Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

31 dezembro 2012

Muito


Fato:
Agora mediocridade se tornou normal
Pessoas se contentam com assuntos
Que nunca apontam para o Real.

Perceba,
Que a abordagem sempre vem de trás;
É sempre a mesma história que diz pouco
E que de vida, para Vida, nada traz.
Por trás dizem que trabalho pouco,
Trabalhar demais é que faz bom rapaz;
Mas isso para mim diz tão pouco
Então louco, eu quero ser mais.
Chega!
Não me conformo a esse palavrear;
O passado morto já não me serve,
Não tem como me alimentar.

Porque,
Eu já não penso com o mesmo pensar
Que faz todos se venderem por tão pouco
Só de pensar me faz arrepiar.

Seus “muitos” pra mim são só mofo
E mofo eu não quero mais
É um viver que me toca tão pouco
Muito aquém do que se é capaz
Se matam por “mais” poucos trocos
Em troca de sua pouca paz
Um ganho que pra mim é um roubo
Do “tesouro” que não se desfaz.
PS — Parodiando Paulinho Moska

29 dezembro 2012

Constatações sobre isolamento emocional

É imensamente mais fácil 
derrubar o muro de Berlim, 
do que as bases do muro
entre o "tu" e o "mim".

nj.ro@hotmail.com

Áudio: Onde há medo, há agressão

Link para o texto de Krishnamurti, lido no início da reunião pelo Paltalk:

29 novembro 2012

Diálogo sobre tédio e estado de Presença

Deca: Oi!

Out: Oi!

Deca: Tudo bem?

Out: Tirando o vazio com sua manifestação de ansiedade, tudo bem.

Deca: Idem... Tédio, total falta de sentido.

Out: Percebo que a mente, diante do vazio, diante do tédio, diante da rotina, diante da falta de sentido, sugere situações externas — "aparentemente novas" —, como se na obtenção, na materialização dessa sugestões, passaríamos a ver, a vivenciar algo com real sentido.

Deca: Sim!

Out: São sugestões de distrações criadas pela mente para fazer frente ao estado que se apresenta, uma forma de fuga do que é. Há o observador observando, sentido tudo isso e percebendo sua limitação para transcender isso que se apresenta; a mente sugere que, talvez, através de algo tido por "superior", por algo de conteúdo "espiritual", alguma prática como a leitura de algo de mais conteúdo, possa ser eliminado esse estado que o observador observa e sente. De fato, como já faz parte da experiência do observador, tal leitura, tal escuta, distrai momentaneamente do barulho da mente, mas, passada sua ação, lá está novamente o barulho da mente, com o observador a observá-lo, vendo-se limitado, impotente diante da descoberta de um estado de ser onde tédio e falta de sentido não sejam uma realidade perpetuante. Como o observador não se depara com algo prazeroso, que o faça "sentir" algo diferente da realidade desconexa que em si observa, a mente sugere por atividades externas que, segundo sua projeção, poderiam proporcionar ao observador, alguma fonte de prazer, mesmo que momentâneo. Com essas projeções, surgem também a ansiedade por conseguir tornar realidade a manifestação dessas projeções mentais, que sempre ocorrem na ponte do tempo psicológico, passado/futuro.

Deca: sim.

Out: No entanto, a consciência acusa ao observador a falência de se identificar com tais projeções, com tais idéias, as quais apontam para a busca do limitado prazer momentâneo; então, o observador se vê novamente diante do vazio.

Deca: Sim.

Out: E, assim, a mente reinicia seu ciclo com novas projeções...

Deca: Intermináveis projeções.

Out: ...Observador observando o vazio; mente sugerindo atividades que silenciem o vazio; consciência acusando a total falência da identificação com tais sugestões... Esse ciclo parece não ter fim... Diante disso, ocorre uma consciência ao observador, de sua total impotência no que diz respeito a descoberta de um modo de romper com esse ciclo vicioso.

Deca: Sim.

Out: E, mediante esse estado de consciência, novamente, diante do observador, o estado de vazio... Ficar com o vazio, além de ser profundamente doloroso, é apontado pela mente como sendo uma "perda de tempo" e, imediatamente, a mente vem com uma nova sugestão que possa dar fim ao sentimento doloroso de vazio... Mesmo que essa sugestão seja para a leitura de algo de “conteúdo superior”, digamos assim.

Deca: Sim.

Out: A mente sugere que, talvez, no livro tal, no áudio tal, no site tal, na fala de tal guru, o observador consiga encontrar a "resposta final" para seu constante estado de tédio, insatisfação, vazio e falta de sentido existencial. Se o observador se identifica com tal sugestão, ocorrem das duas uma: ou ele se depara com algo que amplia ainda mais a consciência de sua impotência para transcender a sua própria limitação, limitação essa que o mantem enclausurado nesse círculo vicioso, ou, ao se deparar com o conteúdo buscado, sente-se totalmente frustrado diante de tal conteúdo. Então, novamente no vazio, o observador se vê observando o vazio, os barulhos da mente, os barulhos do "silêncio externo", como o som da energia perpassando os aparelhos elétricos do recinto em que se encontra. Imediatamente, a mente, apoiando-se nas antigas falas de terceiros — falas estas armazenadas na memória —, insiste para que o observador "faça algo", para que se entregue a alguma atividade qualquer, a fim de, pelo menos, manter sua mente ocupada, distraída de si mesma. No entanto, para o observador, nenhuma dessas sugestões se mostram com sentido. Assim, o observador se vê novamente diante do vazio...

Deca: Sim.

Out: A mente insiste na sugestão de que, através de algum tipo de busca externa, tais sentimentos dolorosos podem ser momentaneamente eliminados. Mas, pela observação, pela escuta atenta, há também a consciência da total falência dessas sugestões. A mente sugere que o estado de bem-estar poderá ser encontrado em qualquer outro ponto que não seja o ponto onde, no agora, se encontra o observador.

Deca: Sim.

Out: Esse parece ser o seu constante jogo, no qual mantém o observador num estado de busca que, em última análise, faz parte de sua inconsciência, parte de sua ignorância, ignorância essa pela qual se mantém nesse ciclo vicioso.

Out: Diante disso, o que lhe vêm à mente? O que poderia acabar de vez com esse estado dual, observador e coisa observada?

Deca: Sim.

Out: Fiz-lhe uma pergunta.

Deca: Ah! Pensei que fosse do texto. O que sei não adianta, porque é do pensamento.

Out: Então, também ocorre em seu Ser, a percepção da necessidade de uma assim chamada "ocorrência" que não esteja nos limites do pensamento, nos limites do conhecido?

Deca: Claro! Algo que transcenda tudo isso que "eu sei" e que não é meu.

Out: Isso nos coloca novamente diante do vazio; nos lança novamente no terreno do primeiro passo, o passo da total impotência.

Deca: Exatamente!

Out: Então, talvez seja isso o que os Sábios de todos os tempos — os assim chamados "homens iluminados" — quiseram se referir de que "o primeiro passo é também o último passo".

Deca: É, quando estamos impotentes ficamos entregues, a mercê; talvez essa é a entrega dos anônimos.

Out: Entregar-se ao vazio?

Deca: Ou seja lá qual for o seu nome… Sabendo que através do pensamento, nada podemos fazer; somente algo superior mesmo a tudo isso.

Out: Não estaríamos assim, caindo no terreno da crença, da esperança? E essa crença e esperança, não podem ser mais uma das sugestões da mente para fugir da compreensão desse vazio? 

Deca: Não! Essa entrega é também não esperar por nada; é ficar no aberto…

Out: Ficar aberto ao que é sem aceitação dos conteúdos sugeridos pela mente...

Deca: Sim!

Out: Isso nos leva a sentir algo na dimensão do coração... a quentura.

Deca: Exato!

Out: Isso é o que sinto agora!… O vazio, os sons do silêncio ambiente, e a constatação de uma Presença na dimensão do coração. Não se trata de forma alguma de uma espécie de "escapismo místico.

Deca: Sim! É o que é! Nesse momento, sinto que todos somos um.

Out: Essa meditação parece fazer surgir uma “quentura” na região coronária, onde, através dela, um estado de bem-estar reconciliador, se apresenta.

Deca: O Ser é um só, habitando em todos, e nós somos esse ser… Dá pra sentir a conexão… E olha só o nome: natura UNA… CARACAS! Meu peito está pegando fogo.

