Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

28 setembro 2010

O que esta por tras do Transtorno Bipolar

Para o figura que outro dia me rotulou de bipolar...

24 setembro 2010

Agnóstico

O Apocalipse Quântico e O Universo Holográfico (legendado Português)

Vocês têm o poder

Você continua a se imaginar como algo que pode ser trabalhado, que pode ser melhorado. Como um carro, ou algo assim, que você pode consertar e fazê-lo funcionar melhor. Mas você não é isso, por mais intimo que isso possa parecer.

E eu sei quanto estranho estas palavras podem parecer para vocês. Porque nós estamos falando do seu apego mais querido. Isso.

Não é uma maldição contra isso.

O corpo é como uma roupa virtual que a consciência veste para que ela possa ter o sabor da experiências. Isso é muito importante.

Sem este corpo a consciência não pode experimentar. Mas o corpo não é a Consciência.

Depois eu vou dizer algo que vai confundir vocês. Vou dizer que o corpo também é Consciência. Mas aquilo que percebe este corpo-consciência, isso não tem corpo. E está aqui agora. Parem de tentar imaginar isso.Tudo o que vocês imaginam está errado. Porque isso é sem forma.

Está tudo bem que sua mente lute contra isso. Dê permissão completa para que sua mente lute contra isso. Mas não se identifique com esta luta. E vocês descobrirão que, mesmo quando a mente luta, se não há identificação com a mente, a mente poderá lutar dentro da paz que você é.

E quem será o maior, o mais alto?

É possível que a mente possa estar tremendo. E a sua paz não perturbada? Isso vocês têm que descobrir.

- Eu já descobri!

- Você foi de novo ao passado!

- Eu não posso evitar.

- É verdade. Muitos já tiveram estes insights da verdade. E tentam repeti-los. Alguns dizem: ”É, eu tive esta experiência há doze anos atrás.” Doze anos é muito tempo pra ficar esperando uma repetição. Eu gostaria de colocar um fim nesta miséria.

Abandone seu esperar. E abandone sua expectativa. Abandone até mesmo o desejo de repetir esta experiência. Abandone toda a intenção. Nem que seja apenas por um minuto. E não se apegue à imagem do eu. E daí me mostre qual é sua experiência.

Eu disse: não se apegue nem mesmo ao eu. Então você não pode dizer “minha experiência é...”

Quando o eu é jogado fora, nenhuma intenção, nenhuma esperança – ouçam isso: nenhuma esperança. Nenhuma aspiração. Nenhum sonho. Nenhuma fantasia. Nenhum desejo. Nenhum apego. Experimente você mesmo sem estas coisas. Por um minuto façam isso. Não imaginem. Apenas observem. Não façam nenhum esforço. Não é preciso nenhum esforço. Simplesmente não se envolvam com nenhum pensamento, nenhuma intenção. Mesmo que houver a memória dos desejos, simplesmente não se envolvam com isso. Por um minuto façam isso. E experimentem aquilo que permanece. E não toquem no conceito: “O que vem agora?” Apenas sejam.

A mente vai dizer: “Sim, eu posso fazer isso.” Mas é apenas um pensamento.Você não está fazendo nada! Não imaginem.

Alguns de vocês podem sentir um certo barulho na mente. Não importa se você não se envolver nisso. Deixe onde ele está. Não julgue. Não avalie. Não deseje se livrar disso. Deixe tudo assim como está. E você permaneça como é.

Quem é você?

Alguns sentem: “eu não sei fazer isso sem a mente.” Mas eu não estou pedindo que vocês façam nada! Simplesmente não se envolvam com o sentimento de que precisam fazer algo. Vocês podem estar conscientes de que a mente está fazendo muitas sugestões, julgamentos. Isto está ok. Não tentem parar isso. Simplesmente não vão fazer compras na mente. Vocês podem fazê-lo. Vocês têm o poder.

Mooji

23 setembro 2010

A Divina Escada

A Divina Escada

Cada mortal que sobre a Terra surgir
Receberá de Deus uma escada para subir;
E esta escada cada um há de galgar
Degrau por degrau. Desde o mais baixo lugar
Vai percorrê-la, passo a passo: desde o início
Ao Centro do Espaço, ao seu próprio Princípio.

Numa era passada, mas que hoje perdura,
Escolhi e moldei minha escada; tu escolheste a tua.
Quer seja de Luz ou seja obscura,
Por nós mesmos foi ela escolhida:
Uma escada de ódio ou uma de Amor
Seja ela oscilante ou firmada com vigor.

Quer feita em palha ou formada em ouro rei,
Cada uma obedece a uma justa Lei.
E a deixaremos quando o tempo esgotado;
Dela toma-se posse ao ser de novo convocado.
Por vigias, em frente a um portão cintilante,
Ela é guardada para cada alma passante.

Mesmo sendo a minha estreita e a tua alargada,
Sozinho chego a Deus por minha própria escada.
A de ninguém posso pedir, nem a minha emprestar;
Com o esforço em subir na sua, cada um tem de arcar.
Se, em cada degrau que escalares,
Só barreiras e tormentas encontrares;

Se pisar sobre ferro carcomido e madeira bichada,
A ti cabe transformar tudo isto para, seguro, galgares tua escada.

Reforçá-la e tê-la sempre reconstruída
É a tua tarefa árdua, mesmo que longa seja a tua vida.
Chegando ao fim da Escada, já terás cruzado a PONTE
Que te dará todos os tesouros da Terra, e do Espírito Divino, a FONTE.

Tudo o que de outra forma se possa obter
Será ilusão apenas. Não pode permanecer.
Em revoltas inúteis não faremos o tempo fugir.
Subir, cair, reconstruir; cair, subir, reconstruir,
Cumpramos isto, até que nossa carreira humana nos leve a toda a Verdade,
Até que juntos, homem e Deus, sejamos UMA só Divindade.

O MAHA CHOHAN

MPB - Escorpiões & Girassóis

River of Love - Mooji (Embrace 2)






Música: Omkara
http://www.cdbaby.com/artist/omkara2
http://www.fromthesilence.com/
Letras:
Esta vida é um sonho ~
Será mais em um piscar de olhos.
Lembre-se de quem você é!
A vida de quem é este?
Que mãos são essas?
Que voz é essa?
Quem sou eu?
Om Namaha Ganapataye Gam
Esta vida é maravilhosa.
Esta vida é horrível.
Esta vida é maravilhosa.
E esta vida é apenas um sonho.
Um sonho feito de amor.

Lembre-se de quem você é!
Lembre-se você antes.
Antes destas questões.
Antes de uma resposta.
Lembre-se "você é antes de ...
Antes de tudo"~.

Ducha de graça.
Rio de amor.
Oceano de paz e de verdade.
Este mundo alegre,
um jogo divino,
tudo isso, estamos ~
OM

Uma coleção de imagens, vozes e movimentos de satsang com Mooji. A maioria das imagens foram gravadas em Tiruvannamalai, Tamil Nadu, na Índia, durante a visita mais recente Mooji em dezembro a fevereiro '08 '09.

Esta peça é oferecida com gratidão para com aqueles que estão a reconhecer a verdade através da luz radiante de amor e auto-conhecimento. Para aqueles cujos corações são gratuitos, e aqueles cujos olhos ainda podem ser abertas para a alegria de ser atemporal.
Como Mooji inexoravelmente aponta para a verdade diretamente, essas imagens vestido de canção e música do coração também inspira o espectador sincero lembrar, reconhecer e ser o que já somos - consciência desacoplado.
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Editando por Nataraaj e outros membros da Equipe de Mooji
Filmagem e por Janya Nataraaj
Colecção de fotografias e arquivamento: Tara e Ishvari
* Imagens por: Tara, Pamela, Ishvari, Maggie, Nataraaj, David

Pensa Que Sabe

Você não é o Galvão Bueno





Qual caminho você escolhe?

Auto-realização trata-se de reconhecer quem somos, em Unidade e Igual com a totalidade da existência, a totalidade da vida.

Atualmente somos Um e Igual na auto-desonestidade mas a cada momento da existência temos sempre duas escolhas: auto-desonestidade ou auto-realização.

Não se pode explicar, nem mostrar, nem revelar o que é a auto-desonestidade ou auto-realização, pois este é um processo particular que precisa ser feito por cada um, a cada momento, a cada respiração.

Cada ser humano é "deus" em seu próprio mundo, e sendo assim, individualmente responsável por como experimenta a si mesmo em seu próprio mundo. O mundo que estamos experimentado atualmente é um mundo que foi criado por nós mesmo, através de repetidas escolhas da auto-desonestidade e assim, a chave para mudar o mundo é a auto-realização.

Para se chegar à auto-realização é preciso aplicar-se na libertação do "falso eu" e na busca pela ação correta, momento a momento. A primeira auto-desonestidade é acreditar que somos o que pensamos ser. 

