temperamentos idealistas querem afirmar em todos os momentos de sua vida, como Dom Quixote: "eu sei quem sou". Vivem animados por esse desejo afirmativo. Em seus ideais cifram sua ventura suprema e sua perpétua desventura. Neles aquecem a paixão que anima sua fé; esta, ao chocar-se com a realidade social, pode parecer desprezo, isolamento, misantropia: a clássica "torre de marfim" desaprovada e atribuída a todos os que se arrepiam ao contato com os obtusos. Pode-se dizer que sobre estes Teresa de Ávila deixou escrita uma eterna metáfora: "Bichos de seda somos, bichinhos que tecemos a seda de nossas vidas e no casulo da seda nos encerramos para que o bichinho morra e do casulo saia voando a borboleta".

José Ingenieros

Desacelere!

Velocidade, foto por NJRO.

Se você correr muito rápido, a própria velocidade lhe dá uma intoxicação. É por isso que há tanto vício com a velocidade. Se você dirige um carro, a mente quer ir cada vez mais rápido. Ela lhe torna intoxicado.

A velocidade segrega certas substâncias químicas no corpo e no sangue; por causa disso você gostaria de continuar pressionando o acelerador. Experimente um dia correr rápido e observe o que acontece. Chega o momento no qual a velocidade assume a direção: essa é a aceleração da velocidade.

Exatamente o oposto acontece se você diminuir. O que um Buda está fazendo sob a árvore? – diminuindo a velocidade, nada mais. O que estou continuamente ensinando a vocês? – diminuir a velocidade. Chega um ponto que não há nenhuma velocidade dentro de você, ninguém correndo. Nesse momento a consciência acontece – você se torna iluminado.

Existem dois pólos: um é velocidade; assim você está intoxicado, você fica inconsciente. O outro é nenhuma velocidade – parada total, completa, uma parada absoluta. Subitamente você se torna iluminado.

O método:
Diminua sua velocidade. Coma devagar, caminhe devagar, fale devagar, mova-se bem lentamente, e aos poucos você chegará a conhecer a beleza da inatividade, a beleza da passividade. Assim você não fica intoxicado – você está completamente atento e cônscio.

Solo Fértil

Porteira, foto por NJRO.

Quando aramos o solo para o cultivo, precisamos de paciência para arrancar todas as ervas daninhas imprestáveis e esperar, mesmo que o solo pareça estéril, até que as boas sementes escondidas possam germinar e se transformar em plantas. Precisamos de mais paciência ainda para limpar o campo de nossa consciência, coberto com as ervas daninhas dos apegos inúteis aos prazeres sensoriais, que são muito difíceis de serem erradicados. Porém, quando o campo da consciência estiver limpo e semeado com as sementes das boas qualidades, as plantas das nobres atividades brotarão, produzindo abundantemente os frutos da verdadeira felicidade. 

Autor: Paramahansa Yogananda

26 dezembro 2010

A crença

A crença, upload feito originalmente por NJRO.

As religiões organizadas devem desaparecer do mundo; devem deixar cair a máscara de religiosidade. São simplesmente políticos, lobos com pele de ovelhas; devem descobrir-se em suas verdadeiras colorações; são políticos, não há nada de mal nisso. Sempre tem sido políticos, porém, tem estado julgando em nome da religião. As religiões organizadas não tem futuro algum. Devem abandonar seu disfarce e sair a frente como políticos e ser parte do mundo político, para que assim nos deixem encontrar ao indivíduo autenticamente religioso, que é muito raro de encontrar. Porém bastam alguns autenticamente religiosos para conduzir o mundo inteiro para a luz, para a vida imortal, para a verdade última.

Autor: Osho - Fragmento del discurso 4

25 dezembro 2010

Pensar ou não pensar?

Mensagem Suspeita



Bonita, mas suspeita...

Aí, Noel: ivcPod!

ivcPod, arte por NJRO.

20h e alguns minutos. De banho tomado, os cachorros se encontram no quintal, à porta da sala, na expectativa de fazerem parte da ceia. Em aquecimento, a televisão sintonizada na emissora dominante, espera pela fria dificuldade de autêntica intimidade dos convidados, a qual será conjuntamente amenizada com algumas taças de bom vinho. Na circular mesa de vidro, uma colorida toalha, arranjos com cesta de pães, damascos, figos secos, castanhas, nozes e outras frutas e produtos da época. Já na mesa da cozinha, talheres e brilhantes copos de cristal, colocados como manda a etiqueta, aguardam os comensais e convivas. Abro a abarrotada geladeira e engano a fome - que não vem do estômago - com dois pedaços de bolo de carne que restou do almoço, ligeiramente esquentados no micro-ondas.

