Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

06 maio 2019

A insustentável mentira do nosso jogo relacional




A maioria de nós não tem a coragem para ver a mentira de nossas atividades e relacionamentos sem amor. O problema não está nas atividades e relacionamentos, mas no total desconhecimento do amor transpessoal. Somos seres egoístas, simulando equilíbrio e amor. Medo, culpa, responsabilidade, conveniência ou dó é o que sustenta nossas atividades e relacionamentos. Não é nossa culpa, nascemos da simulação, mas isso não é desculpa pra se conformar com a compartilhada simulação! Tudo é vazio de amor... é tudo um jogo! Fingimos que nos importamos com o outro ENQUANTO o outro fizer o mesmo! Quando o outro não alimenta nossa conveniência, então a raiva, a intolerância, carros chefes do nosso estado de ser, se manifestam com seu impulso de retalhação e desprezo.
Out

06 abril 2019

Sem o amor transpessoal, como viver neste mundo?


Enquanto funcionamos com base numa mente adquirida, com uma mente fundamentada no medo e no cálculo autocentrado; enquanto por não identificarmos, de imediato, o mecânico e não solicitado fluxo do imaginal-sensorial condicionado pela cultura, nos identificamos com os neuróticos impulsos emotivos reativos. Por causa de tal adulterante identificação, nos comprometemos com situações, empregos, atividades e relações, os quais não tem a verdade e o amor como fundamento, mas sim a busca de segurança, de prestígio, de satisfação sensorial, de validação social, que acabam por se transformar, inevitavelmente, em falsas dependências. Por nos faltar a amorosa, espontânea e integrativa lucidez, vivemos num constante círculo de adulterações, as quais vão se acumulando até chegar um ponto em que as mesmas nos sufocam, retirando todo o sentido de nossa existência e nos levando à um constante estado de ansiedade, conflito, pensamentos contraditórios, medos e confusão. Enquanto não percebemos essa total ausência da amorosa, espontânea e integrativa lucidez, permanecemos alimentando esse círculo de adulteração, cuja base é o cálculo autocentrado. Quando nos tornamos conscientes desse mecanismo pelo qual funcionamos durante toda a existência, percebemos a nossa real impotência, a qual se manifesta na ausência dessa amorosa e integrativa lucidez, desse espontâneo percebimento libertário que nos aponte a ação correta, pela qual uma nova intencionalidade, uma nova qualidade de sentir, possa se apresentar diante das situações, atividades e relacionamentos com os quais estamos comprometidos.

Sem a eclosão dessa amorosa, espontânea e integrativa lucidez, continuamos perdidos, reagindo imaturamente, ainda que tentado acertar, mas alimentando novas formas de ilusão. Quando percebemos, com a totalidade de nosso ser, a ausência dessa amorosa, espontânea e integrativa lucidez reparadora, nos vemos envolvidos por um misto de ansiedade, angústia e medo; a ansiedade pela mudança libertária, a angústia de não saber como realiza-la e o medo de perder as situações a que nos apegamos.

Perceber que não sabemos o que é amor, felicidade, liberdade, comunhão e genuína criatividade é algo extremamente doloroso. Ver a natureza exata dos sentimentos que sustentam nossas atividades e relacionamentos, se mostra algo assustador: medo da solidão, medo do desamparo, medo do desconhecido, medo de não ter as necessidades sensoriais satisfeitas, medo de perder as conveniências que os mesmos nos fornecem, uma má vontade para com quase tudo que nos força a um estado de simulação. Diante de tal percepção dolorosa, surgem as perguntas: como mudar tudo isso? Como conhecer outra forma de intencionalidade diante dos mesmos? Como dar um novo sentido a tudo? Como ver tudo com novos olhos? Como tocar de um novo modo, já que, pelo esforço, percebemos que não produz a naturalidade que sentimos ser necessária para que tudo se mostre com real significação e afetação? A ausência de respostas amplia a ansiedade e a angústia.

Tudo aponta para a necessidade de uma ocorrência de algo que nos é desconhecido, que ultrapassa nosso limitado conhecimento, esforço e intenção. Algo que não se encontra nos livros, nos filmes, nas programações, nos sistemas, nas crenças, nas palavras dos mestres, no que nos é conhecido. Sem a eclosão desse revolucionário e transcendente algo desconhecido, permanecemos nesse limitado movimento conhecido que só produz adulteração, insatisfação, tédio e frustração. Essa me parece ser a maior impotência do ser humano: produzir um revolucionário e significativo salto de si mesmo; um salto que o retire do estado disfarçado de má vontade diante das situações, que o lance numa capacidade de escuta amorosa e não reativa. Ciente de tudo isso, e preso nessa qualidade de sentir e interagir, viver neste mundo torna-se algo extremamente patético.

Outsider
 

21 janeiro 2019

O xeque-mate da insuficiência psíquica

Da insatisfação compartilhada

Cada dia as coisas tornam-se mais claras: ninguém ama ninguém, ninguém está de fato em genuína relação. Vivemos de simulações, alimentamos falsa respeitabilidade e nos escoramos em românticas memórias que não condizem com a realidade. Vivemos do passado, ou melhor, somos o passado, o qual nada tem de significativo para o presente momento, sendo que este último, quase sempre se mostra dolorosamente entediante. Em nossos encontros — que na realidade não passam de ajuntamentos de pessoas inseguras, totalmente incapazes de real encontro —, cada um se isola num comportamento pessoal: na comida, na bebida, no cigarro, na política, nos jogos pelo celular e no bisbilhotar nas redes sociais, na imbecilidade dos programas de TV, na neurótica euforia que faz falar demais sem nada ter para dizer, na autopiedade da terceira idade com suas disputas de quem é o mais doente, de quem sofre mais ou de quem tem o melhor plano de saúde. Estamos tão fechados pelo nosso medo da solidão, que acabamos não enxergando ninguém, em especial, nem a nós mesmos. E assim a existência sem vida vai passando, enquanto nossos corpos vão engordando como resultando de tamanha, silenciosa e disfarçada insatisfação compartilhada.

Sentar-se em ócio se mostra um péssimo negócio, para quem não quer ter revelada a falsidade e a insignificância de seu condicionado modo de vida.

Outsider

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!