Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

28 abril 2014

Sobre a prática do silêncio e solidão - parte 1


Uma releitura de Paulo de Tarso

Conduzi-vos pela Consciência e não satisfareis os desejos da mente adquirida. Pois a mente adquirida tem aspirações contrárias a Consciência e a Consciência contrárias à mente adquirida... Se vos deixais guiar pela Consciência, não estais debaixo do domínio dos condicionamentos da mente adquirida.

Outsider

Constatação sobre compulsões

Quanto maior a pulsão interna para
a retomada da Consciência que somos, 
maior a possibilidade de externos ataques
de debilitantes e ilusórias compulsões. 

Outsider

Constatação sobre ressurreição

Nós, que morremos para a mente adquirida, para a consciência convencionada, como haveríamos de viver ainda nela?... Aqueles que experimentam, no mais íntimo do ser, o esplendor da Perene Consciência Amorosa Integrativa vivem na Nova Era: deixam de vibrar conforme pensavam que eram... 

 Se alguém está em sua natureza primordial, é nova criatura. Passaram-se as antigas e ilusórias identificações; eis que se fez a percepção da Realidade, sempre nova... Essa é a riqueza do êxtase por meio da qual a Perene Consciência Amorosa Integrativa derrama sobre nós toda Sabedoria e Discernimento que ultrapassa todo entendimento da mente adquirida.

Outsider

Constatação sobre o passado

Perguntaram-me um dia: Quem está livre do passado? Ora, quem teve a coragem de observá-lo minuciosa e destemidamente e que, por essa ação, um apaziguador estado de aceitação e compaixão naturalmente se instala... Quando isso ocorre, ao invés de um peso, o passado torna-se como um trampolim para um salto de consciência. Desse "passado passado", está-se livre, no entanto, a cada Agora, faz-se um passado... Sem Consciência, o bicho pega: não há livramento, ou seja, não há mente livre!

Outsider

27 abril 2014

Constatação sobre êxtase

Enquanto na mente adquirida, 
enquanto na consciência convencional, 
não há o estado de prontificação para o 
Grande Êxtase da Consciência que somos.

Outsider

Constatação sobre o vazio palavrear

Onde estão as bocas
de hálito quente?
Só bafo de cinzas
se faz presente...

Outsider

Constatação sobre metáfora

Não percebemos 
que vivemos
uma física
metáfora.

Outsider

Constatação sobre imaturidade psíquica

Quando, em nossa infantil imaturidade, 
acreditamos no bom comportamento 
para o alcance do meritório natalício. 

Quando, em nossa madura imaturidade
acreditamos no cármico entendimento
ao justificar nosso sofrimento vitalício.

E assim, nessa desventura
perdura a dura e imatura
psíquica estrutura.

Outsider

21 abril 2014

Constatação sobre os tipos pessoais

Platão um dia disse: "Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas." Talvez, se Platão aqui voltasse, a frase completaria: "pessoas despertas, em silenciosa compaixão, apenas observam".

Outsider

Constatações sobre a mente adquirida

Deixe que os de mente adquirida 
enterrem suas mentais aquisições.

Outsider

Constatação sobre as palavras

As palavras, 
em grande parte, 
são solitários ecos 
de nossa inquietude.

Outsider

Constatação sobre o Big-bang

O Big-Bang
é a crença 
da ciência.

Outsider

Constatação sobre crenças adquiridas


Constatações sobre forças invisíveis


14 abril 2014

E o quatro me acompanha...

14/04/2014... 

Lá vem o quatro
quatro aqui
quatro acolá,
lá vem o quatro
para ver "o que é"
e "o que há"...

Outsider44

06 abril 2014

Constatação sobre a limitação das palavras

A palavra Maomé não é Maomé;
a palavra Mohammad, não é Mohammad;
o que É não está na grafia ou som da palavra:
mas sim no Sopro que lhe anima.

Outsider

05 abril 2014

Da medicação à Meditação


Se eu quiser acabar com o eu tenho que lamber o chão

Vou falar um pouquinho aqui, trocar um pouquinho das percepções; são percepções que a gente não fica grudado nelas não, pode ser que se perceba algo diferente mas, por enquanto, até o presente momento, nesse agora, o que eu for dividir com vocês é o que estou vendo como fato. Eu não venho aqui trocar ilações, não venho trocar conjeturas com vocês, não venho trocar com vocês "e se", nada disso! O que venho tentar trocar com vocês, é do que tem sido observado, do que tem sido vivenciado, do que tem sido visto "aqui dentro do freguês", e o que também tem sido visto através do contato com outros confrades, com outras pessoas, não é? Com outros seres humanos aqui na vida dessa assim chamada "relação", que é uma relação muito, mais muito, muito superficial; extremamente superficial.

Tenho falado muito pra vocês, daquela música do Gilberto Gil, "Se eu quiser falar com Deus"; numa parte ele fala: "Se eu quiser falar com Deus, tenho que lamber o chão dos palácios suntuosos dos meus sonhos, tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho, e apesar do mal tamanho, alegrar meu coração!" Isso é uma coisa que vejo ser um fato mesmo nesse processo: Se não estiver, realmente, totalmente prostrado, totalmente estirado ao chão; se não tiver chego à bancarrota, do movimento de identificação com o pensamento, e que através dessa identificação com o pensamento condicionado, viciado, ter feito um monte de loucura aí, realmente, e todos os setores da vida estarem totalmente afetados por essa "pensamentose", fica muito difícil de você "poder se achar medonho"... "Se achar medonho!", sabe?... Se achar completamente rendido! Se não chegou nesse ponto aí, você não se acha medonho;  você se acha ainda "o cara que sabe" o que é que precisa fazer, como é que tem que fazer, sabe tudo! Está numa "puta" de uma confusão dos infernos, mas ainda sabe como que as coisas têm que rolar; como é que o outro tem que falar com você; o que é que o outro tem pra falar pra você;  quando é que o outro tem que falar pra você; sabe? Sabe tudo! Sabichão, ainda!

Enquanto não chegou nesse estado em que você se vê medonho mesmo, não tem como, não tem como ter a abertura necessária pra poder escutar algo novo; pra poder escutar alguma coisa nova, que não venha através “da pessoa”, mas pode partir da pessoa, “por meio” da pessoa; uma inteligência  maior, algo maior, um insight maior pode vir através de um interlocutor — que não é o interlocutor! Porque, enquanto não se acha medonho, você acha que os outros é que são medonhos; o outro ainda é o medonho, entendeu?

