Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

13 julho 2010

Vou-me Embora pra Consumópolis






parafraseando Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Consumópolis
Lá o supérfluo terei
Lá tenho a mulher que eu quero
Com mls de silicone que escolherei.


Vou-me embora pra Consumópolis
Vou-me embora pra Consumópolis
Aqui no Brasil não sou feliz
Lá o consumo é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que madame dita contente
Por dentro falsa demente
Vem a ser a presidente
Da pátria que nunca tive.


E no shopping farei ginástica
Andarei de ergometrica bicicleta
Tornar-me-ei um patrocinado bad burro
Subirei na socialite pau-de-sebo
Tomarei oleosos banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Pra ver a qualidade da água
Pra lembrar das velhas histórias
Que no tempo de menino
Ali se podia nadar.

Vou-me embora pra Consumópolis

Em Consumópolis tem de tudo
É rota civilização
Tem um processo seguro
De permitir a contravenção
Tem celular em presídio
Tem debilóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Na mídia a rebolar


E quando eu estiver mais triste
Entediado de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar

— Lá sou amigo de ninguém —

Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Consumópolis.



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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!