Os convidados, bem arrumados e perfumados começam a chegar. Após os cumprimentos, diante do sofá, em alto som, quem fala é a televisão, onde mesmo em noite tida como especial, os números da violência e fatais acidentes de trânsito é o que se apresenta no jornal. 

Com a chegada de todos os convidados, ornada tábua de frios e coloridos potes com pates de azeitona e berinjela dão inicio ao paradoxo coletivo de exuberante comilança, com o qual se comemora o nascimento de um possível deus, - conforme conta a história - em meio de total simplicidade. Os olhares são divididos entre a colorida mesa, a televisão e breves comentários.

Como a falta de conteúdo da novela em nada me atraí, com um conhecido desconhecido puxo o assunto da sua primeira viagem de negócios aos Estados Unidos. Na realidade, eu gostaria de perguntar a respeito de sua vida, mas, tal tipo de pergunta, com certeza teria uma resposta reduzida ao tradicional "tudo bem!" Acertei em cheio!... O assunto conseguiu quebrar a hipnose televisiva que à quase todos, até então contaminava.

Elegantemente vestido, este falou com entusiasmo sobre a "terra do consumo", a enorme loja da Epoll, as luxuosas casas de Outlet, a ostensiva quantidade de luminosos painéis eletrônicos, limusines, táxis, prédios, carros de polícia, a impossibilidade de crimes, cafés da manhã lambuzados de açucarados pães misturados com bacon, sobre as maravilhas tecnológicas de vários setores e os temores alfandegários. Apesar de já estar no Brasil, em dólares, citava o preço de tudo que havia lhe chamado a atenção. Com ar empreendedor, explicou como sai muito "mais barato e rápido" para uma empresa, ao invés de criar, com um cartão de crédito, em Nova Iorque sair às compras e ao chegar aqui, tudo copiar... Seu assunto só foi cortado após o anúncio do jantar.

Coloridas e bem servidas travessas de bacalhau ao forno, arroz, salada de rúcula agrião e manga, acompanhados com Coca-Cola Light e Vinho Lambrusco. Sou o primeiro a repetir e terminar meu prato, uma vez que nada falo. Tento participar mas não consigo; os repetidos assuntos e histórias de cachorros nada me dizem respeito. Como estes não me tocam a alma, busco o que me toca o estomago. Enquanto espero as doces iguarias, permaneço com sorriso elástico e cara de paisagem e quando os mesmos desaparecem, deles sou lembrado pelo filtro do olhar puro de uma criança, que com seus dez anos, tudo vê. Uma porção de pavê de amendoim, musse de pêssego e algumas cerejas para disfarçar o amargor da falta de intimidade e autenticidade emocional. Na varanda, com ajuda dos coloridos fogos, sou salvo da impessoalidade da mesa.

Após a troca de presentes, novo assunto pautado na exaltação ao "profissionalismo americano e seu poder de vendas", a qual, igualmente me limito a ouvir. Uma xícara de café, uns breves minutos e me despeço...

Sobre Deus, sobre o viver em comum, sobre espiritualidade, intimidade e autêntica familiaridade, nada foi colocado à mesa. E mais uma ceia se vai, e dela saio, como em ceias passadas, com o corpo nutrido, a mente passada e o espírito... faminto.

Nelson Jonas

24 dezembro 2010

Hipnose coletiva


Já é tempo que apareçam ao menos alguns pioneiros corajosos, que saiam dessa hipnose coletiva da humanidade! É uma verdadeira hipnose, uma alucinação coletiva que domina toda a humanidade, sobretudo a humanidade cristã do ocidente. Alguém deve ter a coragem de dizer: Eu não acompanho este movimento! Eu quero voltar à cristicidade do Mestre e não aceito o cristianismo dominante, embora seja justificado por todos os teólogos do mundo!

Autor: Huberto Rohden

23 dezembro 2010

Carreira Profissional


Carreira profissional: a pena em vida com liberdade assistida do nosso tempo.

Lavagem cerebral cristã


Como cristãos vocês foram criados no seio de uma igreja erigida pelo homem há cerca de dois mil anos, com seus padres, seus dogmas e rituais. Na infância foram batizados e quando cresceram lhes foi dito em que acreditar; vocês passaram por todo esse processo de condicionamento, de lavagem cerebral. A pressão dessa religião propagandista é, obviamente, muito forte, sobretudo porque ela é bem organizada e apta a exercer influência psicológica através da educação, de adoração de imagens, do medo, e capaz de condicionar a mente de incontáveis maneiras.

