Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

03 abril 2014

Constatação sobre o canto de uma criança

imagem da internet
Observe uma criança, enquanto imita a voz e o idioma de sua cantora ou cantor preferido,  totalmente absorvida em sua cantoria, em sua imitação. Ela não está preocupada por não entender aquilo que canta; não está preocupada com o domínio do idioma, pois encontra-se totalmente envolvida em sua linguagem própria. Não está preocupada com sua performance, muito menos se está sendo compreendida ou não. Ela está contente por poder soltar ao ar sua sonoridade que é acompanhada pelos graciosos movimentos de seu pequeno corpo. Isso, quando numa criança, tem sua graça, tem sua beleza, tem sua leveza. Com certeza, um dia, também vivenciamos desses momentos. O que me parece um problema é o fato de que, para a grande maioria, há uma conformação à este tipo comportamento pelo resto da existência. Continua-se a imitar, continua-se a se divertir com uma sonoridade que não lhe é própria e que nem o próprio adulto parece conseguir entender. A graça, a beleza e a leveza se perdem — e não poderia ser diferente — uma vez que, ao insistir nesse comportamento, estes adultos adulterados, privam-se da descoberta de seus talentos, de sua originalidade e de sua criatividade. Além do mais, já não conseguem mais soltar a voz com a mesma intensidade, pois o vírus da comparação parece afetar suas cordas vocais e a preocupação com o olhar alheio, feita uma estreita, grossa e pesada corda, limita-lhes os tímidos movimentos. Assim, pela conformidade à imitação, o gracioso Reino dos céus da infância, queima-se no enxofre do padronizado inferno dos adultos. 

Outsider

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens populares

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!