Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

29 julho 2010

Faça a diferença


Tirando a marca
A mensagem marca!

Emenda Constitucional



Que assim conste
No Glossário:
Empresário,
Homem ágil,
Explorador
De presa fácil.



28 julho 2010

Pesadelo numa nublada manhã


No horário de sempre, acordou com a música já não preferida de seu celular. Por breves instantes, a reprimida vontade de atirá-lo contra a adesivada parede do quarto. Ao seu lado, o corpo quente e malhado de sua esposa, sob a transparência de seu baby-doll. Sentado a beira da cama, deu-se conta de como tudo estava mudado. Há tempos já não se procuravam pela manhã, como nos primeiros meses do casamento. Sentado a beira da cama, foi tomado por suas lembranças, até o segundo chamado do despertador de seu celular. Levou as duas mãos à cabeça, apertando o couro já não tão cabeludo. O corpo curvou-se. Sentiu correr pelo corpo, aquele rotineiro frio, até o mesmo se alojar em seus intestinos. Da linguagem do corpo, esse amargo vocábulo já lhe era conhecido. Este, pronunciava mais um crônico dia depressivo a ser heroicamente escondido de todos. Num herculano esforço, levantou-se; calçou os chinelos em direção ao banheiro. Deteve-se por segundos. Decidiu-se pela janela da enorme sala de estar. No caminho, uma parada no quarto do caçula. Abriu a porta devagarzinho, não se atreveu a acender a luz. Dormia aquele sono angélico, dele, há muito desconhecido. Fechou a porta e encostou-se na parede, tão fria como seu estomago. Suspirando lembrou-se dos anos de menino, quando seus únicos medos estavam em seus sonhos, resultante dos monstros assistidos nos seriados da manhã anterior. Ainda encostado na parede, levou seu olhar para o teto, esticando o pescoço. Quem sabe assim, a angústia causada pelas lembranças pudesse descer mais redondo. Respirou fundo. Do outro lado do corredor, a porta do quarto de sua adolescente filha. Tentou abri-la. Trancada. A bola na garganta pareceu aumentar. Ela estava crescendo e a porta trancada, era um sinal de que seus medos há muito já haviam saído de seus sonhos. Com a mão trêmula à maçaneta, indagou-se:

- De que estaria com medo? Dos adultos queridos? Ou, de forma inconsciente, do futuro modo de vida, por ela a ser herdado?

Tentou achar respostas em suas lembranças, mas nada encontrou. Havia crescido num ambiente carente, onde quatro, dormiam no mesmo quarto. Levou sua mão à boca, recolheu um beijo; por segundos teve dificuldades de mensurar a altura de sua filha. Depositou o beijo no centro da porta e dirigiu-se para a enorme cortina da sala. Não havia sol. O céu tinha o mesmo cinza de seu mundo interior. Ao longe pesadas nuvens. Embaixo, igualmente seus pensamentos, pesado e solitário trânsito.

No banheiro, enquanto a água esquentava, reparou no tom escuro de sua urina. Na mente, as velhas preocupações com doenças. Imóvel, deixou a água cair sobre o franzino, mas pesado corpo. Percebeu que o corpo estava lá, mas a alma não. Levantou o rosto na vã expectativa de que seus pensamentos também pudessem ser levados pela água. Olhou para o chão, onde, para sua tristeza, pelo ralo, só água escorria. A felpuda toalha, como sempre, rapidamente correu pelo seu corpo. Não houve tempo para apreciar sua maciez. Como resultado do mecânico movimento, há tempos carregava uma frieira no dedinho esquerdo, que uma vez coçada, exalava horrível cheiro.

De volta ao quarto, sua mulher ainda na mesma posição. Abriu a porta do guarda roupa, ficando em dúvida na escolha da cor da máscara e da armadura. Apertou bem o nó da vermelha gravata para que sua angústia, dali não pudesse escapar em direção dos que nada tinham a ver com isso.

Na garagem, nem o cheiro do banco de couro de seu importado carro do ano, lhe trazia bem estar. Começava a luta, onde o primeiro round, se dava na longa avenida em direção ao trabalho. Seu adversário, o apressado motorista que lhe forçava a ultrapassagem pelo lado direito. Esforçando uma coragem troiana, fechou sua passagem. Mesmo protegido pelo escudo do insulfilme, não se atraveu a olhar para o lado. O trânsito continuava lento, mas não o fluxo de seus pensamentos. Como o motorista ao lado, tentou detê-los, mas estes lhe ultrapassavam com tudo, roubando-lhe a atenção. O farol abre, ao mesmo tempo em que soa a buzina do carro de traz. O trânsito, em lentidão, segue. Sua alma tenta ficar.

No escritório, em direção à sua sala, aos funcionários, sorrisos de está tudo bem. O corredor com as várias mesas alinhadas parecia não ter fim. O frio da ansiedade novamente correu até seus intestinos e com disfarçada dificuldade chegou à porta de sua sala, a qual fechou como os pesados portões de Tróia. Assustado, ali se trancou, buscando refúgio do espartano exército de vendedores e representantes, que ansiosos, já lhe aguardavam. Do frigobar, uma gelada garrafa de água. Da primeira gaveta de sua mesa, sacou a caixa de lenços de papel. Respirou fundo. Um gole d'água. Dois lenços de papel sobre o oleoso suor de sua testa. A enorme bola na garganta forçou-lhe o afrouxar da gravata. Na mente, os pensamentos a mil. Mais um gole de água. Os mesmos lenços. Pela janela, o tom nublado. Sobre a mesa, uma enorme agenda a ser cumprida. Num respiro de esperança, olhou para o lado em direção ao cofre. Não precisou conferir na agenda os números da combinação. Dentro, dólares, reais, apólices, documentos, algumas ações e um cromado calibre 38. Cinco balas. Assim como a porta do escritório, certificou-se de tê-lo trancado bem. Caminhou em direção à janela. A idéia de 14 andares de vento frio, fez novamente correr o frio até seus intestinos. Não tinha coragem; desde criança, sempre teve medo de alturas. Abaixou a cabeça, na mão esquerda o 38 cromado. Sentou-se na macia poltrona de couro. Outro gole d'água; mais dois lenços. O 38 sobre a mesa. De um lado a agenda, do outro, o cofre. A porta trancada. O celular desligado. Na janela, céu nublado. O 38 na mão. A camisa branca. A gravata vermelha ainda mais frouxa. Já não há lenços. Da janela, entre as nuvens cinzentas, um pequeno raio de sol faz reflexos no cromado 38... Uma pausa, mais um respiro longo. Outro gole d'água. A vermelha gravata agora assume o lugar dos lenços de papel. Ele respira fundo. Olha fixamente para o 38. Lembra-se da esposa e filhos. Olha na parede, o retrato de seu pai, com olhar sério, fundador da empresa, onde hoje, lhe pesavam mais de 300 funcionários, parece censurar seus pensamentos. Lembra-se de Maria, a faxineira. Pensa nos barrigudinhos filhos de Maria. A camisa branca. A gravata vermelha. Olha para a janela, o dia parece querer abrir. O 38 na mesa, sobre a agenda. Ele abre a gaveta. Nela, bolinhas coloridas numa caixa branca com tarja preta: FELIZAC. Um gole d'água; cinco bolinhas. A enorme bola na garganta parece sumir. A gaveta se fecha. Nela, o 38 cromado. No banheiro, a urina parece mais escura e seu cheiro forte faz com que se lembre dos espartanos vendedores, todos de plantão à sua espera. Um respiro fundo enquanto a gravata é ajeitada. Pelo telefone, pede à secretária, com urgência, por uma caixa de lenços de papel e que faça o primeiro gladiador entrar.