Quando caímos nessa auto-desonestidade, nos identificamos com os pensamentos, os sentimentos e as emoções, e acabamos sendo a manifestação do auto-desonestidade. Então, para o alcance da auto-realização, é necessário aplicação na libertação do "falso eu" e a busca da ação correta, como forma de se libertar completamente da auto-desonestidade. Não devemos ficar presos a nenhum pensamento, nenhum sentimento, nenhuma emoção, senão livre no silêncio absoluto. Seja o pensamento, o sentimento ou a emoção, boa ou ruim, certa ou errada, positiva ou negativa, é preciso se libertar sempre de toda e qualquer dualidade. Independentemente do que esteja acontecendo é preciso capacidade para andar livre pelo mundo, sem que nada nos influencie. Andar sem ser influenciado por pensamentos, por sentimentos ou emoções. É preciso se firmar no silêncio. Ou seja, ser livre, momento a momento, da ação dos pensamentos, sentimentos e emoções.

A libertação do "falso eu" e a ação correta tem que andar juntas. É na prática continua que, devagar e sempre, vamos saindo da auto-desonestidade. Isso é um processo; o processo pelo qual estamos passando. É preciso paciência. Respirar. Busque, devagar e sempre, pelas coisas que possam lhe ajudar a sair desse processo de auto-desonestidade. A auto-realização não pode existir enquanto houver auto-desonestidade. Estamos todos no mesmo barco, no mesmo processo. As vezes, quando se ver na auto-desonestidade, aplique-se na libertação do "falso eu", na prática da ação correta e dê continuidade ao seu processo. Por sermos parte do universo e este processo ser universal, tudo o que está e estará ocorrendo daqui pra frente é humanamente inevitável. Só existem dois caminhos para escolher percorrer neste processo: o mais fácil ou o mais difícil.

Desteni

Bronze ou Ouro?

Não se limite a nenhum estado, por mais prazeroso que seja. Não se contente com bronze. Por "bronze" eu me refiro ao conhecimento espiritual, a momentos de beatitude passageiros e experiências paranormais.

Encontre o substrato único de todos esses estados - imóvel, indiviso, não afetado por eventos do tempo e no espaço. Vá pelo Ouro!
Mooji

O verdadeiro Mestre


O verdadeiro Mestre não é aquele que tem mais discípulos, mas aquele que forma mais Mestres.

O verdadeiro líder não é aquele que tem mais seguidores, mas aquele que forma mais líderes.

O verdadeiro rei não é aquele que tem mais súditos, mas aquele que confere dignidade real a mais pessoas.

O verdadeiro professor não é aquele que tem mais conhecimento, mas aquele que o transmite a mais alunos.

E o verdadeiro Deus não é Aquele que tem mais servos, mas Aquele que serve mais, tornando assim deuses todas as outras pessoas.

Porque o objetivo e a glória de Deus é que os seus servos não sejam mais servos, e que todos saibam que Ele não é inatingível, mas inevitável.

Neale Donald Walsch

21 setembro 2010

A barriga da mente

A barriga da mente nunca está cheia.

Ele (Ramana) diz que, quando você tem um desejo, digamos que tenha um desejo por um objeto... E é um desejo forte, então existe um foco muito forte nisso. Mesmo quando você está falando sobre outras coisas, com outras pessoas, isso ainda está em algum lugar dentro de você. Uma parte de sua atenção está focada no objeto desejado.

Algumas vezes até suas interações com outras pessoas são apenas uma forma de alcançar isso, porque você sente que quando obtiver isso sentirá uma felicidade tremenda.

Mas enquanto você não tem, existe uma inquietude em você. Você nunca vê o presente, porque está dividido por dentro. E uma parte de sua atenção está com algo que deseja ter. Então, você só está presente parcialmente.

Ouça o que Ramana diz. Ele diz que não existe amor nisso. Não existe satisfação nisso. É apenas um objeto. Mas você imagina que terá um tremendo prazer obtendo esse objeto. E o seu desejo de ter isso está na verdade lhe molestando.

Um dia eu venho e lhe dou esse objeto. E, naquele momento: "ahhh!" Você está em êxtase! Tanta alegria! Tanta plenitude! Mas isso não está lhe dando nada...

Ele diz que, na verdade, o que está acontecendo é que no momento em que você recebe o objeto a sua agitação e inquietude param e você desfruta o estar livre dessa agitação. E isso você interpreta como o prazer vindo do objeto... O prazer vem de você. O apego vem de você. A paz vem de você.

Nós podemos estar fazendo isso com muitas coisas no mundo. Imaginando que um certo estado, certo objeto, certo relacionamento irá nos preencher. Mesmo agora, muitas vezes, nós estamos vivendo no prazer de "preces respondidas".

Mas então, Elas já não são mais, o apetite se foi. Existem sempre apetites novos. A barriga da mente nunca está cheia.

Trecho de um Satsang com Mooji, realizado na Toscana, Itália, 2008.


19 setembro 2010

Paz ou Pizza?

Todos esses seres e os papéis que eles estão desempenhando, em cada momento, estão acontecendo pela vontade Divina. Você vai para qualquer cidade, qualquer vila, qualquer lugar… é preciso alguns papéis para manter uma vila existindo – como uma padaria, um sapateiro, um alfaiate, um padre, membros da família. E quem é que provoca essas ações? São apenas papéis que aparecem.

Você nesse corpo sente uma urgência, uma atração de se mover em uma direção. Você tem o sentimento de que você tomou essa decisão, mas o anseio veio antes. Apenas quando ele veio para o campo da consciência, então algo diz “eu acho que vou fazer isso”. Antes de um pensamento ocorrer para você, você estava consciente dele? Você solicitou que certo pensamento viesse? Como um item “para levar”?

Além disso, os pensamentos são aleatórios. Você está meditando… “Paz…” E então vem “pizza”! [risos] E depois disso, “ah, sim, eu tenho que enviar um email…” Eles são aleatórios. Mas assim que eles surgem, alguns pensamentos da mesma frequência se juntam e o processo de pensar começa. Na verdade é totalmente automático, mas por causa da identidade de que “isso sou eu”, alguns tipos de pensamentos se tornam sazonais – eles vão continuar voltando – porque eles ganham serviço de cinco estrelas. [risos]

Esses são os pensamentos favoritos – e eu não digo “favoritos” porque você gosta deles, eles podem ser favoritos porque você os odeia. Mas eles têm alguma afinidade com a maneira que você atualmente pensa sobre você mesmo. E então um tipo de construção de identidade surge. Mas isso não é algo fixo, é como um auto-retrato constantemente em mutação. Porque ele surge no campo da mudança. E de alguma forma, aquilo que nós gostamos na esfera da mudança nós gostaríamos de tornar fixo – o que é impossível.

A natureza do Ser é alegria e paz. Mas quando o ser se esquece de si mesmo, então ele busca paz e alegria fora. Tenta obter isso dos relacionamentos, das atividades, dos pensamentos. Mas esse tipo de alegria não pode durar.

Então primeiro, encontre a si mesmo. Chegue ao completo reconhecimento, à clareza irrefutável, e então você pode desfrutar dessa atividade. Então o amor estará fluindo a partir de você. E quando você vê outros seres, você não se importará nas diferenças das estórias, você vai olhar diretamente para seus seres, e saber que vocês são Um. Isso não é apenas comunicação, mas comunhão.

Mooji
[Trecho retirado do Satsang Simplesmente Feliz, ocorrido em São Paulo no dia 11/10/2009 (sessão 2)]

14 setembro 2010

O coração, o supremo espaço

PERGUNTA - Começo perguntando a mim mesmo “quem sou eu?”, elimino o corpo como não sendo o Eu, o hálito vital como não sendo o Eu, mas não sou capaz de ir mais adiante.

MAHARSHI - Bem, isto é o máximo que o intelecto pode ir. Seu processo é somente intelectual. Na verdade todas as escrituras mencionam o processo apenas para guiar o buscador espiritual a fim de que conheça a verdade. A verdade não pode ser diretamente evidenciada. Daí a utilização deste processo intelectual. Veja, aquele que elimina todo o “não-Eu” não pode eliminar o “Eu” ao dizer “não sou isto” ou “sou isto” subentende-se que deva existir um “Eu”. Este “Eu” é somente o ego, ou o “Eu-Pensamento”. Após o surgimento deste “Eu-Pensamento”, todos os outros pensamentos surgem. O “Eu-Pensamento” é portanto o pensamento-raiz. Se a raiz é arrancada, todos os outros também o serão. Portanto busque a raiz “Eu”, pergunte a si mesmo: “Quem sou eu?”. encontre sua fonte e então todas essas outras idéias desaparecerão e restará o puro “Eu” (Divino).


PERGUNTA - Como fazer?


MAHARSHI - O “Eu” está sempre aí – seja no sono profundo, seja no sonho ou na vigília. Aquele que se acha no sono profundo é o mesmo que fala agora. Há apenas o sentido do Eu. Por acaso você nega sua existência? Você não o faz. Você diz Eu Sou. Veja quem é este Eu.


PERGUNTA - Eu medito pelo método netti-netti (isto não – isto não).


MAHARSHI - Isto não é meditação. Encontre sua fonte. Você deve atingir a fonte sem falhas. O falso “Eu” desaparecera e o “Eu” real será realizado. O primeiro não pode existir sem o último (o Eu Real). No momento há uma errônea identificação do Eu com o corpo, com os sentidos, etc.. Prossiga descartando-se dele se isto é “neti”. Mas a realização só pode ser obtida quando nos fixamos naquele que não pode ser eliminado (o Eu Divino). Isto é “iti” (aquele que é).