Então, realmente, se não tem esse processo e o que torna muito difícil de chegar nesse processo é que tem sempre alguém pra, não hora em que você está quase caindo ali, está quase esticando no chão, tem sempre alguém, que acaba bancando o co-dependente, não é? E vai lá e dá uma "puxadinha" antes do fulano cair no chão; aí o fulano já levanta, e já acha que sabe como é que tem que ser a coisa; e aí continua... Não tem espaço pra essa dor fundamental'; não tem espaço pra essa crucificação; não tem!

A gente vem aqui falando pra vocês — e a gente tem que ir falando bem devagarzinho aqui, não é? —; a gente tem que ir falando no ritmo do grupo;  a gente vem falando desde o início, dando uns "toquezinhos": isso aqui não é "melzinho na chupeta"... Isso aqui é uma doença de determinação fatal, que pode levar a pessoa à loucura ou a morte prematura, sem nenhum aviso prévio! Foi muito bem falado aqui!... Você não sabe como é que o pensamento vai atacar;  você não sabe o poder real desse pensamento condicionado; você não sabe com que carga que ele vem, com que falas que ele vem;  que defunto que ele vai levantar lá da tumba da memória!... Você não sabe! Não é? Você não sabe como é que vão ser os "Walking Deads"...

A grande maioria aqui não faz ideia, do que é realmente essa "pensamentose"; o que é um ataque ligeiro,  sem aviso,  desses "zumbis"!... São verdadeiros zumbis! Vocês estão achando que "neguinho" mata por quê?  Vocês estão achando que "neguinho" se suicida por quê?  Por que "neguinho", com 20 anos de recuperação em algum determinado padrão de comportamento,  faz uso de tudo que não usou em "vinte anos limpo" e, em cinco minutos, dez minutos,  se tranca dentro de um lugar aí, e quer "esquecer o mundo"?... Porque, quando a coisa "bate forte na cabeça"... Se não estiver atento, se não estiver observando, não é?...

Então assim: a coisa é muito séria mesmo, muito, muito, muito séria, e a grande maioria não tem a percepção disso não! E pra poder perceber e entender mesmo isso aqui, realmente, tem que estar prostrado mesmo! Tem que estar totalmente desencantado com os castelos suntuosos... Suntuosos do meu sonho!...

O "Camus" não estava falando aí como é suntuoso "o cabeção"? Coloca a gente no meio de um estádio, ensinando o cara do "Metállica", como é que se toca uma guitarra!... Olha o cara do "Metállica", olhando pra você, ali: "Nossa! Como esse cara toca!"... Esse é o cabeção, não é? Sempre fazendo castelos suntuosos, não é? Ele está sempre numa situação de destaque! Então é muito louco isso daí, mesmo!

E se não tiver esse estado de total humildade mesmo, de total rendição mesmo; se ainda tiver achando que é o sabichão, que já entendeu, que já sacou... Cara! É "dois palitos" pra ele (o pensamento) se apoderar;  se apoderar e fazer loucuras, que acabam afetando sua vida e a vida daqueles menos precavidos que estão a seu lado. Não é? E aí, você sai por aí, com essa "pensamentose", adulterando a vida de todos que vão passando na sua frente, que vão esbarrando em você... É como no filme “Possuídos”, com o ator Denzel Washington... É um furacão de desgraça!... Identificado com a mente obsessiva, compulsiva, condicionada,  você é um furacão de desgraça! Um furacão de adulteração! É um furacão de percepções totalmente desconexas do que diz respeito a realidade!

Então aí, não tem como se abrir pra "algo"; não tem como ocorrer "algo"; não tem como ocorrer a manifestação de "algo" aí, que possa trazer essa "amostra grátis", que tem sido falada aqui, já por alguns dos confrades. Porque também, se não tiver isso, se não há essa ocorrência, essa pequena "experiência da mente não condicionada"... Tudo fica também sendo um novo condicionamento; mesmo essa informação aqui, mesmo essa troca de ideia, passa a ser mais alguma coisa dessa mente adquirida, adquirindo, agora, uma nova língua; só uma nova língua! Só um novo conjunto de palavras, que não acessam, que não tocam, que não fazem "acender esse coração”... Não faz acender o coração! Ao contrário: faz novamente acender o intelecto sagaz; e, ao acender novamente o intelecto sagaz e acende também a competição, a disputa, a comparação, a retaliação, o julgamento... Tudo! Todo esse pacote que a gente sabe no que dá; e que quanto mais aceso fica o intelecto, mais o fogo vai se alastrando, até que chega uma hora que não tem como apagar o incêndio... E é vítima pra tudo quanto é lado!... É vítima pra tudo quanto é lado!

Então, isso aqui, realmente não é brincadeira! Não é um passatempo, um local de distração, de diversão!  Sabe? A gente pensa que... Olha só, a gente "pensa" que compreendeu o que é essa questão do pensamento... Nós pensamos que, mesmo com isso aqui... Vocês todos aqui nesta sala, sabem muito bem, o que é, mesmo com este material, mesmo com esses apontamentos, o que é o ataque da mente! Quando ela vem, quando era lhe pega, e mesmo com todo esse material ali, você fica aí e até perceber,  até chegar mesmo nessa "percepção visceral" quanto à impotência perante ao fluxo dessa mente adquirida, desse pensamento condicionado; enquanto não tem esse "estado de rendição total": "Eu me rendo mesmo!...Eu me rendo!"...

