Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

29 junho 2009

Nesta Terra de Gigantes

Nesta Terra de Gigantes
Que trocam vidas por diamantes
É perigoso parar para pensar
Sobre o Itinerário da Mesmice...
Passam por cima em poucos instantes...

28 junho 2009

Aviso aos navegantes

Se encontrares krishnamurti em teu caminho, mate-o.

23 junho 2009

Amanhã vai ser outro dia

Caro amigo, espero que você esteja vivendo bons momentos!

Por aqui, continuamos no processo com muita transpiração e raríssimos momentos de inspiração. A cada dia que passa, mais notório e inconformante se apresenta este itinerário da mesmice. Sinto fortemente as células deste corpo se apresentando cada vez mais arredias diante das atividades e relacionamentos que ainda tenho que manter para poder custear esta cara existência desprovida de real sentido.

Depois de duas semanas de férias, sendo uma delas na maravilhosa paisagem de São Thomé das Letras, sinto que aceitar a impessoalidade desumana e acelerada desta cidade capitalista é o mesmo que aceitar de bom grado cumprir "pena de vida".

Escrevo isto por que tenho certeza que você, assim como eu, também não se conforma - como a grande maioria não pensante - a se ajustar a esse insano modo de existir empurrando a existência com a barriga, com a ajuda de muita gordura, bebidas, altas doses de calmantes, de consumo compulsivo, de carnezinhos carismáticos, ou de sei lá mais o que.

Gostaria de pode estar lhe descrevendo outra realidade, mas, sendo sincero, não está nada fácil. Os ilusórios pontos de apoio emocional já não existem mais. Caíram por terra todos os totens, deuses e mitos. Ficou apenas a observação do que aqui dentro se apresenta diante dos fatos que lá fora se desenrolam. Não há mais como fazer parte da tietagem de algum ser tido como realizado ou dotado de "profunda espiritualidade" (que coisa ridícula). Frases, textos, livros de auto-ajuda, uma postura de "espiritual" em sites, fóruns e comunidades de Orkut, não fazem sentido algum. Mesmo o site Cuidar do Ser, que já foi a menina dos meus olhos, para mim, a cada dia que passa, menos significa e digo-lhe que tenho pensado seriamente em encerrar suas atividades.

Pode até parecer doença, mas, enquanto todos correm de maneira irrefletida, fico aqui sentado diante da mesmice que parece segurar a força os ponteiros do meu relógio e, quando a madrugada se apresenta, com ela se vai a vontade de dormir. Sinto que esta recusa ao sono, parece uma tentativa do corpo em atrasar a dolorosa experiência de mais um dia de mesmice. Essa experiência em nada se assemelha com as desgastantes madrugadas de insônia naqueles dolorosos períodos de depressão do passado. Aliás, sinto que nunca estive tão lúcido nestes meus quarenta e cinco anos. Tirando o itinerário da mesmice, não há do que reclamar ou mesmo com o que lutar.

Fico me questionando sobre o que estaria me impedindo de descobrir uma maneira de viver a vida em sua plenitude. Recuso-me a aceitar que a vida seja só isto... Não faz sentido algum nascer numa família disfuncional, passar anos e mais anos tentando sobreviver dentro dela, experienciar uma profunda depressão iniciática, pós graduar-se duas vezes com estes benditos períodos de crise, passar vários anos tentando colocar a casa emocional em ordem, libertando-me de excessos condicionantes e terminar aqui nesta mesmice sufocante.

Há cerca de um mês, depois de uma breve e séria conversa com minha companheira Deca, que como eu, a cada dia mostra-se mais e mais inconformada com este insano modo de vida coletivo, decidi puxar o breque de mão. Além de não estar me organizando profissionalmente, dispensei algumas empresas que não me valorizavam e somente queriam me explorar. Reduzi ainda mais meus custos a fim de poder ter mais tempo para ficar ocioso e quem sabe ter um insight que possa me brindar com maior lucidez. Afastei-me de grupos e pessoas, ainda que algumas delas me fossem muito queridas, com as quais percebi não poder manter uma verdadeira relação nutritiva. Como pode fazer idéia, caiu bastante o número de pessoas com as quais me relaciono e, mesmo entre estas poucas, apenas duas, como eu, conscientemente declaram sua insatisfação existencial. As demais, quase sempre versam sobre assuntos periféricos ou do cotidiano comercial – não que isso seja um problema – mas, no entanto, são assuntos dos quais não tenho o menor interesse; somente os mantenho em respeito a tais pessoas que me são queridas.