PERGUNTA - Quando eu penso “Quem sou eu?”, a resposta vem “não sou esse corpo mortal, mas sou consciência, o Eu”. E subitamente outra pergunta surge, “por que a consciência se envolveu de ilusão?” ou em outras palavras, “por que Deus criou este mundo?”.


MAHARSHI - Indagar “Quem sou eu?”, realmente significa tentar encontrar a fonte do ego ou do “Eu-Pensamento”. Você não deve ter outros pensamentos, tais como “Eu não sou o corpo”. Buscar a fonte do “Eu” serve de meio para se livrar de todos os outros pensamentos. Não devemos dar ensejo a outros, tais como mencionou, mas manter a atenção fixa em descobrir a fonte do “Eu-Pensamento” e pergunte, à medida que cada pensamento apareça, a quem este pensamento surgiu. Se a resposta for “eu capto o pensamento” continue a busca ao perguntar “quem é esse “Eu” e qual é sua fonte.


PERGUNTA - Devo continuar repetindo “Quem sou eu” de modo a torná-lo um mantrã?


MAHARSHI - Não. “Quem sou eu?” não é um mantrã. Significa que você deve procurar aonde em você surge o “Eu-Pensamento” que é a fonte de todos os outros pensamentos.


PERGUNTA - Devo meditar “Eu sou Brahman"?


MAHARSHI - O texto não quer dizer que devemos pensar “eu sou Brahman”. “Eu” é conhecido de todos. Brahman habita como Eu em cada um. Encontre o “Eu”. o “Eu” é o próprio Brahman; você não necessita pensar nisso, simplesmente encontre o “Eu”.


PERGUNTA - Desprezar os veículos não é o que mencionam os livros sagrados?


MAHARSHI - Logo após o surgimento do “Eu-Pensamento” aparece a falsa identificação do “Eu” com o corpo, com os sentidos, com a mente etc.. O “Eu” é erroneamente associado com eles e o verdadeiro “Eu” se perde de vista. Para que se possa separar o puro “Eu” do “Eu” contaminado é que se menciona esta distinção. Mas isso não significa exatamente uma separação do não Eu mas sim uma busca do Eu real. O Eu real é o infinito “Eu”. este “Eu” é a perfeição. É eterno. Não tem origem nem fim. O outro eu nasce e também morre. É impermanente. Veja a quem pertencem os pensamentos mutáveis. Ver-se-á que surgem a partir do “Eu-Pensamento”. Estabilize ou pare o “Eu-Pensamento” e eles cessarão. Pesquise a fonte do “Eu-Pensamento” ou ego e restará apenas o Eu real.


PERGUNTA - É difícil praticar isso. Eu compreendo a teoria, mas como fazê-lo?


MAHARSHI - Os outros métodos são usados para aqueles que não conseguem levar a cabo a investigação do Eu. Mesmo na repetição verbal ou seu pensamento um agente é necessário. Quem é esse agente que está exercendo o ato de repetir? É o “Eu”. Seja esse Eu. Este é o método direto. Porém os outros métodos também acabarão por levar todos a este método direto que é a investigação do Eu real.


PERGUNTA - Eu sou consciente do Eu, entretanto meus problemas não terminaram.


MAHARSHI - Este “Eu-Pensamento” não é puro. Está contaminado pela associação com o corpo e os cinco sentidos. Veja a quem surgem os problemas. É ao “Eu-Pensamento”(ou ego). Estabilize-o e assim os outros pensamentos desaparecerão.


PERGUNTA - Sim. Como fazê-lo? Este é todo o problema.


MAHARSHI - Pense “Eu, Eu” e se fixe neste único pensamento com a exclusão de todos os outros.


PERGUNTA - A afirmação de que sou Deus não é mais eficaz que a auto-indagação? A afirmação é positiva, enquanto que a outra é negação. Além do mais indica separatividade.


MAHARSHI - Na medida que você procura saber como se realizar, este conselho é dado para que encontre seu Eu. sua procura do método indica sua separatividade.


PERGUNTA - Não é melhor afirmar “Eu sou o Supremo Ser” do que perguntar “Quem sou Eu?”


MAHARSHI - Quem está afirmando? Deve existir alguém para fazê-lo. Procure quem ele é.


PERGUNTA - A concentração não é melhor que a investigação?


MAHARSHI - A concentração implica em imagem mental, enquanto que a investigação implica em realidade. O primeiro método é objetivo, enquanto que o último é subjetivo.


PERGUNTA - Deve haver uma abordagem científica para esta finalidade.


MAHARSHI - Evitar a irrealidade e buscar a realidade é algo científico.


PERGUNTA - Suponho que deve haver uma eliminação gradual, primeiro da mente, depois do intelecto e depois do ego.


MAHARSHI - Apenas o Eu é real. Todos os outros são irreais. A mente e o intelecto não se acham separados de você. A Bíblia diz, “aquieta-te e sabe que Eu sou Deus”. Aquietar-se é o único requisito para a realização do Eu como Deus.


PERGUNTA - O soham (afirmação Eu sou Ele) é o mesmo que o “Quem sou Eu?”


MAHARSHI - Somente o “Eu” é comum a ambos. Um é o soham. O outro é o koham (quem sou eu?). Eles são diferentes. Por que devemos repetir soham continuadamente? A pessoa deve buscar o “Eu” real. Na pergunta “Quem sou eu?”, o “Eu” se refere ao ego. Tentando pesquisá-lo e encontrar sua fonte vemos que o ego não tem existência separada, mas submerge no eu real. Eu dou ênfase ao autoconhecimento, pois você deverá se interessar por si mesmo antes de tentar conhecer o mundo e seu senhor. A meditação soham ou “Eu sou Brahman” é mais ou menos um pensamento da mente. Mas a procura do Eu de que falo é um método direto; na verdade superior a outra meditação. A partir do momento que você inicia a busca do Eu e vai se aprofundando mais e mais, o Eu real o espera lá para trazê-lo para o interior. Então qualquer coisa que seja feita o será por outro alguém sem sua interferência. Neste processo todas as dúvidas e discussões serão automaticamente eliminadas da mesma forma que uma pessoa que dorme esquece de seus compromissos nesse período.


PERGUNTA - Que certeza existe de que alguém me espera para dar boas-vindas?


MAHARSHI - Se se tratar de uma alma suficientemente desenvolvida é certo que ficará naturalmente convencida.


PERGUNTA - Como é possível este desenvolvimento?


MAHARSHI - Várias respostas são dadas, mas qualquer que seja o nível anteriormente alcançado será acelerado pela prática do autoconhecimento.


PERGUNTA - Mas isto é um círculo vicioso. Eu estou desenvolvido e desse modo apto para praticar a auto-indagação (Quem sou eu?) e a própria auto-indagação propicia meu desenvolvimento.


MAHARSHI - A mente tem sempre este tipo de dificuldade. Ela quer determinada teoria que a satisfaça. Na verdade nenhuma teoria é necessária ao homem que seriamente deseje se aproximar de Deus, ou realizar seu próprio e real ser.


PERGUNTA - Não há duvida que o método ensinado por você é direto. Mas é tão difícil. Não sabemos como começá-lo. Se começamos a indagar “Quem sou eu, quem sou eu” como a repetição de um nome de Deus ou um mantrã é penoso. Nos outros métodos há algo preliminar e positivo por meio do qual podemos iniciar e depois seguir passo a passo. Mas no seu método não há tal coisa e buscar o Eu de modo imediato, embora direto, é difícil.


MAHARSHI - Você reconhece que é um método direto. É o método direto e fácil. Quando buscamos outras coisas que são alheias a nós é tão fácil, como pode ser difícil para a pessoa dirigir-se a seu próprio Eu? Você diz “quando começar?” não há nem início nem fim. Você é você mesmo seja no começo, seja no fim. Se você está aqui e o Eu se achar em outro lugar e você tiver que encontrar esse Eu talvez poderá ser orientado como caminhar e então como achá-lo. Suponha que você está no Ramanashraman pergunte: “Quero ir ao Ramanashraman, como começarei e como chegar até lá?” Que dirão os outros? A busca de Deus por parte do homem é como isto. Ele é sempre o Eu e nada mais. Você diz que o “Quem sou eu?” torna-se um a repetição de um nome de Deus. Isto não quer dizer que você deva repetir sem interrupção o “Quem sou eu?”. Neste caso os pensamentos não morrerão tão facilmente. No método direto, como você o chama, ao perguntar a si mesmo “Quem sou eu?” você é orientado a se concentrar no seu interior, aonde surge o “Eu-Pensamento”, a raiz de todos os outros pensamentos. Como o Eu não está “fora” mas “dentro”, pede-se que você mergulhe em seu interior ao invés de se exteriorizar. Que pode ser mais fácil do que se dirigir a você mesmo? Mas o que se verifica é que para alguns este método parecerá difícil e não será atraente. É por esta razão que tantos e diferentes métodos foram ensinados. Cada um se mostrará como o melhor e o mais fácil. Isto está de acordo com o amadurecimento espiritual de cada um. Mas para alguns, nenhum exceto o caminho da auto-indagação, será atraente. Estes perguntarão: “Você quer que eu conheça ou que veja isso ou aquilo? Mas quem é o conhecedor, aquele que vê?” qualquer que seja o método escolhido, existirá sempre um agente, aquele que exerce a ação. E disto não se escapa. A pessoa tem que descobrir quem é este agente que está praticando a ação. Até que se atinja este estágio, o caminho espiritual não terminará. Desse modo, eventualmente todos devem caminhar até encontrar “Quem sou Eu?” Você se queixa que neste método não há nada de preliminar ou positivo a fim de iniciá-lo. Você tem o Eu para começar. Você sabe que sempre existe, enquanto que o corpo não existe sempre como é o caso, por exemplo, no período do sono profundo. O sono revela que você existe mesmo sem o corpo. Nós identificamos o “Eu” com corpo, imaginamos o Eu como tendo um corpo, como tendo limites e daí surge todo nosso problema. Tudo o que temos a fazer é deixar de identificar o Eu com o corpo, com as formas e os limites e a partir daí nos perceberemos como o Eu que sempre somos.