Em casa, rainha, príncipe e princesa, cada um em seu quarto, lhe aguardam. No estacionamento, um carro com bancos de couro. Na gaveta, FELIZAC, cinco balas e um 38 cromado.







27 julho 2010

O simbolismo do 44


"Sobrepuja com sabedoria teus receios, e goza daquilo que é sua esperança."

Há muito que o nº44, para mim tem se mostrado como um sinal de direção. Este tem aparecido em momentos de transição, com fortes sincronicidades. Não pretendo me estender na narração destas experiências, mas quero relatar o que me fez dedicar tempo de pesquisa e estudo a este número.

Neste final de semana, por estar estudando o Livro "A Jornada do Escritor", de Christopher Vogler, livro baseado nos textos de Joseph Campbell, extraídos do livro "O Herói de Mil Faces" (cujo preço é R$44,00), fui tomado por um forte impulso de procurá-lo num sebo de São Paulo, na região de Pinheiros. Não recordo o nome do sebo, mas fica em frente ao estacionamento da loja FNAC. Após o almoço, junto com Deca, estacionei nosso carro bem em frente da vitrine da loja. Para nossa alegre surpresa, bem no centro da vitrine, lá estava o danado, envolto num daqueles plásticos de proteção. Depois de uma breve prosa com o vendedor, troquei o mesmo por vários livros usados que acumulavam poeira na nossa estante (aqueles livros de auto-ajuda que em nada ajudam... Sim, já passei por isso também!).

Comprado o livro, nos dirigimos para uma feirinha de arte que ali acontece aos finais de semana. Compramos alguns incensos de pitanga. Na banca ao lado, presenteei Deca, com um lindo colar com uma pedra verde, feito a mão. Noutra banca próxima, algumas mulheres escolhendo faixas de cabelo. Minha atenção não foi para as mulheres e muito menos para as tais faixas, mas sim, para um amontoado de cartas de Taro que estavam bem no centro da mesa. Olhei para a carta de cima... Lá estava o nº44, seguido da frase em castelhano, "El Pensamiento". Rindo, chamei a atenção de Deca. A artesão, sorrindo nos disse: "É Tarô Egípcio". Sorrimos de volta e continuamos nosso passeio.

Já em casa, decidimos assistir um filme, genérico, comprado na barraquinha da feira de domingo (sim, ainda faço isso!). O filme: A estrada. Se não assistiu, está aí uma ótima dica de filme para Cuidar do Ser. Muito simbolismo e, já no final, para minha surpresa, o tal do nº44, em destaque, feito com caneta piloto, nas páginas de um mapa, bem em cima da representação do mar. Minha cabeça girou! Gritei:

- Que merda é essa?

Deca, encolhida embaixo do cobertor, sorriu.
Bem, dediquei minha manhã de hoje na pesquisa do tal número. Comecei pesquisando a tal carta 44, El Pensamiento, do Tarô Egípcio. Abaixo, minhas primeiras impressões sobre o mesmo. O resultado é cagado e cuspido ao que estamos agora vivenciando...

Concordo com o texto. Pensar profundamente e com atenção plena parece estranho nesta cultura decadente. Percebo minha mente como um aglomerados de vozes, diferentes eus em busca de conflito. Não sou de fato, um verdadeiro indivíduo pensante, por não ter uma mente individual. Sou uma influência de mentes, de condicionamentos. Sou um aglomerado de fragmentos de suspeita, desconfiança, má vontade para com as outras pessoas, ciúmes passionais, religiosos, políticos, ciúmes por amizades ou do tipo familiar, cobiça, luxúria, vergonha, ira, orgulho, inveja, ódio, ressentimento, preguiça, gula, etc... Mesmo o principio de entendimento é fruto de fragmentos de outros pensadores. Nada há de original; somente uma colorida colcha de retalhos mentais. O que chamam de "a bem-aventurança" talvez seja um estado de ser totalmente livre da ação de uma mente fragmentada.

Esta carta chama a atenção para a necessidade de observação atenta do fluxo do pensamento, dos atos, impulsos, da mente reativa. Esse estado de "bem-aventurança" só pode ocorrer através da experiência do Real. Ela vê-se um homem trabalhando, esculpindo uma imagem de uma deidade, cuja cabeça penetra no Mundo Espiritual. Essa escultura representa seu corpo mental, a necessidade de desenvolve uma Mente Individual, começando por uma nova maneira de pensar, conseguida através da observação atenta dos pensamentos e a não identificação com o falso.

O símbolo que cobre a cabeça da imagem sendo esculpida é de uma espécie de elmo, de capacete, cujo simbolizado é proteção. Nesse capacete há uma serpente em posição vertical de ataque. É uma representação de um estado de ser, onde pela ação da observação, dá-se um estado de consciência superior ao nível dos olhares triviais. Esse estado é um estado de proteção contra os imensos e desgastantes problemas da identificação e reação com o falso.

Nessa carta também aparece uma palavra Hebraica, DALETH, que significa "PORTAL". Esse vocábulo denota "diferença, variedade, diversidade, distinção", isto é, realidade inteligível e realidade sensível. Uma representação da inteligência iluminadora.

Já no inglês, essa palavra significa: aquele que gosta de viver.

Na Kabbalah, simbolicamente representa os seios, tudo aquilo é abundante e nutritivo. Esotericamente encarna o quaternário Universal, a fonte de toda a existência. A chave que abre a porta da Iluminação e do Amor. O estado de consciência alcançado neste Caminho é intraduzível para a mente comum. A letra DALETH, desperta no ser humano uma atitude de se tornar concreto, sólido, maduro.

Nesta carta também aparece uma mão, que é um símbolo egípcio que representa construção, criação, força, potência, vigor, concórdia.

Segundo o material do site http://www.tarotdoor.com, representa a composição de uma nova forma de expressão de si mesmo, e a composição de um novo espaço social.

Representa o poder da mente como base da Realização da Vontade. Aquele momento onde fica claro quem somos nós, o que estamos querendo fazer, o espaço e as relações que precisamos ter para realizar os nossos planos. O raciocínio flui, os pensamentos estão claros. Dessa forma fica mais fácil, para os outros se definirem em relação a nós também.

Esta carta mostra que definimos um novo papel, que representa melhor quem queremos ser agora. Ele é composto de situações e atividades que conquistamos para nós no nosso ambiente. Ou seja, conseguimos comprovar que somos capazes de realizar grandes feitos com nossos dons, assim alcançamos uma posição de encaixe, onde podemos realizar nossa função.

Quando conseguimos incorporar a nós mesmos, tudo parece que fica mais claro. É possível ver de uma forma mais clara nossa realidade. Percebemos melhor como se colocar nela. Somos vistos como gostaríamos. E sem querer, conseguimos impor nossa maneira de ser e nossos limites.

No campo social, nossa imagem está se consolidando. E nossa produção tem nossa cara.
...

Que bateu, bateu! Vamos ver no que vai dar os próximos capítulos! Até lá, o lance é continuar andando!
Keep Walking, meu caro, keep walking!

