PERGUNTA - Começo perguntando a mim mesmo “quem sou eu?”, elimino o corpo como não sendo o Eu, o hálito vital como não sendo o Eu, mas não sou capaz de ir mais adiante.
MAHARSHI - Bem, isto é o máximo que o intelecto pode ir. Seu processo é somente intelectual. Na verdade todas as escrituras mencionam o processo apenas para guiar o buscador espiritual a fim de que conheça a verdade. A verdade não pode ser diretamente evidenciada. Daí a utilização deste processo intelectual. Veja, aquele que elimina todo o “não-Eu” não pode eliminar o “Eu” ao dizer “não sou isto” ou “sou isto” subentende-se que deva existir um “Eu”. Este “Eu” é somente o ego, ou o “Eu-Pensamento”. Após o surgimento deste “Eu-Pensamento”, todos os outros pensamentos surgem. O “Eu-Pensamento” é portanto o pensamento-raiz. Se a raiz é arrancada, todos os outros também o serão. Portanto busque a raiz “Eu”, pergunte a si mesmo: “Quem sou eu?”. encontre sua fonte e então todas essas outras idéias desaparecerão e restará o puro “Eu” (Divino).
PERGUNTA - Como fazer?
MAHARSHI - O “Eu” está sempre aí – seja no sono profundo, seja no sonho ou na vigília. Aquele que se acha no sono profundo é o mesmo que fala agora. Há apenas o sentido do Eu. Por acaso você nega sua existência? Você não o faz. Você diz Eu Sou. Veja quem é este Eu.
PERGUNTA - Eu medito pelo método netti-netti (isto não – isto não).
MAHARSHI - Isto não é meditação. Encontre sua fonte. Você deve atingir a fonte sem falhas. O falso “Eu” desaparecera e o “Eu” real será realizado. O primeiro não pode existir sem o último (o Eu Real). No momento há uma errônea identificação do Eu com o corpo, com os sentidos, etc.. Prossiga descartando-se dele se isto é “neti”. Mas a realização só pode ser obtida quando nos fixamos naquele que não pode ser eliminado (o Eu Divino). Isto é “iti” (aquele que é).
PERGUNTA - Quando eu penso “Quem sou eu?”, a resposta vem “não sou esse corpo mortal, mas sou consciência, o Eu”. E subitamente outra pergunta surge, “por que a consciência se envolveu de ilusão?” ou em outras palavras, “por que Deus criou este mundo?”.
MAHARSHI - Indagar “Quem sou eu?”, realmente significa tentar encontrar a fonte do ego ou do “Eu-Pensamento”. Você não deve ter outros pensamentos, tais como “Eu não sou o corpo”. Buscar a fonte do “Eu” serve de meio para se livrar de todos os outros pensamentos. Não devemos dar ensejo a outros, tais como mencionou, mas manter a atenção fixa em descobrir a fonte do “Eu-Pensamento” e pergunte, à medida que cada pensamento apareça, a quem este pensamento surgiu. Se a resposta for “eu capto o pensamento” continue a busca ao perguntar “quem é esse “Eu” e qual é sua fonte.
PERGUNTA - Devo continuar repetindo “Quem sou eu” de modo a torná-lo um mantrã?
MAHARSHI - Não. “Quem sou eu?” não é um mantrã. Significa que você deve procurar aonde em você surge o “Eu-Pensamento” que é a fonte de todos os outros pensamentos.
PERGUNTA - Devo meditar “Eu sou Brahman"?
MAHARSHI - O texto não quer dizer que devemos pensar “eu sou Brahman”. “Eu” é conhecido de todos. Brahman habita como Eu em cada um. Encontre o “Eu”. o “Eu” é o próprio Brahman; você não necessita pensar nisso, simplesmente encontre o “Eu”.
PERGUNTA - Desprezar os veículos não é o que mencionam os livros sagrados?
