Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

27 dezembro 2016

A arte como manifestação do Sagrado

O papagair da mente e o pirata do Ser

Sinta-se abraçado!

Grato pela leitura atenta sobre as nossas percepções quanto a questão do vazio, o qual sempre nos acompanhou e que nos acompanhará até que se dê o fechamento do processo de resgate da Perene Consciência Amorosa e Integrativa que somos — isso para aqueles que forem realmente sérios e se debruçarem sobre o material que faculta a percepção e o autoconhecimento.

É comum ouvirmos os confrades, principalmente o confrades mais assíduos com o estudo das obras de pensadores como Jiddu Krishnamurti, Osho, Ramana Maharshi, Paul Brunton, entre outros autores que indicamos, bem como com o material dos nossos áudios e com os raros contatos presenciais — que vão estreitando uma aproximação com outros buscadores mais antigos — mesmo que virtualmente, com ajuda das várias ferramentas provenientes nas redes sociais, é natural enquanto se absorve o paradigma holotrópico, ir se instalando a sensação de vazio. Isso é muito natural!

No início do processo de autoconhecimento, o qual nos prontifica para a manifestação do contato consciente com a Perene Consciência Amorosa Integrativa que somos, não conseguimos mensurar com clareza a Graça que estamos recebendo em meio desse processo de desconstrução de um modo condicionado de existir, modo esse que nos priva do conhecimento da verdadeira liberdade do espírito humano. Acabamos não percebendo as silenciosas ocorrências. Sempre procuramos chamar atenção para o fato de que se você vai lendo os textos desses autores citados, se você vai ouvindo os áudios e vídeos, por ainda estar num momento de muita confusão, resultante dos instintos naturais ainda adulterados, não é possível perceber com clareza, que está ocorrendo uma silenciosa revolução estrutural interna; que está ocorrendo uma mutação na maneira de se perceber a vida, perceber a si mesmo, perceber as situações, perceber o fluxo da história e todo movimento feito até aqui. Leva certo período para começar a tomar consciência da transformação que está nos ocorrendo; é uma revolução silenciosa nunca sequer imaginada. E o sentimento de vazio é justamente um dos sintomas dessa revolução silenciosa.

Devido a imaturidade emocional, não conseguimos perceber com clareza as transformações que ocorrem nesse novo modo de perceber tudo que está ocorrendo, de perceber a nós mesmos e de perceber o mundo. Até porque, nunca houve um impulso para um incondicionado observar de tudo. Não havia a consciência e a presença do observador: funcionávamos apenas no automático. Então, com a instalação do observador é natural nos percebermos assustados com a qualidade desse novo olhar que se manifesta. Esse momento inicial de nosso processo é muito bem retrato no filme Matrix, quando o personagem Neo, ainda deitado num leito, vira-se para o personagem Morfeus e lhe questiona: “Por que os meus olhos doem?” E Morfeus com muito tato lhe responde: “Porque você nunca os tinha usado antes, Neo!” O próprio filme é um excelente arquétipo para apontar as várias fases e sintomas — os medos, as paranoias — que nos ocorrem durante o processo de autoconhecimento e de prontificação para a manifestação do contato consciente com a Perene Consciência Amorosa Integrativa que somos. Tudo isso é muito normal nessa etapa inicial.

É preciso ficar claro o porquê desse medo. Não esperávamos por nada disso, uma vez que não fomos nós que escolhemos o processo: o processo foi quem nos escolheu. E uma vez que o processo teve seu início, não há mais como dele se abster. Quando a toca do coelho branco se abre, não tem mais como fugir, pois Kansas e suas distrações, torna-se muito pequena e profundamente insatisfatória. Quando se instala o processo de prontificação para a manifestação da Perene Consciência Amorosa Integrativa, não tem como conseguir, de modo satisfatório, optar pelo autoesquecimento. Então, é preciso ter consciência de que essa confusão inicial é muito natural, afinal, esse processo de desconstrução nos lança num vazio de situações que antes eram psicologicamente extremamente importantes para nós.

O Paradigma Holotrópico, se formos realmente sérios, de modo muito claro, vai gradualmente nos apresentando a falência de nossas crenças, bem como a percepção de que não há como negociar para a continuidade do falso que vamos tomando conhecimento. Vamos constatando de modo irreversível, que tudo aquilo pelo qual antes seríamos capazes de dar a nossa vida, não faz o menor sentido de ser alimentado. Esse novo olhar faz com que fiquemos conscientes de que tudo isso sempre foi dotado de vazio, mas que não era percebido pela ausência dos “olhos de ver e dos ouvidos de ouvir”. Esse novo olhar faz com que entoemos a velha canção do poeta Herbert Viana: “Entrei de gaiato no navio, entrei, entrei, entrei pelo cano!” E esse paradigma holotrópico vem nos tirar desse processo de inconsciência de nossos condicionamentos que impedem a percepção da realidade espiritual que somos. Ele nos tira do convés desse social barco furado e nos arranca o chapéu e a viseira pirata que encobria a possibilidade de um olhar descondicionado, proveniente das qualidade de nossa natureza real, do incondicionado ser que somos.

Um fraterabraço e um chute nas canelas!

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A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

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Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!