26 julho 2010

Preferência Nacional

Outro dia, procurei no Google uma imagem que ilustrasse um dos meus textos, cuja abordagem era a "preferência nacional". Para minha surpresa, no resultado, uma enorme seqüência de fotos: "bundas e mais bundas"... E em vista do resultado, fiquei questionando, o que é que essa gente tem na cabeça? E cheguei na lógica resposta: O mesmo conteúdo que a bunda, merda!

Vida Burra


Por algum pequeno punhado de alfafa mensal, os empacados burros do povo carregam nas costas uma pesada e caríssima carga imposta por sonsos líderes, entre eles, empresários, políticos e religiosos.


Constatações

Foram tantos anos inconscientes em Exatas
Que precisei de um profundo mergulho em Bio-médicas
Para tomar consciência do pouco que em mim restou de Humanas.


Anafalbetismo Espiritual

Muitos são os que sabem de cor e salteado, capítulos, versículos e parágrafos da história de algum Senhor. No entanto, são verdadeiros analfabetos do espírito uma vez que desconhecem as vogais e consoantes de si mesmos. Suas existências são feitas de uma interminável e pútrida seqüencia de hiatos.

Estelionato espiritual


Os sistemas de crença organizada, que erroneamente são chamados de religião, vendem aos que estão na escuridão, lanternas de curtíssimo alcance, que só funcionam com as pilhas vendidas pela própria instituição. Logicamente que não se trata de pilhas "auto-carregáveis". Suas pilhas devem ser -carregadas várias vezes por semana a alto custo. Os sagazes "representantes de Deus", disfarçam o secular estelionato espiritual, com nomes do tipo "dizimo". Em conseqüência, da Luz que não se apaga, estes sistemas - bem como seus membros -, nada sabem.

Sobre sistemas de crença

Sistemas de Crença
Os sistemas de crença organizada, que erroneamente são chamados de religião, jogam aos mais desesperados suas caríssimas e pesadas cordas, prometendo-lhes resgate do fundo do poço criado por suas próprias ignorâncias. Ao fazerem isso, conscientemente criam uma legião de aleijados espirituais dependentes. Se fossem sérios, os que dirigem estes sistemas, de certo os dissolveriam, incentivando a todo aquele que sofre, a cavar com todo afinco, o solo fértil do poço que é seu coração. Se assim o fizessem, estes que sofrem a dor do não viver, poderiam sair num outro lado, nunca por eles antes conhecido e quem sabe, pela primeira vez em sua débil existência, experimentarem da pureza e frescor da água chamada Vida.


Nelson Jonas

23 julho 2010

Contrariando a preferência Nacional

Mil vezes uma
pergunta fundamental
sem resposta
do que irrefletidas
certezas emprestadas.

Um vídeo que merece atenção

O amargo estudo de Sherlock Holmes

Resultado de estudo britânico publicado na VEJA Ciência:


Depois de ler o "inteligente" resultado da pesquisa inglesa, a qual mereceu destaque numa das revistas de maior circulação em nosso país, lembrei-me de um grande amigo, Yugi.

Após o falecimento de sua esposa, dizia que todas as noites conversava com ela em sonhos ou então, com suas fotos que mantinha num pequeno altar de sua casa e também sobre o piano. De tanta saudades, aos 61 anos, Yugi, veio a falecer, poucos meses após a partida de sua doce amada, com pequeninas gotas sabor "meio amargo".

Cheguei a conclusão de que, pelo andar da carruagem real e as badaladas do Big Ben, o atual médoto científico e lógica dedutiva britânica, em breve estarão afirmando que o auge da delicia de um chocolate, está apenas nas cores de sua embalagem e não na experiência de saboreá-lo, pedaço por pedaço até, com seu posterior desejo de "quero mais", deixado na ponta dos dedos.

E talvez saia na VEJA:

E por ser elementar, meu asno leitor: publicamos!

21 julho 2010

Tsunamis da modernidade

É preciso percepção de elefante e muita força para não se deixar arrastar pelas descontroladas e furiosas correntes do Tsunami chamado marketing. Para muitos desatentos, chega a ser mortal. Sem essa percepção e força, o essencial, é destroçado e encoberto por suas poluídas águas. 

20 julho 2010

Uma imagem vale mais que mil palavras

Dicas para ser um escritor





A Jornada do Herói de mil faces

É preciso estar de olhos bem abertos para interpretar a real história embutida na mitologia do PT. Com ajuda de seu mentor especialista em marketing político, o mito foi eleito pelo povo comum. De Aerolula, pelo mundo fez sua aventura. Atravessou o primeiro limiar de seu mandato, onde sua credibilidade atravessou vários testes, inimigos e aliados comprometidos. Atravessando a caverna escura do mensalão e de outros escandalos a mais, atravessa seu segundo limiar onde enfrenta a aprovação suprema de seu inculto eleitorado. Ganha a recompensa de seu segundo mandato sendo seguido por Dilma no caminho de volta ao mundo comum. Com a eleição de Dilma, o mito popular experimentará uma ressurreição e passará a ser venerado pela massa como um "semi deus". Como num velho dito popular, esta prestes a se fingir de morto, para de vez, poder "botar no ó do povo". Chegará então o momento do retorno, onde numa grande empresa que controla o "negro elixir" do progresso, pelos bastidores desfrutará a benção do tesouro que nunca beneficia o povo comum.
PS - Na capa, Lula passa a estrela para Dilma e a The Matrix Revolutions continua sua saga



19 julho 2010

Prosa de escritório na manhã de segunda

Triste sina a desta menina
Fugir de si até a idade meia
Colecionando restaurantes
E detalhes de receita alheia.
Feliz com sua nova panela
Onde velho arroz se faz nela
Porém de fatos reais sobre ela,
Nem a brisa prá lá da janela.
A cozinheira vazia de "panela" cheia
Minha mente cozinha com esmero
Falante, agitada, alvoriceira,
Saborosa feito arroz sem tempero.

18 julho 2010

Constatações de uma madrugada de insônia


Algumas pessoas perdem a metade de suas vidas ao entregá-las nas mãos de sonsos patrões. Chamam a isso de esforço e profissionalismo. Tristemente acabam perdendo a outra metade quando, em carreira solo, passam a imitá-los. Chamam a isso de progresso e sucesso. Elas, aos simplistas voluntários, chamam de acomodados amadores de bairro. Agora, o mais triste de tudo, é que acreditam que nós as invejamos.

....

Chamo de sagacidade egocêntrica, aquilo que a sociedade chama de inteligência.
...

Elas são coloridas, doces e delicadas por fora; por dentro de enrustida escuridão e enorme vazio. Quando abertas, suas bocas nos brindam com surpresas tão decepcionantes, que nem a mais inocente criança é capaz de suportá-las por mais que poucos minutos. Quem são elas? As mulheres e homens Kinder Ovo.
Chega a dar medo!
...

Não sei o que mais fede num velório: se a sala com o velado corpo do querido ente, ou o salão com a velada dissimulação dos distantes presentes...

17 julho 2010

Constatação

No passado, alguém disse:
"A criança é o pai do homem".
Talvez hoje, esse mesmo alguém diria:
"O marketing é o pai da criança".