Krishnamurti - Sobre Deus - Ed. Cultrix

22 dezembro 2010

Você não é seu corpo

Contemplação, foto por NJRO.

É suficiente que você não se imagine como sendo seu corpo. É a idéia 'Eu sou esse corpo' que é tão calamitosa. Ela o cega completamente para a sua natureza real. Nem sequer por um momento pense que você é seu corpo. Não dê a si mesmo nenhum nome, nenhuma forma. A realidade é encontrada na escuridão e no silêncio. 

Nisargadatta Maharaj

Amor pelo dinheiro

Clique na imagem para vê-la ampliada


Dinheiro
Composição: Pacificadores

Dinheiro quanto mais tem, muito mais quer,
quanto mais tem, muito mais quer,
Dinheiro quanto mais tem, muito mais quer,
quanto mais tem, muito mais quer,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Mas o dinheiro não compra a vida de um homem morto,
Por dinheiro o mata se transforma em bandido,
Por dinheiro faz amigos e gera inimigos,
Por dinheiro o homem usa o nome do senhor,
Com dinheiro o homem muda até a sua cor,
O dinheiro se tornou o Deus dono da terra,
Por dinheiro o homem destróI o mundo em forma de
guerra,
Por dinheiro mata os pais pra herdar sua herança,
Por dinheiro vende os filhos prostituem as crianças,
Eu também quero dinheiro, me diga quem não quer
dinheiro,
Dinheiro compra o homem, dinheiro compra a mulher,
O dinheiro se não tem, faz falta pra alguém,
O dinheiro traz o mal, o dinheiro traz o bem,
Quem não quer nota de 100 transbordando lá no banco,
Por dinheiro se corrompe, até um homem santo,
O dinheiro é o remédio, que cura a fome,
O dinheiro é o vírus que, mata o homem,
(Refrão)
Dinheiro quanto mais tem, muito maiquer,
quanto mais tem, muito maiquer,
Dinheiro quanto mais tem, muito maiquer,
quanto mais tem, muito maiquer,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Mas o dinheiro não compra a vida de um homem morto,
Dinheiro compra o prazer, mas não compra o amor,
Dinheiro traz alegria, mas também traz a dor,
Eu também quero dinheiro me diga quem não quer,
Dinheiro compra o homem, dinheiro compra a mulher,
Dinheiro compra o carro, dinheiro compra o conforto,
Dinheiro não compra a vida de um homem morto,
Quem troca o amor por dinheiro, com certeza não ama,
Quem ama não troca o amor por dinheiro por grana,
Dinheiro compra o padre, dinheiro compra o pastor,
Dinheiro compra o juiz, dinheiro compra o promotor,
Dinheiro compra o prazer, dinheiro te deixa forte,
Mas o dinheiro não te livra das garras da morte,
Por dinheiro a prostituta vende seu corpo,
Por dinheiro a mulher, pra sua mãe dá desgosto,
Se você tem dinheiro, tem muita gente ao seu lado,
Mas se você não tem nada, te tiram como quebrado,
Um Zé ninguém que vale menos que um pisante,
Um Zé ninguém que tem forças pra seguir adiante,
Um Zé ninguém que sou só tenho a noite e o dia,
Não tenho nada no bolso, mas tenho DEUS como guia,
(Refrão)
Dinheiro quanto mais tem, muito maiquer,
quanto mais tem, muito maiquer,
Dinheiro quanto mais tem, muito maiquer,
quanto mais tem, muito maiquer,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Dinheiro compra o carro, conforto,
Mas o dinheiro não compra a vida de um homem morto.



Notícias do Agora


O vertiginoso deserto agitado das metrópoles nos corrói até os ossos: leva as lembranças da paz que um dia foi possível. Pesado é o preço que nos cobra, para jamais terminar sua obra.

Bons tempos aqueles, em que a boa notícia é quando a chuva vinha a tempo de fazer as sementes brotarem, e o milho granar. Hoje só vinga a gana da grana, e tudo gravita em torno do absurdo – em tom mortífero de inferno de drogas, fuzis e granadas.

Não faz muito tempo, 87% das pessoas moravam no campo. Hoje, dá-se o contrário.

Mudaram-se todos para as cidades, que implodiram. Não cresceram, incharam – explodem a olhos vistos, em favelários de narcotráfico, de violência de bandidagens, milícias do absurdo. Estranhos ruídos do estrupício, a que vai se acostumando o “animau” humano. E este, tão mal acostumado está, que chega a pensar que é normal o barulho insano que faz.