MAHARSHI - Logo após o surgimento do “Eu-Pensamento” aparece a falsa identificação do “Eu” com o corpo, com os sentidos, com a mente etc.. O “Eu” é erroneamente associado com eles e o verdadeiro “Eu” se perde de vista. Para que se possa separar o puro “Eu” do “Eu” contaminado é que se menciona esta distinção. Mas isso não significa exatamente uma separação do não Eu mas sim uma busca do Eu real. O Eu real é o infinito “Eu”. este “Eu” é a perfeição. É eterno. Não tem origem nem fim. O outro eu nasce e também morre. É impermanente. Veja a quem pertencem os pensamentos mutáveis. Ver-se-á que surgem a partir do “Eu-Pensamento”. Estabilize ou pare o “Eu-Pensamento” e eles cessarão. Pesquise a fonte do “Eu-Pensamento” ou ego e restará apenas o Eu real.
PERGUNTA - É difícil praticar isso. Eu compreendo a teoria, mas como fazê-lo?
MAHARSHI - Os outros métodos são usados para aqueles que não conseguem levar a cabo a investigação do Eu. Mesmo na repetição verbal ou seu pensamento um agente é necessário. Quem é esse agente que está exercendo o ato de repetir? É o “Eu”. Seja esse Eu. Este é o método direto. Porém os outros métodos também acabarão por levar todos a este método direto que é a investigação do Eu real.
PERGUNTA - Eu sou consciente do Eu, entretanto meus problemas não terminaram.
MAHARSHI - Este “Eu-Pensamento” não é puro. Está contaminado pela associação com o corpo e os cinco sentidos. Veja a quem surgem os problemas. É ao “Eu-Pensamento”(ou ego). Estabilize-o e assim os outros pensamentos desaparecerão.
PERGUNTA - Sim. Como fazê-lo? Este é todo o problema.
MAHARSHI - Pense “Eu, Eu” e se fixe neste único pensamento com a exclusão de todos os outros.
PERGUNTA - A afirmação de que sou Deus não é mais eficaz que a auto-indagação? A afirmação é positiva, enquanto que a outra é negação. Além do mais indica separatividade.
MAHARSHI - Na medida que você procura saber como se realizar, este conselho é dado para que encontre seu Eu. sua procura do método indica sua separatividade.
PERGUNTA - Não é melhor afirmar “Eu sou o Supremo Ser” do que perguntar “Quem sou Eu?”
MAHARSHI - Quem está afirmando? Deve existir alguém para fazê-lo. Procure quem ele é.
PERGUNTA - A concentração não é melhor que a investigação?
MAHARSHI - A concentração implica em imagem mental, enquanto que a investigação implica em realidade. O primeiro método é objetivo, enquanto que o último é subjetivo.
PERGUNTA - Deve haver uma abordagem científica para esta finalidade.
MAHARSHI - Evitar a irrealidade e buscar a realidade é algo científico.
PERGUNTA - Suponho que deve haver uma eliminação gradual, primeiro da mente, depois do intelecto e depois do ego.
MAHARSHI - Apenas o Eu é real. Todos os outros são irreais. A mente e o intelecto não se acham separados de você. A Bíblia diz, “aquieta-te e sabe que Eu sou Deus”. Aquietar-se é o único requisito para a realização do Eu como Deus.
PERGUNTA - O soham (afirmação Eu sou Ele) é o mesmo que o “Quem sou Eu?”
MAHARSHI - Somente o “Eu” é comum a ambos. Um é o soham. O outro é o koham (quem sou eu?). Eles são diferentes. Por que devemos repetir soham continuadamente? A pessoa deve buscar o “Eu” real. Na pergunta “Quem sou eu?”, o “Eu” se refere ao ego. Tentando pesquisá-lo e encontrar sua fonte vemos que o ego não tem existência separada, mas submerge no eu real. Eu dou ênfase ao autoconhecimento, pois você deverá se interessar por si mesmo antes de tentar conhecer o mundo e seu senhor. A meditação soham ou “Eu sou Brahman” é mais ou menos um pensamento da mente. Mas a procura do Eu de que falo é um método direto; na verdade superior a outra meditação. A partir do momento que você inicia a busca do Eu e vai se aprofundando mais e mais, o Eu real o espera lá para trazê-lo para o interior. Então qualquer coisa que seja feita o será por outro alguém sem sua interferência. Neste processo todas as dúvidas e discussões serão automaticamente eliminadas da mesma forma que uma pessoa que dorme esquece de seus compromissos nesse período.
PERGUNTA - Que certeza existe de que alguém me espera para dar boas-vindas?
MAHARSHI - Se se tratar de uma alma suficientemente desenvolvida é certo que ficará naturalmente convencida.