Não há como brigar contra a mente! Não há como brigar contra esse fundo psicológico que se manifesta com aquilo que quer, com as vozes que quer, com as mensagens, com as projeções, com as lembranças que quer, na intensidade que quer, na hora que quer e nos lugares, geralmente, menos esperados e menos adequados; você se vê totalmente prostrado aí. Se não ocorre isso, fica muito difícil de compreender o que esses caras estão tentando, ou tentaram passar através desse paradigma! Estou falando isso, gente, porque, quem responde os e-mails aqui do grupo, sou eu e a "Deca"; então a gente acaba fazendo a maioria dos contatos; alguns a gente acaba passando pra vocês, mas é impressionante de perceber como que a mente, ela não se rende! A gente fica vendo esses confrades que vão chegando, que vão entrando em contato com a gente,  como rapidamente, muito, muito, muito, muito rápido... a sagacidade da mente é incrível! A sagacidade dessa mente adquirida, desse intelecto, da lógica e da razão é algo espantoso... Espantoso! Ele tem o poder de se levantar, quando está quase caindo, com qualquer material que se manifesta. E com este material também... Ele consegue também fazer uso deste material aqui, e entrar num outro jogo, numa outra disputa, agora com este tipo de material; e assim ele aborta essa queda, essa "queda fundamental"!... Precisa ocorrer essa queda; precisa ocorrer essa queda, essa rendição perante o pensamento, perante a mente... Perante a mente; porque se não tiver isso, fica muito difícil de ouvir alguma coisa, e se não conseguir ouvir alguma coisa, não vai nem ter condição de "ouvir a si mesmo"; não vai ter condição de desenvolver esse estado de escuta atenta, sem o qual, não vai ter condições de ter essa escuta atenta "de si mesmo", na hora que ocorrerem os inevitáveis ataques da mente. Porque a mente não vai deixar barato; ela não vai deixar barato!

E se vocês forem pegar na história humana; se vocês forem pegar a história de todos esses homens que conseguiram isso que eles chamam da "vinda do Espírito Santo", "Samadhi", "Iluminação", "Insight Criativo", "Contato com o Inefável"... Sei lá! Coloca o nome que você achar mais legal aí pra você! Vocês vão ver que, todos esses caras, tiveram que aprender a fazer esse estado de escuta atenta; eles tiveram que chegar num "estado de prontificação"; de estar prontos pra poderem falar: "Agora vou sentar comigo, custe o que custar; vou sumir de perto, vou evitar qualquer tipo de influência externa, e vou olhar toda essa confusão; vou sentar aqui embaixo dessa árvore, e vou ver o que vai rolar!... Ou eu fico doido, ou encontro uma 'loucura que tudo cura!'" Então, se não houver essa capacidade de escuta; se não desenvolver essa humildade... "desenvolver" não é a palavra!... Não é a palavra! Se não "ocorrer" esse estado de rendição, que leva ao estado de humildade, de um espaço pra ouvir aquilo que a "Grande Vida" vai apresentar através de sei lá que instrumento: seja humano, seja um livro, seja uma música... Sei lá!... Fica muito, muito difícil de começar esse processo!

Por isso que a gente fala muito aqui: essa sala, ela é um tubo de ensaio... Essa sala é um tubo de ensaio! Essa importância da escuta atenta; essa capacidade de foco, de manter o foco... Que é outra coisa que a mente adquirida, não consegue: manter o foco! Ela só mantém o foco se está lhe agradando um pouquinho; se não estão lhe agradando, ela já se desfoca rapidamente; ela já se distrai facilmente.

Então se aqui, dentro de uma sala dessas, nós não conseguimos manter o foco, não conseguimos manter essa tão necessária escuta atenta, é óbvio que na vida de relação conosco mesmo, fica impossível... Em dois ou três minutos você já não consegue mais estar observando! Uma coceira no dedinho lhe tira a atenção; um latido do cachorro; o telefone que toca... Perde-se o foco!... Perde-se o foco, e a nunca chegamos nesse estado de um "real encontro consigo mesmo"; não conseguimos chegar numa percepção visceral do nosso conflito, daquilo que está nos conflitando. Quantos de vocês aí, já se perceberam, inclusive, sentando pra ler alguma coisa, ao chegarem ao final da página, não percebem que não leram nada do que estava naquela página? Leram a página inteirinha e exclamam: "Volta, vou ler novamente!"... Quando chegam ao final da página, de novo, nada leram! Por quê? Porque não tem ainda esse exercício de escuta interna, de atenção, de foco, que não tem nada a ver com concentração! Que é esse estado que permite uma relação com algo. Percebem?

Gente: eu volto a falar, não é? Olhem isso com bastante carinho! Olhem isso com bastante propriedade! Olhem bem, mesmo! Olhem pra manifestação da pensamentose crônica descentralizante, aí na sociedade; olhes em vocês, também aí! Olhem bem quando ocorrem essas “saídas do ser”... Vejam bem a potência disso!... A força disso!... O quanto que esse pensamento compulsivo, condicionado, o poder que ele tem de se desfocar; de ser influenciado; de perder o centro; de perder o ritmo; de perder o "Sopro". Essa coisa, de perceber, quanto que é realmente importante, é fundamental, esse estado de realmente fazer frente, de maneira limpa, sem nenhum tipo de fuga, sentar consigo mesmo, sentar com esse conflito, sentar com você. Inclusive, convido vocês para fazerem um teste bem simples: "Vou sentar comigo sem fazer nada!"... Vejam lá, quantos minutos vocês aguentam... Vejam como em poucos minutos o que a mente já vai começar a falar; como ela já vai começar a colocar que vocês estão perdendo tempo, que estão perdendo a vida, que estão fazendo algo errado em querer ficar sem fazer absolutamente nada... O corpo vai começar a se mexer, os nervos vão começar a se estirar... Percebam isso! Olhem isso aí; vejam isso aí... A força que tem esse pensamento condicionado; ele faz uso de tudo! De tudo! Inclusive, ele cria toda essa disfunção no corpo aí; toda essa disritmia aí, pra que vocês não consigam ficar focados; ele faz uso inclusive do próprio organismo nosso, pra que através do próprio organismo, a gente se desfoque... Então ele cria a sede, cria a fome, cria a vontade de urinar... Não acreditem no que estou falando não! Deem uma olhada aí, façam o teste com vocês: "Vou ficar comigo, aqui  e agora, numa boa... não vou fazer nada"... E preste atenção no que ocorre... Preste atenção no que ocorre!

Então, percebam: se mesmo consciente já é difícil, imaginem quando, durante o dia, no meio das nossas atividades mecânicas, perdemos o foco desse pensamento... Então é mais ou menos por aí gente... Vamos que vamos!

Um beijo coração de vocês aí e um chute bem forte nas canelas... E "vamos que vamos!" 

Outsider

Super-observação — parafraseando a canção

Um dia vivi a ilusão que só matéria bastaria
que o fundo do intelecto tudo me daria
do mundo do vir-a-ser.

Que nada, a observação do que é
que até então se adulterara
é a ação melhor traçada aqui, agora,
traz o Real Viver.

Quem dera, pudesse todo homem compreender
o que lhe desespera
ser o Real e não o eu o que em si impera
E só por ele ser.