Out: A entidade observadora, de fato, encontra-se condicionada aos pronomes possessivos... "meu peito"... Ocorre-me a pergunta: por que não nos mantemos nesse "estado abrasador" reconciliador? A resposta que vem: porque ainda somos facilmente "hipnotizados" pelas sugestões da mente. Ocorre-me que a manutenção desse estado de "estar consciente" da consciência que somos e  não mais se manter identificado como sendo esse estado tido por muitos como natural — de ser a mente, o corpo, as emoções e os sentimentos —, é algo parecido com o movimento de aprender a andar... Inicialmente é algo vascilante, temos que nos apoiar em algo para fazer frente ao medo e as dificuldades; facilmente caímos e com a queda, o choro. Depois que se aprende a andar, não há nenhuma presença de esforço para andar e não há mais como se esquecer, ou ter que pensar em “como” se faz andar… Parece que agora você se encontra muito ocupada. Nos falamos mais tarde. Um beijo em seu coração! Vou compartilhar esta conversa! Até mais tarde!

Deca: Não estou não!

Out: Ok! Quer continuar?

Deca: Sim!

Out: Enquanto você se mantinha em silêncio, dê uma olhada no que li...

“…Pergunta: Pode-se ter uma experiência temporária do Eu Real, a realidade subjacente, mas então ela desaparece. Você pode dar alguma orientação em como permanecer estável naquele estado?

Annamalai Swami: Uma lampião que está aceso pode apagar se o vento estiver forte. Se você quiser vê-lo novamente, você tem que reacendê-lo. Mas o Ser não é assim. Ele não é uma chama que pode ser apagada pela passagem dos ventos dos pensamentos e desejos. Ele é sempre luminoso, sempre brilhante, está sempre lá. Se você não está consciente dele, isso significa que você colocou uma cortina ou um véu na frente dele que bloqueia sua visão. O Ser não oculta a si mesmo atrás de uma cortina. É você que coloca a cortina lá ao acreditar em ideias que não são verdadeiras. Se a cortina se abre e então se fecha novamente, isso que dizer que você ainda está acreditando em ideias erradas. Se você erradicou-as completamente, elas não reaparecerão. Enquanto essas ideias estiverem cobrindo o Eu Real, você ainda precisa fazer constante sadhana.

Então, voltando à sua questão, o Eu Real não precisa estabilizar-se. Ele é pleno e completo em si mesmo. É a mente que pode ser estabilizada ou desestabilizada, não o Ser… Quando você medita ou faz sadhana, você está fluindo de volta para a fonte de onde você veio. Depois de ter alcançado essa fonte, você descobre que tudo o que existe – mundo, Guru, mente – é um. Diferenças e distinções não surgem lá.”

Deca: Sim! Aquilo que a gente vem falando, precisa tirar todo esse entulho para, quem sabe, o SER,  se manifeste.

Out: a prática da atenção plena ao que é!

Deca: Observação plena!… Um momento, por favor!…

Out: Ok! Enquanto isso, deixe terminar de postar o que li:

“…Não dualidade é jnana; dualidade é samsara. Se você puder abandonar a dualidade, só Brahman permanece, e você percebe que você mesmo é esse Brahman, mas para fazer essa descoberta a meditação contínua é necessária. Não reserve períodos de tempo para isso. Não considere isto como alguma coisa que você faz quando está sentado com os olhos fechados. Essa meditação tem que ser contínua. Pratique-a enquanto estiver comendo, caminhando, e mesmo conversando. Ela tem que acontecer o tempo todo.”

Deca: Atenção plena!… É meditação, é observação!

Out: Mas percebo que nos distraímos muito facilmente pelas sugestões de prazer ou pelas atividades do cotidiano.

Deca: Com certeza!

Out: Parece que só quando nos vemos imersos na dor é que nos tornamos mais propensos a dedicar atenção a esse movimento da meditação. Tipo aquela frase de Paulo de Tarso... “Quando estou fraco, estou forte; quando estou forte, estou fraco.”

Deca: É por aí!

Out: Quando o eu está fraco, a Consciência do que é, é mais forte; quando o eu está forte, a Consciência se perde na esfera dos desejos… Na esfera da masturbação mental.

Deca: Mas você acha que a Consciência se perde?

Out: Sempre a limitação das palavras… Não é que a Consciência se perca; apenas fica “velada” pela ação da identificação com as imposições do eu, do ego. Quando não há o espaço gerado pela observação, ocorre aquilo que tenho chamado de “estado de torpor hipnótico” que leva à atitudes inconscientes e inconsequentes. Durante todo o processo, a Consciência está ali, sinalizando, mas, a força do ego parece sobrepujá-la; não conseguimos deter a identificação... Sei que você sabe bem o que é isso.

Deca: e quando ele está forte é o grande perigo; e como! Mesmo que seja por pouquíssimo tempo, mas ainda há a identificação.

Out: É como naquele outro dizer de Paulo de Tarso… “Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço... Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim... Com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está... Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo... Tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimeno... Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

Deca: Sim!

Out: Miserável homem que sou!... Está aí a identificação com o corpo, com a mente, as emoções, os desejos, os pensamentos... O pecado seria a identificação plena com as sugestões da mente.

Deca: Sim!

Out: O contato consciente com  Deus, proposto pelos grupos anônimos, seria aqui, a ação, pela meditação, da retomada da Consciência que somos.

Deca: A morte física acho que é uma das maiores distrações do pensamento.

Out: Você quer dizer "o medo da morte física?"

Deca: Sim!

Out: Sim! “Uma das”… Bem, preciso sair para comer algo! Nos falamos mais tarde! beijos!

Deca: Não sei se vou ter carona; te ligo a hora que chegar no Metro Conceição. Beijão!

Áudio: O conhecimento falso é o inimigo do despertar da Verdade

28 novembro 2012

Reflexões sobre um estado sobrenatural de ser

Parece-me um fato que, o homem não tem como se ver livre dos constantes ataques da ansiedade, do medo e dos desejos — ataques estes que dão margem a uma enorme quantidade de outros sentimentos torturantes, tais como o vazio, o tédio, a insatisfação e a falta de sentido — enquanto não tem um encontro consigo mesmo, um encontro com sua real natureza, natureza essa que nada tem em comum com essa imagem criada, idealizada e sustentada por décadas através da constante prática forçada da imitação e do ajustamento limitante. Parece-me que, sem a ocorrência de algo “sobrenatural”, ou seja, algo que transcenda os limites dessa natureza que o faz se identificar e dar vazão a uma enorme gama de atitudes anti-naturais — e que por muitos são tidas por normais —, não há como o homem se ver livre desse constante estado de ansiedade que o aprisiona num modo de existência sem vida, forçando-o à uma constante e compulsiva busca por plenitude de vida, sempre na esfera das coisas mortas, como por exemplo, a palavra, o livro e o mundo das imagens. Sem esse “toque sobrenatural”, vê-se o homem numa dolorosa rotina sem sentido, rotina essa da qual não pode abrir mão, devido os forçados compromissos referentes ao seu custo de vida — ainda que este seja bem limitado por meio de um modo de vida pautado na simplicidade voluntária (refiro-me aqui ao limitado número de homens semi-conscientes, uma vez que, a maioria por estar dormindo, por estar num estado de sonambulismo crônico, nem se apercebe de sua triste situação de servidão escravagista). Assim, em nome de atender as exigências dos compromissos referentes ao forçado custo de vida, paga o homem com alto custo: o custo da possibilidade de saber por experiência direta, o que vem a ser a realidade do que é Vida. Parece-me que, sem esse “toque sobrenatural”, toque esse que transpassa a natureza de todos os esforços humanos, seja por meio da lógica, da razão ou de seu limitado acúmulo de conhecimento, no que diz respeito a manifestação da vivência de um estado de ser que é pura liberdade e felicidade, esse estado de ser fica apenas nos limites da idéia, nos limites da mente, nos limites do pensamento, nos limites da imaginação. Para o homem plenamente identificado com a mente, identificado com o endeusamento do intelecto, tal estado de ser é visto como algo utópico, algo fora da realidade e, segundo sua visão, todo aquele que coloca seus esforços no sentido de saber se há ou não essa realidade, sofre de algum tipo de insanidade mental, insanidade essa que deve ser nomeada, classificada, rotulada e devidamente tradada com os últimos experimentos resultantes das pesquisas dos laboratórios da indústria dos rentáveis psicotrópicos. Por lhe faltar esse estado de ser “sobrenatural”, a genuína, a verdadeira capacidade criativa, o frescor da novidade, que é o agora, o eterno, escapam-lhe das mãos, fazendo com que sua existência fique sempre nos limites da imitação, do plágio. Pergunto-me: sem a manifestação desse estado criativo de ser, como pode o homem, ver-se livre dos constantes ataques dos sentimentos de rotina, de tédio, insatisfação e falta de sentido? Deixo ao confrade, o espaço para reflexão. 