PERGUNTA - Como é possível este desenvolvimento?
MAHARSHI - Várias respostas são dadas, mas qualquer que seja o nível anteriormente alcançado será acelerado pela prática do autoconhecimento.
PERGUNTA - Mas isto é um círculo vicioso. Eu estou desenvolvido e desse modo apto para praticar a auto-indagação (Quem sou eu?) e a própria auto-indagação propicia meu desenvolvimento.
MAHARSHI - A mente tem sempre este tipo de dificuldade. Ela quer determinada teoria que a satisfaça. Na verdade nenhuma teoria é necessária ao homem que seriamente deseje se aproximar de Deus, ou realizar seu próprio e real ser.
PERGUNTA - Não há duvida que o método ensinado por você é direto. Mas é tão difícil. Não sabemos como começá-lo. Se começamos a indagar “Quem sou eu, quem sou eu” como a repetição de um nome de Deus ou um mantrã é penoso. Nos outros métodos há algo preliminar e positivo por meio do qual podemos iniciar e depois seguir passo a passo. Mas no seu método não há tal coisa e buscar o Eu de modo imediato, embora direto, é difícil.
MAHARSHI - Você reconhece que é um método direto. É o método direto e fácil. Quando buscamos outras coisas que são alheias a nós é tão fácil, como pode ser difícil para a pessoa dirigir-se a seu próprio Eu? Você diz “quando começar?” não há nem início nem fim. Você é você mesmo seja no começo, seja no fim. Se você está aqui e o Eu se achar em outro lugar e você tiver que encontrar esse Eu talvez poderá ser orientado como caminhar e então como achá-lo. Suponha que você está no Ramanashraman pergunte: “Quero ir ao Ramanashraman, como começarei e como chegar até lá?” Que dirão os outros? A busca de Deus por parte do homem é como isto. Ele é sempre o Eu e nada mais. Você diz que o “Quem sou eu?” torna-se um a repetição de um nome de Deus. Isto não quer dizer que você deva repetir sem interrupção o “Quem sou eu?”. Neste caso os pensamentos não morrerão tão facilmente. No método direto, como você o chama, ao perguntar a si mesmo “Quem sou eu?” você é orientado a se concentrar no seu interior, aonde surge o “Eu-Pensamento”, a raiz de todos os outros pensamentos. Como o Eu não está “fora” mas “dentro”, pede-se que você mergulhe em seu interior ao invés de se exteriorizar. Que pode ser mais fácil do que se dirigir a você mesmo? Mas o que se verifica é que para alguns este método parecerá difícil e não será atraente. É por esta razão que tantos e diferentes métodos foram ensinados. Cada um se mostrará como o melhor e o mais fácil. Isto está de acordo com o amadurecimento espiritual de cada um. Mas para alguns, nenhum exceto o caminho da auto-indagação, será atraente. Estes perguntarão: “Você quer que eu conheça ou que veja isso ou aquilo? Mas quem é o conhecedor, aquele que vê?” qualquer que seja o método escolhido, existirá sempre um agente, aquele que exerce a ação. E disto não se escapa. A pessoa tem que descobrir quem é este agente que está praticando a ação. Até que se atinja este estágio, o caminho espiritual não terminará. Desse modo, eventualmente todos devem caminhar até encontrar “Quem sou Eu?” Você se queixa que neste método não há nada de preliminar ou positivo a fim de iniciá-lo. Você tem o Eu para começar. Você sabe que sempre existe, enquanto que o corpo não existe sempre como é o caso, por exemplo, no período do sono profundo. O sono revela que você existe mesmo sem o corpo. Nós identificamos o “Eu” com corpo, imaginamos o Eu como tendo um corpo, como tendo limites e daí surge todo nosso problema. Tudo o que temos a fazer é deixar de identificar o Eu com o corpo, com as formas e os limites e a partir daí nos perceberemos como o Eu que sempre somos.
PERGUNTA - Deve pensar “Quem sou eu?”
MAHARSHI - Você aprendeu que o “Eu-Pensamento” brota. Fixe-se no “Eu-Pensamento” e encontre sua fonte.
PERGUNTA - Posso saber como fazê-lo?
MAHARSHI - Faça do jeito que lhe foi dito e veja.