Quem sabe, um super insight venha nos restituir a glória
trazendo um grande adeus ao fundo da memória
e ao tal do vir-a-ser. 

Outsider

Se eu quiser acabar com o eu tenho que lamber o chão


04 abril 2014

Constatação sobre sebos

Quando se está no sistema,
é um tal de sebo nas canelas;
quando dele se quer sair,
as canelas, estão nos sebos.

Outsider

Mantendo o foco na única coisa necessária


Constatação sobre o nascimento do humano

O homem é chamado ao nascimento compulsório; 
mas poucos, de fato, livremente optam por
nascer são, no Ser que são.

Outsider

Constatação sobre o vacilo espiritual

Um discípulo genuíno, é aquele que, ao ouvir o que seu mestre diz, em si, dá "O" pulo. Infelizmente, para a maioria, por causa do medo e das obtusas birras, não há prontidão para o pulo em si; eles não podem escutar o que é dito, ainda não estão prontos, portanto, não são discípulos: são vacípulos.

Outsider

Constatação sobre verdades e mentiras

A verdade é sempre desconfortante
a quem, da mentira, fez-se amante.

Outsider

03 abril 2014

Constatação sobre o canto de uma criança

imagem da internet
Observe uma criança, enquanto imita a voz e o idioma de sua cantora ou cantor preferido,  totalmente absorvida em sua cantoria, em sua imitação. Ela não está preocupada por não entender aquilo que canta; não está preocupada com o domínio do idioma, pois encontra-se totalmente envolvida em sua linguagem própria. Não está preocupada com sua performance, muito menos se está sendo compreendida ou não. Ela está contente por poder soltar ao ar sua sonoridade que é acompanhada pelos graciosos movimentos de seu pequeno corpo. Isso, quando numa criança, tem sua graça, tem sua beleza, tem sua leveza. Com certeza, um dia, também vivenciamos desses momentos. O que me parece um problema é o fato de que, para a grande maioria, há uma conformação à este tipo comportamento pelo resto da existência. Continua-se a imitar, continua-se a se divertir com uma sonoridade que não lhe é própria e que nem o próprio adulto parece conseguir entender. A graça, a beleza e a leveza se perdem — e não poderia ser diferente — uma vez que, ao insistir nesse comportamento, estes adultos adulterados, privam-se da descoberta de seus talentos, de sua originalidade e de sua criatividade. Além do mais, já não conseguem mais soltar a voz com a mesma intensidade, pois o vírus da comparação parece afetar suas cordas vocais e a preocupação com o olhar alheio, feita uma estreita, grossa e pesada corda, limita-lhes os tímidos movimentos. Assim, pela conformidade à imitação, o gracioso Reino dos céus da infância, queima-se no enxofre do padronizado inferno dos adultos. 

Outsider

O que acontecerá se eu não me ajustar à sociedade?

Estamos aqui com esse tema: "O que acontecerá se eu não me ajustar à sociedade?"... Então, estou vendo vários confrades, naquelas dores iniciais da desabituação com os condicionamentos sociais. Vocês sabem qual é o "melô" do confrade que está tentando sair da sociedade? Quando fica se lembrando da sociedade? Olha só:

"Não é fácil não pensar em você,
não é fácil, é estranho
não te contar meus planos,
não te encontrar...
na verdade eu preciso aprender...
não é fácil,
não é fácil!".
[...]
Acho que eu seria mais felizes
do que qualquer mortal"

... Seu eu voltasse pra sociedade!... Olha o que o "cabeção" faz! Não é fácil não pensar nas coisas da sociedade, não pensar nos prazeres, não é? Não ter aquele monte de memória eufórica, aquelas "nuvens cor de rosa"... Nessas horas em que batem essas angústias, em que batem essas ideias, em que você começa a sentir pela primeira vez que você realmente é solitário; porque antes era um agrupado de solitários, sem que percebessem que eram solitários; porque tinha tanta droga, tanto anestésico que a gente nem percebe, não é? Mas quando começa a bater essas coisas e a gente vai ficando meio "down", a mente só lembra das coisas eufórica, ela não traz para você, aquelas situações em que você estava no meio da sociedade achando tudo "um saco!" Sabe? Em que você estava querendo gritar para todo mundo: “Mas será que vocês não têm outra coisa para falar? Vocês vão contar mesmas estórias, as mesmas piadas? Vão olhar as mesmas fotos que já vimos antes? Vão ser as mesmas músicas, as mesmas festas?"... Sabem? Vocês não tiveram isso? Aí a gente tem que meter aquele sorriso amarelo, fazer um esforço violento e ficar disfarçando, olhando no relógio, pra ver que horas que vai terminar o encontro, que horas que dá pra sair, esperando alguém levantar para, juntos, sair rapidinho; não ser o primeiro a quebrar o protocolo. Isso quando você não é o anfitrião da casa, quando você convida todo o mundo pra vir à sua casa, para quebrar sua solidão e aí, quando eles chegam, você diz pra si mesmo: "O que é que eu fiz?... Ainda é meio-dia e o pessoal só vai sair daqui lá paras às oito horas da noite!... Como aguentarei isso?”... E dá-lhe cachaça! Não é mesmo?... Dá-lhe cerveja!... Dá-lhe churrasco!... Dá-lhe sobremesa!... Põe alguma coisa em cima da mesa, porque, de genuína intimidade, não rola nada, não é?

Então, a mente adquirida, ela não se lembra de nada disso! Ela não se lembra dessas roubadas! O pessoal não bebe porque gosta de beber, mas, para aguentar! Tem que dar uma narcotizada; senão, não dá, não é? Então a mente, ela não se lembra de nada disso quando está tentando sair da sociedade... Só se lembra da memória eufórica! Ela não se lembra das coisas que vinham depois de se entregar pra memória eufórica! Sabe? Aquelas que ecoavam assim: “O que é que estou fazendo aqui? Quem que é essa fulana aqui ao meu lado? Não sei nem seu nome! Espera aí!” Não é nada disso, não é? Ou então aquelas coisas do tipo: você fica louco pra comprar; sofre pra caramba! Quando você sai com o "carnezinho" na mão ou quando chega a fatura em casa é que caí a ficha: "O que é que eu fiz?" Não é mesmo? "O que é que eu fiz?"... O sistema aboliu as algemas de ferro, mas incorporou, agora, as algemas com chip; as algemas agora são todas com chip eletrônico... Um chipzinho com os protocolos e agora é tudo por e-mail... Sua penas — as faturas — agora chegam à você por e-mail. Só que a mente adquirida não percebe nada disso!