PERGUNTA - Deve pensar “Quem sou eu?”


MAHARSHI - Você aprendeu que o “Eu-Pensamento” brota. Fixe-se no “Eu-Pensamento” e encontre sua fonte.


PERGUNTA - Posso saber como fazê-lo?


MAHARSHI - Faça do jeito que lhe foi dito e veja.


PERGUNTA - Não entendo o que devo fazer.


MAHARSHI - Se for algo objetivo o meio deve ser mostrado objetivamente. Este de que falo é subjetivo.


PERGUNTA - Mas eu não entendo.


MAHARSHI - O que! Você não entende que você é?


PERGUNTA - Por favor diga-me o meio.


MAHARSHI - Será necessário mostrar o caminho no interior de sua própria casa? Está em seu interior.


PERGUNTA - O Sr. disse que o coração é o centro do Eu.


MAHARSHI - Sim, é o único supremo centro do Eu. você não precisa duvidar disso. O eu real está lá no coração atrás do jiva ou ego.


PERGUNTA - Agora me diga por favor aonde é que ele fica no corpo.


MAHARSHI - Você não pode conhecê-lo com sua mente. Você não pode realizá-lo pela imaginação, quando digo que este é o centro (apontando para o lado direito do peito). O único meio direto de realizá-lo é cessar de fantasiar e tentar ser você mesmo. Quando você realiza, automaticamente sente que este centro está aí. Este é o centro, o coração, citado nas escrituras como a caverna do coração, a graça, o coração.


PERGUNTA - Em nenhum livro encontrei referencia que está aí.


MAHARSHI - Muito tempo depois que vim para cá tive a oportunidade de ler um verso de uma versão malayalam do Ashtanga Hridayam, obra pertencente ao ayurveda (medicina hindu), no qual a fonte da vitalidade do corpo ou local da luz é mencionado como estando localizado no lado direito do peito de denominado a sede da consciência . Não conheço nenhuma outra obra que se refira a ele como localizado aí.


PERGUNTA - Posso estar certo de que os antigos mestres indicaram este centro pelo nome de “coração?”


MAHARSHI - Sim, é isso. Mas você deveria tentar se identificar com ele ao invés de localizar a experiência. Um homem não necessita procurar onde estão situados seus olhos quando pretende ver. O coração está aí sempre aberto para você. Se pretender “entrar” nele, ele está sempre promovendo seus movimentos, mesmo quando você está inconsciente disso. Talvez seja melhor dizer que o Eu é o próprio coração do que afirmar que está no coração. Realmente, o Eu é o próprio centro. Está em toda parte, consciente de si mesmo como “coração”, a autoconsciência.


PERGUNTA - neste caso como pode ser localizado em qualquer parte do corpo? Fixar um local para o coração não implicaria em estabelecer limitações fisiológicas para aquele que está acima de espaço e tempo?


MAHARSHI - Está certo. Mas a pessoa que faz a pergunta sobre a posição do coração se julga como existindo com ou no corpo. Ao fazer a pergunta agora, dirá que seu próprio corpo está aqui mas você está falando de outro lugar? Não, você aceita sua existência corporal. É sob este ponto de vista que a referencia ao corpo físico é feita. Para falar a verdade, a pura consciência é indivisível, não tem partes, não tem forma e contornos, nem “dentro” nem “fora”. Não existe “direita” nem “esquerda” para ele. A pura consciência, que é o coração, inclui tudo, e nada está fora ou separada dela. Esta é a ultérrima verdade. Do ponto de vista do Absoluto, o coração, Eu, ou consciência, não pode haver qualquer ponto particular a ele atribuído no corpo físico. Qual a razão disso? O corpo é uma mera projeção da mente e a mente, por sua vez, é um pobre reflexo do radiante coração. Como é possível, aquele que tudo contém, estar confinado numa pequena parte do corpo físico o qual é apenas uma manifestação infinitesimal e fenomênica da realidade única? Mas as pessoas não entendem isso. Elas só conseguem entender as coisas em termos do corpo físico e do mundo. Por exemplo, você diz: “Eu vim ao Ashram do meu país situado além do Himalaya.” Mas isso não é verdade. O que representa o “ir” e “vir” ou qualquer outro movimento para o uno, o espírito, todo penetrante que você realmente é? Você está onde você sempre esteve. É somente seu corpo que se moveu ou foi conduzido de um lugar a outro até que chegou a este Ashram. Esta é a simples verdade, mas para a pessoa que se considera um ser independente vivendo num mundo objetivo, isto lhe parece com algo totalmente ilusório! É no sentido de descer a um nível mais acessível ao entendimento comum que se indica um local para o coração no corpo físico.


PERGUNTA - Como então posso entender sua afirmação de que a experiência do centro do coração se situa num ponto particular do peito?


MAHARSHI - Uma vez que você aceite sob ponto de vista real e absoluto que o coração como pura consciência, acha-se além de espaço e tempo, será fácil entender o restante em sua correta perspectiva.


PERGUNTA - O coração é dito estar na direita, na esquerda ou no centro. Com tais opiniões diferentes, como devemos meditar nele?


MAHARSHI - Você existe, você é, e este é o fato. Meditação é para você, de você e em você. Ela deverá ir onde você está. Ela não pode estar fora de você. Portanto você é o centro e isto é o coração. As dúvidas surgem quando você identifica o coração como algo tangível e físico. O coração não é um conceito, nem objeto para meditar. Mas é o centro da meditação. O Eu permanece todo só. Você é o corpo no coração e o mundo também está nele. Não há nada separado dele. Portanto todos os tipos de esforço acham-se nele localizados.


PERGUNTA - O Sr. diz que o “Eu-Pensamento” nasce do coração-centro. Devemos procurar lá sua fonte?


MAHARSHI - Eu lhe peço para ver aonde o “Eu” surge no seu corpo, mas na verdade não é totalmente correto dizer que o “Eu” surge e submerge no coração no lado direito do peito. A meditação deve ser no Eu. todos sabem “Eu sou”. Quem é o “Eu”? Não está nem dentro, nem fora, nem à direita, nem à esquerda. “Eu sou” – eis tudo. Abandone a idéia de direita e esquerda. Elas pertencem ao corpo. O coração é o Eu. realize-o e depois verá por si mesmo.Não há necessidade de saber aonde e o que é o coração. ele fará seu trabalho se você se empenha na busca do Eu.


PERGUNTA - Qual é o coração a que se refere o verso do “Upadesa Saram” quando diz: “habitar o coração é o melhor karma-yoga, raja-yoga, bhakti-yoga e jnana-yoga?”.


MAHARSHI - Aquele que é a fonte de tudo, aquele no qual tudo vive, e no qual tudo finalmente submergirá é o coração já referido.


PERGUNTA - Como devemos conceber este coração?


MAHARSHI - Por que você deverá conceber alguma coisa? Você deverá apenas verificar de onde o “Eu” surge. Aquele do qual todos os pensamentos dos seres encarnados brotam é chamado de coração. todas as descrições sobre ele são apenas conceitos mentais.


PERGUNTA - Diz-se que existem seis órgãos de cores diferentes no peito, dos quais o coração é dito situar-se a dois dedos à direita do meio do peito. Mas o coração é também sem forma. Devemos então imaginá-lo como tendo forma e meditar nela?


MAHARSHI - Não. Apenas a auto-indagação (Que sou eu?) é necessária. Aquele que perdura durante o período do sono profundo e da vigília é sempre o mesmo. Mas na vigília há infelicidade e o esforço para removê-la. Se você for perguntado “Quem acorda do sonho?” você dirá: “Eu”. Se isto for feito o Ser Eterno se revelará. A investigação do “Eu” é o ponto central e não a concentração no coração centro. Não existe nada como dentro e fora. Ambos significam a mesma coisa ou nada. É certo que existe também a prática da concentração no coração-centro. Mas é apenas uma prática e não uma investigação. Apenas aquele que medita no coração permanece consciente quando a mente cessa sua atividade e fica calma, enquanto que aqueles que meditam em outros centros não podem ser tão conscientes mas concluem que a mente estava estabilizada apenas após ter se tornado novamente ativa. Em qualquer ponto do corpo que uma pessoa pense que o Eu habita, parecerá para ele, em conseqüência do poder de seu pensamento, que é ali que ele reside. Entretanto somente o amado coração é o refúgio para o nascimento e a submersão deste “Eu”. Saiba que embora se diga que o coração existe em ambos, dentro e fora, na realidade absoluta não existe quer dentro ou fora. Isto porque o corpo que parece como base das diferenças entre “dentro” e “fora” é uma imaginação da mente pensante. O coração, a fonte, é o início, o meio e o fim de tudo. O coração, o supremo espaço, não tem forma, é a luz da verdade.