Out

Constatações sobre a consumose


Está todo mundo
se consumindo
para consumir
o que logo
vai sumir...

NJRO

Observando os enredos da mente

27 novembro 2012

Áudio: A sociedade fez de você um ator, um imitador

Meditação em grupo pelo Paltalk, na noite de 26/11/2012

24 novembro 2012

Divino trocadilho

Que pare
o desejo,
para que
Deus seja.

Nelson Jonas

22 novembro 2012

Áudio: Seus pensamentos são como fantasmas

Meditação transmitida pelo Paltalk na noite de 21/11/2012
Para saber como participar, acesse: http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/p/reunioes.html

18 novembro 2012

Áudio: A sobrevivência do mais adaptado

Constatações

Quem realmente vive a vida, vive o agora em toda sua plenitude, não tem tempo para desperdiçá-la falando — com desrespeito — a respeito dos outros. 

 NJRO

06 novembro 2012

Áudio: A busca do homem

Reunião pelo Paltalk em 05/11/2012

05 novembro 2012

01 novembro 2012

O Milagre da Atenção

Meditação feita pelo Paltalk, na noite de 31/10/2012

24 outubro 2012

Rede Globo X Facebook

Algumas vez você viu a Rede Globo fazendo matérias no Fantástico ou no Repórter TV, ou qualquer outro programa, sobre a permanência excessiva das pessoas diante do aparelho de televisão? Não estou defendendo a atual dependência psicológica gerada pela parafernália tecnológica — o que É um FATO —; as ratazanas tocadoras da flauta midiática consumista, estão perdendo o controle sobre seus ratos e, sem ratos, não tem queijo...

20 outubro 2012

O medo é um dos maiores problemas da vida

Reunião pelo Paltalk na noite de 19/10/2012

18 outubro 2012

Titanic: Uma visão arquetípica - Parte 1

Titanic - Uma visão arquetípica
Das ilusões do eu à realidade da consciência que somos
Por: Nelson Jonas Ramos de Oliveira

12 outubro 2012

Sobre a compreensão de nós mesmos

Reunião on-line em tempo real (12/10/2012)
Compreender o que é requer um estado mental em que não haja identificação ou condenação, o que significa mente alerta, embora passiva. Esse estado mental acontece quando realmente desejamos compreender algo e quando há um interesse intenso, quando nos interessamos por compreender o que é; nesse estado mental verdadeiro não é preciso forçar, disciplinar ou controlar a mente; pelo contrário, ela se torna passivamente alerta, vigilante. Esse estado de percepção acontece quando há interesse, a intenção de compreender.

A fundamental compreensão de nós mesmos não vem por meio do conhecimento ou do acúmulo de experiências, que não são mais do que o cultivo da memória. Esse autoconhecimento acontece momento por momento. Se apenas acumularmos esse autoconhecimento, ele próprio impedirá a aquisição de mais compreensão, porque o acumulo de conhecimento e experiência torna-se o centro por meio do qual o pensamento se concentra e tem sua existência. O mundo de não é diferente de nós e de nossas atividades porque é o que somos, e isso é o que cria os problemas mundiais. A maior dificuldade da maioria de nós é não nos conhecermos diretamente e buscarmos um sistema, um método, um meio de operação que possam resolver os muitos problemas humanos.

Existe um sistema, isto é, um meio, que nos ajude adquirir autoconhecimento? Qualquer pessoa inteligente, qualquer filósofo, pode inventar um sistema, um método, mas seguir um sistema apenas produzirá um resultado criado por esse sistema, não é verdade? Se eu seguir determinado método para conhecer a mim mesmo, terei o resultado que ele exige, mas esse resultado, obviamente, não será a compreensão de mim mesmo. Ao seguir um método, um sistema, um meio para conhecer a mim mesmo, moldo meu pensamento, minhas atividades, de acordo com um padrão, mas seguir um padrão não me leva ao autoconhecimento.

Então, vemos que não há um método para o autoconhecimento. Buscar um método invariavelmente indica o desejo de se alcançar um resultado, e é isso o que todos nós queremos. Seguimos a autoridade — de uma pessoa, de um sistema, de uma ideologia — porque queremos um resultado que seja satisfatório, que nos dê segurança. Não queremos, de fato, compreender a nós mesmos, nossos impulsos e reações, todo o processo de nosso pensamento, tanto o consciente quanto o inconsciente, então preferimos seguir um sistema que nos garanta um resultado. Mas seguir um sistema é sempre o produto de nosso desejo de segurança, de certeza, e o resultado, naturalmente, não é a compreensão de nós mesmos. Quando seguimos um método, obrigatoriamente estamos seguindo uma autoridade — o professor, o guru, o salvador, o mestre — que nos garantirá que conseguiremos o que desejamos, e, evidentemente, esse não é o caminho para o autoconhecimento.

A autoridade impede a autocompreensão, não é verdade? Sob a proteção de uma autoridade, de um guia, podemos ter uma sensação temporária de segurança, de bem-estar, mas isso não é a compreensão de nosso processo total. A autoridade, pela própria natureza, impede-nos de ter a completa autopercepção e, desse modo, acaba por destruir a liberdade. E só pode haver criatividade quando há liberdade. Só podemos ser criativos por intermédio do autoconhecimento. A maioria de nós não é criativa; somos máquinas repetitivas, simples discos tocando sem parar as mesmas canções de nossa experiência, de certas conclusões e lembranças, sejam nossas ou de outra pessoa. Essa repetição não é uma existência criativa, mas é isso o que queremos. Como queremos segurança interna, estamos constantemente procurando métodos e meios que nos proporcionem essa segurança e, assim, criamos a autoridade, a adoração de outros, o que destrói a compreensão, essa tranquilidade espontânea da mente, o único estado em que pode haver criatividade. Não há dúvida de que nosso problema é que perdemos esse senso de criatividade. Ser criativo não significa pintar quadros ou escrever poesias. Isso não é criatividade, mas, simplesmente a capacidade de expressar uma ideia, que o público tanto pode aplaudir, quanto ignorar. Capacidade e criatividade não devem ser confundidas. Criatividade é um estado no qual o eu está ausente, no qual a mente não é mais o foco de nossos desejos, experiências, ambições e buscas. Criatividade não é um estado contínuo; é novo a cada momento, é um movimento em que não existem o “eu”, o “mim”, em que o pensamento não está focalizando nenhuma experiência em particular, nenhuma ambição ou realização, nenhum propósito ou motivo. Só quando o eu está ausente é que pode haver criatividade, e é apenas nesse estado mental que pode haver realidade, a criadora de todas as coisas. Esse estado, porém, não pode ser concebido ou imaginado, não pode ser formulado ou copiado, não pode ser alcançado por meio de qualquer sistema, filosofia ou disciplina; pelo contrário, acontece apenas pela compreensão do processo total de nós mesmos.

Essa compreensão não é um resultado, uma culminância, é cada um de nós ver a si mesmo, momento após momento, no espelho do relacionamento — no relacionamento com os bens, com as coisas, pessoas e ideias. Mas consideramos difícil permanecer atentos, cônscios, e preferimos embotar nossa mente, seguindo um método, aceitando autoridades, superstições e teorias gratificantes. Assim, a mente enfraquece, torna-se exausta e insensível. Uma mente assim não pode estar em um estado de criatividade, porque esse estado só acontece quando o eu, que é o processo de identificação e acúmulo, deixa de existir, pois, afinal, a consciência do “eu”, do “mim”, é o centro da identificação, e identificação é meramente o processo de acumulação de experiência.

Mas todos nós temos medo de não ser nada, todos queremos ser alguma coisa. O homenzinho quer ser um homem grande, o que não tem virtude quer ser virtuoso, o fraco e obscuro deseja poder, posição e autoridade. Essa é a atividade incessante da mente. Uma mente assim nunca fica em silêncio; portanto, não consegue compreender o estado de criatividade.

