Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

14 setembro 2010

O coração, o supremo espaço

PERGUNTA - Começo perguntando a mim mesmo “quem sou eu?”, elimino o corpo como não sendo o Eu, o hálito vital como não sendo o Eu, mas não sou capaz de ir mais adiante.

MAHARSHI - Bem, isto é o máximo que o intelecto pode ir. Seu processo é somente intelectual. Na verdade todas as escrituras mencionam o processo apenas para guiar o buscador espiritual a fim de que conheça a verdade. A verdade não pode ser diretamente evidenciada. Daí a utilização deste processo intelectual. Veja, aquele que elimina todo o “não-Eu” não pode eliminar o “Eu” ao dizer “não sou isto” ou “sou isto” subentende-se que deva existir um “Eu”. Este “Eu” é somente o ego, ou o “Eu-Pensamento”. Após o surgimento deste “Eu-Pensamento”, todos os outros pensamentos surgem. O “Eu-Pensamento” é portanto o pensamento-raiz. Se a raiz é arrancada, todos os outros também o serão. Portanto busque a raiz “Eu”, pergunte a si mesmo: “Quem sou eu?”. encontre sua fonte e então todas essas outras idéias desaparecerão e restará o puro “Eu” (Divino).


PERGUNTA - Como fazer?


MAHARSHI - O “Eu” está sempre aí – seja no sono profundo, seja no sonho ou na vigília. Aquele que se acha no sono profundo é o mesmo que fala agora. Há apenas o sentido do Eu. Por acaso você nega sua existência? Você não o faz. Você diz Eu Sou. Veja quem é este Eu.


PERGUNTA - Eu medito pelo método netti-netti (isto não – isto não).


MAHARSHI - Isto não é meditação. Encontre sua fonte. Você deve atingir a fonte sem falhas. O falso “Eu” desaparecera e o “Eu” real será realizado. O primeiro não pode existir sem o último (o Eu Real). No momento há uma errônea identificação do Eu com o corpo, com os sentidos, etc.. Prossiga descartando-se dele se isto é “neti”. Mas a realização só pode ser obtida quando nos fixamos naquele que não pode ser eliminado (o Eu Divino). Isto é “iti” (aquele que é).


PERGUNTA - Quando eu penso “Quem sou eu?”, a resposta vem “não sou esse corpo mortal, mas sou consciência, o Eu”. E subitamente outra pergunta surge, “por que a consciência se envolveu de ilusão?” ou em outras palavras, “por que Deus criou este mundo?”.


MAHARSHI - Indagar “Quem sou eu?”, realmente significa tentar encontrar a fonte do ego ou do “Eu-Pensamento”. Você não deve ter outros pensamentos, tais como “Eu não sou o corpo”. Buscar a fonte do “Eu” serve de meio para se livrar de todos os outros pensamentos. Não devemos dar ensejo a outros, tais como mencionou, mas manter a atenção fixa em descobrir a fonte do “Eu-Pensamento” e pergunte, à medida que cada pensamento apareça, a quem este pensamento surgiu. Se a resposta for “eu capto o pensamento” continue a busca ao perguntar “quem é esse “Eu” e qual é sua fonte.


PERGUNTA - Devo continuar repetindo “Quem sou eu” de modo a torná-lo um mantrã?


MAHARSHI - Não. “Quem sou eu?” não é um mantrã. Significa que você deve procurar aonde em você surge o “Eu-Pensamento” que é a fonte de todos os outros pensamentos.


PERGUNTA - Devo meditar “Eu sou Brahman"?


MAHARSHI - O texto não quer dizer que devemos pensar “eu sou Brahman”. “Eu” é conhecido de todos. Brahman habita como Eu em cada um. Encontre o “Eu”. o “Eu” é o próprio Brahman; você não necessita pensar nisso, simplesmente encontre o “Eu”.


PERGUNTA - Desprezar os veículos não é o que mencionam os livros sagrados?


