Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

29 julho 2008

A magia de escutar

Escutar é uma arte que não se aprende facilmente, mas há nela beleza e uma grande compreensão. Nós escutamos com as várias profundidades de nosso ser, mas nosso escutar é sempre com uma percepção de um ponto particular da vista. Nós, simplesmente nada escutamos; há sempre um filtro dos nossos próprios pensamentos intervindo, conclusões, e preconceitos. Escutar exige quietude interior, uma liberdade da tensão de adquirir, uma atenção relaxada. Neste alerta, contudo, em estado passivo, pode-se ouvir o que está além da conclusão verbal. As palavras confundem; são somente meios de comunicação externos; mas para perceber além do ruído das palavras, deve haver um escutar um passivo, alerta. Assim se pode escutar o amor; mas é extremamente raro encontrar um ouvinte. A maioria de nós somos o acumulado, o conseguindo, os objetivos; nós estamos sempre acrescentando e conquistando, e assim não há nenhum escutar. É somente nesse escutar que se escuta a canção das palavras.

Krishnamurti

10 julho 2008

Tem alguém aí?

...Ninguém prepara o jovem, nem os pais nem a TV,
pra botar o pé na estrada e não se perder.
Ninguém prepara o jovem pra saber o que fazer
quando bater na porta e ninguém atender.
Ninguém me dá a chave pra abrir a porta certa,
mas a porta errada eu encontro sempre aberta!
Entrar numa roubada é mais fácil que sair.
Tem alguém aí? (...)

Poesia: Gabriel Pensador
Foto: Nelson Jonas Ramos de Oliveira

03 julho 2008

Sobre aulas, cursos e mestres

- Olá JR! Quanto tempo!

- Eu que o diga meu amigo! Anda sumido!

- Estou na correria, mas lembro sempre de vocês. E como vão as coisas por aqui?

- Tudo caminhando numa boa. E com você?

- Tudo bem, agora bem mais tranqüilo. Acho que agora eu consegui tirar um pouco o pé do acelerador. Do jeito que as coisas estavam indo, não ia dar pé... Eu estava ficando muito estressado. Estava a ponto de ter um troço.

- Pois é!... De que adianta ao homem ganhar mundos e fundos se não puder desfrutá-los?

- Sem dúvida!

- E quais são as novidades?

- Fora os cursos, nada de novo!

- Quais cursos?

- Não te contei?

- Não que me lembre.

- Já estou há dois meses fazendo um curso de cabalah e um outro de Saint Germain. Ambos estão sendo uma maravilha... Tenho sentido coisas que não tem como lhe explicar... Ainda estou muito no inicio do curso então não tenho muito material para poder lhe passar ou falar com mais propriedade... Só sei que estou aprendendo muito... É muita coisa... Sinto que minha mente está se abrindo muito... Tenho tido umas percepções que não tenho como explicar...

- E a Pró-Vida? Continua participando?

- Não mais... Dei um tempo. Gosto muito dos ensinamentos do Dr. Celso, mas, sinto que as pessoas que hoje lá estão, deturparam muito o teor dos ensinamentos. Já onde estou fazendo estes cursos, acho que tem mais sentido... Não tem como explicar, você precisaria assistir umas aulas para poder fazer uma idéia do que estou vivendo... Tem sido muito bom para mim.

- Se está bom para você, fico contente. No entanto, para mim, já não faz mais sentido estar filiado a qualquer tipo de instituição mística, esotérica.

- Só para você ter uma idéia, meu avô era maçom e desde a minha infância, tinha muita curiosidade de conhecer um templo... Nesta semana, uma de nossas aulas foi feita num templo maçom. Sem dúvida tem muito dogma, muito simbolismo, mas, devido aos cursos, algumas coisas deu para perceber. Foi uma experiência maravilhosa.

- Já recebi inúmeros convites para participar da maçonaria. Inclusive, já cheguei a trabalhar na ilustração, diagramação e editoração de um livro de um "irmão" maçom, chamado "O B-A-BÁ Maçom". No entanto, confesso que nunca senti o mínimo interesse, ainda mais depois que diagramei este livro. Para mim não dá! As coisas têm que ser simples, pois, de complicado, já chega a nossa cabeça condicionada, você não acha?

- Sem dúvida, concordo com você. E posso lhe afirmar que, de certa forma, estes cursos estão me ajudando a clarear as coisas em minha mente. Pela primeira vez em minha vida sinto que conseguirei resolver os meus problemas financeiros, que sem dúvida alguma, é um dos meus maiores calos.

- Mas, se me permite, percebo que muitas pessoas partem para a busca de grupos religiosos, místicos e esotéricos, não para a busca da verdade, ou do autoconhecimento, mas sim, para resolverem questões financeiras. Será que nosso real problema é a questão financeira? Se estivéssemos livres da influencia aquisitiva e tivéssemos nossas vidas pautadas numa simplicidade voluntária, será que teríamos esses problemas que produzem tanto desgaste emocional?