A fim de transformar o mundo que nos rodeia, com suas misérias, suas guerras, desemprego, fome, divisão de classes e profunda confusão, é preciso que ocorra uma transformação em cada um de nós. A revolução deve começar dentro de cada um, mas não de acordo com uma crença ou ideologia, porque uma revolução baseada em ideias, ou em conformidade com determinado padrão, não é revolução, absolutamente. Para causar uma revolução fundamental em nós mesmos precisamos compreender o processo total de nossos pensamentos e sentimentos no relacionamento uns com os outros. Não ter mais disciplinas, crenças, ideologias e professores, essa é a única solução para todos os nossos problemas. Se pudermos compreender a nós mesmos, como somos, a cada momento, sem o processo de acumulo, então alcançaremos a tranquilidade que não é imaginada, nem cultivada, o único estado em que pode haver criatividade.

Krishnamurti

04 outubro 2012

27 setembro 2012

Áudio: Ego, o falso centro

Reunião Meditativa feita pelo Paltalk em 26/09/2012
Para participar destas reuniões acesse:

25 setembro 2012

11 setembro 2012

Áudio: Automelhoramento é progresso no sofrimento e não eliminação do sofrimento


Reunião feita pelo Paltalk na tarde de 10-09-2012

Existe um método de como ficar com o conflito e observá-lo?

C.J. diz: Bom dia Out!

Outsider diz: Bom dia!

C.J. diz: Estou investigando uma situação e queria seu ponto de vista, me avise quando tiver um tempo, por favor.

Outsider diz: Diga lá!

C.J. diz: De acordo com nossas conversas, toda vez que surge o sofrimento, a dica de K é ficar com isso, observar. Você me falou em observar o conflito, ficar com ele. Percebo que você tem clareza quando se expressa em palavras, então me ocorreu de pedir para — didaticamente — colocar em palavras essa coisa que é ficar com o conflito e observá-lo. Quando alguém está sofrendo, em crise, com medo, pânico, enfim em sofrimento, portanto com ansiedade, como conseguir juntar todos essas confusões, se aquietar e observar?

Outsider diz: Muito bem!... Isso me parece como a busca de um "como", de um "método"... Será possível isso?

C.J. diz: Creio que não, mas deve ter um jeito!

Outsider diz: Será possível, o modo como me reporto a isso, funcionar também para outro ser humano? Essa me parece uma boa pergunta...

C.J. diz: Deve ser possível, porque K ajudou muitas pessoas.

Outsider diz: No caso aqui do freguês, o que tenho percebido é que é muito difícil romper a, digamos assim, "barreira inicial" que abre um caminho para a possibilidade dessa prática da solitária observação do sofrimento; o consciente enfrentamento, pela primeira vez, do ataque conflituoso é profundamente delirante e desgastante, algo em que parece que o corpo vai se desintegrar... Você precisa mesmo "se agarrar" na cadeira para superar o impulso de buscar por respostas externas que silenciem — mesmo que momentaneamente — a dolorosa força de tal ataque conflituoso; a impressão que se tem é a de que, literalmente, acabaremos em estado de loucura total, num surto psicótico sem volta... Isto é algo muito, mas muito difícil mesmo de relatar através das palavras. No entanto, uma vez que se consegue isso, há posteriormente ao período de dor, a instalação de um estado de ser em que você sente que "algo" ocorreu, que uma "etapa" foi atravessada; há a instalação de um "estado de presença", uma presença que traz a segurança de que é possível fazer frente a tudo aquilo que se apresentar. A partir daí, o ato de fazer frente, fica mais fácil, apesar de ainda, por vezes, se manter "doloroso" e também "desgastante", se bem que não mais na mesma intensidade de outrora. Mas o importante aqui, é que começa a ocorrer aquilo que chamo de "ego-conhecimento"... Porque é o conhecimento do movimento do ego, do eu, do movimento do pensamento. A partir desse movimento, QUEM SABE, possamos chegar ao verdadeiro AUTO-conhecimento: o conhecimento da realidade que somos, quando não mais identificados com essa entidade, a qual denominamos "eu", "ego", "pensamento". Costumo brincar que isso é somente para homens e mulheres de saco roxo, visto que — inicialmente — se mostra algo realmente assustador. Uma vez que estamos por décadas condicionados a fugir de algum modo, daquilo que se manifesta em nosso corpo emocional, psíquico — e olha que são inúmeras as formas de fuga — é claro que fazer frente à tal conteúdo, acaba se mostrando algo assustador, quando não, algo parecido como uma atitude masoquista, destituída de sentido prático. Se tiver que simplificar a "prática", o "método", seria: obter a disposição de, aconteça o que acontecer, só sentar e olhar; olhar tudo, sem ajuda de nada, nem lápis, caneta e papel... Só olhar, olhar, olhar, olhar... É isso! Ser uma testemunha inativa. Penso que, ao invés de tentar dissertar "didaticamente" sobre esta questão, quem sabe, melhor que uma visão isolada, seria marcarmos algo parecido como tema de uma de nossas reuniões on-line. Ok?

C.J. diz: Olha, estive pensando... Com tantos mestres promovendo satsangs que acentuam o ego, por que você não faz reunião tipo Paltak ao vivo, mas, presencial?

Outsider diz: Por que penso que o princípio está acima da personalidade que relata, através da limitação das palavras, uma ínfima fração desse principio; sinto força na ação do anonimato, na não "organização da mensagem". O importante é a mensagem e não o mensageiro. Bem, agora preciso sair; trabalharemos esse tema numa reunião on-line, assim, mais confrades poderão compartilhar de suas observações.

C.J. diz: Ok!

Outsider diz: Vou nessa! Como diz um Confrade: Vida que segue!

C.J. diz: Ok!

Outsider diz: Tenha um ótimo dia!

C.J. diz: Ótimo dia para você também!

Outsider diz: Um fraterabraço e um chute nas canelas!

C.J. diz: OUtro!

09 setembro 2012

Áudio: O cuidado quanto a novos condicionamentos

Reunião feita pelo Paltalk na tarde de 08-09-2012

07 setembro 2012

Testemunhando aquele que testemunha


C.J: Bom dia Out!

Outsider: Bom dia, C.J.

C.J: em paz né?

Outsider: sempre observando a mente; paz real, ainda não! A paz ainda é uma idéia!

C.J: sim, é isso mesmo!

Outsider: há momentos desprovidos de ataques mentais, isso sim, mas eles ocorrem quando menos se espera; no entanto, a observação dos mesmos impede a antiga identificação reativa inconsciente e inconsequente, que por fim, acaba dando continuidade a mais confusão e a mais alimento para o movimento mental.

C.J: gostaria de lhe colocar algo que estive meditando; é sobre os mestres; gosto de pesquisá-los! Out, vejo verdade nisso que coloca, porém os mestres que dizem terem vivido um momento de luz que os transformaram. Como você percebe isso? Todos dizem que estavam no caminho da busca e, de repente, sentiram algo inexplicavel...

Outsider: Veja, quase todos apontaram a mente como o fator que impede esse estado de "uma mente silenciosa". Aqui não tem ninguém realizado, no entanto, aos 24 anos, vivi uma experiência desse "algo inexplicavel", experiência essa que transformou radicalmente o direcionamento da minha existência. Quase todos nós vivemos o que chamo de uma "amostra grátis do Sagrado"; há um trabalho posterior de reconhecimento dos condicionamentos. Talvez, pelo que me parece, através dessa "meditação consciente", a qual deve ser SEM ESFORÇO, SEM DESEJO DE ALTERAR O QUE SE VÊ, isso a que se referem os mestres, possa se manifestar. Nosso conflito está em ação contínua porque não conseguimos ficar com o que é, com o que se apresenta, momento a momento, sem que a mente julgue, rotule, analise, compare, com bases no que viveu, no que leu, no que viu, no que escutou, no que vivenciou, enfim, naquilo que é seu FUNDO PSICOLÓGICO. Todos esses mestres apontam que esse fundo psicológico — que é o conhecido — precisa sumir para que o desconhecido possa se fazer manifesto. Isso me parece muito lógico!

C.J: sim! Não operar na percepção do AGORA.

Outsider: Então, para mim, penso que isso que eles dizem, só pode se manifestar pela meditação, momento a momento daquilo que se apresenta em nosso interior e também no exterior, sempre percebendo como nosso interior reage ao que vê no exterior. Observar, observar, observar... Absorver, absorver, absorver... Absolver-se, absolver-se, absolver-se!

C.J: honestidade!

Outsider: sim! PARA CONSIGO MESMO!

C.J: ser honesto é difícil!