O fato é que esse tipo de conversa de cunho comercial faz parte do consenso geral, eu é que não me ajusto a esse tipo de assunto (como em outras tantas coisas mais). Quase sempre, ao perguntar a alguém sobre como vai a sua vida, imediatamente a mesma começa a disparar seus últimos feitos na empresa da qual momentaneamente faz parte. Se o assunto não for a empresa, com certeza, será sobre seu relacionamento afetivo... E assim, fico sabendo um pouco sobre seu emprego ou seu relacionamento, mas nada sobre seu íntimo e, não raro, se faço alguma pergunta um pouco mais pessoal, esta pessoa trata logo de escapar de um contato mais íntimo dizendo que gostaria de estender nossa conversa, mas que a mesma terá que ficar para uma próxima oportunidade, uma vez que no momento se encontra "morrendo de pressa". Veja bem: morrendo de pressa... O pior é que estas pessoas falam de sua triste realidade sem ao menos se escutarem... "morrendo de pressa"!

Pois bem, por este ângulo, a vida parece mesmo ser uma grande piada de mau gosto... Enquanto a grande maioria aceleradamente vai morrendo de tanta pressa, outras poucas como eu, parecem morrer lentamente, conscientes dessa mesmice sem sentido.

É isso aí amigo! Vou ficando por aqui, tentando manter a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranqüilo e com a esperança já tão bem cantada em outros tempos pelo velho Chico:

"Amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser outro dia"...

Um forte abraço,

Seu sempre amigo,

Nelson Jonas


Somos todos um

16 junho 2009

Como é por dentro outra pessoa

No homem esta arte da simulação atinge seu auge: decepção, bajulação, mentira e trapaça, falar pelas costas, pose, viver com esplendor emprestado, ser mascarado, o disfarce da convenção, desempenhar um papel diante dos outros e de si mesmo – em suma, o constante alvoroço em torno de chama única da vaidade é de tal forma a regra e a lei que quase nada é mais incompreensível do que uma honesta e pura ânsia pela verdade ter surgido entre os homens. Eles estão profundamente imersos em ilusões e imagens oníricas; seus olhos só deslizam sobre a superfície das coisas e vêem ‘formas’; seus sentimentos em ponto algum levam à verdade, mas se contentam com a recepção de estímulos, jogando, por assim dizer, um jogo de cabra-cega pelas costas das coisas” (NIETZSCHE. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, 1873).

14 junho 2009

Convocação Geral

Assista o vídeo abaixo...

Itinerário da Mesmice

Acordamos há pouco; metade do dia já se foi.

Na padaria, encontramos com dois antigos conhecidos (se é que alguém conhece alguém), visivelmente afetados por uma madrugada de auto-esquecimento químico. Triste!... Enquanto uns buscam por respostas, outros buscam por fugas... Uma maneira química que facilite, como eles mesmos dizem, empurrar a vida com a barriga.

Apesar do sol e o céu de um belíssimo azul, a temperatura está bem fria e o sentimento de incompletude bate forte, trazendo com ele, as questões de sempre...

Qual o sentido de uma existência desprovida de vida em abundância?

Que atividade na vida de relação pode mostrar-se com real sentido?

Será que devo me conformar em ser apenas mais um em busca de entretenimento para as manhãs de domingo, silenciosamente aflito, pela aproximação das pesadas manhãs de segunda-feira?

Já não há mais onde buscar respostas, uma vez que consciente me encontro de que nada externo possa proporcioná-las. Já não me contento com o legado da experiência de terceiros... Muito menos com uma pequena mudança e melhora referente ao meu modo passado de existir. As explicações do outro, a respeito do sentido da vida, por melhor que sejam, não mais me alimentam.