Marketing Infantil


João e Maria da modernidade

Num infeliz sinal dos tempos, era uma vez duas obesas crianças na recepção de uma pediatria qualquer...
- Oi! Qual é o seu nome?
- Mariazinha. E o seu?
- Joãozinho. Quer salgadinho?
- Só um pouquinho. Comi tudinho um pacote de bolachinha.
- Você quer brincar?
- Hum,hum!
Respondeu timidamente, com um leve balançar da cabeça enquanto lambia os farelos do salgado das pontas de seus gordos dedinhos.
- Mas vamos brincar do que se aqui não tem nenhum brinquedo? - Mais animada perguntou Mariazinha.
- Já sei! Podemos brincar de "Gente Grande".
- Mas eu nunca brinquei de gente grande... Você me ensina?
- Hum,hum! Respondeu ele, de forma tímida, ao mesmo tempo em que balançava seu gorduchinho corpo, com as mãozinhas nos bolsos da folgada calça jeans.
- Então me ensina. Como é?
- Fácil! É só fingir! Faz de conta que você não é o que é e que eu não sou o que sou.
E terminada a consulta, viveram infelizes para sempre na Terra do "Tudo Bem".

16 julho 2010

Reflexão em tempos eleitorais

Estamos vivendo um período de grandes desafios: escolher entre o ideal de bem estar proposto pelo Estado, ou o das corporações. Na minha ótica, ambos não estão nem aí com o dito "cidadão". Desprovidos de qualidades como ética e bom-senso, são sensíveis apenas ao nosso bolso. E a monarquia da ditadura comunista socialista capitalista, democraticamente, nos esvazia de nós mesmos. 

Constatações

A maioria das pessoas não ousam algo a mais que a confortável horizontalidade de seus leitos... Mesmo quando em pé, dormem... A mais ligeira idéia de verticalizar suas mentes, causa-lhes insônia.






Aviso aos gananciosos de plantão

Aviso aos gananciosos de plantão: Não há como ganhar dinheiro e desfrutar a vida, por meio do trabalho duro. A preocupação em como pagar as crescentes contas, rouba-nos tal possibilidade. Visto isto, me parece sinal de saúde mental, a opção por uma vida de simplicidade voluntária: trabalhe menos, relaxe e desfrute de seus relacionamentos, com toda intensidade. Não vale a pena trocá-la. Se não acredita, então lhe pergunto:
Você já viu uma funerária, cobrir um corpo com folhas de holerite, escrituras, apólices de seguro, certidões de propriedade e carnês pagos?
Pelo que tenho visto - até aqui - são sempre flores, e por vezes, de plástico.

14 julho 2010

Qual a sua escolha?

O cômodo silêncio dos inocentes
Ou solitário grito dos conscientes?
A ditadura dos espertos
Ou a conspiração dos despertos?
Que preço prefere pagar?

Visão de curta metragem

 Se a cidade soubesse o que significa ficar alerta, com certeza, não existiria a desnecessária necessidade de "Cidade Alerta". Mas o fato, é que todos dormem ainda mais quando em "Cidade Alerta". Afinal, não há nada que cegue mais do que as poderosas garras do medo.

Televisão - a disfarçada doença da modernidade




Acordei pensando numa reação que tive ontem a noite, impulsionada pela força hipnótica do marketing televisivo. Para me explicar melhor, tenho que me reportar a uma atitude que tive há uns 15 dias. Depois de ter sofrido por quase 10 dias com o descaso do péssimo atendimento da central de relacionamento Net, decidi cancelá-la. Se você ainda não passou pela terrível experiência de tentar cancelar um serviço de assinatura desse tipo, ou mesmo uma revista, um celular ou cartão de crédito, considere-se uma pessoa afortunada... Bem, depois de passada a guerrilha, por meio de um e-mail me foi confirmando o cancelamento da minha assinatura (o que não garante nada, porque é comum a continuidade do envio de indevidas faturas, que acabam gerando boas horas de atrito por telefone, uma vez que essas empresas, maliciosamente não dispõe de um balcão apropriado para cancelamento de serviços, devidamente protocolados). Talvez, você que já tenha vivenciado situação semelhante, possa estar se perguntando: mas e os nº de protocolo que eles pedem para que anotemos? Note bem, cada atendente nunca sabe a respeito do protocolo anterior... É comum ouvirmos aquela frase impessoal: "Um minuto, senhor, enquanto encontro sua ficha"... Se fosse um minuto, tudo bem! Mas o comum mesmo é você ficar quase 5 minutos aguardando um despreparado atendente de uma empresa - que em seu site se diz ser uma empresa moderna, ágil e alerta -, encontrar sua ficha, o que acho um tremendo absurdo. Se pelo menos essas empresas colocassem a disposição do cliente, uma linha de telefone gratuita, talvez a espera não se tornasse tão irritante.

Mas voltemos à minha reação. Já são 15 dias de suplicio sanguinário da TV aberta (cujo sinal é um lixo). Garanto-lhe que, para melhorar o sinal, já não tento colocar "Bombril" na ponta da antena!... No inicial período noturno, sempre o mesmo pacote para nos programar de forma medíocre; entre eles, novelas revezando a miscigenação, sanguinários jornais policiais com seus enfáticos apresentadores, programas de conflitos familiares, programas evangélicos que irritam até os que possuem uma mínima gota de sensatez, ou então, na melhor das hipóteses, num país onde boa parte não consegue nem um litro de leite, programas de "refinados provadores de vinho" e de "culinária francesa". Não vou nem perder tempo em citar aqueles programas repletos de "esticados sorrisos socialiticos" (esses são de uma pobreza de espírito...). O pior são os minuciosos detalhes do escolhido "débil mental do momento" (isso leva pelo menos uns 15 dias até encontrarem uma pauta mais sanguinária). Não duvido, pelo andamento da qualidade do bom senso destas "empresas de comunicação", que muito em breve, seremos interrompidos com aquela musiquinha chata, enquanto nos distraímos da entediante novela da nossa rotina com a rotineira novela global, para que um aprendiz de repórter jornalístico, venha nos informar, por exemplo, que o matador Goleiro X, passou mal durante a tarde devido a um "repentino" excesso de flatulências...

Minha reação se deu quando, em meio aos chuviscos da minha TV, surgiu uma colorida propaganda de uma TV de assinatura, anunciando 102 canais por "apenas" R$69,00. Detalhe: eles não informam que mais da metade dos canais são só de áudio; você só fica sabendo disso, depois que cai na mesma ladainha de uma ligação automática. A principio, alimentado pelo meu tédio, quase que tomei uma irracional reação emotiva. Mas aí, fui tomado por um lampejo de lucidez, ao perceber o quanto que estamos condicionados por esse maldito aparelho de "teleilusão". Pude perceber como essa cotidiana hipnose televisiva, nos torna mecânicos, programados a tal ponto de aceitar irrefletidamente como necessárias, coisas pra lá de desnecessárias e talvez, o pior de tudo: como nos rouba a criatividade, o intimo contato com aqueles que nos são mais próximos (pelo menos fisicamente), bem como o contato com a negligenciada natureza.

Ok! Talvez, eu esteja fazendo alardes desnecessários, no melhor estilo Datena. Sendo assim, lanço aqui um desafio: tente convidar sua esposa para uma volta - a pé - pelo quarteirão, bem no horário de sua novela preferida. Ou então sua adolescente filha, que em seu quarto, diante de um daqueles apresentadores da MTV, ansiosamente aguarda pela menina do cabelo vermelho que apresentará seu mais recente vídeo-clip... Se for mais ousado, convide a família toda para escutar uma história "sua" na "já" conhecida praça mais próxima de casa...