Outsider: pois bem! O que é que torna essa honestidade dificil?... Qual é a entidade que resiste à honestidade?... Então, observar essa resistência.

C.J: o ego, condicionamentos!

Outsider: muito mais do que, com uma resposta rápida — que é sempre resultante do conhecido — como por exemplo, a sua: "O ego", será possivel, observar isso tudo ocorrendo, SEM NOMEAR, SEM ROTULAR, SEM SE BASEAR EM RÓTULOS LIDOS? Estou me fazendo compreender?

C.J: sim; continue, por favor.

Outsider: Veja, mesmo quando dizemos, "eu", o "ego", isso não foi uma PERCEPÇÃO DIRETA NOSSA; ainda é resultante do fundo psicológico, percebe?... Sendo assim, podemos ver, só ver, sem nomear tudo que sentimos, percebemos e vemos?... Isso sem nomear, sem comparar com o passado, sem comparar com o nosso arquivo de conhecimento, seja ele pessoal, ou literário, institucional? Compreende? Esses mestres tiveram A SUA PRÓPRIA VISÃO DO REAL e, todos eles, pela limitação da palavra, tentaram deixar "pistas"; "setas" neste caminho sem caminho.

C.J: vou colocar o que acontece comigo: quando compreendo algo, sinto que só o silêncio é bom. Parece que, quando algo real se manifesta, nos calamos... falar parece que complica.... Mas, ao mesmo tempo, é bom falar, compartilhar... Parece que vivemos em contradição!

Outsider: isso! Veja, essa palavra, "CONTRADIÇÃO"... Não seria isso, a fonte de toda nossa ausência do que você chamou de paz? Nossa mente diz uma coisa em um segundo, dois segundos depois, diz outra, três segundos após, diz outra ainda! E isso nos causa conflito e, na vontade de fugir do conflito, tomamos uma postura qualquer baseada em uma das sugestões da mente, em uma de suas falas e imagens, que são sempre produto do passado; não temos a coragem de VIVER O CONFLITO, VIVER A CONTRADIÇÃO — HOLISTICAMENTE — VÊ-LA OCORRER EM NÓS, tão só COMO TESTEMUNHAS, SEM AÇÃO... A única ação é a de ser TESTEMUNHA do movimento da mente na ponte do tempo "passado e futuro"; testemunha da mente que pede por ações com base no arquivo dessa ponte para que possamos fugir da dor.... Assim, quase sempre, fugimos da dor, fugimos de vivê-la, de observá-la e, MUITO MAIS IMPORTANTE QUE ISSO: deixamos de chegar àquele ponto em que começamos a observar "aquele" que está OBSERVANDO tudo isso; observar "esse" que está sempre preso na trama da contradição... Não damos o tempo necessário para nos aprofundarmos nisso e, assim, permanecemos num ciclo vicioso de pensamentos; ficamos só na trama da contradição. No entanto, PENSO EU, que o grande lance, o eureka, o insight, só pode ocorrer, quando vamos além da trama da contradição, que ocorre na mente, somatizando sensações dolorosas em nosso corpo fisico. E, ao ir além da trama da contradição, ao ir além dos sintomas fisicos e emocionais, sem fugir, sem correr para nenhum lugar, sem palavrear o que se sente para ninguém, é que conseguimos perceber a "entidade" que observa, que sente tudo isso e que está CONDICIONADA a FUGIR DE TUDO ISSO, seja pela droga, pelo sexo, pelos mestres, ou por outra forma qualquer, ou pelo que se convencionou chamar de DEUS.

C.J: sim!... Fugir! A palavra não é a coisa mesmo!

Outsider: Sabemos o quanto que isso é difícil, não fugir do conflito, da dor, ficar ali, como testemunha... Estamos condicionados... Somos partidários do "Tomou Doril, a dor sumiu"...

C.J: Out, vou tentar te passar minha compreensão para verificar a sua em relação ao meu momento. Sinto que todos os caminhos para o autoconhecimento, tambem são criações da mente; a mente é o unico que temos nessa existência; parece que é "impossivel" compreender o desconhecido e, ao mesmo tempo, queremos saber, porque sentimos que há algo mais. Mas, sinto que essa paz e amor que queremos, também é criação mental. Como disse a você, pesquiso os mestres e, esses dias, quis participar de um Satsang de um dos Mestres da atualidade... Custo: R$1.800,00...

Outsider: ahahahahah

C.J: Então, vejo que esse caminho é muito, mas muito caro! (risos)

Outsider: A graça custa caro quando vem de quem diz que tem a graça...

C.J: Então, compreendo bem o valor do dinheiro; acho que é uma luz neutra; nós é que damos valor a ela conforme queremos. No entanto, não é caro? Estou errada pensando assim?

Outsider: É absurdamente caro! Elitização da espiritualidade; comércio puro! Organização! Mas, a verdade, a graça, não podem ser organizadas!

C.J: Ainda acho que devem cobrar! Na verdade, não é Satsang; são dois dias de curso!

Outsider: "curso?"

C.J: Sim! É o ABC da espiritualidade!

Outsider: Mas, alguém pode lhe dar o curso certo para se encontrar?

C.J: Claro, que não! Ninguém pode! Mas, de verdade, tinha gostado do jeito desse guru brasileiro; ele diz que só o amor resolve; eu concordo com isso!

Outsider: É um velho e desgastado chavão espiritualista! Por causa da imaturidade espiritual, muitos são atraídos para as mãos exploradoras de verdadeiros "lobos com pele de cordeiro" e, em meio da sua dor e confusão, pagam muito caro, pagam o que for pedido diante da promessa de se verem livres de tamanha dor, sem ter que ser responsavel, POR SI MESMO, de observar aquilo que é.

C.J: Mas, quando estamos no caminho de busca, precisamos de dicas de alguém que já experimentou o "Click".

Outsider: vejo isso como condicionamento!

C.J: Acho que é correto seu modo de perceber. Penso, Out, que o Amor pode ser mesmo a solução; não adiantam muitos argumentos.

Outsider: Veja, me ocorreu algo aqui... Seus pais, de certo, lhe falaram o que é a vida, não foi?

C.J: sim, mais ou menos!

Outsider: Eles lhe falaram, segundo seus condicionamentos.

C.J: Sim!

Outsider: Você, então, sai para a vida, com um pouco do entendimento daquilo que eles lhe falaram sobre a vida. No entanto, descobre, POR SI MESMA, que a vida, não tem nada a ver com aquilo que lhe falaram, ou que, em algumas poucas nuances, se assemelha com o que eles disseram. Mas, o importante, foi sua DECISÃO DE IR PARA A VIDA e VIVÊ-LA, senti-la e aprender por si. Então, penso que na nossa "jornada espiritual" — se é que podemos chama-la assim — precisamos, a principio de "pais espirituais", com seus condicionamentos e interesses velados, mas, chega um momento, isso se você for realmente sério, vai sentir que precisa jogar tudo isso fora, deixar isso tudo de lado, todas as palavras, todos os cursos, todos os livros, todos os gurus, tudo que viu, tudo que viveu, tudo que aprendeu de fora e, perceber por si mesma, se questionar, se é possível uma mente silenciosa, uma mente "virgem", uma mente inocente, se isso é possível mesmo. Mas, veja bem, sem o uso de qualquer tipo de condicionamento e para isso, contrariando um pouco sua visão, não creio que o instrumento que temos seja a mente, pois a mente É O PASSADO, o que temos é o SER QUE SOMOS, A CONSCIÊNCIA QUE SOMOS, QUE VAI SE TORNANDO CADA VEZ MAIS COINSCIENTE DE SI MESMA, NA OBSERVAÇÃO DE TUDO ISSO QUE OCORRE NA MENTE CONDICIONADA. Compreende?

C.J: Olha Out, acho que na verdade não tenho nenhuma visão; estou tateando, percebendo, tentando seriamente, honestamente, como posso sentir conforto interior, que é o mais importante para mim no momento. Estou em conflito, não consigo no momento conviver com ninguém; os amigos me "criticam"; nada está bom! Já te falei que quero sair do emprego e não consigo e, por outro lado, nessa minha busca, encontro mestres que a princípio me sinto bem em ler o que escrevem mas, logo não me atraem mais. Tenho um amigo que se diz iluminado e tenta me ajudar. Mas é muito duro; acha que tudo é ilusão; resume demais... Ele diz que só Deus É e pronto! Não critico ninguém, apenas direciono minha busca para quem tem amor, generosidade...