Se a origem das questões é interna, onde mais poderá estar às respostas a não ser na mesma origem? Qual é a lógica de continuar buscando fora?

Não quero passar meus dias pesquisando em textos e vídeos de terceiros a respeito dos meus sentimentos; sinto ser verdade a máxima de que preciso ser uma luz para mim mesmo. Passar a tarde sentado diante da tv assistindo palestras de seres possivelmente "realizados", já não cabe mais em meu viver.

O sentimento de impotência é enorme... As respostas não se apresentam...

O sol agora está bem mais forte e a incompletude, talvez pelo fato de estar escrevendo sobre meus sentimentos, se faz suportável.

Não é nada fácil, de cara limpa, deparar-se com o itinerário da mesmice, com o deserto do real.

Do outro lado da rua, alguns homens, bastante eufóricos, retornam da partida de futebol dominical. Como eles, por anos e anos, também anestesiei o vazio da minha existência correndo atrás de uma bola... (os que não conseguem mais correr, o fazem diante da TV). Não dá mais...

Será um fato a existência de algo que possa tornar nova todas as coisas, todas as atividades e relações?...

Como nas palavras da minha querida companheira Deca, "hoje o bicho tá pegando"....


01 junho 2009

Solve et coagula

Não é um trabalho de um artista dar ao público o que o público quer. Se o público soubesse o que quer, eles não seriam o público, e sim seriam o artista. É o trabalho de um artista dar ao público o que ele necessita. – Alan Moore
Primeiro Ato

Chega!

Mil vezes um varredor de rua feliz, do que um normótico de sucesso... Mil vezes um rebelde insatisfeito do que um morno satisfeito; um Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito.

Recuso-me de vez à padronização cultural que me força a este estado de constante mediocridade.

Sim! Estou ciente de que não é fácil ser do grupo diferente e arriscado demais resistir ao ambiente...

Mesmo assim... Serei persistente!

Não quero com o avançar da idade, ter num corpo decadente, coração e mente dormentes, na poltrona retraído, distraindo-me com o débil movimento frenético de um controle remoto.

Chega!

Não dá mais para disfarçar este constante medo da vida, este medo da luta e das experiências novas, que aos poucos me rouba o espírito de aventura e o frescor da novidade.

Quero de vez me sentir livre do medo de ser e pensar diferente, ainda que em total desacordo com o padrão socialmente vigente.

Na verdade, farto estou desse falso respeito à arcaica e disfuncional tradição e autoridade...

Quero bradar por todos os cantos deste imenso palco da vida, a beleza deste espírito de descontentamento e de revolta, que agora, me toma por completo...

E não me venha com tuas frases prontas ou com teus arcaicos sistemas de crença organizada, pois os mesmos... Não conseguem mais me iludir... Tudo isso pode ser muito eficaz para distrair um infeliz iludido, mas não a um feliz insatisfeito consciente.

E tem mais: recuso terminantemente essa ilusória felicidade de segunda mão; quero descobrir algo original, pois até aqui, no que diz respeito à verdadeira felicidade, nada do que me foi dito teve valor.

Cansei de acreditar em políticos, governos e em sistemas de crença organizada, a qual erroneamente, muitos chamam de religião. Nenhuma destas instituições me quer psicologicamente autônomo e auto-suficiente: sei que isso me tornaria um problema para eles.

Mesmo assim: quero deixar de ser ajustado, mecânico e desprovido de surtos criadores.

Já não há mais como aceitar, como a grande maioria, sem a mínima reflexão, aos poucos me consumir consumindo as idiotices criadas por um idiota qualquer.

Pois bem: não sei onde, não sei quando e muito menos quem, disse que ousar é o preço do sucesso... Então, aqui expresso: ouso pelo Supremo, ouso pela Excelência de Ser, pois farto estou desse público e estagnante vicio pelo óbvio!