Brasigois Felicio Felicio

Consumose: a religião do nosso tempo



"A partir do momento em que as necessidades fictícias ganham dos desejos naturais,
a natureza da natureza é transformada" - Daniel Roche

Vivemos a época da exaltação ao consumo inconsciente, que tem por aval a desculpa da importância da geração de empregos (para a formação de novos consumidores, é claro!). Todo investimento direcionado para essa área é visto como um estado de graça, uma benção dos novos tempos. Os Shoppings Centers assumiram o papel dos templos sagrados, onde, após a liturgia das compras, dá-se a barulhenta eucaristia, a Santa Ceia Fastfood. O empreendedorismo investe bilhões de dólares na expansão da "religião do nosso tempo". Na mídia, cada vez mais vê-se a pregação pelo aumento do padrão de consumo da classe média, uma manipulação velada para a garantia de vida eterna ao reinado do consumo inconsciente. Em vista disso, aos ansiosos excluídos, só resta rezar...


Oração do Crédito Nosso

Crédito nosso que estais no SPC,
santificado seja o Vosso Dote,
venha a nós o Vosso reino de consumo,
seja feita a Vossa vontade,
Dita na terra em comerciais.
O modismo de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos os atrasos de nossas faturas,
De um modo maior com que perdoamos
o atraso no dia de nossos pagamentos,
e não nos deixeis cair na tentação de sermos conscientes,
mas livrai-nos desse mal.
Pois vosso é o reino e a glória do consumo,
Hoje e sempre!
Amém.
....

Oração da Ave Vitrine

Ave Vitrine,
cheia de graça,
o Marketing é convosco,
bendita sois Vós entre as mulheres,
bendito é o produto em Vossa estante,
que a nós seduz.
Santa Vitrine, nova Casa de Deus,
Esperai por nós os consumidores,
de agora até a hora da nossa morte.
Amém.

.....

Oração do Credo Capital

Creio no Capital, todo poderoso,
criador do inferno na terra
e no Consumismo seu único filho, Nosso Senhor
que foi concebido pelo poder dos Empreendedores.
Nasceu da Virgem matéria prima
Cresceu como produto industrializado
Foi manipulado, imposto e exacerbado
Entregue na mansão dos vivos-mortos
Perdendo a graça após o terceiro dia.
Seu valor subiu aos céus
Protegido pelo todo poderoso SPC e Serasa
Os quais há de vir a julgar os consumidores ativos e descartados.
Creio nas ações de marketing,
Através da Santa Mídia Diabólica
Na comunhão dos empreendedores
Pela remissão da consciência
Pela ressurreição do desejo
De uma vida de consumo eterno
Amém.
...

Prece Discáritas

Capital, nosso Pai,
Que sois todo Poder e Desigualdade,
Dai o crédito à ficha que passa pela aprovação,
Dai o cartão internacional por telefone, com facilidade;
Ponde no coração do homem a gastança e a consumose!

Capital,
Dai ao consumidor a estrela VIP,
Ao assíduo a premiação,
Ao consciente o ostracismo.

Capital,
Dai o arrependimento ao inadimplente,
Do espírito afaste a verdade,
Da criança afaste o guia consciente!

Capital, meu Senhor,
Que a Vossa Desigualdade
Se estenda sobre tudo o que criastes.
Crédito fácil, Senhor,
Para aquele que ainda vos não conhece,
E que por sonhar com isso, iludidamente sofre.
Que a Vossa Insensibilidade
Permita aos espíritos cobradores
Derramarem em ligações telefônicas,
A perda da paz, da fé e da esperança.

Capital!
Um raio, uma faísca do Vosso rancor consumista
pode destruir a Terra;
deixai-nos comprar necessidades desnecessárias infinitas,
e todas as ansiedades dissiparão,
todas as dores se acalmarão.
E um só coração,
um só pensamento consumista subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de louvor.

Como Moisés sobre a montanha,
No Shopping Vos esperamos com carteiras e braços abertos,
oh Poder!,
oh Desigualdade!,
oh Beleza Produzida!,
oh Perfeição Plastificada!,
e queremos a preço da morte
merecer a Vossa Financeira Pena de Vida.

Capital,
Dai-nos a força para ajudar o que chamam progresso,
Afim de ascendermos até Vós;
Dai-nos a mediocridade pura,
Dai-nos a fé na falta de razão;
Dai-nos a falta de simplicidade
Que fará de nossas almas o espelho
Onde se refletirá a Vossa Primitiva e Insana Imagem.
Assim Seja.

Abençoada seja a sofisticação do supérfluo e o distanciamento do essencial!

Nelson Jonas


21 dezembro 2010

Igreja

Igreja, foto por NJRO.