Outsider: Olha só, uma das coisas que vivenciei em mim mesmo e também percebi em outras pessoas, é a AUTO-MISTIFICAÇÃO; isso é um auto-engano fantástico, muito poderoso, um narcótico fortissimo! Muita gente parece cair nisso - não afirmo ser o caso de seu amigo. No entanto, deixemos isso para lá, pois isso não ajuda na compreensão daquilo que você acabou de me colocar; fiquemos com sua colocação, ok?... Se me permite, Por que insistimos em buscar "como posso, sentir conforto interior?"... Por que, ao invés de querer fugir do DESCONFORTO, ou como brinco DEUSCONFORTO (É SEU CHAMADO), por que não dedicamos nossa energia para, ao invés de tentar achar algo externo para aliviar tal desconforto (seja um livro, um guru, um video, uma ação) — o que implica perda de energia vital e movimento no tempo —, não usamos essa mesma energia, que usariamos para fugir do desconforto, para nos sentarmos, como você mesma mencionou, em silêncio, para observar, SEM QUALQUER TIPO DE JULGAMENTO, SEM QUALQUER TIPO DE COMPARAÇÃO - O QUE IMPLICARIA NA CONTINUIDADE DO PASSADO E TODO SEU ARQUIVO — SEM QUALQUER TIPO DE JUSTIFICAÇÃO, SEM QUALQUER TIPO DE ROTULAÇÃO? Só se sentar em silêncio e TESTEMUNHAR O DESCONFORTO. E, sendo mais sério, ousando adentrar pelo portal que separa os adultos dos adolescentes espirituais, TESTEMUNHAR AQUELE QUE TESTEMUNHA O DESCONFORTO?... Sei que isso pode soar um tanto estranho; mas, como pensei outro dia, em todo nascimento, o que vem à luz primeiro é a cabeça; depois é que passa a região do coração, e, por último o corpo todo. No enatnto, só se torna humano, quando se corta o cordão umbilical, quando não mais somos uma extensão de outro. Então, aqui, isso pode começar pela tentativa de compreensão mental do que venha a ser A TESTEMUNHA TESTEMUNHANDO AQUELE QUE TESTEMUNHA. Mas, como pode findar o desconforto testemunhado, enquanto aquele que testemunha não desaparecer do jogo? Então, me parece que o problema, não está no desconforto, mas sim, naquele que se sente desconfortado. Quando se ultrapassa a testemunha, pela ação da consciência — o que não é fruto da vontade —, talvez, então, surja isso que você chamou de paz, de amor, e que, em sua graça, TORNA NOVA TODAS AS COISAS que outrora causavam DESCONFORTO, pois talvez ocorra o conforto do que chamam "Deus". Isso é o que sinto ser verdade. O momento que vivo é de testemunhar, é de jogar fora todo conteúdo do passado como fator de base para mudança, visto que, mudança, NÃO É TRANSFORMAÇÃO; é preciso "algo que transpasse" todo conhecimento e isso está além dos limites da TESTEMUNHA QUE PENSO SER

C.J: Sim.

Outsider: Outra coisa, você colocou acima: "Estou em conflito, não consigo conviver com ninguém no momento, os amigos me "criticam", nada está bom!"

C.J: E isso que coloquei é meu "deserto"!

Outsider: Ok, me identifico, pois também já vivenciei esse desconforto e sei muito bem como é bastante doloroso; mas, já está atravessado. Ele é básico e, profundamente, fundamental! faz parte de um processo de parto de novos homens, claro que, desde que compreendido sua função.

C.J: Sim!

Outsider: O grande lance, você já sabe... OBSERVAR, EM SILÊNCIO, TUDO QUE SENTE E VÊ e, por silêncio, me refiro a NÃO INTERFERÊNCIA DA MENTE COM SEU CONTEÚDO DO PASSADO. Sabe, falar sobre isso é difícil, uma vez que as palavras limitam mesmo.

C.J: Sim, eu sei muito bem!

Outsider: Volto a falar que, penso que a grande sacada que estou vivendo é ir ALÉM DO CONFLITO, DO DESCONFORTO, DO MAL ESTAR E PERCEBER A AÇÃO DA MENTE - COM O PASSADO - COM O CONHECIDO - SEMPRE PEDINDO POR REAÇÃO e ficar na inação, a qual mantém o conflito como se o mesmo estivesse numa tela de cinema e a TESTEMUNHA AQUI, TUDO TESTEMUNHANDO, PERCEBENDO, COMPREENDENDO, VENDO O FALSO, VENDO O VERDADEIRO. Não tenho uma conclusão final; estou em 'PROCESSO; processo é NÃO QUERER FAZER CESSAR,  é DEIXAR OCORRER, DEIXAR VIR. Posso usar aqui uma metáfora: estou vivendo um "PURGATÓRIO"; não estou no céu, nem no inferno, estou testemunhando o PURGAR DO CONTEÚDO DA MENTE, o PURGAR DO CONTEÚDO DAQUELE QUE TESTEMUNHA... Penso que se todo o conteúdo da mente, se todo o conteúdo daquele que testemunha, CESSAR, então, quem sabe, o "PRO" possa se manifestar... O "TRANS" possa se manifestar... A transcendência...

C.J: Bem, você me passou que sua esposa também passou por momentos de depressão no passado... E então, eu estava pensando que é preciso estar sem depressão , estar bem fisicamente ao menos para buscar, para ver. Sabe Out, acho que avancei um pouco; estou vendo que todas as situações que passo na empresa onde trabalho, o ciúme profissional que há em relação a mim, está tudo em mim mesma! O jeito que me tratam, sou eu mesma que sinalizo; estou vendo isso. Vou te contar algo que me aconteceu essa semana no item relacionamento; desculpe mas vou te contar porque acho que você vai poder me dar uma dica. Bem, um amigo que já conheço há algum tempo, quer ter um relacionamento comigo... (risos)... Veja, eu mesma dou abertura, e depois, quando há chance, eu relato para ele todos os meus defeitos, faço ele compreender que não sou suficiente pra ele... Ainda bem que estou vendo essa loucura! É como um jogo, Out! Estou sendo muito sincera ao lhe contar isso!

Outsider: Olha só, não sei se é seu caso, mas, pela minha vivência, pela vivência de minha esposa e de alguns confrades que vieram de lares disfuncionais, nossa base, nosso fundo psicológico, é o MEDO e o medo, cria toda forma de autoboicote, cria toda impossibilidade de intimidade e, a principal delas, é a INTIMIDADE COM NÓS MESMOS, COM AQUILO QUE SENTIMOS, portanto, uma vez que fugimos de uma intimidade com aquilo que se apresenta em nós (MUITO ALÉM DO QUE PENSAMOS SER) como será possível a manifestação de um estado de ser relaxado que se permita qualquer tipo de intimidade com outro ser humano e com a natureza que nos cerca? Portanto, vejo como falso, olhar para fora como o foco de nosso desconforto, pois, a base do desconforto, pelo que tenho testemunhado, está no medo que trazemos conosco, o qual tem suas raizes no passado, em nosso arquivo morto, mas que insiste em se fazer vivo devido a nossa falta de vivacidade na observação do conteúdo de nossa mente, sem que haja qualquer tipo de "nomeação" do que se vê. A própria palavra é tempo, é passado e, palavrear aquilo que se vê, mesmo que apenas para nós mesmos, é dar continuidade ao passado e nisso, impedir a vivência direta daquilo que tantos Mestres vivenciaram e que tentaram, pela limitação das palavras, deixar como pistas. Então, o que vejo ser de profunda importância no agora que vivencio é, em todas as relações em que me encontro, estar atento, testemunhando muito mais do que as ocorrências externas, mas sim, como elas REVERBERAM AQUI NO FREGUES, como elas agitam o sal do passado que acaba sempre turva a água pura do SER QUE SOU... Ficar ali, olhando tudo... A mente, de fato, vai dizer que isso tudo é bobeira, que é perda de tempo, que é babaquice, que não é funcional, que com isso se está deixando a vida passar, apenas assistindo... Mas, se formos bem honestos, não é exatamente isso que estivemos fazendo até aqui?... Deixando a vida passar, sem ao menos vivencia-la? O que mais vivenciamos não é conflito?

C.J: Sim, é isso que sinto!

Outsider: Acho interessante a gente olhar mais uma coisa... Você se reportou a depressão... Alguma vez você já parou para olhar o que foi sua experiência de depressão?

C.J: Sim!