E não me olhe com teus olhos travados de ideologias, pois quero ser livre de toda influência... Já não tens como me reformar.

E o que será de mim? Não demoro a te responder: serei um desajustado, um nada, um anônimo, um ser livre da doentia expressão da vontade coletiva, secularmente imposta por uma minoria desconhecida...

O que será de mim?... Digo já: serei um imoral diante de teus olhos condicionados. Tudo bem! Não faz mal! Não me importa!

E pode ficar com teus usos, costumes, templos e livros sagrados, pois nada disso me serviu para viver a vida em toda a sua plenitude; muito ao contrário, me mantiveram por anos e anos apenas existindo feito um humanóide...

Sim um humanóide... Um escravo livre, preso na falsa segurança de uma carteira de trabalho assinada e na possibilidade de consumir em suaves prestações, numa importada loja de departamento qualquer...

Chega!

Nunca mais negarei minha liberdade de expressão, minha originalidade em nome das migalhas da aceitação parental e social...

A partir de agora, de todas as minhas células expurgo os tóxicos e familiares "você tem que" - os quais durante anos me mantiveram preso num ciclo vicioso de medo, culpa e vergonha e que por pouco não fragmentaram por completo meu canal com a Suprema Criatividade.

Chega, pois a partir de agora, Eu decido: serei um artista, um ator, um cantor, um poeta, um dançarino!

O que?... Achas que estou ficando louco?... Ora, ora! Que beleza!... Levam-se anos para chegar nesta santa loucura que a tudo cura.

Portanto, chegue mais perto e olhe... Olhe bem fundo em meus olhos – se é que consegues não desviar os teus dos meus - e veja o que agora ocorre: o velho homem está em seu leito de morte... E não ouse tentar ressuscitá-lo! Deixe que morra!...

Deixe que morra, feito que a morte do antigo é o nascimento do novo!...

Como sei que a estúpida maioria abomina a tristeza e vive a fugir da dor, ainda que doloroso, digo: deixe-me aqui insatisfeito, descontente... Porque debaixo da superfície prospera de minha vida passada, só rotina, frustração, ansiedade, desespero e ilusão eu experimentava.

Portanto, é com seriedade que imploro: deixe que o velho morra!...

Deixe-me ser por livre e espontânea vontade um ser humano dolorosamente sensível...

Chega!

Cansei de fazer parte da enorme massa de manobra sobre a qual, os poucos espertos inconscientemente prosperam materialmente num compasso espiritual decadente. Deixe-me só...

(fim do primeiro ato)

.................................

Segundo Ato

Sim!...

Programado...

Não passo de um computador ambulante. Um ser biológica, física, mental e intelectualmente programado...

É triste constatar, mas, desde criança, programado para ser funcional... FUNCIONAL!...

Para ser um especialista, para ter uma vida em compartimentos, dos quais boa parte deve ficar sempre hermeticamente fechada numa vida de fachada... Um especialista, um mísero ser limitado numa limitada área...

Não passo de uma diabólica e formidável propaganda religiosa, política e cultural, um ser humano de segunda-mão que a tudo aceitou sem a mínima indagação.

Pudera, tanto em casa como na escola sempre proibido me era qualquer tipo de indagação...

É assim e pronto!... Cala a boca e vai pro quarto!... E se falar mais, apanha!... Quer ir para a Diretoria?...

Veja só: um descartável processador de informações de terceiros movido por mouses sem fios... Como não vês: isso é ótico!

Diga-me logo: que fizeram da minha originalidade? Onde está a minha autenticidade? Por que me conformei a repetir crenças feito cativo papagaio sobre o olhar de seu senhor?

Agora vejo que essa programação que "funcionou" por muitos anos, por pouco não me desintegrou. E agora? Como formatar de vez esta HD cerebral? Como liberar a pesada carga que mais que temporariamente mantenho em minha memória? Como ser novamente um indivíduo?...

Sinto medo...

Só de pensar em me abster de tudo que venho tendo como certo há tantos anos...

Meu corpo já começa a dar sinais...

Devo estar ficando louco...

Isso não pode ser real!...

