Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

21 setembro 2010

A barriga da mente

A barriga da mente nunca está cheia.

Ele (Ramana) diz que, quando você tem um desejo, digamos que tenha um desejo por um objeto... E é um desejo forte, então existe um foco muito forte nisso. Mesmo quando você está falando sobre outras coisas, com outras pessoas, isso ainda está em algum lugar dentro de você. Uma parte de sua atenção está focada no objeto desejado.

Algumas vezes até suas interações com outras pessoas são apenas uma forma de alcançar isso, porque você sente que quando obtiver isso sentirá uma felicidade tremenda.

Mas enquanto você não tem, existe uma inquietude em você. Você nunca vê o presente, porque está dividido por dentro. E uma parte de sua atenção está com algo que deseja ter. Então, você só está presente parcialmente.

Ouça o que Ramana diz. Ele diz que não existe amor nisso. Não existe satisfação nisso. É apenas um objeto. Mas você imagina que terá um tremendo prazer obtendo esse objeto. E o seu desejo de ter isso está na verdade lhe molestando.

Um dia eu venho e lhe dou esse objeto. E, naquele momento: "ahhh!" Você está em êxtase! Tanta alegria! Tanta plenitude! Mas isso não está lhe dando nada...

Ele diz que, na verdade, o que está acontecendo é que no momento em que você recebe o objeto a sua agitação e inquietude param e você desfruta o estar livre dessa agitação. E isso você interpreta como o prazer vindo do objeto... O prazer vem de você. O apego vem de você. A paz vem de você.

Nós podemos estar fazendo isso com muitas coisas no mundo. Imaginando que um certo estado, certo objeto, certo relacionamento irá nos preencher. Mesmo agora, muitas vezes, nós estamos vivendo no prazer de "preces respondidas".

Mas então, Elas já não são mais, o apetite se foi. Existem sempre apetites novos. A barriga da mente nunca está cheia.

Trecho de um Satsang com Mooji, realizado na Toscana, Itália, 2008.


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!