Mas é interessante o seguinte: esse paradigma aqui, vocês já ouviram aquele ditado...

"Este paradigma
em testa dura,
tanto o bate
que desestrutura"...

É um paradigma que bate nessa testa dura, bate, bate, bate, até que desestrutura, não é? E aí, conforme desestruturou, é como vaso de porcelana, não é? Quebrou, não adianta querer colar! Não tem mais jeito! Não dá, não é? Pode colar, mas qualquer esbarrãozinho que tiver, quebra de novo! Não dá mais! Quebrou a liga! Tem vários filmes aí que vão mostrando isso; a gente aqui nessa confraria, a gente fala e faz muito uso dos filmes também. A partir do momento que você viu, não tem como voltar! Assistiram "O Show de Truman"?... Na hora que se percebe o show, esquece! Não tem mais como! Não tem! Não é?... Matrix, Revolver... É como Einstein dizia: “Quando uma mente se abre pra uma ideia, nunca mais volta ser do mesmo tamanho; não volta mais a ser a mesma!”... O filme "A Origem"... Como é que começa o filme?... "Uma ideia! Nada é mais perigoso do que uma ideia!”... Quando uma ideia... Não tem nada pior do que uma ideia! Quando ela se instala... Agora, quando se trata da Verdade, aí sim que o negócio fica difícil! Não é? A ideia — que é condicionamento, que é pensamento psicológico —, pra tirar é bem difícil; é muito difícil mesmo; pra arrancar essa ideia, não é "melzinho na chupeta"! Agora, quando bate a Verdade, quando se vê a Verdade mesmo, o negócio cai, cai e cai por completo; não fica nada mesmo! E não tem como compactuar! Se você vê a Verdade, e tenta burla-la, ela te mata, não é? Lá nos "grupos anônimos",  principalmente no A/A, eles costumam a falar mais ou menos assim: "Quem ouviu a mensagem — quem ouviu mesmo —, quem escuto mesmo,  visceralmente, que deixou entrar,
que deixou a mensagem ir lá no fundo, esse pode até ir embora, pode não voltar mais, no entanto, nunca mais voltará a beber sossegado!"... Nunca mais! E isto também é verdade no que diz respeito a este paradigma! Quando você percebeu mesmo; se ficar um tempinho exposto aqui, a esta troca de figurinhas sem colar, não tem mais como!... É por isso que a maioria vai embora! Porque assim: esse paradigma aqui, você vai lendo sem perceber que ele vai batendo por baixo; ele vai minando por baixo, sem você perceber!... Ele não vai fazendo estrago em cima não! Ele vai minando todas as velhas bases adquiridas; daqui a pouco, quando menos se espera, toda estrutura vem ao chão! Na hora que cai, todo mundo fica desesperado... Porque essa mente adquirida é viciada em segurança; ela quer estar segurando em alguma coisa.  Então, como estratégia defensiva, a mente adquirida começa a tentar minar, a quebrar tudo. E têm vários confrades que não aguentam; — não aguentam ser verdadeiros consigo mesmo — não é com o outro!... Não aguentam ser verdadeiros consigo mesmo! Não aguenta reparar nas suas desconfortantes zonas de conforto! Mas é isso: não é nada fácil mesmo; sabemos que não é fácil, pois já passamos por isso na pele.

Essa aqui é a trilha menos percorrida, sair desses condicionamentos sociais, isso aí não é fácil! Tudo que está atrelado ao sistema, acaba por dificultar, por criar resistência. Porque foram tantos anos, foram tantas décadas, e se desidentificar não é fácil! Por isso que a gente vem falando através dos áudios; subimos um, esta semana, que retrata a importância do colapsar: enquanto não tem esse colapsar aí, fica muito difícil de querer assumir mesmo a busca da verdade, não é? Só a verdade mesmo! Só a verdade, apenas a verdade! A grande maioria não consegue ficar; não ficam nessa sala aqui, não ficam com esse paradigma, porque ele arrancando tudo, ele não dá nada! Vai arrancado tudo e o medo vem, não é? O medo de abrir mão das zonas de conforto, profundamente desconfortantes, profundamente estagnantes, faz com que muitos saiam correndo! Faz com que se consiga uma meia-desculpa para sair correndo, criando intrigas, falando mal do paradigma, falando mal de tudo... Transformando esse grupo, essa confraria aqui em inimigos externos... A mente adquirida precisa criar isso! É uma de suas nefastas habilidades, com a qual se escuda pra não correr o risco de se deparar com sua irreal realidade; é por isso que ela está sempre em busca de "inimigos externos"; ela cria um inimigo externo pra depois criar uma justificativa para, de algum modo, buscar por engajamento numa forma qualquer de militância. Esse é um dos padrões dessa mente adquirida, dessa mente social adquirida: a fuga de si mesmo através do engajamento numa forma de militância. Então, têm um monte de militância:  a militância política, a militância vegana, a militância das sociedades protetoras dos animais, a militância contra a Nova Ordem Mundial... Tudo isso para estar ocupada e não ter tempo para perceber sua própria desordem com a qual alimenta a milenar desordem social. Têm um monte de forma de escapismo, socialmente aceito e incentivado; tudo muito bacana... Mas apenas, bacaninha! Bacaninha porque nos distraí da “única coisa necessária"... A única coisa necessária! Que é achar essa "cara que eu tinha... Essa cara que eu tinha, antes de que se passarem esses anos aí,  e eu ficar deste tamanho!", como foi muito bem cantado na música de Arnaldo Antunes e do Nando Reis, a qual ouvimos hoje...