A realidade que não queremos ver é que estamos perdendo nossa original e importantíssima capacidade de imaginar, de criar, de improvisar e de nos congregar. Em lugar de potencializar nossos próprios talentos, com barras de chocolate das lojas Americanas, assistimos os rasos candidatos à ídolos. Estamos perdendo nossa imaginação criativa e nos tornando - com a ajuda de um marketing diabólico -, meros autômatos reagentes. Não existem mais brincadeiras criativas entre pais e filhos, pois sempre há entre eles algum aparelho defensor contra verdadeira intimidade: o controle remoto da tv, o mouse, o I-pod, ou outro imbecil e inanimado aparelho que tudo pode.

Tudo isso por que fomos o suficientemente programados, - com a nossa própria autorização -, por meio de sons e imagens coloridas, a acreditar que qualquer coisa criada e proposta por nós seja incapaz de produzir uma boa distração. Nos hipnotizaram com a informação de que está tudo pronto e enlatado agora, bastando apenas a celebração do débito em seu cartão. Aliás, estas últimas, as empresas de cartão de crédito, para mim são as grandes campeãs das mensagens que incentivam nosso mecânico modo de viver, afinal, como uma delas mesmo afirma: estão sempre do seu lado (mas isso é assunto para outro texto).

Quer saber: que se dane nossa habilidade de pensar e de agir espontaneamente. Afinal de contas, com vários pontos de TV pela casa, uma boa programação paga, um cartão de crédito nas mãos, com a colheita feliz em seu computador pessoal e seus vídeo games com seus previsíveis resultados de etapas programadas, você pode fazer algo bem menos criativo do que celebrar a estupidez de quem postou esta opinião.

Só que tem uma coisa que a TV e a Credicard não aVISA: exercitar seu poder de pensar, sempre do seu jeito (e não conforme o deles) pode tornar sua vida pra lá de melhor. Enquanto isso, feito "guerreiros" bebendo algo que "desça redondo": celebremos a estupidez humana!

