Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

14 junho 2009

Itinerário da Mesmice

Acordamos há pouco; metade do dia já se foi.

Na padaria, encontramos com dois antigos conhecidos (se é que alguém conhece alguém), visivelmente afetados por uma madrugada de auto-esquecimento químico. Triste!... Enquanto uns buscam por respostas, outros buscam por fugas... Uma maneira química que facilite, como eles mesmos dizem, empurrar a vida com a barriga.

Apesar do sol e o céu de um belíssimo azul, a temperatura está bem fria e o sentimento de incompletude bate forte, trazendo com ele, as questões de sempre...

Qual o sentido de uma existência desprovida de vida em abundância?

Que atividade na vida de relação pode mostrar-se com real sentido?

Será que devo me conformar em ser apenas mais um em busca de entretenimento para as manhãs de domingo, silenciosamente aflito, pela aproximação das pesadas manhãs de segunda-feira?

Já não há mais onde buscar respostas, uma vez que consciente me encontro de que nada externo possa proporcioná-las. Já não me contento com o legado da experiência de terceiros... Muito menos com uma pequena mudança e melhora referente ao meu modo passado de existir. As explicações do outro, a respeito do sentido da vida, por melhor que sejam, não mais me alimentam.

Se a origem das questões é interna, onde mais poderá estar às respostas a não ser na mesma origem? Qual é a lógica de continuar buscando fora?

Não quero passar meus dias pesquisando em textos e vídeos de terceiros a respeito dos meus sentimentos; sinto ser verdade a máxima de que preciso ser uma luz para mim mesmo. Passar a tarde sentado diante da tv assistindo palestras de seres possivelmente "realizados", já não cabe mais em meu viver.

O sentimento de impotência é enorme... As respostas não se apresentam...

O sol agora está bem mais forte e a incompletude, talvez pelo fato de estar escrevendo sobre meus sentimentos, se faz suportável.

Não é nada fácil, de cara limpa, deparar-se com o itinerário da mesmice, com o deserto do real.

Do outro lado da rua, alguns homens, bastante eufóricos, retornam da partida de futebol dominical. Como eles, por anos e anos, também anestesiei o vazio da minha existência correndo atrás de uma bola... (os que não conseguem mais correr, o fazem diante da TV). Não dá mais...

Será um fato a existência de algo que possa tornar nova todas as coisas, todas as atividades e relações?...

Como nas palavras da minha querida companheira Deca, "hoje o bicho tá pegando"....


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!