- Acho que a coisa não é tão simples assim. Vivemos na Terra e, enquanto na Terra, sempre teremos problemas relativos ao dinheiro. Sinto que através da prática dos exercícios que tenho aprendido nos cursos, minha mente tem se acalmado bastante e, como resultado, tenho tido maior facilidade para fazer escolhas saudáveis em meus negócios.

- Então, seu problema maior seria a questão financeira ou a mente barulhenta?

- Acho que uma coisa está ligada com a outra.

- Pois eu sinto que tudo é resultado da mente... É a mente que cria o processo obsessivo-compulsivo para a aquisição de necessidades prá lá de desnecessárias. É a mente que se identifica com o enorme bombardeio diário das imagens e sons produzidos pelo marketing consumista. Creio que basta um pouquinho só de observação sobre a mente aquisitiva, sempre em busca de promessas falsas de segurança, para a vida se tornar bem mais fácil de ser levada e, diga-se de passagem, sem a necessidade dessas organizações e cursos que também são produto de uma mente aquisitiva em busca de segurança. É assim que sinto as coisas hoje em dia.

- Mas você não sente nem um pouquinho a falta de estar ligado com algo maior?

- O que é esse algo maior? É real para você ou é apenas mais uma idéia com a qual você se identificou por causa da sua confusão mental? Não vejo sentido algum nesses e outros tantos grupos.

- Acho que não é bem assim... Tenho tido aulas sobre os ensinamentos de grandes homens que deram certo, homens como Jesus, Buda, Maharashi, Yogananda, Dr. Celso e outros mais...

- Que adianta? Acho que tudo isso não passa de acumulo de conhecimento. As pessoas estudam um Jesus muito pequeno. Não compreendem nada do que está em suas palavras... Vivem correndo atrás do mundo aquisitivo, das finanças, do poder e do prestigio. Buscam tudo isso em primeiro lugar e, quando se encontram exaustas e confusas, parte em busca do essencial numa tentativa de usá-lo para novamente se dedicarem em sua busca por mais dinheiro, poder e prestigio... Vivem correndo atrás de conhecimento vindo de terceiros ao invés de serem luzes para si mesmos... Vivem querendo acender suas lamparinas com o azeite de terceiros... Vivem querendo colocar vinho novo numa vasilha mental repleta do vinho azedo do conhecimento do passado, sem perceber que é por causa do mesmo que suas mentes se acham embriagadas e embotadas, causando-lhes uma crônica ressaca emocional. Eu já desconfiava disso muito antes de entrar em contato com os livros de Krishnamurti; depois dele, tudo ficou muito mais claro para mim. É por isso que não vejo mais sentido na participação desses cursos e grupos. Prefiro estar só do que bem condicionado. No entanto, se tudo isto está sendo bom para você, lhe incentivo a entrar de corpo, alma e mente aberta, com bastante seriedade e sempre questionando tudo...

- Tenho lá comigo todos os livros do K. que você me deu, mas tenho que lhe confiar o fato de que até agora não consegui assimilar muito bem o que ele fala. Tenho bastante dificuldade em me concentrar e acompanhar o que ele coloca. No entanto, não estão descartados, estão lá esperando pelo momento certo.

- Sim, sem dúvida. Cada um tem o seu tempo... Se anos atrás tivessem me apresentado o K., com certeza teria descartado suas colocações. Como pode alguém que está se relacionando com uma idéia de Deus, vinda de terceiros, ou mesmo própria, querer lidar com a realidade palpável dos fatos?... Tudo ao seu tempo... Insisto para que você continue em seus cursos, de mente aberta, questionando tudo com profunda seriedade. As respostas viram se você tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir... Para ver o que não está nas entrelinhas das apostilas dos cursos e muito menos no bafo dos que se dizem professores... Creio que se você conseguir ser fiel a isso, em breve poderá ser seu próprio mestre e discípulo, além de não precisar desembolsar oa altos valores cobrados pelas "escolas da verdade e da paz".

- Muito bem! É sempre bom conversar com você! Pena que preciso ir. Minha esposa e meu filho me esperam no carro para irmos almoçar. Se demorar um pouco mais, acabaremos jantando!... A propósito: você ainda vende aqueles incensos chineses?

- Não tenho no momento, mas, posso providenciar para você. Posso verificar os aromas com meu fornecedor e lhe enviar por e-mail.

- Faça isso então! Assim lhe confirmo a quantidade que quero. Pode ser?

- Que assim seja.

- Pois bem! Deixe um abraço para a senhora sua mãe e outro para sua esposa. Agora vou nessa. Tenha um ótimo final de semana!

- Você também e boas aulas!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!