MAHARSHI - Logo após o surgimento do “Eu-Pensamento” aparece a falsa identificação do “Eu” com o corpo, com os sentidos, com a mente etc.. O “Eu” é erroneamente associado com eles e o verdadeiro “Eu” se perde de vista. Para que se possa separar o puro “Eu” do “Eu” contaminado é que se menciona esta distinção. Mas isso não significa exatamente uma separação do não Eu mas sim uma busca do Eu real. O Eu real é o infinito “Eu”. este “Eu” é a perfeição. É eterno. Não tem origem nem fim. O outro eu nasce e também morre. É impermanente. Veja a quem pertencem os pensamentos mutáveis. Ver-se-á que surgem a partir do “Eu-Pensamento”. Estabilize ou pare o “Eu-Pensamento” e eles cessarão. Pesquise a fonte do “Eu-Pensamento” ou ego e restará apenas o Eu real.


PERGUNTA - É difícil praticar isso. Eu compreendo a teoria, mas como fazê-lo?


MAHARSHI - Os outros métodos são usados para aqueles que não conseguem levar a cabo a investigação do Eu. Mesmo na repetição verbal ou seu pensamento um agente é necessário. Quem é esse agente que está exercendo o ato de repetir? É o “Eu”. Seja esse Eu. Este é o método direto. Porém os outros métodos também acabarão por levar todos a este método direto que é a investigação do Eu real.


PERGUNTA - Eu sou consciente do Eu, entretanto meus problemas não terminaram.


MAHARSHI - Este “Eu-Pensamento” não é puro. Está contaminado pela associação com o corpo e os cinco sentidos. Veja a quem surgem os problemas. É ao “Eu-Pensamento”(ou ego). Estabilize-o e assim os outros pensamentos desaparecerão.


PERGUNTA - Sim. Como fazê-lo? Este é todo o problema.


MAHARSHI - Pense “Eu, Eu” e se fixe neste único pensamento com a exclusão de todos os outros.


PERGUNTA - A afirmação de que sou Deus não é mais eficaz que a auto-indagação? A afirmação é positiva, enquanto que a outra é negação. Além do mais indica separatividade.


MAHARSHI - Na medida que você procura saber como se realizar, este conselho é dado para que encontre seu Eu. sua procura do método indica sua separatividade.


PERGUNTA - Não é melhor afirmar “Eu sou o Supremo Ser” do que perguntar “Quem sou Eu?”


MAHARSHI - Quem está afirmando? Deve existir alguém para fazê-lo. Procure quem ele é.


PERGUNTA - A concentração não é melhor que a investigação?


MAHARSHI - A concentração implica em imagem mental, enquanto que a investigação implica em realidade. O primeiro método é objetivo, enquanto que o último é subjetivo.


PERGUNTA - Deve haver uma abordagem científica para esta finalidade.


MAHARSHI - Evitar a irrealidade e buscar a realidade é algo científico.


PERGUNTA - Suponho que deve haver uma eliminação gradual, primeiro da mente, depois do intelecto e depois do ego.


MAHARSHI - Apenas o Eu é real. Todos os outros são irreais. A mente e o intelecto não se acham separados de você. A Bíblia diz, “aquieta-te e sabe que Eu sou Deus”. Aquietar-se é o único requisito para a realização do Eu como Deus.


PERGUNTA - O soham (afirmação Eu sou Ele) é o mesmo que o “Quem sou Eu?”


MAHARSHI - Somente o “Eu” é comum a ambos. Um é o soham. O outro é o koham (quem sou eu?). Eles são diferentes. Por que devemos repetir soham continuadamente? A pessoa deve buscar o “Eu” real. Na pergunta “Quem sou eu?”, o “Eu” se refere ao ego. Tentando pesquisá-lo e encontrar sua fonte vemos que o ego não tem existência separada, mas submerge no eu real. Eu dou ênfase ao autoconhecimento, pois você deverá se interessar por si mesmo antes de tentar conhecer o mundo e seu senhor. A meditação soham ou “Eu sou Brahman” é mais ou menos um pensamento da mente. Mas a procura do Eu de que falo é um método direto; na verdade superior a outra meditação. A partir do momento que você inicia a busca do Eu e vai se aprofundando mais e mais, o Eu real o espera lá para trazê-lo para o interior. Então qualquer coisa que seja feita o será por outro alguém sem sua interferência. Neste processo todas as dúvidas e discussões serão automaticamente eliminadas da mesma forma que uma pessoa que dorme esquece de seus compromissos nesse período.


PERGUNTA - Que certeza existe de que alguém me espera para dar boas-vindas?