13 setembro 2010

Dark City - 1998



http://darkcity98.blogspot.com/

Fato

Enquanto você estiver interessado na sua maneira atual de viver, você não a abandonará. A descoberta não acontecerá enquanto você estiver preso ao familiar. É apenas quando você compreende completamente a imensa tristeza da sua vida, e se revolta contra ela, que uma saída pode ser encontrada.

Maharaj

A prática da auto-observação

A mente não é outra coisa senão o "Eu-Pensamento". A mente e o ego são uma só coisa. As outras faculdades mentais tais como o intelecto e a memória são apenas isso. Mente, intelecto, o arquivo das tendências mentais e o ego  todos são apenas a mente. São como nomes dados a um homem de acordo com suas diferentes funções. A alma individual nada mais é do que esta alma ou ego. 

A idéia de personalidade ou pensamento é também a raiz ou origem de todos os outros pensamentos, pois cada idéia ou pensamento surge apenas como pensamento próprio e não é percebido como existir independentemente do ego. O ego, portanto, exibe a atividade pensante. 

Investigue, então, a causa última do "Eu", ou personalidade. De onde é que este "Eu" surge? Procure-o no seu íntimo. E em conseqüência disso verá que ele desaparece. Isto é a busca da sabedoria. Quando a mente investiga de maneira incessante sua própria natureza evidencia-se que não existe tal coisa chamada mente. Este é o caminho direto para todos. A mente é somente pensamentos. De todos os pensamentos o pensamento "Eu" é a raiz. Portanto a mente é somente o pensamento "Eu". A origem do "Eu-Pensamento" é a nossa própria origem e sua morte é a morte da personalidade. Após o aparecimento do "Eu-Pensamento", a errônea identidade com o corpo surge. 

Livre-se do "Eu-Pensamento". Enquanto o ego estiver vivo existirá sofrimento. Quando o "ego" cessa de existir não há mais sofrimento.

Indague então a quem pertencem esses pensamentos. Eles então desaparecerão. Eles têm sua origem no simples "Eu-Pensamento". Fixe-se nele e eles desaparecerão.

A existência do ego fenomenal é transcendida quando você "mergulha" na fonte da qual o "Eu-Pensamento" surge.

Quando o quarto está escuro a lâmpada é necessária para iluminá-lo e permitir aos olhos que vejam os objetos. Para ver o sol nenhuma lâmpada é necessária, basta dirigir o olhar em direção ao autoluminoso sol. O mesmo ocorre com a mente. Para ver os objetos, a luz refletida da mente é necessária. Para ver o coração é suficiente que a mente se volte para ele. Desse modo a mente se perde e o coração brilha. A essência da mente é apenas consciência. Quando o ego, no entanto, a domina passa a funcionar como razão, pensamento ou faculdade sensorial. A mente cósmica não sendo limitada pelo ego, não percebe coisa alguma separada dela e é somente consciência. É isto que a bíblia quer dizer com o "Eu sou o que sou". Quando a mente perece na suprema consciência do Eu de cada um, saiba que todos os poderes, como o poder de querer (incluindo o poder de fazer e o poder de conhecer) desaparecerão totalmente, sendo percebido como uma imaginação irreal surgindo na própria forma de consciência.

Ao se realizar o Eu, nada mais resta para ser conhecido porque é a perfeita bem-aventurança, o tudo.

A realidade é simplesmente a eliminação do ego. É destruir o ego se você busca sua identidade. Como o ego não é uma entidade, ele desaparecerá automaticamente e a realidade brilhará por si mesma. Este é o método direto, enquanto que os outros métodos conseguem apenas reter o ego.
Se sua atenção se distraí com outros pensamentos, volte-a  em direção ao Eu-Pensamento tão logo perceba seu desvio.  

Nos estágios iniciais a prática da atenção no sentido do "Eu" é uma atividade mental que toma forma de um pensamento ou percepção. Conforme a prática vai se desenvolvendo o "Pensamento-Eu" passa a experimentar um sentido subjetivo do "Eu" e, quando este sentido deixa de se ligar aos pensamentos e objetos, desaparece completamente. O que resta é uma experiência de ser no qual o sentido de individualidade cessou temporariamente de operar. A experiência pode ser intermitente no início mas com a repetição da prática torna-se cada vez mais fácil de se atingir e conservar. Quando a auto-indagação atinge esse nível aparece uma consciência de ser livre de esforço. A esse nível o esforço individual não é mais possível, pois o "Eu" que faz o esforço cessou temporariamente de existir. Ainda não é a auto-realização, pois o "Eu-Pensamento" reaparece periodicamente mas é o mais alto nível de prática espiritual.

Esta prática de auto-atenção ou consciência do "Eu-Pensamento" é uma sutil técnica que ultrapassa os usuais métodos repressivos de controlar a mente. Não é um exercício de concentração, nem tem por meta suprimir os pensamentos, apenas invoca a consciência da fonte de onde surgiu. O método e o objetivo da auto-indagação é "morar" na fonte da mente e ser consciente daquilo que realmente se é ao se desviar a atenção daquilo que não se é. Nos estágios iniciais o esforço no sentido de transferir a atenção dos pensamentos para o próprio pensador é essencial, mas uma vez que a consciência do sentido do Eu se estabeleceu de modo firme, o esforço posterior a isso é contra-producente. Daí em diante trata-se mais de um processo de "ser" do que de "fazer", um processo de ser sem esforço do que um esforço para ser. Para ser aquilo que já se é, é algo sem esforço, pois a existência (o ser) está sempre presente e é sempre experienciado. Por outro lado pretender ser algo que não se é (exemplos o corpo e a mente) requer um esforço mental contínuo, muito embora o esforço esteja quase sempre num nível subconsciente. Segue-se que, em estágios mais avançados da auto-indagação, o esforço livra a atenção da experiência de ser, enquanto a cessação do esforço mental o revela.

Finalmente, o Eu não é descoberto como resultado de se fazer alguma coisa, mas apenas por ser. 
A auto-indagação não deve ser entendida como uma prática para ser feita em determinadas horas e em certas posturas. Ela deve prosseguir mesmo durante nosso caminhar, independentemente do que se estiver fazendo.

Não existe qualquer conflito entre o trabalho e a auto-indagação e a mesma pode ser executada sob quaisquer circunstâncias e não há necessidade alguma de se abandonar as atividades cotidianas em favor de uma vida totalmente dedicada à auto-indagação.

Focalize este Eu-Pensamento e indague o que ele é. Quando esta indagação se tornar forte em você, então não poderá pensar em outros pensamentos.

O que acontece quando você faz uma séria auto-indagação em busca do Eu é o desaparecimento do "Eu-Pensamento" e então algo diferente surge de suas profundezas e se encarrega de você, mas não é o Eu que inicia a indagação. Este é o Eu real, o Supremo Eu. Não é o ego. É o próprio Ser Supremo.

Fixe-se em você mesmo, isto é, no "Eu-Pensamento". Quando seu interesse o mantém nesta simples idéia, os outros pensamentos serão automaticamente rejeitados e desaparecerão.

A mente se submeterá somente por meio da indagação: "Quem sou eu?" O pensamento "Quem sou eu?"destruindo todos os outros pensamentos será finalmente destruído tal como a vara que é usada para atiçar o fogo na pira funerária. Caso outros pensamentos surjam e a pessoa deixar que se apoderem dela, fazer a pergunta: "A quem eles surgiram?" Que importa quantos pensamentos possam surgir? No mesmo momento que cada um surja; a pessoa de modo atento, fizer a pergunta "A quem este pensamento surgiu", terá como resposta: "A mim." Se fizer então a indagação "Quem sou eu?", a mente retornará a sua fonte (o Eu) e o pensamento que surgiu também desaparecerá. Ao se repetir esta prática o poder da mente em habitar sua fonte aumentará.

Enquanto persistirem na mente tendências em direção aos objetos dos sentidos, a pergunta "quem sou eu?" é necessária. À medida que os pensamentos surjam a pessoa deverá aniquilar todos eles, aqui e ali através da auto-indagação no seu local de aparecimento. Não dar atenção a outras idéias significa desapego ou desinteresse. Não abandonar o Eu (Divino)é sabedoria. Na verdade esses dois aspectos – desapego e conhecimento – são a mesma coisa.  

Tal como um pescador de pérolas prendendo-se a uma pedra mergulha fundo no oceano e a encontra, qualquer pessoa que mergulhar em seu interior com desapego poderá encontrar a pérola do Eu. Se a pessoa recorre de modo ininterrupto à lembrança de sua real natureza será o suficiente para atingi-lo. Indagando a si mesmo: "Quem está escravizado?" e ao mesmo tempo conhecendo sua real natureza é a própria libertação. Manter a mente sempre fixa somente no Eu é também denominado "auto-indagação".