PERGUNTA - Não entendo o que devo fazer.
MAHARSHI - Se for algo objetivo o meio deve ser mostrado objetivamente. Este de que falo é subjetivo.
PERGUNTA - Mas eu não entendo.
MAHARSHI - O que! Você não entende que você é?
PERGUNTA - Por favor diga-me o meio.
MAHARSHI - Será necessário mostrar o caminho no interior de sua própria casa? Está em seu interior.
PERGUNTA - O Sr. disse que o coração é o centro do Eu.
MAHARSHI - Sim, é o único supremo centro do Eu. você não precisa duvidar disso. O eu real está lá no coração atrás do jiva ou ego.
PERGUNTA - Agora me diga por favor aonde é que ele fica no corpo.
MAHARSHI - Você não pode conhecê-lo com sua mente. Você não pode realizá-lo pela imaginação, quando digo que este é o centro (apontando para o lado direito do peito). O único meio direto de realizá-lo é cessar de fantasiar e tentar ser você mesmo. Quando você realiza, automaticamente sente que este centro está aí. Este é o centro, o coração, citado nas escrituras como a caverna do coração, a graça, o coração.
PERGUNTA - Em nenhum livro encontrei referencia que está aí.
MAHARSHI - Muito tempo depois que vim para cá tive a oportunidade de ler um verso de uma versão malayalam do Ashtanga Hridayam, obra pertencente ao ayurveda (medicina hindu), no qual a fonte da vitalidade do corpo ou local da luz é mencionado como estando localizado no lado direito do peito de denominado a sede da consciência . Não conheço nenhuma outra obra que se refira a ele como localizado aí.
PERGUNTA - Posso estar certo de que os antigos mestres indicaram este centro pelo nome de “coração?”
MAHARSHI - Sim, é isso. Mas você deveria tentar se identificar com ele ao invés de localizar a experiência. Um homem não necessita procurar onde estão situados seus olhos quando pretende ver. O coração está aí sempre aberto para você. Se pretender “entrar” nele, ele está sempre promovendo seus movimentos, mesmo quando você está inconsciente disso. Talvez seja melhor dizer que o Eu é o próprio coração do que afirmar que está no coração. Realmente, o Eu é o próprio centro. Está em toda parte, consciente de si mesmo como “coração”, a autoconsciência.
PERGUNTA - neste caso como pode ser localizado em qualquer parte do corpo? Fixar um local para o coração não implicaria em estabelecer limitações fisiológicas para aquele que está acima de espaço e tempo?
MAHARSHI - Está certo. Mas a pessoa que faz a pergunta sobre a posição do coração se julga como existindo com ou no corpo. Ao fazer a pergunta agora, dirá que seu próprio corpo está aqui mas você está falando de outro lugar? Não, você aceita sua existência corporal. É sob este ponto de vista que a referencia ao corpo físico é feita. Para falar a verdade, a pura consciência é indivisível, não tem partes, não tem forma e contornos, nem “dentro” nem “fora”. Não existe “direita” nem “esquerda” para ele. A pura consciência, que é o coração, inclui tudo, e nada está fora ou separada dela. Esta é a ultérrima verdade. Do ponto de vista do Absoluto, o coração, Eu, ou consciência, não pode haver qualquer ponto particular a ele atribuído no corpo físico. Qual a razão disso? O corpo é uma mera projeção da mente e a mente, por sua vez, é um pobre reflexo do radiante coração. Como é possível, aquele que tudo contém, estar confinado numa pequena parte do corpo físico o qual é apenas uma manifestação infinitesimal e fenomênica da realidade única? Mas as pessoas não entendem isso. Elas só conseguem entender as coisas em termos do corpo físico e do mundo. Por exemplo, você diz: “Eu vim ao Ashram do meu país situado além do Himalaya.” Mas isso não é verdade. O que representa o “ir” e “vir” ou qualquer outro movimento para o uno, o espírito, todo penetrante que você realmente é? Você está onde você sempre esteve. É somente seu corpo que se moveu ou foi conduzido de um lugar a outro até que chegou a este Ashram. Esta é a simples verdade, mas para a pessoa que se considera um ser independente vivendo num mundo objetivo, isto lhe parece com algo totalmente ilusório! É no sentido de descer a um nível mais acessível ao entendimento comum que se indica um local para o coração no corpo físico.