Outsider: No meu caso, a depressão ocorreu pela NÃO ACEITAÇÃO E TAMBÉM PELA IDENTIFICAÇÃO TOTAL COMO, EU SENDO O CONTEÚDO DO QUE SE PASSAVA EM MINHA MENTE E EMOÇÕES, ALIANDO-SE A UMA FUGA FRENÉTICA PARA ENCONTRAR RESPOSTAS NO EXTERNO PARA TUDO AQUILO QUE ME ASSUSTAVA INTERIORMENTE. A depressão sumiu depois que parei de correr, depois que parei de me identificar como sendo o conteúdo do que passa na mente, do que ocorre no corpo emocional, no corpo físico. Quando ocorreu a compreensão de que não sou a mente, que não sou as emoções, que não sou o corpo físico, mas sim que sou ISSO que testemunha; quando ocorreu a compreensão de que é possível testemunhar sem o antigo vício de sair correndo por aí, visto que ISSO QUE SE EXPRESSA MOMENTANEAMENTE, SEJA NA MENTE COMO NO EMOCIONAL, TAMBÉM PASSA, deu-se a capacidade de uma nova maneira de enfrentar essas situações, podendo sentar comigo e observar tudo... Essa disposição de não correr, essa disposição de sentar com aquilo que se apresenta, consciente de que aquilo não está ai para me destruir mas sim para destruir aquilo que chamam de ego, não pelo esforço, mas pela compreensão, o que chamam de depressão, sumiu. A pressão que roubava a energia, sumiu! A energia passou a ser usada para fazer frente aquilo que se manifesta, momento a momento, EM TODAS AS ATIVIDADES. A dor é original, o sofrimento passou a ser opcional; a dor tem se mostrado uma pedra de toque para a manifestação de um estado cada vez mais alterado, mais qualitativo da consciência que sou; essa dor é um chamado, um aviso que me aponta para situações em que a persona tenta tomar o espaço que não lhe cabe, espaço esse que é consciência — a consciência, apresenta, a persona tenta minar essa apresentação, nisso ocorre a dor; se há identificação com esse "minar" — o que é uma forma de resistência — dá-se o sofrimento e a ampliação da dor. A resistência, que é uma forma de fuga, é a fonte do conflito, portanto, tenho procurado observar a "entidade" que procura resistir ao conteúdo que a consciência faz consciente, complicado isso?

C.J: Não é complicado; a chave é compreender. Estou verificando que a base é a  busca honesta, ser honesto, sem jogos. A entidade que você se refere é um "eu" resistente, condicionado é isso? Não sei bem a palavra mas é algo ilusório

Outsider: Se quiser usar a palavra "eu", tudo bem! Veja, há um estado de consciência aqui, tornando-se consciente de tudo, seja internamente ou externamente; esse estado de consciência, toma consciência, momento a momento, de tudo que essa "entidade" que tem vida própria, que age, fala, projeta imagens, sem a participação ativa dessa consciência. Esse estado de consciência, toma consciência de que, essa entidade, com sua atividade mecânica, acelerada e autônoma, tenta criar um estado de "torpor hipnótico", um estado de transe inconsciente, onde, nesse estado de transe inconsciente, nesse estado de torpor, a possibilidade de uma vivência 100% holística do que ocorre no agora, deixe de acontecer; é esse estado de torpor, esse estado de transe - QUE ACONTECE COM UMA RAPIDEZ INCRIVEL - é que impede a escuta, a intimidade, a partilha, a comunhão.

C.J: Acontece porque é inconsciente, como um cavalo sem rédeas!

Outsider: Este estado de consciência que está testemunhando tudo e que, nesse testemunhar, está se tornando cada vez mais consciência, cada vez mais percebe a manifestação, SEMPRE NA PONTE DO TEMPO PASSADO/FUTURO, da ação dessa entidade. Estou usando a palavra entidade para não usar o peso do passado da palavra "eu" e "ego".

C.J: Você acha que a entidade em algum momento ficará vazia? Quando, através da observação, passarmos tudo o que é inconsciente, portanto autônomo, para o consciente, estaremos livres, liberados?

Outsider: Veja, isso são apenas conjecturas, as quais me parece ser um vicio da própria entidade, que acaba fazendo uso delas para minar nossa observação da própria ação da entidade; além do que, isso demonstra o condicionamento de nossa busca, a qual é desejo de por fim a algo e, onde há desejo, haverá de fato, conflito, continuidade do medo, movimento no tempo pela ação da esperança e, com isso, uma perda de energia na compreensão do que se apresenta AQUI E AGORA. Isso, essa coisa de se "será possível" — que me soa como uma necessidade de se ter segurança no tempo —, me parece um meio de fuga criado pela própria entidade. Vejo como fundamental — e também EXTREMAMENTE DIFÍCIL — se manter no aqui e agora; Já ouvimos isso mil e uma vezes, mas quantas vezes, de fato, o conseguimos? NUNCA! A entidade não permitiu até aqui, visto que, se isso ocorre, não há mais entidade, pois essa entidade precisa de tempo e por isso ela cria esse movimento constante.

C.J: A entidade tem vida própria, então, não somos livres!

Outsider: Penso que o inicio da liberdade daquilo que realmente somos, tem seu inicio quando começamos a perceber que NÃO SOMOS A ENTIDADE, mas que somos A TESTEMUNHA SEM NOME, que toma consciência da ação da entidade; isso cria um espaço que impede a instalação do estado de "transe hipnótico" constantemente lançado pela entidade.

C.J: Então quando nos tornamos conscientes do jeito que a entidade opera, quando conhecemos as características dessa entidade, enxergando de fato sua operação, podemos quem sabe estarmos livres da atuação dela?

Outsider: Olha só, isso pode as vezes parecer um pouco de "intelectualismo", mas, as coisas estão no meio das próprias palavras, o modo como estamos condicionados pode ser visto em meio de nossas falas... Leia por favor, novamente o que você acabou de escrever...

C.J: Ok!

Outsider: Você escreveu: "quando nos tornamos conscientes"...

C.J: hummm, isso mesmo, não se torna consciente!

Outsider: Estamos condicionados de que realmente existe uma entidade que se torna consciente e não que somos Consciência tornando-se cada vez mais livre dessa identificação ilusória como sendo essa entidade que diz ter consciência... Pescou?

C.J: Sim! (risos)

Outsider: Então, a própria busca, percebo como uma ação da própria entidade, para, através dela, ter sua continuidade garantida como um buscador.

C.J: É o condicionamento de "vir a ser algo"...

Outsider: É como um cachorro correndo atrás do próprio rabo...

C.J: Buscar é ilusão! Isso mesmo!

Outsider: Se o cachorro para de girar em círculos, pode perceber que ele já é o rabo e que não faz sentido correr atrás dele... Se conseguirmos parar, em silêncio, ou seja, sem a ação do passado, talvez, possamos perceber que já somos isso que externamente buscamos, ou então, perceber a falsidade daquilo com que nos identificamos e que dá continuidade a um estado de eterno conflito. Então, tenho ficado com o testemunhar da entidade, percebendo sempre seu movimento no tempo, suas projeções, seus links, sua rede de relacionamentos, seu book de faces, como ele usa tudo, tudo, tudo... Veja, aqui mesmo... Enquanto lhe escrevo, enquanto troco figurinhas com você, a entidade diz: "Nossa como você está vendo longe!"... "Falta pouco para você ser mais um iluminado!"... (risos)

C.J: Me ocorreu algo agora. Meu amigo que se diz iluminado, afirma: "Fique em silêncio; a luz cuida de tudo". Então, para ele, já aconteceu a compreensão. O fato é que parece que ninguém pode ensinar nada, a não ser, compartilhar.

Outsider: Eu até concordo com ele; só mudaria uma coisa: tiraria a palavra "luz", pois ela condiciona; em seu lugar, ficaria com as palavras "o que é".

C.J: Sim, boa colocação!...  O que É!

Outsider: Então, aqui, surge a pergunta: "O que é então, "aquilo que É"?... Lançar a pergunta e sem buscar a resposta, deixar reverberar, deixar fecundar...

C.J: O que é,  eu chamo de paz, porque na paz podemos executar tudo de maneira autêntica.

Outsider: Quem sabe, quando o solo da consciência que somos estiver apto, não mais estiver encapsulado pela mente, possa então, dar seus frutos.