Todo o cristianismo é contra Cristo, todas as igrejas são contra a religião. Elas são cidadelas de anti-religião e de anti-Cristo, porque aqueles que alcançaram o conhecimento enfatizaram que você deve ser você mesmo. Não existe outra maneira de ser. Tudo o mais é falso, desonesto, não sincero, imitação, feio. A única beleza possível é ser você mesmo, ser você mesmo em tal pureza e inocência que nada de fora, estranho, entre em você.

Autor: Osho



20 dezembro 2010

Todo Mundo Está Feliz

Horto Florestal - SP

Adulto Índigo


Características de Adultos “Índigo”

  • São inteligentes, mas não necessariamente obtiveram as melhores notas escolares;
  • são muito criativos e adoram criar coisas;
  • perguntam geralmente “por quê”, sempre que lhes pedem para fazer algo;
  • sentem raiva e aversão pelas tarefas que consideram “velhas”, repetitivas ou de memorização;
  • foram “rebeldes” na escola, questionando a autoridade dos professores ou desejavam imensamente ser “rebeldes”, mas a pressão dos pais não os animava;
  • tiveram uma adolescência problemática;
  • experimentaram muito cedo a depressão existencial e o sentimento de vulnerabilidade, desde o sentimento de tristeza até o completo desespero;
  • tiveram idéias (e até tentativas) de suicídio muito cedo;
  • têm dificuldades em desenvolver trabalhos orientados a tarefas “servis”, têm resistência à autoridade e aos sistemas de empregos hierárquicos;
  • têm profunda simpatia pelos outros, porém são intolerantes frente àquilo que consideram inaceitável;
  • são extremamente emocionais, o que inclui um choro repentino (quando não desenvolveram escudo) ou pelo contrário, não demonstram nenhuma emoção (desenvolveram um escudo);
  • têm problemas para administrar emoções como “desgosto” ou “raiva”;
  • têm problemas de ordem com a maioria dos sistemas políticos, educacionais, médicos e legais;
  • sentem raiva ou fúria quando seus direitos são desrespeitados;
  • sentem uma necessidade urgente de fazer algo que “mude o mundo” para melhorá-lo segundo os seus parâmetros;
  • têm capacidades psíquicas ou espirituais desde pequenos: tiveram experiências como premonições, em “ver anjos”, em “ouvir vozes”, etc;
  • têm uma forte intuição;
  • têm padrões mentais ou de comportamento aparentemente desorganizados e pouco usuais;
  • apresentam dificuldades em concentrar-se em tarefas, principalmente as “impostas”;
  • são vistos como “esquisitos” perante sua família e amigos;
  • buscam o significado da vida na religião, grupos espirituais, livros, grupos de auto-ajuda e outros;
  • defendem, perseveram e são consistentes em suas idéias.
Se identificou? Então, leia mais no livro:

Autor: Ingrid Cañete
Editora: Novo Século
Assunto: Auto-Ajuda

Neste livro, a autora procura responder a questão: "Descobri que sou um Adulto Índigo e agora?!"

O livro traz as características desses adultos sob a ótica do processo evolutivo humano. Fala da "síndrome do estrangeiro", ou seja, da experiência de sentir-se um "estranho" aqui neste planeta, um ser "desencaixado". Fala sobre a missão dos Adultos Índigo, ressaltando seu papel fundamental - o de receber bem as próximas gerações. Traz uma abordagem sobre a liderança e o papel dos Adultos Índigo neste momento global e apresenta depoimentos e casos reais sobre eles. 

Uma excelente leitura em tempo de novo ciclo anual.

Humano Gado


Reflexões, upload feito originalmente por NJRO.

Como o gado confinado
de cabeça baixa vivemos,
hipnotizados com as telinhas
que nos alucinam
com seu brilho de purpurina
de passageiras maravilhas.

Ao gado coube o destino a ele imposto
pela gana do lucro, e a fome do povo:
a nós coube a escolha
de ver o mundo pelos celulares, i-phones,
em viagens de hipertexto, superdotados de gigabytes
sem ter olhos para a navegação de quem somos.

Entregues que estamos
a uma espécie de sono desperto
que nos torna letárgicos, incapazes
de amar e ter amigos de verdade
fora das redes da vida virtual,
sem nada que aponte
para o verdadeiro encontro humano,
que se dá face a face, no corpo a corpo,
olho dentro do olho.

Assim nos fazemos prisioneiros
das caixinhas de ilusões.
Em que somos diferentes dos bois a se empanturrarem
para o corte dos açougues? Na bacia das almas,
a cada dia com maior velocidade
seguimos caminhando para longe de nós mesmos.

Brasigois Felicio

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!