Encontrar essa cara que tínhamos, antes desses condicionamentos sociais aí, alterarem nosso "Sopro", alterarem nosso "Ritmo", criarem essa disritmia do Ser que somos e que a tudo contamina, que a tudo adultera! É isso é "a única coisa!" É "a única coisa"; não adianta! Sem encontrar isso, sem retomar esse "Sopro", sem retomar esse ritmo natural, sem retomar esse contato consciente com a "Consciência que somos", como que — em estado dormente, inconsciente — é possível se fazer algo que realmente seja benéfico, aí na sociedade? Diz pra mim!  É só conflito por onde você for! É bacaninha só nas primeiras páginas, não é? Até ter a primeira riscadinha no ego... Aí, daqui a pouco, já se arruma outro inimigo externo, lá mesmo no lugar da recente militância. Por isso que os partidos políticos têm o nome de "Partido"... Se fosse bom não era partido, era inteiro! Mas é tudo partido, porque a própria base já é partida, não é? Está tudo aí pra gente ver, só que a gente está com os olhos fechados, não é? É aquela cena do "Matrix", em que o "Neo" está deitado na cama, e se vira para o "Morpheus" e diz: "Por que a minha vista está doendo?" E Morpheus lhe responde com muita propriedade de visão: "Porque você nunca as usou antes!"... Nunca os usou antes! Em nossa arrogante rebeldia adolescente, pensávamos que estávamos vendo alguma coisa! Então, não é fácil mesmo, abrir os olhos! Não é fácil se deparar com todas as nossas relações e perceber o grande investimento furado que fizemos durante anos... Não é fácil fazer reparações diretas dos danos causados devido essa inconsequente e inconsciente identificação ilusória com o pensamento psicológico social; com todas suas exigências descabidas, tanto de si, como dos demais. Não é fácil!... Só mesmo homem e mulher de "saco roxo"! Só quem realmente "colapsou"; quem já não tem mais escolha. Quem ainda tem escolha, quem ainda está se achando no direito de escolher a cor da boia,  ainda não está se afogando, não é mesmo? Ainda não colapsou! Então, terá que ir lá pra fora, fazer mais um cursinho de pós-graduação de "pensamentose crônica"; torcer para não arrumar uma neurose crônica, uma psicose, uma esclerose, sei lá outra "Ose"! qualquer! Quem sabe, se der tempo, consiga olhar para o que esses poetas estão falando; têm um monte de poeta que tentam deixar aí pelo caminho menos percorrido, alguns de seus toques!

Vá pegar a única coisa necessária! Vá descobrir quem é você! Você não é esse monte de falas aí do seu pai, da sua mãe, dos seus professores, dos seus amigos, dos seus casos, não é? Das suas conquistas, das suas derrotas...  Nada disso, não é? Não, você não é esse pacotinho todo aí! Não é nada disso!... Vai lá dar uma olhada no que realmente é! Se der tempo, volta, não é? Não é pra aqui! Volta pra isso que você é, volta pra essa realidade aí; volta pra essa realidade! Caso contrário, será que nem cantava Elis Regina:

"Você pensa que é diferente,
mas no fundo, você é igual aos seus pais!"...
Vai acabar sendo mais um adulto,  adulterado, adulterando a realidade dos que estão os olhos mais fechadinhos do que você!

Outsider

Constatação sobre brincadeiras de criança

A maioria dos seres humanos não cresceram; continuam, em seu frenesi, brincando de cabra cega e esconde esconde, tanto de si mesmos, como dos demais que também participam do mesmo jogo. Em resultado, feito peões, permanecem sempre rodando em suas decoradas celas, num acelerado pega pega, criado pela desconhecida mãe da mula social. E assim, enquanto há ar em seus balões, a desgastante ciranda continua... 

Outsider

O paradigma na testa dura, tanto bate que desestrutura


02 abril 2014

A mente adquirida impede o Vazio pleno



É interessante, já há um bom tempo que venho resgatando essa questão do olhar noético, do olhar poético; não essa questão de poesia romântica, não é, mas aquilo que está por trás das palavras do poeta e, às vezes, fico questionando se o poeta ao escrever aquilo, se ele realmente está escrevendo na dimensão noética, ou nessa dimensão poética, essa coisa do romantismo.

Acordei pela manhã meditando,  não sei, talvez alguns aqui devem conhecê-la, a Isolda (ela escrevia muito pro Roberto Carlos; são fantásticas as letras dela), com uma música do Roberto, com certeza vocês já ouviram a música, "Outra vez" —; vocês se lembram dessa música? A correlação que fiz com ela, quando você a escuta pelo mito romântico, parece que o cara está falando da mulher, uma relação homem e mulher.  Olho pra essa letra numa questão de "animus e anima"; essa coisa do toque da Graça,  o contato com a "Graça", o contato com o "Inusitado", o contato com o "Inefável", o contato com "A Coisa", o contato com o "Espírito Santo", seja lá o nome que você quiser dar pra isso;  o contato daquilo que está além da "mente adquirida".

Pra quem não viveu isso, acaba soando como algo místico; pra quem já viveu uma amostra grátis disso aí, desse despertar que vai além da questão intelectual, mas sim de uma vivência direta de um estado inusitado, de um estado que está além daquilo que a mente adquirida conhece, então soa muito interessante? Eu estava meditando na letra, e ela fala assim:

"Você foi o maior dos meus casos, 
de todos os abraços o que eu nunca esqueci. 
Você foi dos amores que eu tive 
o mais complicado 
e o mais simples para mim.”

E é bem isso:  o mais complicado porque, na minha vivência, isso ocorreu num momento em que quase estava realmente me entregando ao suicídio; não havia sequer, a ideia da possibilidade disso que trouxe um "estado de bem aventurança", um estado de paz que não tem como ser colocado em palavras... Mas que nunca esqueci! Sendo que os outros abraços aí, aqueles da questão do prazer, não dá pra lembrar de todos, não é? Mas esse aí, esse da bem-aventurança, esse não tem como se esquecer!

Então é assim: das lembranças que eu trago na vida essa é a saudade que eu gosto de ter? E só assim é que eu sinto "você" bem perto de mim, "outra vez!" Não sei se vocês lembram dessa letra, mas ela me faz ecoar bastante essa questão de se é possível ou não a mente silenciar; que é uma das coisas que a maioria desses homens e mulheres que vem tentando apontar um outro modo de viver, dizem que só é possível isso, quando a mente cessa, quando pensamentos cessam; se o pensamento não cessar, não há como ocorrer isso, e, de fato,  nessa vivência direta, não há pensamento. É algo que a mente adquirida não consegue nem conceber o que seja uma mente sem pensamento. É algo muito, muito, mas louco!

Tem uma outra letra da Isolda em que ela fala:

"Você foi a melhor coisa que eu tive, 
mas o pior também minha vida; 
você foi amanhecer cheio de luz e de calor 
e ao anoitecer a tempestade a dor."