Para a prática da auto-indagação, não há necessidade de renunciar à atividade cotidiana. Se você meditar por uma ou duas horas todos os dias poderá se incumbir de seus deveres. Se você meditar de modo correto então a corrente mental, induzida pela meditação, continuará a fluir durante seu trabalho. É como se existissem duas maneiras de expressar a mesma idéia; a mesma linha que se observa na meditação será expressa em suas atividades. Conforme você a pratique verá que sua atitude com relação às pessoas, acontecimentos e objetos se modificará. Suas atividades tenderão a se desenrolar de acordo com sua meditação. O homem deveria renunciar a seu egoísmo pessoal que o prende a esse mundo. Abandonar o falso Eu é a verdadeira renúncia.

Determinar um tempo para meditação é uma atitude para meros iniciantes no caminho espiritual. Um homem adiantado começará a gozar a profunda beatitude quer esteja trabalhando ou não. Enquanto suas mãos estiverem na lida social, ele manterá sua cabeça na pura solidão.

Para isto você terá que fazer a si mesmo a pergunta "Quem sou eu?" Esta investigação levará por fim à descoberta de algo no seu interior que se acha além da mente. Resolva este problema e todos os outros problemas serão solucionados. A consciência é o "Eu". Realize-o e isto é toda verdade.

O que é o ego? Indague. Se é procurado desaparecerá como um fantasma. À noite um homem pode imaginar que há um fantasma a seu lado por causa de um jogo de sombras. Se olhar mais de perto descobrirá que o fantasma não se acha realmente lá, e aquilo que ele imaginou ser um fantasma era apenas uma árvore ou uma estaca. Se ele não tivesse examinado mais de perto, o fantasma poderia assustá-lo. Tudo o que se requer é olhar de perto e o fantasma desaparecerá. O fantasma nunca esteve lá. O mesmo acontece com o ego. Enquanto a pessoa não observá-lo de perto ele continuará a dar aborrecimento. Mas quando a pessoa o procura, verá que não existe. 

A paz é nosso estado natural. É a mente que obstrui o estado natural; investigue sobre o que é a mente e ela desaparecerá. Não existe tal coisa como mente separada do pensamento. No entanto, por causa da emergência do pensamento, você imagina algo de onde ele surge e o denomina de mente. Quando você investiga para saber o que é, perceberá que na verdade não existe tal coisa chamada mente. Quando a mente desaparece, você realiza a eterna paz.

Agora você está se identificando com o falso Eu, que é o "Eu-Pensamento". Este Eu-Pensamento aflora e submerge, enquanto que a verdadeira expressão do Eu acha-se além de ambos. 

O verdadeiro "Eu" não está aparente e o falso "Eu" está desfilando. Este falso Eu é o obstáculo ao seu correto conhecimento. Descubra de onde surge esse falso Eu. E a partir daí ele desaparecerá. Você será então o que realmente é, isto é, o Ser Absoluto.

A fonte do "Eu-Pensamento". Isto é tudo o que a pessoa deve fazer. o universo existe em função do "Eu-Pensamento". Se isto desaparece, a miséria também acaba. O falso "Eu" acabará somente quando sua fonte for encontrada. E mais: as pessoas freqüentemente perguntam como se controla a mente. Eu então lhes digo, "mostre-me a mente e você saberá então o que fazer."  O fato é que a mente é apenas um feixe de pensamentos. Como você pode extingui-la ao pensar em fazer algo ou por meio de um desejo? Seus pensamentos e desejos são integrantes e parcelas da mente. A mente é simplesmente engordada a partir do surgimento de novos pensamentos. Portanto é tolice tentar matar a mente por meio da própria mente. O único meio de obtê-lo é encontrar sua fonte e fixar-se nela. A mente então desvanece por si mesma. 

Investigue o assunto e descubra a veracidade da afirmação. O resultado levará à conclusão de que o mundo se acha na consciência subjetiva. O Eu é pois a única realidade que permeia e envolve o mundo. Uma vez que não exista dualismo, os pensamentos não surgirão para perturbar sua paz. Isto é a realização do Eu. O Eu é eterno e também é realização. 

Pedir à mente que mate a mente é como pretender que o ladrão se faça de policial. Ele irá com você e pretenderá apanhar o ladrão, mas nada será conseguido. Assim você deve introverter-se e verificar de onde a mente surge e assim ela cessará de existir. É sabido e admitido que somente com a ajuda da mente ela poderá ser morta. Mas ao invés de admitir dizendo que a mente existe e que quer matá-la, deverá procurar a fonte de onde surge e descobrirá que ela não existe mesmo. A mente voltada para fora resulta em pensamentos e objetos. Voltada para o interior torna-se o Eu.
Você não precisa eliminar o "Eu" errado. Como pode o "Eu" eliminar a si mesmo? Tudo quanto você necessita fazer é buscar sua origem e estabelecer-se lá. Seus esforços só poderão ir até esse ponto. Então aquele que se acha acima tomará conta de tudo. Você nada poderá fazer. Nenhum esforço será necessário para alcançá-lo.

o que buscamos não é algo que deverá surgir como novo. É somente aquilo o que é eterno mas que se acha desconhecido devido às obstruções.  É isto que buscamos. Tudo que precisamos é remover as obstruções. Aquilo que é eterno é desconhecido por causa da ignorância, a ignorância é a obstrução. Supere a ignorância e tudo estará bem. A ignorância é idêntica ao "Eu-Pensamento". Encontre sua fonte e ele evaporará. 

A iluminação do ser dissipa a treva da ilusão para sempre. Temos que lutar contra as tendências mentais há muito tempo acumuladas. Todas desaparecerão.

O grau de ausência de pensamentos é a medida do seu progresso em direção à auto-realização. Mas a auto-realização em si não admite o progresso. É sempre a mesma. O "Eu" permanece sempre realizado. Os obstáculos são os pensamentos. O progresso se mede pelo grau de remoção dos obstáculos que impedem que entendamos que o Eu está sempre realizado. Desse modo os pensamentos devem ser analisados com objetivo de perceber a quem eles surgem. Assim vá a sua fonte de onde eles não surgem. 

A auto-indagação certamente não é uma fórmula vazia e é mais do que a repetição de qualquer mantrã. Se a auto-indagação (quem sou eu?) fosse apenas uma pergunta puramente mental, não seria de muito valor. O objetivo real dela é focalizar toda a mente em sua fonte. Não se trata, portanto, do fato de um "Eu" buscando um outro "Eu". Muito menos expressa uma fórmula vazia pois envolve uma intensa atividade de toda a mente a fim de se manter na pura autoconsciência.

Qual é sua real natureza? A realidade única e inalterável é ser. Até que você realize aquele estado de puro ser, deverá prosseguir na auto-indagação. Se você tiver se estabelecido neste estado não haverá mais preocupações. Ninguém buscará a fonte dos pensamentos se eles não surgirem. 

Seja o que você realmente é. Não há nada que desça ou se torne manifestado. Tudo o que se necessita é perder o ego. Aquilo que existe está sempre presente. Até mesmo neste momento você é ele. Você não é algo separado dele. O branco da mente é percebido por você. Você está aí para poder percebê-lo. O que é que você está esperando? Seja você mesmo e nada mais! Logo que você nasce você consegue algo. Se você consegue algo terá que deixá-lo. Portanto, livre-se de toda essa redundância. Seja o que você é. Veja quem é e permaneça no Eu.

Sua obrigação é ser e não ser isto ou aquilo. "Eu sou o que sou" resume toda verdade. O método se resume nas palavras "permaneça quieto". Que significa permanecer quieto? Significa destruir o ego. Isto porque qualquer aspecto ou forma é causa de problemas. Livre-se das noções de "eu sou isto ou aquilo". E o que se requer para realizar o Eu é permanecer quieto. Que há de mais fácil do que isso?

A verdade sobre a própria pessoa vale a pena ser pesquisada e conhecida. Tomando essa verdade como alvo de sua atenção, o indivíduo deve conhecê-la de maneira aguçada no coração. Este conhecimento sobre a própria pessoa será revelado somente à consciência que for aquietada, clara e livre da atividade da agitada e sofredora mente. Saiba que a consciência que sempre brilha é o coração na feição do "Eu" sem forma, o qual é conhecido pela pessoa que permanece quieta, sem pensamentos sobre qualquer coisa existente ou não existente. Estar só é a perfeita realidade. 

Ramana Maharshi

09 setembro 2010

Sobre a observação da mente

É o ego tem medo de morrer, por isso inventa mil ilusões, ele põe medo, cria fantasmas , porque na verdade sabe que ele morrerá sem a identificação por parte da pessoa. Ele cria toda forma de medo, de projeção, de imagens caóticas para que a pessoa saia correndo e abandone a observação do que se passa em sua mente QUE É ONDE ELE VIVE. O lance é estar consciente disso e se manter firme no lugar, sem nada falar, sem qualquer tipo de fuga ou reação, só observando os movimentos que tendem a acelerar. Ver isso é bárbaro... Quanto mais se observa, mais ele se agita, mais tenta fazer com que a pessoa se identifique com suas sugestões, mais ele tentar criar o conflito, o caos, a fuga, a busca em algum lugar externo, qualquer coisa que tire a atenção do que no AGORA acontece na mente. Se a pessoa for séria, se continuar a olhar MOMENTO A MOMENTO tudo o que passa na mente, se conseguir ser persistente na observação, não negando ou justificando nada, não proferindo palavra alguma, só olhando o conteúdo que prolifera na mente, vai começar a perceber que ela não é a sua mente e que não precisa reagir a ela; que a pessoa é um estado de ser totalmente separado da mente e que durante anos esse estado de ser foi confundido como sendo a mente, o pensador, o pensante... Quanto mais se observa a mente, mais ela criará filminhos caóticos, carregados de medos... Esse é o seu mecanismo de defesa, uma vez que a mente não quer que a pessoa veja, ela quer que a pessoa abandone a observação e corra para algo externo, algo que anestesie a observação. É preciso cuidado para não se afastar da observação primordial que é o conteúdo momento a momento que se apresenta na mente.