13 julho 2010

Alice no país da Plastificadas Polyanas de bunda grande

Era uma raríssima vez... Numa linda tarde de céu carbonal, Alice estava sentada à margem da poluída represa Guarapiranga enquanto sua siliconada irmã lia em voz alta um revista da socialite Brasileira. Alice, porém, entediada como sempre, não prestava sequer um mínimo de atenção. Ao contrário da irmã, de forma silenciosa observava os movimentos de seu pequenino e rabugento cão. E, insatisfeita pela falta de conversas nutritivas, enquanto seu cachorro lhe lambia uma das mãos, exclamou:
- Ah, Krish! Como eu gostaria que você pudesse conversar comigo! Quem sabe você poderia saciar minha sede de conversas com conteúdo, distantes da constante trivialidade de todos!
Sem tentar disfarçar sua inconformidade diante da fala de sua irmã, Polly Jr. Exclamou:
- Sua imbecil, os animais não podem falar! Pare de ficar viajando na maionese e trate de prestar atenção no que leio, caso contrário, não terá assunto quando for ao cabeleireiro.
Sem dar atenção ao que Polly dizia, levantou-se com Krish ao seu colo, passou a mão em seu focinho molhado e disse num tom que só o cachorro pudesse ouvir:
- Garanto que as coisas interessantes que você teria para me dizer, de modo algum fariam parte dos sanguinários programas da nossa TV aberta! Que bom seria se os absurdos modos de vida dos ditos normais fossem realmente vistos como absurdos e que os absurdos de nós, os chamados por eles de "acomodados", não fossem para eles absurdos!
O cachorro, carinhosamente passou a pata em seu rosto, como se estivesse concordando com seu ponto de vista.
- Se eu pudesse pular fora deste louco mundo de desunião e acessar um mundo sem a ilusória sensação de separatividade, com certeza poderia aprender muito com as falas da mãe natureza.
De repente, um gordo coelho, às pressas, intercalava seus movimentos, ora tocando uma irritante vuvuzela, ora olhando para um enorme relógio e gritando aos quatro ventos...
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente! Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! É tarde! É tarde! É tarde!...
Sem entender muito bem o que via, olhou profundamente nos olhos de Krish e perguntou:
- Krish! Você viu aquilo? Um gordo coelho marketeiro, tocando vuvuzelas?
- Au! Au! Au!
- Que estranho! Nunca tinha visto antes um coelho tão barulhento! Por que será que ele está tão apressado? De quem será que ele está falando? E que mal gosto aquela vuvuzela. Venha Krish, vamos atrás dele.
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente! Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! É tarde! É tarde! É tarde!...
- Ei, seu coelho! Espere! Qual o motivo de tanta pressa e barulho?
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente! Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! É tarde! É tarde! É tarde!... Tenho um encontro importantíssimo com um proprietário de uma grande empresa!
- Espere um momento, por favor!
Sem dar-lhe ouvidos, o pequeno e barulhento coelho passou por baixo da cancela do estacionamento do Shopping, em direção às automáticas e bem lustradas portas de vidro, enquanto fazia o mesmo alarido:
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente! Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! É tarde! É tarde! É tarde!...
- Por aqui, Krish... Vamos ver para onde ele vai!
Então, quando Alice ultrapassou os lustrados limites daquele poço sem fundo de consumo...
- Oh! Me ajudem, estou caindo! Krishhhhhhhhhhh!
Enquanto caia, via passar diante de seus olhos, uma imensidão de símbolos e mais símbolos de corporações, ao mesmo tempo em que barulhentos jingles se misturavam entre si, formando juntamente com as imagens, um conteúdo quase que hipnótico.
- Engraçado! Nunca tinha visto com tanta clareza a infantilidade dos apelos desses anúncios... Olha lá o coelho...
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente! Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! É tarde! É tarde! É tarde!...
De repente, Alice viu-se refletida num encerado piso de mármore de uma redonda sala, repleta de vitrines, com diferentes adesivos de promoções. Na sala, apenas uma pequenina porta, por onde passou apertado o apressado coelho.
- Ah, ele fechou a porta! E agora? Não posso ficar aqui diante dessas frases de engodo. Tenho que sair daqui, mas como? Talvez não esteja trancada.
- Ai! - exclamou a maçaneta. Você está louca?
- Oh, desculpe! Uma maçaneta que fala! Nunca havia pensado nisso antes!
- Está desculpada! Não entendo você... Além de torcer meu nariz com bastante força, não se deu ao trabalho de conferir os coloridos avisos promocionais.
- Sabe, não estou muito interessada nisso! Há tempos que pratico um estilo de vida se simplicidade voluntária.
- Então, o que você está fazendo aqui?
- Estou atrás daquele apressado coelho branco que passou por aqui.
- Ah, aquele imbecil tocando aquela irritante vuvuzela? O desgraçado quase que acaba com os meu ouvidos! Ainda bem que eu estava aberta!
- Posso dar uma espiada se ele ainda está por aí?
- Ok! Pode olhar!
- Dá para abrir um pouquinho mais sua boca?
- Assim está bem?
- Ótimo! Não o estou vendo... Puxa, como ali dentro é bonito! Será que eu posso passar?
- Está maluca? Não tem como passar por aqui com uma consciência desse tamanho. Faz o seguinte...
- Diga!
- Está vendo aquela garrafinha em cima da mesa?
- Sim! Que tem ela?
- É um combinado de várias marcas de cerveja. Basta algumas gotas de seu combinado teor alcoólico para fazer com que sua consciência "normalize". É só beber um pouco que você "desce redondo" por este espaço.
Quando Alice bebe do concentrado...
- Nossa!... Que doideira! Deu um "tuim" na minha cabeça, sinto-me menor do que realmente sou... Bem, acho que já estou do tamanho de todos que passam por esta porta. Opa! Está trancada!
- Foi mal! Esqueci de lhe avisar que a chave para atravessar esta porta está sobre a mesa!
- Que merda! Nessa mediocridade de tamanho, como é possível para mim acessá-la?
- Está vendo aquele livrinho ali no canto? É um compendio de homens que deram certo. Dê uma breve olhada, mas não vá muito fundo!
- Nossa! - Exclamou Alice, quase batendo sua cabeça no teto do salão. - Acho que me aprofundei demais! - Sem que a fechadura percebesse, Alice retirou rapidamente uma pequena folha do livro, escondendo-a num de seus bolsos.
- Que dúvida!
- Agora nunca mais passarei pela porta! Que eu fiz? Terei que passar o resto dos meus dias, em solidão.
- Ora, ora... Uma moça que subiu nos ombros de homens que viram tão longe, chorando por medos tão infantis! Por favor, pare de chorar ou suas lágrimas, além de lavarem sua alma, vão acabar por me afogar! Depressa, pegue a garrafa e não pense! Beba logo!
- Claro! Por que não pensei nisso antes!... Está funcionando novamente! Estou ficando menor! - Agora vê se não se afoga em suas próprias lágrimas! Use-as para ultrapassar este portal que é a minha boca. Vamos!
Após passar pelo buraco estreito, Alice se vê rodeada por uma porção de abutres surpreendidos pelo mar de suas lágrimas... Depois de um pouco de esforço, todos alcançam uma ilha e iniciam uma dança funk...
- Ei, o que vocês estão fazendo?
- Se liga no movimento! Bundinha prá frente, bundinha prá traz, agora senta e levanta... bundinha pra frente, bundinha pra traz...
- Nossa! Que movimento horroroso!
- Se liga! Assim você nunca conseguirá fazer parte!
- Mas eu não estou querendo ser parte... Quero ser inteira!
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente! Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! É tarde! É tarde! É tarde!...
- O gordo coelho branco!
- Desculpe não me fundir ao seu balanço, mas tenho que ir andando!
- É tarde! É tarde! É tarde! Estamos atrasados, eles vão sair na nossa frente!
- Seu coelho, espere!
De repente, Alice viu-se de frente com uma encruzilhada pra lá de paralizante. Diante de seus ansiosos olhos, placas de várias seitas prometendo pelo único caminho verdadeiro.
- Nossa! Quanta baboseira! Como pode tanta gente seguir atrás disso tudo! Não quero nada disso! Só quero saber qual é a do coelho branco. Pra que lado será que ele foi?
De repente, uma voz sedutora, do nada surgiu.
- Ah, belezura! Isso depende de para onde você vai! A maioria que chega aqui, por não saber bem o que procura, acaba se perdendo numa dessa placas de ilusórias promessas.
- Essas promessas para mim nada importam!
- Tem certeza? Nenhum desses caminhos lhe importa? Nenhum deles lhe chama atenção? Tem certeza?
Dito isso, deixou surgir seu corpo por cima de um desgastado tronco.
- Mas veja só... Um belo modelo de gato!
- Não um gato qualquer! Sou um divino diplomata! Você deve saber que existe uma grande diferença. Falam diferentes coisas a meu respeito.