Então, quando ocorre essa manifestação da Graça, quando ocorre essa manifestação da mente que vai além da mente adquirida, essa mente incondicionada,  é "o amanhecer cheio de luzes e de calor!" E, quando há o cessar disso, "desse estado", é "anoitecer" novamente, não é? E, então, novamente, lá está o anoitecer, a tempestade e a dor... De novo o pretérito imperfeito com sua busca de prazer e de prazer imediato.

Então, uma vez que você tenha essa vivência que lhe ponta pra "Algo" de uma dimensão de felicidade, de paz, de serenidade, de tranquilidade e que não tem como ser descrita, essa vivência supera — não há como se contabilizar isso —, mas ela supera por demais qualquer forma de prazer; qualquer forma de busca de segurança. E essa mente adquirida, ela funciona, o tempo todo, somente nisso: na busca de segurança, na busca de prazer. Não acredite no que estou falando; dê uma olhada aí; vai olhando, vai vendo se o nosso cotidiano, não funciona sempre através dessas duas moedas correntes, nesses dois lados da moeda; moeda muito cara por sinal, não é mesmo? Moeda que vem trazendo uma depressão emocional econômica muito grande, não é?... De um lado, a busca de segurança, do outro, a busca do prazer — e sabemos o quanto que já pagamos por causa disso, não é mesmo? Todos vocês aí, sabem muito bem, o quanto que já pagamos por isso!

Então, esse processo dessa vivência, quando ocorre essa vivência, essa manifestação, que é algo que não ocorre pela ação do desejo, não ocorre pela busca de prazer, não ocorre pela vontade, não ocorre pelo esforço, por isso que é dado o nome de "Graça"; quando há essa vivência da Graça, por menor que seja essa vivência, ela tira a graça por completo de todo o pacote velho, de todo o passado, de todo pretérito imperfeito, tira tudo isso! Só que, quando cai, quando você cai desse estado de graça, a mente adquirida rapidinho entra, e, como não sabe lidar com a inquietude — porque nunca tivemos uma educação psíquica, nunca tivemos uma educação, de fato, emocional, não tivemos uma cultura voltada para o silêncio, para a contemplação, para a meditação, par a observação da própria inquietude; não tivemos uma cultura e uma educação voltada para prática "natural" de estados de ócio onde se pode encarar e fazer frente ao tédio; como não tivemos e não temos isso, a mente adquirida, alimenta ainda mais o seu ciclo vicioso de busca de prazer e segurança. E sabemos muito bem, como que funciona essa coisa do prazer, não é? Somos catedráticos nesse teorema: [Inquietude + Prazer imediato = dor ao quadrado], não é mesmo? E vai aumentando essa coisa: vai pra dor ao cubo e vamos que vamos!

Então, por que é que estou falando isso? Porque assim: ultimamente venho olhando bastante de frente pra questão do tédio, da insatisfação, e do vazio; que é algo que deveríamos ter matérias na escola, e deveríamos ter horas de conversa depois do jantar, ou depois do almoço de domingo; ao invés de ficarmos falando dos outros, deveríamos, desde pequeno, estar falando sobre isso, sobre tédio; coisa do tipo: "E aí, Tio? E aí, Tia? Como é que ambos estão lidando com o tédio, com a insatisfação?" Não é? Deveria ser normal isso, mas não temos isso, temos? Então, ultimamente, venho olhando bastante pra isso e pela primeira vez, de forma muito consciente, feito cobaia mesmo! Uma cobaia! E percebendo o forte impulso — fortemente alimentado pelas ferramentas sociais — para as enormes variantes de fuga pelo prazer. 

É preciso ir mais fundo na no significado da palavra "prazer"... Não sei se para vocês, também ocorre como na cabeça deste que agora lhes escreve: quando se fala em "prazer", logo é a lembrança do sexo que vem na frente... Mas prazer é uma coisa muito abrangente, não é mesmo? E a sociedade incentiva a busca pelo prazer; muito mais a busca do prazer do que da própria felicidade. Vocês podem conferir isso: ligue sua televisão; não se está mostrando propagandas de felicidade., mas sim, propagandas que apontam para a busca de prazer e de segurança. Já perceberam isso? Liga-se a televisão, e um massacrante bombardeio de propragandas, de "programas" (esta me parece a palavra mais correta) cultuando a busca de prazer e de segurança, sendo ambos confundidos por felicidade... É uma verdadeira idolatria narcísica-hedonista. 

Em todo esse movimento de anos aí de busca, essa consciência foi sendo resgatada e vem tomando seu espaço, o qual antes era ocupado pela mente adquirida, com seus sistemas de crença, suas tradições e seus autocentrados movimentos? Todo esse caminhar, que começou lá nos grupos anônimos, vem trazendo, vem resgatando esse espaço da Consciência. E uma vez consciente, fica muito difícil, de se optar novamente pela inconsciência, sem depois ficar com o barulho maior na consciência. E de fato, com o assentamento da consciência, vai ficando muito difícil de se ver Graça, naquilo em que antes se via graça e que depois que nos entregávamos, só gerava mais desgraça! Muito louco isso, não é? A mente adquirida faz você ver graça onde não tem graça; você se entrega à isso, mesmo sabendo que o resultado será mais acúmulo de desgraça! Então, há que se ir batendo a cabeça uma, duas, três... Parece que somos mesmo como fusquinha 64: só pegamos no tranco! O pensador compulsivo, esse que fica identificado com essa mente adquirida, parece fusquinha 64: só pega no tranco! Já sabemos do falso, mas insistimos em lá voltar, não é? Sempre buscando por resultado diferente na mesmice! Então, vai formando essa consciência que vai quebrando o encantamento por essas promessas de prazer e de segurança. Porque começa-se a perceber o quanto nos consumimos para poder consumir um pouco mais de breves momentos de prazer. 

