Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

09 setembro 2010

Sobre a observação da mente

É o ego tem medo de morrer, por isso inventa mil ilusões, ele põe medo, cria fantasmas , porque na verdade sabe que ele morrerá sem a identificação por parte da pessoa. Ele cria toda forma de medo, de projeção, de imagens caóticas para que a pessoa saia correndo e abandone a observação do que se passa em sua mente QUE É ONDE ELE VIVE. O lance é estar consciente disso e se manter firme no lugar, sem nada falar, sem qualquer tipo de fuga ou reação, só observando os movimentos que tendem a acelerar. Ver isso é bárbaro... Quanto mais se observa, mais ele se agita, mais tenta fazer com que a pessoa se identifique com suas sugestões, mais ele tentar criar o conflito, o caos, a fuga, a busca em algum lugar externo, qualquer coisa que tire a atenção do que no AGORA acontece na mente. Se a pessoa for séria, se continuar a olhar MOMENTO A MOMENTO tudo o que passa na mente, se conseguir ser persistente na observação, não negando ou justificando nada, não proferindo palavra alguma, só olhando o conteúdo que prolifera na mente, vai começar a perceber que ela não é a sua mente e que não precisa reagir a ela; que a pessoa é um estado de ser totalmente separado da mente e que durante anos esse estado de ser foi confundido como sendo a mente, o pensador, o pensante... Quanto mais se observa a mente, mais ela criará filminhos caóticos, carregados de medos... Esse é o seu mecanismo de defesa, uma vez que a mente não quer que a pessoa veja, ela quer que a pessoa abandone a observação e corra para algo externo, algo que anestesie a observação. É preciso cuidado para não se afastar da observação primordial que é o conteúdo momento a momento que se apresenta na mente.

A tendência é isto ficar cada vez mais claro: não há onde ir, a não ser para a observação da mente, ir observando até que o observador vá se afastando cada vez mais da identificação com o observado. A seu devido tempo, por falta de identificação - que é o alimento da mente - ela morrerá de INANIÇÃO. Se não existir a identificação, a qual cria a REAÇÃO, não haverá realidade para a mente. Mas é preciso estar consciente dos ataques cada vez mais ferozes da mente; ela vai jogar cada vez mais sujo, vai colocar cada vez mais força, vai tentar iludir. Isso precisa estar muito claro dentro da pessoa. A mente tentará usar de todos os mecanismos para que a pessoa se identifique com ela, ela vai fazer uso da razão apoiada na visão social/parental, ela vai estimular seus apegos, vai polir as grades de sua prisão, vai gerar pânico, mas, se a pessoa estiver atenta, VAI PERCEBER QUE NÃO É A MENTE e que tudo que ela fala É MENTIRA, ou seja fruto da IRA DA MENTE que não quer perder o domínio sobre a pessoa. É a mente em estado de ira por estar perdendo espaço e se formos sérios, firmes, fortes, perseverantes nesse processo de observação, chegaremos na experiência do AMOR QUE ABARCA a TUDO E TODOS E QUE É TOTAL SILÊNCIO DE MENTE, UM ESTADO SUPREMO, onde não mais existe conflito, uma vez que não existe mais a identificação com o falso, que é todo o produto da mente.

Em outros períodos de minha vida estaria em profunda depressão, correndo atrás de todo mundo; estou conseguindo ver como eu caia em depressão... Eu caia por que entrava na identificação com a espiral de conflito criado pela mente em cima de uma determinada situação. Eu tentava mudar a situação AO INVÉS DE OBSERVAR A MENTE. ISSO É PROFUNDAMENTE LIBERTADOR! É fantástico perceber de forma holística a realidade de que PASSADO e FUTURO só existem na mente; essa é a principal ferramenta que a mente usa para criar caos na identificação. Ela traz a lembrança de um momento de dor ou prazer e projeta a repetição ou a falta de. Se não há observação, ocorre uma onda de medo, que rouba energia, que nos deixa letárgicos, identificados, nos mantendo DENTRO DA MENTE, distanciados da realidade. É sensacional PODER VER a sucessiva ocorrência dos filminhos de terror na tela da mente SEM SE IDENTIFICAR COM ELES. Eu não os via E POR ISSO CAIA EM DEPRESSÃO. O filminho de terror passava de forma acelerada e eu achava que era o próprio filme; VIA O FILME COMO UMA REALIDADE. É lógico que só podia criar vida ao que se passava em minha mente, isso é a recaída, a mente cria o filme e você está identificado como sendo parte do filme, o filme gera emoção e você segue atrás da consumação da emoção, ou consumação ou fuga, tudo porque não havia o observador, que é um estágio mais avançado, porém não último. Sinto-me próximo a uma explosão; a mente quer criar uma explosão depressiva, um surto, mas sinto que há uma explosão de amor que pode contagiar tudo, uma explosão de um estado de ser em comunhão total.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!