- Para mim, não me importam as opiniões, gosto de lidar com fatos. Quero saber se você tem sabedoria.
- Minha cara, mais do que isso: prudência e vivacidade!
- Se é tudo isso, com certeza poderá me ajudar. Estou atrás de um gordo coelho branco.
- Se eu fosse você, então procuraria antes pelo louco de colarinho branco e a lebre maluca.
- De gente louca, já chega de onde venho.
- Então sinto lhe informar: está perdendo seu tempo, pois aqui só tem gente louca.
- Bem, se todos por aqui são assim, já estou escolada. É só dar a eles o que eles querem: prestigio sem qualquer tipo de contradição ou questionamento. Fácil. Com jeitinho, você dá a eles um litro de leite, que sem querer eles te devolvem uma vaca inteira. Se bem que não funciona com todos, alguns estão muito comprometidos. Espero que não seja o caso desses dois.
Sem a menor hesitação, Alice deixou as coloridas placas e seguiu o caminho indicado pelo gato. Não muito distante dali, pode começar a ouvir um barulho festivo.
- É pic, é pic, é pic, é pic, é pic, é hora...
- Não brinca! Será que até aqui insistem nessa musiquinha babaca? Só faltam cantar aquela do " com quem será?"...
- Quem é você?
- Pensando bem, ainda não sei. Você poderia começar nosso primeiro contato com uma perguntinha menos difícil. Posso saber o que vocês estão bebendo? Espero que não seja cerveja. Até hoje não consigo entender qual é a graça que as pessoas vêem nessa bebida.
Dito isto, esticou sua mão em direção ao bule...
- Não se atreva, mocinha! Não pode se sentar sem apresentação de seu curriculum vitae.
- Mas há muito lugares desocupados!
- Não interessa! Sem um expressivo curriculum vitae não tem jeito. Posso saber quem te indicou? é muita indelicadeza sua querer ocupar uma cadeira sem ao menos ter sido indicada.
- Sim, in-de-li-ca-de-za! - Retrucou a lebre maluca, colocando o dedo indicador em seu nariz.
- Ora essa! Sinto muito! Não queria interromper seu aniversário. Aliás, confesso que sempre detestei esse tipo de festa. É sempre a mesma ladainha: um monte de crianças pentelhas, com seus barrigudos pais disputando quem tem mais conquistas, enquanto as mães, junto com as avós, na cozinha tratam de falar da vida de alguém não presente na festa. Sem falar naquele monte de funcionários vestidos feito babacas, com seus sorrisos amarelos tentando fazer a festa atrativa. Quer saber: acho tudo isso um saco!
- Aniversário? Menina, sinto lhe dizer que você está muito enganada. Isto é uma festa de desaniversário!
- O que é isso?
- Que mania abestada essa sua de fazer perguntas... Nunca se deu conta disso?
- Disso o que?
- Todo mundo puxa seu saco uma vez por ano para depois enche-lo novamente durante 364 dias. Num dia todo mundo te ama, nos outros, quase sempre você é alvo de maliciosas fofocas.
- Pensando bem, faz sentido. Sendo assim, mereço uma xícara do que quer que seja que vocês estejam bebendo, afinal de contas, hoje também é meu desaniversário.
- Nesse caso! Muita merda para você, menina!
- Obrigado! Dispenso o irritante Pic-Pic! Quero apenas um pedaço de bolo!
Mal tinha acabado de falar, a lebre maluca enfiou a grossa fatia de bolo em seu rosto. Limpando os olhos, enquanto a lebre quase se desmanchava de tanto rir, exclamou:
- Não gostei nenhum um pouco dessa brincadeira.
- Deixe de ser hipócrita menina. Só fizemos com você aquilo que você sempre quis fazer com os outros mas que nunca teve coragem para fazê-lo. Não é verdade?
Apesar da raiva, não havia como contrariá-los.
- Agora, o Abutre vai dizer algumas palavras! - exclamou o louco de colarinho branco.
- Abutre? Até aqui? Duvido que diga alguma coisa que se aproveite!
- Pensando bem, já falou demais. Aliás quase todo mundo que fala demais, nunca tem nada a dizer.
- Por favor, menina, assuma a audiência trocando de lugar com ele. Mas antes, de entrar no ar, puxe um pouquinho mais seu vestido para cima. Está muito comprido. Tem que aparecer as calcinhas, senão, nosso ibope vai lá pra baixo.
- Xi! Pelo visto, até aqui é a mediocridade que dá ibope!
- Mediocridade? Vamos mudar de assunto! - Gritou a lebre louca.
- E por falar em mediocridade... Por que um partido se chama partido, ao invés de "inteiro"?
- Acho que sei responder, senhor louco de colarinho branco!
- Então, responda! - Desafiou cruzando os braços e batendo seu esquerdo e lustrado sapato preto junto ao solo.
- Porque é formado por fragmentos e não por inteiros.
- Cuidado... Cuidado! Ela deve estar ficando louca! Menina, você não tem medo que algum advogado de plantão escute sua afirmação?
- Medo por que? Você não assiste televisão? Tendo dinheiro, sempre se consegue um "habeas corpus" (apesar desse não ser o meu caso).
- Não fique nervosa por isso, menina! Que tal uma xícara de chá de "corruptus catives"?
- Chega! Vocês conseguiram me entediar demais. Não tenho tempo para perder com tanta idiotice. Adeus!
- Ora, ora minha cara colega, não fique brava! Que tal fazermos uma aliança? Pode ser um bom esquema para todos nós! Por favor, volte aqui, ou melhor, vote aqui!
- Esse foi o "Pic-Pic" mais besta de todos os tempos!... Estou ficando cansada de andar atrás daquele gordo coelho branco e também de todos os tipos malucos daqui! O pior é essa inquietude aqui no peito que nunca passa. Meu corpo dói todo; as costas parecem que vão estourar. Quero tanto voltar para casa!... Sinto que andei tanto, mas me sinto perdida! Talvez o caminho seja mesmo uma terra sem caminho, um verdadeiro deserto de mim mesma. Só espero que não seja por muito tempo. Bem, quando a gente está perdido e exaurido num deserto, o lance é torcer para que "algo" encontre a gente... Só espero que esse "algo" não me destrua...
- Sim! Chamou, senhorita?
- Quem está aí?
- Quase eu! Como você, ainda não estou inteiro!
- Estou perdida, ao menos isso eu sei!
- Isso é um bom sinal! Só os que sabem estar perdidos é que podem se encontrar!
- Por favor, dispenso sua filosofia de prateleira! Só quero saber se você pode ensinar o meu caminho!
- Se o caminho é seu, como posso lhe ensinar?
- Sei lá? De onde venho, está cheio de gente dizendo saber o melhor caminho para mim, contanto que eu assine seus "bentos carnezinhos"!
- Ah, menina! Por que você não faz como a grande maioria das meninas da sua idade: finja que é feliz! Aparente felicidade!
- Sinto muito, mas, quem vive de aparência, só aparentemente vive! Preciso saber qual é o meu caminho. Então, vai me ajudar ou não?
- Sinto muito lhe dizer mas, você não tem caminho. Quem sabe a empresa possa lhe ajudar!
- E onde posso encontrá-la?
- Vai até o final desse corredor, perto daquela grande loja de inconveniências convenientes... Tem uma escada rolante, desça mais dois andares. Fica bem lá no fundo! Só um detalhe: quem avisa amigo é! Não faça a empresa perder a cabeça e fique bem de olho na sua! Faça como o padre: um olho na missa e outro no santo!
- Credo! Que analogia besta! Detesto padres. Aliás, detesto todos que vem com aquela vozinha mansa de quem se diz "deificado". Sacou? Aquele tipinho lobo em pele de cordeiro com direitoa vídeo no YouTube. É preciso muito cuidado com esses tipos, principalmente estar atento se seus cintos e zippers estão bem fechados.
Ao chegar ao término das escadas, bem no fundo do corredor, Alice se depara com o saguão de recepção da empresa...
- Puxa! Até que seria um lugar maravilhoso se a maioria das flores não fossem de plástico. Não consigo entender essa fixação dos adultos pela plasticidade das coisas. Insistem em colocar plástico em tudo. Como se não bastasse o plástico, agora tem também o tal do silicone. Ei, quem são vocês com esses enormes crachás? Podem me dizer por que estão pintando as rosas de vermelho?
- Olha só, na real, eram para ser vermelhas, mas digitamos o código errado no Palm Top e o sistema acabou enviando as flores brancas. Se a empresa souber, nossas cabeças vão rolar.
- Só por causa de um erro no sistema?
- Sim!
- Nesse caso, como sou contra o sistema é melhor eu ajudá-los. Se bem que por vezes, perder a cabeça pode ser um grande sinal de saúde.
- Xi, ferrou! Lá vem a empresa com toda equipe de puxa-sacos!
- E agora? Que faço? Nunca estive diante de uma empresa!... Mas olha só! Não é que o apressado coelho é parte integrante da empresa?
- Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! E agora para você e a sua família o melhor da melhor das piores empresas... Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu!
- Então é por isso que ele estava tão apressado! Ele precisava anunciar as qualidades da empresa. Acho que corria tanto, por medo de ser "degolado". É o ego nunca quer ficar de lado.
Com a pseuda segurança de quem sofre de um brutal complexo de inferioridade a empresa de forma barulhenta se manifestou:
- Quem ou o que é isso aí? Você marcou horário com minha secretária?