Então, esse estado de consciência, para a mente adquirida, é de fato, muito perigoso mesmo! Porque esse paradigma, esse material que temos aí, que vem sendo dividindo, que estamos estudando juntos, ele vai arrancando a identificação com todos esses conceitos, com todos esses estipulados sociais aí, que prometem por segurança e por prazer; isso vai perdendo a graça, vai desencantando, vai quebrando o encantamento, não é mesmo? Esse paradigma vai quebrando o encantamento e fazendo com que nos sintamos como um peixe fora d'água; isso porque a grande maioria em volta de nós, de forma totalmente inconsciente, se encontram cativos de tal encantamento! E você, não por escolha, mas talvez porque foi escolhido por essa Graça, que teve a graça do despertar e de abrir os olhos, não tem mais como voltar atrás: só cabe seguir a trilha menos percorrida, feito Bandeirante da Consciência que somos. Chega um momento que fica bastante doloroso, porque, olha-se para fora e nada mais faz sentido... Nada mais faz sentir. O que está vibrando aí fora, nada mais dá liga, nada mais dá contato; tudo se mostra muito desconexo, sem conexão alguma. E para a mente adquirida, ouvir isso, pode assustar ou achar que é loucura ou que isso é sintoma de doença; quando, na realidade, não é: isso é um sair fora da sociedade; é um descartar total da sociedade; de tudo aquilo que antes você via como fator de segurança, a começar pela ideia de família... E isso causa um rebuliço incrível dentro da mente adquirida, quando tocou na expressão família... Porque pode ver que a própria questão da família é a base de prazer e segurança... Prazer e segurança! Prazer alimentar!

Essa questão do prazer é muito interessante: Dá uma olhada que a gente foge desse vazio e do tédio sempre por alguma forma de prazer: é o cafezinho, é o livro, é uma compra, é o prazer de disputar alguma ideia intelectual com alguém no facebook, ou sei lá onde; disputar num balcão de padaria uma ideia... É tudo prazer! A leitura de um livro... É tudo prazer! Só que é um prazer que não traz essa "real felicidade"; não traz esse "real despertar"; não traz! Na questão do livro, acho até interessante, não é, porque ele e acaba funcionando de um jeito.. dependendo do que você vai lendo, isso vai, vai trazendo até mais consciência; então vai ampliando, não tem como não ampliar o tédio e a insatisfação diante do que está aí estipulado. Essa busca — por esse reencontro consigo mesmo, aí — por essa retomada da Consciência, ou por esse saltar fora do que está aí que já não tá dando mais liga, isso vai levando, de fato, pra um estado total de tédio, de vazio, de solidão; e é uma solidão que acaba sendo física e mental, uma solidão interna mesmo! Porque como foi hoje colocado...achei muito interessante a fala do "Semeu" hoje, não é? Realmente você encontra as pessoas cada um num momento desse paradigma; se isso ocorre aqui dentro da sala, imagina aí fora. Então, realmente fica muito difícil de você poder se comunicar, ou seja, ter um "ar comum", visto que a grande maioria nem sonha em olhar pra isso! Visto que a grande maioria está completamente identificada como sendo o pensamento, como sendo as emoções, como sendo os sentimentos, tendo como "normal" e como meta de vida a busca de segurança e a busca de prazer. Como é que você que já percebeu tudo isso, que já lhe foi revelado a falsidade disso, pode encontrar conexão, sendo que a maioria cultua isso, de uma forma visceral, vinte e quatro horas por dia?... Nos sonhos acordados e nos sonhos enquanto estão dormindo! Percebe?

E aí eu vejo que é muito interessante que realmente esse tédio, essa solidão, esse vazio, eles são fundamentais até pra ver a seriedade da sua paixão, não é? Dessa sua busca, desse seu desejo por algo que não é finito, por algo que não é finito. E é muito interessante que se você for olhar a história de todos esses caras,  todos esses caras, todos, todos... pode ir lá e não acredita no que eu estou falando, não; vai lá e faz uma pesquisa!... Todos esses caras que trouxeram alguma coisa, que alimentou essa Consciência Amorosa Integrativa no ser humano, na humanidade, todos eles vieram se movimentar na direção disso, através de uma profunda insatisfação, de um profundo o tédio, de uma profunda experiência de absurdo que fez com que começasse a questionar todos esses valores estipulados, que começasse a questionar tudo isso que é tido por normal. E todos esses caras acabaram ficando literalmente sozinhos, no que diz a compreensão daquilo que chegou, pela ação dessa Graça ou do "Insight Criativo", seja lá o nome que você preferir dar. E o que a gente vem percebendo é que realmente não tem como isso se manifestar enquanto você ainda está apegado a qualquer forma de identificação nessa ideia de segurança e de prazer.

Está sendo muito interessante observar essa dinâmica do tédio, da insatisfação e do vazio; como que a mente adquirida, essa mente que ainda está aqui no "Out" também, como que ela, quando começa a se manifestar na maior intensidade, o tédio, a insatisfação e o vazio, ela impede que esse vazio se torne pleno; que seja um vazio pleno; e pra impedir que esse vazio se torne pleno, ela opta sempre com uma sugestão desse pretérito imperfeito; ela traz sempre uma lembrança de algo que lá atrás lhe trouxe prazer e pede pra que você vá até lá, de novo, naquilo, e tenha um pouco de prazer, afinal de contas, todo mundo fala que é importante ter prazer: "Você está perdendo a vida se você não tiver prazer"... E aquele que não perder sua vida... Teve um cara que já passou aí...  "Quem quiser perder a vida em nome da Verdade vá ganhar a sua vida!"... agora, quem quiser, ficar com o prazer vai perder essa verdade, vai perder! Então é muito interessante perceber como que a mente sempre puxa pra essas lembranças de prazer e de busca de segurança e como ela também projeta imediatamente um movimento de você ou encontrar algo parecido àquele prazer do passado ou buscar por uma nova forma de prazer, por uma nova forma de segurança... Pra você ficar "segurando"... Olha pra palavra "segurança": a gente quer ficar preso, não quer ficar livre; a gente fala que quer liberdade, mas eu quero segurança, eu quero ficar me segurando em alguma coisa; não é? Eu quero me segurar até numa sala no Paltalk, que seja! Eu não quero ficar livre, não é?

Está sendo muito interessante, apesar de ser algo bastante dolorido: ficar com essa questão do tédio, que é uma coisa que também é muito interessante... Você entra na internet e procura assim, vê se você acha: "um relato pessoal da vivência do tédio"... "relato pessoal da vivência da solidão"... Cara, você não acha isso! Você acha mil receitas de como se iluminar com um mínimo esforço mas você não vê ninguém relatando essa coisa de ser afrontar, não é? Esse reparar, essa reparação, essa meditação ali consciente com o tédio, com o movimento do tédio, da insatisfação, e do vazio. Então, vamos que vamos! Vamos ver o que vai dar disso daí! Um grande abraço pra vocês, gente!

Valeu!

Outsider


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!