Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.
29 julho 2008
A magia de escutar
Escutar é uma arte que não se aprende facilmente, mas há nela beleza e uma grande compreensão. Nós escutamos com as várias profundidades de nosso ser, mas nosso escutar é sempre com uma percepção de um ponto particular da vista. Nós, simplesmente nada escutamos; há sempre um filtro dos nossos próprios pensamentos intervindo, conclusões, e preconceitos. Escutar exige quietude interior, uma liberdade da tensão de adquirir, uma atenção relaxada. Neste alerta, contudo, em estado passivo, pode-se ouvir o que está além da conclusão verbal. As palavras confundem; são somente meios de comunicação externos; mas para perceber além do ruído das palavras, deve haver um escutar um passivo, alerta. Assim se pode escutar o amor; mas é extremamente raro encontrar um ouvinte. A maioria de nós somos o acumulado, o conseguindo, os objetivos; nós estamos sempre acrescentando e conquistando, e assim não há nenhum escutar. É somente nesse escutar que se escuta a canção das palavras.
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.