C.J: Out, quando há compreensão, o que É se manifesta; quando não há cobrança, o que É se manifesta. O que É parece que está disponível, nós, por colocarmos limitação, de maneira inconsciente, congelamos a manifestação. Ocorreu-me agora de verificar minha existência desde meu nascimento. Eu vejo que tive experiências limitadoras e conflituosas demais... Não tive oportunidade de casar, ter filhos, enfim experimentar o que a maioria faz. Minha busca pela verdade é de muito tempo, tenho escritos desde 11 anos de idade. A entidade me sugere pensar que sou diferente no sentido que me faz ser especial... Imagina! Sempre vi relacionamentos como sendo algo não inteligente... Imagina! Sempre desejei algo especial... Imagina! Que contradição!!!! Estou vendo a entidade no comando de minha vida, Out.

Outsider: Isso é que importa! E, o que me parece ser o mais importante é se perguntar: quem é esse que vê a entidade em suas ações?

C.J: Esse que vê a entidade pode ser algo novo ou mesmo um braço dela mesma, porque a entidade é inteligente, faz manobras! Percebo assim por vezes!

Outsider: Não digo inteligente, mas sim, profundamente sagaz! A entidade vai querer dar a resposta para essa pergunta e, com essa resposta, criar o tal estado de "transe hipnótico" que impede a manifestação da verdade.

C.J: Você pode observar que os mestres que tiveram seu momento de insight, logo após, o querem passar a todos... Não lhe contei sobre o tal guru brasileiro e o preço que cobra pela passar de seu insight? Não seria isso também a entidade dizendo: "Olha, eu sei viu!!!! Descobri a verdade!!!!!" Isso não seria a entidade travestida de consciência?

Outsider: Penso ser pura auto-mistificação!... Uma nova roupagem, agora espiritual, faz a entidade
muito mais poderosíssima, ao ponto de hipnotizar vários dolorosos desatentos para pagarem isso que eles pedem e que dão o nome de "pequena contribuição para o trabalho". Isso está em todo lugar, basta você ligar sua televisão para confirmar. Tem gente descaradamente pedindo 300.000 mil pessoas doando R$1.000,00...

C.J: E outra, como pesquiso, vejo que eles usam nomes sânscritos para complicar ainda mais... Estou tentando não criticar Out, mas estou vendo o falso e, ainda assim, me percebi simpatizante dos ensinamentos desse guru! Veja se não é difícil o caminho!

Outsider: Olha só... Eles tem uma poética maravilhosa! Fantástica! Profundamente envolvente, juntamente com aquele olhar angelical!... Verdadeiros atores!

C.J: Sim tem, são sedutores!

Outsider: Você chegou neles porque eles tem aquilo que você, no momento, pensa precisar e por isso se identifica. Mas, se fica de olhos e mente bem abertos, logo vê o falso, o que não é difícil, basta olhar para o preço cobrado pela venda da graça. Veja, essa auto-mistificação ilusória, isso é muito fácil de ocorrer até com você mesma... A entidade é doida para expressar ao mundo: "agora eu também sei!"...

C.J: Sim!

Outsider: Você que também já leu de tudo, que já frequentou muitas instituições... Tem um fundo literário e institucionalizado amplo; de repente, tem um "pequeno insight"...

C.J: Não frequentei Out; não pude, só li mesmo...

Outsider: Ok! Continuemos! Esse insight amplia sua visão, sua percepção de mundo...

C.J: Sim, amplia.
Outsider: Então, a entidade, que não foi dissolvida pela ação dessa "amostra grátis", rapidamente faz uso do material apresentado pela ação da amostra grátis e, com ele, com a ajuda de imaturos e desavisados adolescentes, ou de adultos infantis, logo passa a se ORGANIZAR COMO TAL!

C.J: Acho que tenho um botãozinho interno que me ajuda a não me envolver.

Outsider: A maioria desses pseudos-mestres, como não conseguiram "sucesso e respeitabilidade na esfera da horizontalidade material", então, fazem uso da espiritualidade para obter "sucesso, validação e reconhecimento social" tentando com isso acobertar seu idealismo falido.

C.J: Sempre questionei os nomes que usam em Sânscrito; isso só confunde!

Outsider: Eles sustentam a imagem idealizada de si mesmos com palavreados em sânscrito, com fotos de seus gurus, com a manifestação de suas "linhagens", uma espécie de "curriculum espiritual". É muito engraçado isso! Gostam de ser adulado como "Mestres, Bába, Braghavan"... Isso já mostra o quanto não perceberam a ilusão dos rótulos e da hierarquia.

C.J: Isso!

Outsider: Tudo isso para assim, VALIDAR, sua psudo-originalidade.

C.J: De fato, parecem cópias!

Outsider: São papagaios espiritualistas.

C.J: Como é bom enxergar!

Outsider: sabe, tem papagaio que também canta o hino do Brasil, mas não sabe aquilo que canta! O mesmo ocorre com esses mestres de segunda mão: cantam, mas, aos de mente e coração abertos, não encantam! No entanto, na terra de cegos de si mesmos, quem tem um olho, logo vira facilitador de satsang, ou então, de "cursinhos avançados de alfabetização espiritual". Tem até um nome bonitinho para isso: "Satsang Intensivo", o qual ocorre num final de semana, sempre com aquelas carinhas de paisagem celeste.

C.J: Olha, eu nunca fui em Satsang; sempre questionei muito.

Outsider: Esses "auto-proclamados gurus", fazem parte do que chamo de o "Novo Vaticano", ou se preferir de "o novo clero". Esse "novo Vaticano", assim como o antigo, faz um enorme número de sonâmbulos, literalmente, entrarem pelo cano do auto-engano!

C.J: O único que vejo são as palestras de Krishnamurti no Youtube; isso eu gosto muito mesmo. Você tem lembrança onde está um texto de K, sobre o Falso e o Verdadeiro? Em qual livro?

Outsider: Você pode pegar uma coletânea sobre neste link: http://www.krishnamurti.org.br/?q=book/export/html/538

C.J.: Bem, Out, o que queria te colocar é que, embora eu esteja na busca, mesmo tendo as crises que eu chamo de "Medo" (os médicos dizem pânico, depressão) evito tomar remédios e também recebo a graça de não me envolver com qualquer pessoa, digo, pessoas que poderiam me anestesiar. E quero agradecer de coração mesmo, por você ser tão amigo e conversar comigo sobre tudo isso.

Outsider: Estamos ai, sempre trocando figurinhas sem colar.

C.J: Sim! Que bom!

Outsider: Sabe, Carol, eu não curto muito um tal de Trigueirinho, no entanto, há dois vídeos desse senhor, que tem se mostrado muito esclarecedor para muitos confrades; um se chama "Como reconhecer o eu interno" e o outro "a experiência do deserto". Neles, ele coloca algo que faz muito sentido.

C.J: Sim.

Outsider: As pessoas e situações estão cumprindo seu papel para que possamos nos aperceber de qual realmente é a nossa pedra de tropeço: a entidade! Se quiser, posso pegar o link desses áudios para você.

C.J: Quero sim!

Outsider: Um momento...

C.J: Certo!

Outsider: A importância da vivência do deserto do real para o estado de prontificação à um novo paradigma: http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/p/o-deserto.html

C.J: Nelson sou sincera em dizer que devido a estar ocupando um cargo de chefia na empresa, talvez me falte humildade no momento, mas me custa receber ordens de quem não sabe nada!

Outsider: Então, sugiro que observe "essa entidade" que resiste a receber "ordens"... Como reconhecer o Eu interno: http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/2012/06/como-reconhecer-o-eu-interno.html

C.J: Não entendi essa frase. Observe "essa entidade" que resiste a receber "ordens"... Ah! Entendi sim! OK!

Outsider: Assista esse vídeo depois da conversa! "Como reconhecer o eu interno": http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/2012/06/como-reconhecer-o-eu-interno.html

C.J: Out, vou ver o vídeo agora, ok?

Outsider: Beleza! Valeu pela conversa! Vou transformar nossa conversa num texto. Acho que talvez possa ser esclarecedora para demais confrades.

C.J: Legal! Depois quero ler!

Outsider: Certo! Então, um fraterabraço e um chute nas canelas... E vê se não passa gelo e nem Gelol!

C.J: Nossa!!!!! (risos)

Outsider: É para cair os condicionamentos dos ossos!

C.J: Ah! sim! Alguém já falou que os condicionamentos ficam armazenados até nas células! Depois te falo sobre o que senti ao ver o vídeo!

Outsider: Beleza! Vai lá fui!

C.J: Um abraço!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!