PERGUNTA - Como então posso entender sua afirmação de que a experiência do centro do coração se situa num ponto particular do peito?
MAHARSHI - Uma vez que você aceite sob ponto de vista real e absoluto que o coração como pura consciência, acha-se além de espaço e tempo, será fácil entender o restante em sua correta perspectiva.
PERGUNTA - O coração é dito estar na direita, na esquerda ou no centro. Com tais opiniões diferentes, como devemos meditar nele?
MAHARSHI - Você existe, você é, e este é o fato. Meditação é para você, de você e em você. Ela deverá ir onde você está. Ela não pode estar fora de você. Portanto você é o centro e isto é o coração. As dúvidas surgem quando você identifica o coração como algo tangível e físico. O coração não é um conceito, nem objeto para meditar. Mas é o centro da meditação. O Eu permanece todo só. Você é o corpo no coração e o mundo também está nele. Não há nada separado dele. Portanto todos os tipos de esforço acham-se nele localizados.
PERGUNTA - O Sr. diz que o “Eu-Pensamento” nasce do coração-centro. Devemos procurar lá sua fonte?
MAHARSHI - Eu lhe peço para ver aonde o “Eu” surge no seu corpo, mas na verdade não é totalmente correto dizer que o “Eu” surge e submerge no coração no lado direito do peito. A meditação deve ser no Eu. todos sabem “Eu sou”. Quem é o “Eu”? Não está nem dentro, nem fora, nem à direita, nem à esquerda. “Eu sou” – eis tudo. Abandone a idéia de direita e esquerda. Elas pertencem ao corpo. O coração é o Eu. realize-o e depois verá por si mesmo.Não há necessidade de saber aonde e o que é o coração. ele fará seu trabalho se você se empenha na busca do Eu.
PERGUNTA - Qual é o coração a que se refere o verso do “Upadesa Saram” quando diz: “habitar o coração é o melhor karma-yoga, raja-yoga, bhakti-yoga e jnana-yoga?”.
MAHARSHI - Aquele que é a fonte de tudo, aquele no qual tudo vive, e no qual tudo finalmente submergirá é o coração já referido.
PERGUNTA - Como devemos conceber este coração?
MAHARSHI - Por que você deverá conceber alguma coisa? Você deverá apenas verificar de onde o “Eu” surge. Aquele do qual todos os pensamentos dos seres encarnados brotam é chamado de coração. todas as descrições sobre ele são apenas conceitos mentais.
PERGUNTA - Diz-se que existem seis órgãos de cores diferentes no peito, dos quais o coração é dito situar-se a dois dedos à direita do meio do peito. Mas o coração é também sem forma. Devemos então imaginá-lo como tendo forma e meditar nela?
MAHARSHI - Não. Apenas a auto-indagação (Que sou eu?) é necessária. Aquele que perdura durante o período do sono profundo e da vigília é sempre o mesmo. Mas na vigília há infelicidade e o esforço para removê-la. Se você for perguntado “Quem acorda do sonho?” você dirá: “Eu”. Se isto for feito o Ser Eterno se revelará. A investigação do “Eu” é o ponto central e não a concentração no coração centro. Não existe nada como dentro e fora. Ambos significam a mesma coisa ou nada. É certo que existe também a prática da concentração no coração-centro. Mas é apenas uma prática e não uma investigação. Apenas aquele que medita no coração permanece consciente quando a mente cessa sua atividade e fica calma, enquanto que aqueles que meditam em outros centros não podem ser tão conscientes mas concluem que a mente estava estabilizada apenas após ter se tornado novamente ativa. Em qualquer ponto do corpo que uma pessoa pense que o Eu habita, parecerá para ele, em conseqüência do poder de seu pensamento, que é ali que ele reside. Entretanto somente o amado coração é o refúgio para o nascimento e a submersão deste “Eu”. Saiba que embora se diga que o coração existe em ambos, dentro e fora, na realidade absoluta não existe quer dentro ou fora. Isto porque o corpo que parece como base das diferenças entre “dentro” e “fora” é uma imaginação da mente pensante. O coração, a fonte, é o início, o meio e o fim de tudo. O coração, o supremo espaço, não tem forma, é a luz da verdade.