MAHARSHI - Se se tratar de uma alma suficientemente desenvolvida é certo que ficará naturalmente convencida.


PERGUNTA - Como é possível este desenvolvimento?


MAHARSHI - Várias respostas são dadas, mas qualquer que seja o nível anteriormente alcançado será acelerado pela prática do autoconhecimento.


PERGUNTA - Mas isto é um círculo vicioso. Eu estou desenvolvido e desse modo apto para praticar a auto-indagação (Quem sou eu?) e a própria auto-indagação propicia meu desenvolvimento.


MAHARSHI - A mente tem sempre este tipo de dificuldade. Ela quer determinada teoria que a satisfaça. Na verdade nenhuma teoria é necessária ao homem que seriamente deseje se aproximar de Deus, ou realizar seu próprio e real ser.


PERGUNTA - Não há duvida que o método ensinado por você é direto. Mas é tão difícil. Não sabemos como começá-lo. Se começamos a indagar “Quem sou eu, quem sou eu” como a repetição de um nome de Deus ou um mantrã é penoso. Nos outros métodos há algo preliminar e positivo por meio do qual podemos iniciar e depois seguir passo a passo. Mas no seu método não há tal coisa e buscar o Eu de modo imediato, embora direto, é difícil.


MAHARSHI - Você reconhece que é um método direto. É o método direto e fácil. Quando buscamos outras coisas que são alheias a nós é tão fácil, como pode ser difícil para a pessoa dirigir-se a seu próprio Eu? Você diz “quando começar?” não há nem início nem fim. Você é você mesmo seja no começo, seja no fim. Se você está aqui e o Eu se achar em outro lugar e você tiver que encontrar esse Eu talvez poderá ser orientado como caminhar e então como achá-lo. Suponha que você está no Ramanashraman pergunte: “Quero ir ao Ramanashraman, como começarei e como chegar até lá?” Que dirão os outros? A busca de Deus por parte do homem é como isto. Ele é sempre o Eu e nada mais. Você diz que o “Quem sou eu?” torna-se um a repetição de um nome de Deus. Isto não quer dizer que você deva repetir sem interrupção o “Quem sou eu?”. Neste caso os pensamentos não morrerão tão facilmente. No método direto, como você o chama, ao perguntar a si mesmo “Quem sou eu?” você é orientado a se concentrar no seu interior, aonde surge o “Eu-Pensamento”, a raiz de todos os outros pensamentos. Como o Eu não está “fora” mas “dentro”, pede-se que você mergulhe em seu interior ao invés de se exteriorizar. Que pode ser mais fácil do que se dirigir a você mesmo? Mas o que se verifica é que para alguns este método parecerá difícil e não será atraente. É por esta razão que tantos e diferentes métodos foram ensinados. Cada um se mostrará como o melhor e o mais fácil. Isto está de acordo com o amadurecimento espiritual de cada um. Mas para alguns, nenhum exceto o caminho da auto-indagação, será atraente. Estes perguntarão: “Você quer que eu conheça ou que veja isso ou aquilo? Mas quem é o conhecedor, aquele que vê?” qualquer que seja o método escolhido, existirá sempre um agente, aquele que exerce a ação. E disto não se escapa. A pessoa tem que descobrir quem é este agente que está praticando a ação. Até que se atinja este estágio, o caminho espiritual não terminará. Desse modo, eventualmente todos devem caminhar até encontrar “Quem sou Eu?” Você se queixa que neste método não há nada de preliminar ou positivo a fim de iniciá-lo. Você tem o Eu para começar. Você sabe que sempre existe, enquanto que o corpo não existe sempre como é o caso, por exemplo, no período do sono profundo. O sono revela que você existe mesmo sem o corpo. Nós identificamos o “Eu” com corpo, imaginamos o Eu como tendo um corpo, como tendo limites e daí surge todo nosso problema. Tudo o que temos a fazer é deixar de identificar o Eu com o corpo, com as formas e os limites e a partir daí nos perceberemos como o Eu que sempre somos.


PERGUNTA - Deve pensar “Quem sou eu?”


MAHARSHI - Você aprendeu que o “Eu-Pensamento” brota. Fixe-se no “Eu-Pensamento” e encontre sua fonte.


PERGUNTA - Posso saber como fazê-lo?


MAHARSHI - Faça do jeito que lhe foi dito e veja.