Mas como negar de forma consciente, isso que nas entranhas sinto visceralmente?...

Não!... Nada disso tem a ver com o ser que nasci para ser.

O pior é essa mente que não silencia, com esse acumulo de palavras, esse monólogo de incessante agressividade...

Palavras, palavras e mais palavras... Sou um enorme arquivo de palavras de terceiros que nunca silencia...

Não vês que elas são parte de processos egocêntricos a serviço de interesses egoístas que precisam urgentemente ser colocadas de lado? Consciente que uma mente repleta de palavras não passa de uma mente vulgar e estúpida, digo já: preciso de silêncio... No entanto, onde encontrá-lo?... Como consegui-lo?...

Como posso aspirar pela Suprema Criatividade, pela Excelência de ser, se feito um ser programado, caminho com uma mente amontoada de símbolos?...

Chega! Não há mais como viver de símbolos, pois os mesmos nunca me fizeram alcançar o simbolizado! O símbolo é algo morto, como um enorme e pesado elefante morto no meio da sala, um enorme empecilho.

Preciso da Verdade, pois tudo isto fede... No entanto, como encontrá-la?...

Chega!

Digo adeus às palavras, símbolos e frases de impacto, pois de nada me servem! Quero sentir-me livre! Livre!...

Palavras, palavras e mais palavras!... No tempo em que eu acreditava em palavras era como outros tantos que falam demais por não ter nada a dizer...

Mas agora, nego-as de vez, pois isso que sinto necessitar pressinto não poder ser descrito em palavras...

Só o que não mais necessito pode ser descrito em palavras. Não percebes a inutilidade de tentar expressar esta coisa verbalmente? Não vês que o fato de que as palavras por mais acuradas e precisas, não tem o poder de transmitir a Realidade?

E não te ofendas, mas, de agora em diante, nego todas as receitas que chamam espiritualidade e que na verdade para mim não passam de uma forma doentia de negar a experiência da completude do Ser. Preciso daquilo que está além das receitas e palavras...

Portanto, chega das palavras de terceiros! Não mais!...

Afinal, não deve um homem sujeito a tamanho sofrimento saltar para fora do seu mundo, em vez de procurar valer-se das histórias de quem "talvez" um dia se achou livre de tamanha angústia?

Decido de vez romper com esse emaranhado de palavras e viver de acordo com a fala mansa e suave que quando em silêncio ouço brotar de meu coração.

Pode te parecer loucura, mas sinto que essa é a única esperança de futuro que me resta... Os demais caminhos, já sei onde vão dar, já estive lá mil vezes antes!

Assim sendo, Deixe-me só...

Não há mais como me contentar com a transitoriedade das paixões, a insuficiência das atividades mercantilistas e triviais e a incerteza da afeição humana...

Preciso de silencio... O silêncio profundo do espírito, onde toda palavra se cala e o Supremo se conhece....

Claro está para mim, que somente uma silenciosa mente inocente, é capaz de absorver o Inimaginável.

(fim do segundo ato)

................................

Terceiro Ato

Espelho, espelho meu:... Será que algum dia já vivi?

Será que faz sentido a vida humana e as atividades sociais terem como único objetivo a conquista da expansão material?

Será que devo me conformar a isso e permitir que tal expansão seja promovida em detrimento da minha integridade espiritual?

Não sei!...

Para onde quer que eu olhe só vejo o culto ao sucesso. Não é a toa que o medo do fracasso seja o maior fantasma que trago há anos em meus sonhos. E poderia ser diferente?

Claro que não!...

Toda minha educação me instruiu à adoração do êxito aquisitivo. Sempre me induziu ao consumismo irrefletido, desde os tempos de menino com Carrinhos de Ferro e o Forte Apache, depois os tênis de borracha com algumas poucas listrinhas e as calças com etiquetas coloridas que custavam os olhos da cara... Acho que começou tudo ali! E ainda vejo o quanto que tantos se consomem por um carrinho de ferro, erroneamente chamado de popular...