A tendência é isto ficar cada vez mais claro: não há onde ir, a não ser para a observação da mente, ir observando até que o observador vá se afastando cada vez mais da identificação com o observado. A seu devido tempo, por falta de identificação - que é o alimento da mente - ela morrerá de INANIÇÃO. Se não existir a identificação, a qual cria a REAÇÃO, não haverá realidade para a mente. Mas é preciso estar consciente dos ataques cada vez mais ferozes da mente; ela vai jogar cada vez mais sujo, vai colocar cada vez mais força, vai tentar iludir. Isso precisa estar muito claro dentro da pessoa. A mente tentará usar de todos os mecanismos para que a pessoa se identifique com ela, ela vai fazer uso da razão apoiada na visão social/parental, ela vai estimular seus apegos, vai polir as grades de sua prisão, vai gerar pânico, mas, se a pessoa estiver atenta, VAI PERCEBER QUE NÃO É A MENTE e que tudo que ela fala É MENTIRA, ou seja fruto da IRA DA MENTE que não quer perder o domínio sobre a pessoa. É a mente em estado de ira por estar perdendo espaço e se formos sérios, firmes, fortes, perseverantes nesse processo de observação, chegaremos na experiência do AMOR QUE ABARCA a TUDO E TODOS E QUE É TOTAL SILÊNCIO DE MENTE, UM ESTADO SUPREMO, onde não mais existe conflito, uma vez que não existe mais a identificação com o falso, que é todo o produto da mente.

Em outros períodos de minha vida estaria em profunda depressão, correndo atrás de todo mundo; estou conseguindo ver como eu caia em depressão... Eu caia por que entrava na identificação com a espiral de conflito criado pela mente em cima de uma determinada situação. Eu tentava mudar a situação AO INVÉS DE OBSERVAR A MENTE. ISSO É PROFUNDAMENTE LIBERTADOR! É fantástico perceber de forma holística a realidade de que PASSADO e FUTURO só existem na mente; essa é a principal ferramenta que a mente usa para criar caos na identificação. Ela traz a lembrança de um momento de dor ou prazer e projeta a repetição ou a falta de. Se não há observação, ocorre uma onda de medo, que rouba energia, que nos deixa letárgicos, identificados, nos mantendo DENTRO DA MENTE, distanciados da realidade. É sensacional PODER VER a sucessiva ocorrência dos filminhos de terror na tela da mente SEM SE IDENTIFICAR COM ELES. Eu não os via E POR ISSO CAIA EM DEPRESSÃO. O filminho de terror passava de forma acelerada e eu achava que era o próprio filme; VIA O FILME COMO UMA REALIDADE. É lógico que só podia criar vida ao que se passava em minha mente, isso é a recaída, a mente cria o filme e você está identificado como sendo parte do filme, o filme gera emoção e você segue atrás da consumação da emoção, ou consumação ou fuga, tudo porque não havia o observador, que é um estágio mais avançado, porém não último. Sinto-me próximo a uma explosão; a mente quer criar uma explosão depressiva, um surto, mas sinto que há uma explosão de amor que pode contagiar tudo, uma explosão de um estado de ser em comunhão total.

08 setembro 2010

Você respeita demais a sua mente

Você PENSA que está na mente

Como podemos reduzir nossas preocupações?

Embu

P: Como podemos reduzir nossas preocupações?

Maharaj: Você não necessita preocupar-se com suas preocupações. Apenas seja. Não tente estar tranqüilo; não faça do “estar tranqüilo” uma tarefa a ser realizada. Não se inquiete a respeito de “estar tranqüilo”, angustiado por “ser feliz”. Simplesmente, seja consciente de que você é, e permaneça consciente – não diga “sim, eu sou; e agora?” Não há um “e agora?” no “eu sou”. É um estado eterno.

P: Se for um estado eterno, ele se expressará de qualquer modo.

Maharaj: Você é o que é, eternamente, mas de que lhe serve isto a menos que você o conheça e saiba agir de acordo? Sua tigela de mendigo pode ser de puro ouro, mas, enquanto você não souber disto, será um miserável. Você deve conhecer seu valor interno e confiar nele, e expressá-lo no diário sacrifício do desejo e do medo.

P: Se eu me conhecesse, não deveria desejar ou temer?

Maharaj: Durante algum tempo, os hábitos mentais podem demorar-se apesar da nova visão – o hábito de desejar o passado conhecido e temer o futuro desconhecido. Quando você souber que estes só pertencem à mente, poderá ir além deles. Enquanto tiver todo o tipo de idéia sobre si mesmo, conhecer-se-á através da névoa destas idéias; para conhecer-se tal com é, abandone todas as idéias. Não pode imaginar o sabor da água pura, só pode descobri-lo abandonando todos os sabores.

Enquanto estiver interessado em seu modo atual de vida, você não o abandonará. O descobrimento não poderá vir, enquanto você estiver aderido ao familiar. Só quando você compreender plenamente a imensa aflição de sua vida, e se rebelar contra ela, poderá encontrar a saída.

P: Posso ver agora que o segredo da vida eterna da Índia está nestas dimensões da existência das quais a Índia sempre teve a custódia.

Maharaj: É um segredo aberto e sempre houve pessoas querendo, e dispostas a distribuí-lo. Mestres, há muitos; discípulos corajosos, muito poucos.

P: Estou desejoso de aprender.

Maharaj: Aprender palavras não é o bastante. Você pode conhecer a teoria, mas sem a experiência real de si mesmo como o impessoal e não qualificado centro de ser, amor e bem-aventurança, o mero conhecimento verbal será estéril.

P: Então, o que faço?

Maharaj: Tente ser, apenas ser. A palavra mais importante é “tentar”. Destine tempo suficiente a cada dia para sentar-se quietamente e tentar, apenas tentar, ir além da personalidade com seus vícios e obsessões. Não pergunte como, não pode ser explicado. Siga tentando até ser bem sucedido. Se perseverar, não poderá haver fracasso. O que interessa no grau máximo é a sinceridade, a seriedade; deve estar farto de ser a pessoa que é, e ver a urgente necessidade de libertar-se desta desnecessária auto-identificação com um punhado de recordações e hábitos. Esta firme resistência contra o desnecessário é o segredo do êxito.

No final das contas, você é o que é a cada momento de sua vida, mas nunca é consciente disto, exceto, talvez, no momento de acordar do sono. Tudo quanto necessita é ser consciente do ser, não como uma afirmação verbal, mas como um fato sempre presente. A Consciência que você é abrirá os seus olhos para o que você é. É tudo muito simples. Em primeiro lugar, estabeleça um contato constante consigo mesmo, esteja consigo mesmo todo o tempo. Todas as bênçãos fluem da Consciência. Comece como um centro de observação, de conhecimento deliberado, e torne-se um centro de amor em ação. “Eu sou” é uma pequena semente que se tornará uma poderosa árvore – de forma totalmente natural, sem um traço de esforço.

P: Vejo tanto mal em mim mesmo. Não devo mudar isto?

Maharaj: O mal é a sombra da falta de atenção. Na luz da Consciência, ele secará e cairá.

Toda dependência de outro é fútil, pois o que os outros podem dar, outros levarão. Apenas o que é seu no princípio permanecerá seu ao final. Não aceite orientação exceto de dentro e, mesmo então, examine bem todas as lembranças, pois elas o enganarão. Mesmo que desconheça os caminhos e os meios, fique quieto e olhe para dentro de si mesmo; a orientação, seguramente, virá. Você nunca é deixado sem conhecer que próximo passo deverá dar. O problema é que você pode evitá-lo. O Guru está aí para dar-lhe coragem, devido à sua experiência e realização. Mas só aquilo que você descobre através de sua própria Consciência, seu próprio esforço, será de uso permanente para você.

Lembre-se, nada do que você percebe é seu. Nada de valor vem a você do exterior; apenas seu próprio sentimento e entendimento são relevantes e reveladores. Palavras ouvidas, ou lidas, apenas criarão imagens em sua mente, mas você não é uma imagem mental. Você é o poder da percepção e da ação por trás e além da imagem.

P: Parece que você me aconselha a centrar-me em mim mesmo ao ponto do egoísmo. Não devo render-me a meu interesse pelas outras pessoas?

Maharaj: Seu interesse nos outros é egoísta, em interesse próprio, orientado para si mesmo. Você não está interessado nos outros como pessoas, mas só na medida em que eles enriquecem ou enobrecem sua própria imagem de si mesmo. E o maior egoísmo é cuidar apenas da proteção, preservação e multiplicação do próprio corpo. Por corpo quero dizer tudo o que está relacionado com seu nome e forma – sua família, tribo, país, raça, etc. O egoísmo é estar apegado à forma e ao nome. Um homem que sabe que não é nem corpo nem mente não pode ser egoísta, pois não tem nada por que ser egoísta. Ou, você pode dizer que é igualmente “egoísta” em benefício de todos aqueles que encontra; o bem-estar de todos é o seu bem-estar. O sentimento “eu sou o mundo, o mundo sou eu mesmo” torna-se totalmente natural; uma vez que isto esteja estabelecido, não haverá modo de ser egoísta. Ser egoísta significa invejar, adquirir, acumular em benefício da parte e contra o todo.