PERGUNTA - Não entendo o que devo fazer.


MAHARSHI - Se for algo objetivo o meio deve ser mostrado objetivamente. Este de que falo é subjetivo.


PERGUNTA - Mas eu não entendo.


MAHARSHI - O que! Você não entende que você é?


PERGUNTA - Por favor diga-me o meio.


MAHARSHI - Será necessário mostrar o caminho no interior de sua própria casa? Está em seu interior.


PERGUNTA - O Sr. disse que o coração é o centro do Eu.


MAHARSHI - Sim, é o único supremo centro do Eu. você não precisa duvidar disso. O eu real está lá no coração atrás do jiva ou ego.


PERGUNTA - Agora me diga por favor aonde é que ele fica no corpo.


MAHARSHI - Você não pode conhecê-lo com sua mente. Você não pode realizá-lo pela imaginação, quando digo que este é o centro (apontando para o lado direito do peito). O único meio direto de realizá-lo é cessar de fantasiar e tentar ser você mesmo. Quando você realiza, automaticamente sente que este centro está aí. Este é o centro, o coração, citado nas escrituras como a caverna do coração, a graça, o coração.


PERGUNTA - Em nenhum livro encontrei referencia que está aí.


MAHARSHI - Muito tempo depois que vim para cá tive a oportunidade de ler um verso de uma versão malayalam do Ashtanga Hridayam, obra pertencente ao ayurveda (medicina hindu), no qual a fonte da vitalidade do corpo ou local da luz é mencionado como estando localizado no lado direito do peito de denominado a sede da consciência . Não conheço nenhuma outra obra que se refira a ele como localizado aí.


PERGUNTA - Posso estar certo de que os antigos mestres indicaram este centro pelo nome de “coração?”


MAHARSHI - Sim, é isso. Mas você deveria tentar se identificar com ele ao invés de localizar a experiência. Um homem não necessita procurar onde estão situados seus olhos quando pretende ver. O coração está aí sempre aberto para você. Se pretender “entrar” nele, ele está sempre promovendo seus movimentos, mesmo quando você está inconsciente disso. Talvez seja melhor dizer que o Eu é o próprio coração do que afirmar que está no coração. Realmente, o Eu é o próprio centro. Está em toda parte, consciente de si mesmo como “coração”, a autoconsciência.


PERGUNTA - neste caso como pode ser localizado em qualquer parte do corpo? Fixar um local para o coração não implicaria em estabelecer limitações fisiológicas para aquele que está acima de espaço e tempo?


MAHARSHI - Está certo. Mas a pessoa que faz a pergunta sobre a posição do coração se julga como existindo com ou no corpo. Ao fazer a pergunta agora, dirá que seu próprio corpo está aqui mas você está falando de outro lugar? Não, você aceita sua existência corporal. É sob este ponto de vista que a referencia ao corpo físico é feita. Para falar a verdade, a pura consciência é indivisível, não tem partes, não tem forma e contornos, nem “dentro” nem “fora”. Não existe “direita” nem “esquerda” para ele. A pura consciência, que é o coração, inclui tudo, e nada está fora ou separada dela. Esta é a ultérrima verdade. Do ponto de vista do Absoluto, o coração, Eu, ou consciência, não pode haver qualquer ponto particular a ele atribuído no corpo físico. Qual a razão disso? O corpo é uma mera projeção da mente e a mente, por sua vez, é um pobre reflexo do radiante coração. Como é possível, aquele que tudo contém, estar confinado numa pequena parte do corpo físico o qual é apenas uma manifestação infinitesimal e fenomênica da realidade única? Mas as pessoas não entendem isso. Elas só conseguem entender as coisas em termos do corpo físico e do mundo. Por exemplo, você diz: “Eu vim ao Ashram do meu país situado além do Himalaya.” Mas isso não é verdade. O que representa o “ir” e “vir” ou qualquer outro movimento para o uno, o espírito, todo penetrante que você realmente é? Você está onde você sempre esteve. É somente seu corpo que se moveu ou foi conduzido de um lugar a outro até que chegou a este Ashram. Esta é a simples verdade, mas para a pessoa que se considera um ser independente vivendo num mundo objetivo, isto lhe parece com algo totalmente ilusório! É no sentido de descer a um nível mais acessível ao entendimento comum que se indica um local para o coração no corpo físico.


