Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

06 julho 2010

Vômitos sobre o teclado


Há momentos em que é tão grande a minha insatisfação com o que há, que para não sufocar, escrevo. Nesses agudos momentos, por maior que seja o meu esforço, sou incapaz de esconder a qualidade do meu estado de espírito daqueles que ainda não tiveram sua sensibilidade adulterada. Diante destes, não há cosmética capaz de cobrir as verdadeiras cores de uma alma em sufoco. Eles olham e perguntam quase que em afirmativa negativa:
- Você está bem? Mesmo?
E, mesmo para estes, percebo a inutilidade de tentar traduzir o conteúdo que não pode ser descrito em palavras. A melhor tentativa de traduzir o não traduzível, quase sempre se traduz em maior conflito e confusão. Como diz um velho ditado italiano: traduttore, traditore, ou seja, o tradutor é um traidor por não conseguir ser fiel a essência. É como querer traduzir dores de parto em deserto escaldante para um homem que sempre viveu em geleiras. Ou como querer descrever o desespero da falta de luz para quem sempre viveu na escuridão. Nesses momentos de aguda insatisfação, o melhor mesmo é silenciar. Agora, se a dor for insuportável, melhor vomitá-la sobre o teclado, onde os inadequados comentários que não alcançam as súplicas da alma, ao menos podem ser deletados.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!