Mas se o sucesso é a verdade, por que tantos, apesar da riqueza, da educação e do sucesso profissional que alcançaram, estão tão insatisfeitos com suas vidas?...

Por que essa profunda fome interior que não sabem como saciar pelos corredores dos novos templos chamados de Shopping Centers?...

Ah!... Se ao menos um desses grandes "mortos de sucesso", pudesse voltar para falar através das letras de suas músicas, sobre a crônica incompletude do ser que existindo, sem vida, experimentava...

E, em solidão, são tantos os questionamentos que surgem, quando pelas ruas caminho observando o mundo que se apresenta lá fora...

São nesses momentos, que sempre me surgem os bons questionamentos...

Onde está a simplicidade?

Por que é sempre tão difícil manter-se vivo de forma simples e clara?...

Será que as pessoas de sucesso estão preocupadas com a construção de um mundo melhor?...

Será que isso que chamam de amor é realmente Amor?

Não sei!...

Será que o objetivo da vida é o momentâneo sucesso exterior ou seria o permanente desabrochar do espírito que nos torna realmente humanos?...

O que realmente vale a pena perseguir?... Ter uma mente de valor que ultrapassa as barreiras do espaço/tempo, para além de sete gerações, ou ser uma fragmentada pessoa de sucesso momentâneo?...

Quais as conseqüências de ambas as opções?

Não!...

Decido já: o sucesso não me interessa!

Ele pode ser útil para os macacos do circo, mas não a mim...

O que quero mesmo é saber se é possível ou não viver aqui e agora sem essa doentia, separatista e destruidora ambição, apenas sendo o que nasci para ser.

Quero saber se é possível ser intensamente feliz... Sim! Intensamente feliz, vivendo anonimamente neste mundo, como um completo desconhecido, sem ser famoso, ambicioso e cruel.

E para saber.... Sigo pela estrada menos percorrida, uma vez que o mundo inteiro adora o êxito!...

Deixo de lado a mundanidade e, separado da massa, desse turbilhão inconsciente, sigo ao encontro de mim mesmo.

E resoluto, diante de teus olhos, declaro aqui e agora: serei um artista de verdade...

O que? Não sabes o que é um artista de verdade?

Digo-lhe já, citando-lhe feito um poeta da vida:

O artista é aquele que escolheu como profissão e estilo de vida, o estar em contato constante com sua bem-aventurança. Por isso, aconteça o que acontecer, siga a sua bem-aventurança, e não deixe que ninguém o desvie dela. Há uma voz dentro de nós que diz sempre se estamos na direção certa ou fora dela. E se abandonarmos essa direção para ganhar dinheiro... Perdestes
tua vida... Se estiveres no centro e não conseguires dinheiro.... Ainda terás a tua bem-aventurança...

O que?... Não murmures! Fale mais alto... Queres saber o que sinto ser sucesso?...

Pois bem, sem retrocesso , digo-lhe já e ainda em tom poético:

Sucesso é a compreensão e a dissolução dessa incompletude e sofrimento que não me deixam um só momento...

..............................................

Senhores:
apesar de ainda poder ouvir ecos do constante monólogo de muitas mentes, chegamos ao final do monólogo presente!...

Por favor, por favor... Suplico: nada de palmas!

Acenando digo: tudo bem!... Se assim persistem...

Façam-no com uma só mão!

.................................................

PS - Não me é possível precisar até onde vai a minha paternidade literária nesta obra, pois muito do seu conteúdo, é uma mescla das idéias de tantos espiritualistas que fizeram eco, em meu interior, entre eles, Paul Brunton, Osho, Krishnamurti, Joseph Campebell, Tartang Tulku, Alan Moore e outros. De certa forma, acredito que todos os nossos pensamentos são também alheios, pois fazemos parte de uma imensa Rede Universal de idéias, sentimentos e, também, condicionamentos. Uma Rede é uma Rede, mesmo que seja vista em momentos e por ângulos diferentes. Sou uma parte desta Rede de idéias, esta Rede, que para mim, nos mantém distanciados do Imensurável. Acredito que juntos, compomos esta rede.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!