- Não sei, senhora! Com certeza não é um dos nossos. Talvez uma espiã da concorrência. - respondeu o pequeno contador.
- Bem, seja o que for, fale logo! Pare de esfregar as mãos feito aprendiz empresária e apresente-me logo sua dinâmica! E acho mais do justo que você diga sempre: sim, senhora!
- Sim, senhora!
- Onde está o seu crachá? Cadê seu curriculum? De que agência você vem e para que veio?
- Meu nome é Alice e estou tentando encontrar o meu caminho de volta para casa!
- O que quer dizer com o "seu" caminho? Fique sabendo que aqui não existe estrada de mão dupla. Todos os caminhos devem apontar na minha direção. Entendeu? Ou você serve a mim, ou você não serve!
- Mas eu ia lhe perguntar...
- Aqui quem faz as perguntas sou eu! É pegar ou largar! Se não quiser fala logo pois não tenho tempo a perder. Tempo é dinheiro! E para ter dinheiro, cabeças tem de rolar sempre! Ou me dá o que é meu, ou sai da fila que atrás tem gente!
- Mas...
- O que? Quem aprovou as rosas vermelhas?
- A senhora que pediu!
- Eu que pedi? Cadê o romaneio? tem a ordem de serviço?
- Não, não senhora! A culpa não é minha, é da administração.
- Não vem não! Não tenho nada a ver com isso! A culpa é da expedição!
- Vai se fu... Não tenho nada com isso! A culpa é do office-boy!
- Não quero saber... Cortem-lhes as cabeças... Vocês estão despedidos!
- Que horror! Nunca vi algo tão desumano assim! - Pensou Alice, bastante assustada.
- Você joga golfe?
- Eu... Hã... Sim, senhora!
- Então, providencie o inicio do jogo. Jogue o jogo, menina, jogue o jogo!
- Piãozada, depressa a seus postos. A empresa está estressada!
- Pegue logo um dos tacos e vamos começar... Quem vamos mandar primeiro para o buraco?
- Senhora, preciso lhe passar uma informação... Nunca joguei esse jogo?
- Como não? Que é isso menina? Você não tem ambição? Não vá me dizer que é mais um desses acomodados que não tem nada para acrescentar? Você tem que ter ambição... Tem que querer a custas dos outros alcançar novos buracos... Caso contrário, quem vai para o buraco é você! Vamos, atire! Você precisa ganhar todas as provas! Precisa ter visão acima da concorrência!
Pouco depois...
- Senhora, cuidado, pare! Espere um pouco, por favor!
- A cabeça de alguém vai rolar por isto! E será a sua, menina!
- Mas, senhora... Ela não poderia ser ouvida antes numa reunião? - Perguntou o contador.
- Reunião? Humm... Adoro reuniões! Elas me dão um ar de importância. Adoro ver o medo estampado nos rostos dos meus subordinados! Tragam o office-boy!
- O office-boy não, senhora! A reunião é sobre a menina!
- Mas como? Isso estava na pauta?
- Sim, senhora!
- Cabeças precisam rolar por isso!
Momentos depois, na grande sala de reuniões...
- Senhora empresa, membros do conselho deliberativo, advogados e associados! A estagiária aprendiz universitária, é acusada de fazer a empresa perder para a concorrência, o que fez com que a empresa perdesse a paciência.
- A estagiária aprendiz estava sobrecarregada para gerar tal desempenho?
- É que nunca joguei o jogo...
- Ainda não terminei, menina.
- Mas...
- O que o conselho deliberativo tem a dizer?
- Infelizmente você ficou abaixo da média. Sua falta de foco ao resultado, quase nos colocou num buraco. Sua performance, sua falta de vigor e de decisão na prova anterior faz com que nosso voto seja favorável para você ser despedida.
- E qual a opinião dos advogados e associados?
- Assinamos o voto do conselho deliberativo uma vez que não conseguimos entender alguém que traz consigo algo que poderia ser usado como uma vantagem competitiva, um diferencial, e que não faz uso do mesmo para proporcionar ganhos para empresa. E, por não ter a empresa como fator primordial de sua existência, nosso voto é para que ela seja despedida.
- Mas todas as partes não devem ser ouvidas? - Perguntou Alice.
- Os interesses da empresa sempre em primeiro lugar! - Exclamou bravamente a empresa.
- Há... senhora, não poderíamos "preparar" primeiro umas testemunhas e "comprar" alguns jurados? - Perguntou um dos advogados.
- É... Acho que não seria nada mal. Alice, quero agradecer a participação de você aqui e pedir que volte para a sala ao lado e aguarde pela nossa "Justa" decisão final.
- A primeira testemunha... O coelho Marketeiro!
- Que sabe você a respeito dos métodos desta empresa contra a menina?
- Nada.
- Nada mesmo?
- Nada mesmo!
- Isso é muito importante! Entenderam, jurados? - Gritou a empresa.
- Sim, senhora. Todos entendemos e estamos em acordo comum.
- A testemunha seguinte:... Chamem o Abutre!
- O que você tem a dizer sobre os restos de tudo isso?
- Muito bem! Não vejo como um Abutre como eu...
- Essa é a prova mais importante até agora! Tragam novamente ré!
- Senhora Empresa, gostaria de saber como é que você consegue fazer com que coisas sem importância sejam vistas como de profunda importância para a grande maioria das pessoas não pensantes.
- Cale a boca!... Mande entrar a testemunha seguinte!
- Aí está ele novamente nas paradas de sucesso!
- Quem está aí?
- Um gato sedutor!
- Um gato sedutor? Aiiii, você disse um gato sedutor?
- Salvem a empresa!
- Depressa, menina! A nova campanha! Pronto! Ponha esta nova campanha no nariz da empresa e ela voltará a se acalmar!
- Eu é que preciso fazer isso?
- Depressa, menina... Uma nova campanha!
- Aqui está senhora!
- Pronto! Pegue estes cartazes e banners e você ficará com o mérito de haver salvo os lucros da empresa!
- A cabeça de alguém vai rolar por isso! Alguém deve ser despedido! Ah, então é você a culpada! Chamem os abutres! - Bradou a empresa aos quatro cantos!
- Eu? Protesto! Eu não fiz nada! - Gritou Alice, enquanto enfiava as mãos nos bolsos de seu avental, onde encontrou um pedacinho de papel com alguns apontamentos dos livros que fazem a consciência das pessoas crescerem.
- Cortem-lhe a cabeça! Joguem-a para os abutres! - Gritou loucamente a empresa.
E então tendo sua consciência expandida, por uma unica frase lida no pedaço de papel, Alice virou-se para a Empresa e perguntou...
- Bem, senhora empresa, o que dizia a senhora, mesmo?
Com medo de perder sua posição diante do mercado por perceberem sua insegurança, a empresa tentou um acerto:
- Nada não, querida! Tudo não passou de um mal entendido causado pela falta de informação.
Mas antes que a empresa pudesse fazê-lo, Imediatamente, um dos advogados da empresa, munido dos estatutos disse:
- Artigo 44: "Toda pessoa que apresente consciência expandida deve ser excluída do network da empresa, sendo deixada ao ostracismo".
- Ah, é? Prefiro mil vezes a minha consciência expandida dos que as migalhas dependentes de vocês. Não tenho medo nenhum de vocês! Vocês não passam de uma associação falida a longo prazo!
- Quanto a senhora, não é uma verdadeira empresa! É apenas uma medíocre tirana exploradora, um tanto metida a multi-nacional, cercada de esfomeados abutres por todos os lados.... O que está acontecendo? Parece que estou encolhendo novamente...
- E então, menina desajustada! O que dizia mesmo? Perdeu uma grande chance de ficar calada e de bancar a contente.
- Chamou de tirana exploradora! - Espicaçou o Abutre!
- Cortem-lhe a cabeça! Você está despedida! A ela, seguranças! Não a deixem fugir com informações da empresa! Cortem-lhe a cabeça!
Nisso, desvencilhando-se das garras da segurança, Alice colocou-se a correr...
- Preciso urgentemente achar meu caminho de casa antes que seja tarde!
- Cortem-lhe a cabeça!
- Vuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vuuuuuuuuuuuuuuu! Cortem-lhe a cabeça!
- Seu coelho, por favor, o senhor não poderia me mostrar o caminho para sair daqui?
- É indelicado ir embora sem antes tomar uma xícara de chá corruptus catives!
- Não tenho tempo, a empresa quer tomar minha cabeça.
- Cortem-lhe a cabeça antes que sua consciência novamente se expanda! Cortem-lhe a cabeça!
- Oh, nossa! Ela está cada vez mais perto! Não posso me tornar cativa!... O que está acontecendo? Tudo parece estar ficando cada vez mais escuro!...
...
- Alice... Alice... Acorde! Acorde! está na hora de você acordar! Você precisa acordar!...
- Hã, o que?... Ufa! Tudo não passou de um sonho! Que alívio!
- Muito bem! Sonhando, em vez de ouvir as novidades! Não entendo você, Alice... Não entendo essa sua recusa pela sedução da fama, do poder, do conhecimento controlador de fortuna. Não consigo entender do por que de você querer ser sempre tão diferente das pessoas normais e de sucesso.
- Se existe um Deus, que fique com todo sucesso e que não se esqueça de me manter livre de ser normal. Mas, uma coisa eu quero saber de você!
- Sim?

- Alguma vez você já sentiu em cada célula de seu corpo, o resultado de virar "Roma" do avesso? Se não, qual o sentido de toda essa merda?





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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!