PERGUNTA - Como então posso entender sua afirmação de que a experiência do centro do coração se situa num ponto particular do peito?


MAHARSHI - Uma vez que você aceite sob ponto de vista real e absoluto que o coração como pura consciência, acha-se além de espaço e tempo, será fácil entender o restante em sua correta perspectiva.


PERGUNTA - O coração é dito estar na direita, na esquerda ou no centro. Com tais opiniões diferentes, como devemos meditar nele?


MAHARSHI - Você existe, você é, e este é o fato. Meditação é para você, de você e em você. Ela deverá ir onde você está. Ela não pode estar fora de você. Portanto você é o centro e isto é o coração. As dúvidas surgem quando você identifica o coração como algo tangível e físico. O coração não é um conceito, nem objeto para meditar. Mas é o centro da meditação. O Eu permanece todo só. Você é o corpo no coração e o mundo também está nele. Não há nada separado dele. Portanto todos os tipos de esforço acham-se nele localizados.


PERGUNTA - O Sr. diz que o “Eu-Pensamento” nasce do coração-centro. Devemos procurar lá sua fonte?


MAHARSHI - Eu lhe peço para ver aonde o “Eu” surge no seu corpo, mas na verdade não é totalmente correto dizer que o “Eu” surge e submerge no coração no lado direito do peito. A meditação deve ser no Eu. todos sabem “Eu sou”. Quem é o “Eu”? Não está nem dentro, nem fora, nem à direita, nem à esquerda. “Eu sou” – eis tudo. Abandone a idéia de direita e esquerda. Elas pertencem ao corpo. O coração é o Eu. realize-o e depois verá por si mesmo.Não há necessidade de saber aonde e o que é o coração. ele fará seu trabalho se você se empenha na busca do Eu.


PERGUNTA - Qual é o coração a que se refere o verso do “Upadesa Saram” quando diz: “habitar o coração é o melhor karma-yoga, raja-yoga, bhakti-yoga e jnana-yoga?”.


MAHARSHI - Aquele que é a fonte de tudo, aquele no qual tudo vive, e no qual tudo finalmente submergirá é o coração já referido.


PERGUNTA - Como devemos conceber este coração?


MAHARSHI - Por que você deverá conceber alguma coisa? Você deverá apenas verificar de onde o “Eu” surge. Aquele do qual todos os pensamentos dos seres encarnados brotam é chamado de coração. todas as descrições sobre ele são apenas conceitos mentais.


PERGUNTA - Diz-se que existem seis órgãos de cores diferentes no peito, dos quais o coração é dito situar-se a dois dedos à direita do meio do peito. Mas o coração é também sem forma. Devemos então imaginá-lo como tendo forma e meditar nela?


MAHARSHI - Não. Apenas a auto-indagação (Que sou eu?) é necessária. Aquele que perdura durante o período do sono profundo e da vigília é sempre o mesmo. Mas na vigília há infelicidade e o esforço para removê-la. Se você for perguntado “Quem acorda do sonho?” você dirá: “Eu”. Se isto for feito o Ser Eterno se revelará. A investigação do “Eu” é o ponto central e não a concentração no coração centro. Não existe nada como dentro e fora. Ambos significam a mesma coisa ou nada. É certo que existe também a prática da concentração no coração-centro. Mas é apenas uma prática e não uma investigação. Apenas aquele que medita no coração permanece consciente quando a mente cessa sua atividade e fica calma, enquanto que aqueles que meditam em outros centros não podem ser tão conscientes mas concluem que a mente estava estabilizada apenas após ter se tornado novamente ativa. Em qualquer ponto do corpo que uma pessoa pense que o Eu habita, parecerá para ele, em conseqüência do poder de seu pensamento, que é ali que ele reside. Entretanto somente o amado coração é o refúgio para o nascimento e a submersão deste “Eu”. Saiba que embora se diga que o coração existe em ambos, dentro e fora, na realidade absoluta não existe quer dentro ou fora. Isto porque o corpo que parece como base das diferenças entre “dentro” e “fora” é uma imaginação da mente pensante. O coração, a fonte, é o início, o meio e o fim de tudo. O coração, o supremo espaço, não tem forma, é a luz da verdade.

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!