P: Pode-se ser rico e com muitas posses por herança ou matrimônio, ou simplesmente boa sorte.

Maharaj: Se você não se aferrar a elas, serão levadas de você.

P: Em seu estado presente, pode amar outra pessoa como pessoa?

Maharaj: Eu sou a outra pessoa, a outra pessoa sou eu mesmo; em nome e forma somos diferentes, mas não há separação. Na raiz de nosso ser, nós somos um.

P: Não é assim toda vez que há amor entre pessoas?

Maharaj: É, mas não são conscientes disto. Elas sentem a atração, mas não conhecem a razão.

P: Por que o amor é seletivo?

Maharaj: O amor não é seletivo, o desejo é seletivo. No amor não há estranhos. Quando o centro do egoísmo não existe mais, todos os desejos de prazer e temor da dor cessam; não se está mais interessado em ser feliz; além da felicidade está a pura intensidade, a energia inesgotável, o êxtase de dar de uma fonte perene.

P: Não devo começar resolvendo por mim mesmo o problema do certo e do errado?

Maharaj: O que é agradável, as pessoas tomam por bom, e o que é doloroso é tido por mau.

P: Sim, é assim, para nós, pessoas comuns. Mas como é para você, no nível da unidade? O que é bom e o que é mau para você?

Maharaj: O que aumenta o sofrimento é mau e o que o remove é bom.

P: De modo que você não considera bom o sofrimento em si mesmo. Há religiões em que o sofrimento é considerado bom e nobre.

Maharaj: O karma, ou destino, é a expressão de uma lei benéfica; o universal tende ao equilíbrio, à harmonia e à unidade. A cada momento, aquilo que acontece agora é no sentido do melhor. Pode parecer doloroso ou feio, um sofrimento amargo e sem sentido, mesmo assim, considerando o passado e o futuro, é para melhor, a única saída de uma situação desastrosa.

P: Sofre-se apenas pelos próprios pecados?

Maharaj: Sofre-se junto com o que se acredita ser. Se você se sentir um com a humanidade, você sofrerá com ela.

P: E, posto que você pretende ser um com o universo, não há limite no tempo e no espaço para seu sofrimento!

Maharaj: Ser é sofrer. Quanto mais estreito for o círculo de minha auto-identificação, mais agudo o sofrimento causado pelo desejo e pelo medo.

P: O Cristianismo aceita o sofrimento como purificador e enobrecedor, enquanto o Hinduísmo o olha com desgosto.

Maharaj: O Cristianismo é uma maneira de juntar palavras e o Hinduísmo é outra. O real é, por trás e além das palavras, incomunicável, diretamente experimentado, explosivo em seus efeitos sobre a mente. É facilmente obtido quando não se quer nada mais. O irreal é criado pela imaginação e perpetuado pelo desejo.

P: Pode haver sofrimento que seja necessário e bom?

Maharaj: A dor acidental, ou casual, é inevitável e transitória; a dor deliberada, infligida inclusive com a melhor das intenções, é absurda e cruel.

P: Você não castigaria o crime?

Maharaj: A punição não é senão crime legalizado. Na sociedade construída sobre a prevenção em vez da retaliação, haveria poucos delitos. As poucas exceções seriam tratadas medicamente, como mente e corpo enfermos.

P: Parece que você tem pouco emprego para a religião.

Maharaj: O que é a religião? Uma nuvem no céu. Eu vivo no céu, não nas nuvens, as quais são muitas palavras unidas. Elimine a verbosidade e o que permanece? A verdade permanece. Meu lar está no imutável, o qual parece ser o estado de constante reconciliação e integração dos opostos. As pessoas vêm aqui para aprender sobre a existência real de tal estado, sobre os obstáculos a seu surgimento e, uma vez percebido, sobre a arte de estabelecê-lo na consciência, de modo que não haja choque entre o entendimento e o viver. O próprio estado está além da mente e não é necessário aprendê-lo. A mente pode apenas focar os obstáculos; ver um obstáculo como obstáculo é eficaz, porque é a ação da mente sobre a mente. Comece do início; dê atenção ao fato de que você é. Em nenhum momento você pode dizer “eu não fui”, tudo o que pode dizer é: “Não recordo”. Você sabe quão incerta é a memória. Aceite que, preocupado com mesquinhos assuntos pessoais, esqueceu o que é; trate de recuperar a memória perdida mediante a eliminação do conhecido. Não se pode falar a você sobre o que vai acontecer, nem tampouco é desejável; a antecipação criará ilusões. Na busca interior, o inesperado é inevitável; o descobrimento está invariavelmente além de toda a imaginação. Do mesmo modo que uma criança ainda não nascida não pode conhecer a vida depois do nascimento, pois não tem em sua mente nada para formar uma imagem válida, assim também a mente é incapaz de pensar no real em termos de irreal exceto mediante a negação: “Isto não, aquilo não”. A aceitação do irreal como real é o obstáculo; ver o falso como falso, e abandoná-lo, traz a realidade para dentro do ser. Os estados de total claridade, amor imenso, coragem completa, são meras palavras no momento, perfis sem cor, sinais do que pode ser. Você é como um homem cego esperando ver depois de uma operação – desde que você não a evite! No estado em que estou, as palavras não interessam de forma alguma. Nem há qualquer dependência delas. Só importam os fatos.

P: Não pode haver nenhuma religião sem palavras.

Maharaj: As religiões documentadas são meros montes de verbosidade. As religiões mostram seu verdadeiro rosto na ação, na ação silenciosa. Para saber no que o homem acredita, observe como ele age. Para a maioria das pessoas, o serviço a seus corpos e mentes é sua religião. Podem ter idéias religiosas, mas não agem de acordo com elas. Brincam com elas, muitas vezes sentem-se muito orgulhosas delas, mas não agirão de acordo com elas.

P: As palavras são necessárias para a comunicação.

Maharaj: Para a troca de informações, sim. Mas a comunicação real entre as pessoas não é verbal. Para estabelecer e manter uma relação afetuosa, requer-se uma Consciência expressa na ação direta. Não o que você diz, mas o que faz é que importa. As palavras são fabricadas pela mente e só são significativas no nível mental. Não pode comer nem viver da palavra “pão” que, meramente, comunica uma idéia. Ela adquire significado apenas com a refeição real. No mesmo sentido, estou lhe falando que o Estado Normal não é verbal. Posso dizer que é o amor sábio expresso na ação, mas estas palavras transmitem pouco, a menos que você as experimente em toda sua plenitude e beleza.

As palavras têm sua utilidade limitada, mas não pôr nenhum limite a elas nos leva à beira do desastre. Nossas nobres idéias estão elegantemente equilibradas por ações desprezíveis. Nós falamos de Deus, Verdade e Amor, mas, em lugar de experiências diretas, nós temos definições. Em vez de aumentar e aprofundar a ação, nós cinzelamos nossas definições. E imaginamos que conhecemos o que podemos definir!

P: Como se pode transmitir a experiência senão por palavras?

Maharaj: A experiência não pode ser transmitida através de palavras. Vem com a ação. Um homem cuja experiência é intensa irradiará confiança e coragem. Outros também agirão, e ganharão a experiência nascida da ação. O ensinamento verbal tem sua utilidade, prepara a mente para esvaziar-se de suas acumulações.

Um nível de maturidade mental é alcançado quando nada externo é de algum valor e o coração está pronto para abandonar tudo. Então o real tem uma oportunidade e a aproveita. Os atrasos – se houver algum – são causados pela mente que se recusa a ver ou a descartar.

P: Estamos tão totalmente sós?

Maharaj: Oh, não! Não estamos. Aqueles que têm podem dar. E tais doadores são muitos. O próprio mundo é um presente supremo, mantido por um amoroso sacrifício. Mas, os adequados receptores, sábios e humildes, são poucos. “Pedi e será dado” é a lei eterna.

Tantas palavras você tem aprendido, tantas você tem dito. Você conhece tudo, mas não a si mesmo. Porque o ser não é conhecido através de palavras – apenas a percepção direta o revelará. Olhe dentro de si mesmo, busque no interior.

P: É muito difícil abandonar as palavras. Nossa vida mental é uma corrente contínua de palavras.

Maharaj: Não é questão de fácil ou difícil. Você não tem alternativa. Ou você tenta, ou não. Depende de você.

P: Tentei muitas vezes e fracassei.

Maharaj: Tente novamente. Se continuar tentando, alguma coisa poderá acontecer. Mas se você não tentar, estará preso. Você pode conhecer todas as palavras adequadas, citar as escrituras e ser brilhante em suas discussões e, mesmo assim, continuar sendo um saco de ossos. Ou pode ser discreto e humilde, uma pessoa totalmente insignificante, todavia resplandecente de amorosa bondade e profunda sabedoria."


De: "Eu Sou Aquilo - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj"

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!