Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

03 abril 2014

O que acontecerá se eu não me ajustar à sociedade?

Estamos aqui com esse tema: "O que acontecerá se eu não me ajustar à sociedade?"... Então, estou vendo vários confrades, naquelas dores iniciais da desabituação com os condicionamentos sociais. Vocês sabem qual é o "melô" do confrade que está tentando sair da sociedade? Quando fica se lembrando da sociedade? Olha só:

"Não é fácil não pensar em você,
não é fácil, é estranho
não te contar meus planos,
não te encontrar...
na verdade eu preciso aprender...
não é fácil,
não é fácil!".
[...]
Acho que eu seria mais felizes
do que qualquer mortal"

... Seu eu voltasse pra sociedade!... Olha o que o "cabeção" faz! Não é fácil não pensar nas coisas da sociedade, não pensar nos prazeres, não é? Não ter aquele monte de memória eufórica, aquelas "nuvens cor de rosa"... Nessas horas em que batem essas angústias, em que batem essas ideias, em que você começa a sentir pela primeira vez que você realmente é solitário; porque antes era um agrupado de solitários, sem que percebessem que eram solitários; porque tinha tanta droga, tanto anestésico que a gente nem percebe, não é? Mas quando começa a bater essas coisas e a gente vai ficando meio "down", a mente só lembra das coisas eufórica, ela não traz para você, aquelas situações em que você estava no meio da sociedade achando tudo "um saco!" Sabe? Em que você estava querendo gritar para todo mundo: “Mas será que vocês não têm outra coisa para falar? Vocês vão contar mesmas estórias, as mesmas piadas? Vão olhar as mesmas fotos que já vimos antes? Vão ser as mesmas músicas, as mesmas festas?"... Sabem? Vocês não tiveram isso? Aí a gente tem que meter aquele sorriso amarelo, fazer um esforço violento e ficar disfarçando, olhando no relógio, pra ver que horas que vai terminar o encontro, que horas que dá pra sair, esperando alguém levantar para, juntos, sair rapidinho; não ser o primeiro a quebrar o protocolo. Isso quando você não é o anfitrião da casa, quando você convida todo o mundo pra vir à sua casa, para quebrar sua solidão e aí, quando eles chegam, você diz pra si mesmo: "O que é que eu fiz?... Ainda é meio-dia e o pessoal só vai sair daqui lá paras às oito horas da noite!... Como aguentarei isso?”... E dá-lhe cachaça! Não é mesmo?... Dá-lhe cerveja!... Dá-lhe churrasco!... Dá-lhe sobremesa!... Põe alguma coisa em cima da mesa, porque, de genuína intimidade, não rola nada, não é?

Então, a mente adquirida, ela não se lembra de nada disso! Ela não se lembra dessas roubadas! O pessoal não bebe porque gosta de beber, mas, para aguentar! Tem que dar uma narcotizada; senão, não dá, não é? Então a mente, ela não se lembra de nada disso quando está tentando sair da sociedade... Só se lembra da memória eufórica! Ela não se lembra das coisas que vinham depois de se entregar pra memória eufórica! Sabe? Aquelas que ecoavam assim: “O que é que estou fazendo aqui? Quem que é essa fulana aqui ao meu lado? Não sei nem seu nome! Espera aí!” Não é nada disso, não é? Ou então aquelas coisas do tipo: você fica louco pra comprar; sofre pra caramba! Quando você sai com o "carnezinho" na mão ou quando chega a fatura em casa é que caí a ficha: "O que é que eu fiz?" Não é mesmo? "O que é que eu fiz?"... O sistema aboliu as algemas de ferro, mas incorporou, agora, as algemas com chip; as algemas agora são todas com chip eletrônico... Um chipzinho com os protocolos e agora é tudo por e-mail... Sua penas — as faturas — agora chegam à você por e-mail. Só que a mente adquirida não percebe nada disso!

Mas é interessante o seguinte: esse paradigma aqui, vocês já ouviram aquele ditado...

"Este paradigma
em testa dura,
tanto o bate
que desestrutura"...

É um paradigma que bate nessa testa dura, bate, bate, bate, até que desestrutura, não é? E aí, conforme desestruturou, é como vaso de porcelana, não é? Quebrou, não adianta querer colar! Não tem mais jeito! Não dá, não é? Pode colar, mas qualquer esbarrãozinho que tiver, quebra de novo! Não dá mais! Quebrou a liga! Tem vários filmes aí que vão mostrando isso; a gente aqui nessa confraria, a gente fala e faz muito uso dos filmes também. A partir do momento que você viu, não tem como voltar! Assistiram "O Show de Truman"?... Na hora que se percebe o show, esquece! Não tem mais como! Não tem! Não é?... Matrix, Revolver... É como Einstein dizia: “Quando uma mente se abre pra uma ideia, nunca mais volta ser do mesmo tamanho; não volta mais a ser a mesma!”... O filme "A Origem"... Como é que começa o filme?... "Uma ideia! Nada é mais perigoso do que uma ideia!”... Quando uma ideia... Não tem nada pior do que uma ideia! Quando ela se instala... Agora, quando se trata da Verdade, aí sim que o negócio fica difícil! Não é? A ideia — que é condicionamento, que é pensamento psicológico —, pra tirar é bem difícil; é muito difícil mesmo; pra arrancar essa ideia, não é "melzinho na chupeta"! Agora, quando bate a Verdade, quando se vê a Verdade mesmo, o negócio cai, cai e cai por completo; não fica nada mesmo! E não tem como compactuar! Se você vê a Verdade, e tenta burla-la, ela te mata, não é? Lá nos "grupos anônimos",  principalmente no A/A, eles costumam a falar mais ou menos assim: "Quem ouviu a mensagem — quem ouviu mesmo —, quem escuto mesmo,  visceralmente, que deixou entrar,
que deixou a mensagem ir lá no fundo, esse pode até ir embora, pode não voltar mais, no entanto, nunca mais voltará a beber sossegado!"... Nunca mais! E isto também é verdade no que diz respeito a este paradigma! Quando você percebeu mesmo; se ficar um tempinho exposto aqui, a esta troca de figurinhas sem colar, não tem mais como!... É por isso que a maioria vai embora! Porque assim: esse paradigma aqui, você vai lendo sem perceber que ele vai batendo por baixo; ele vai minando por baixo, sem você perceber!... Ele não vai fazendo estrago em cima não! Ele vai minando todas as velhas bases adquiridas; daqui a pouco, quando menos se espera, toda estrutura vem ao chão! Na hora que cai, todo mundo fica desesperado... Porque essa mente adquirida é viciada em segurança; ela quer estar segurando em alguma coisa.  Então, como estratégia defensiva, a mente adquirida começa a tentar minar, a quebrar tudo. E têm vários confrades que não aguentam; — não aguentam ser verdadeiros consigo mesmo — não é com o outro!... Não aguentam ser verdadeiros consigo mesmo! Não aguenta reparar nas suas desconfortantes zonas de conforto! Mas é isso: não é nada fácil mesmo; sabemos que não é fácil, pois já passamos por isso na pele.

Essa aqui é a trilha menos percorrida, sair desses condicionamentos sociais, isso aí não é fácil! Tudo que está atrelado ao sistema, acaba por dificultar, por criar resistência. Porque foram tantos anos, foram tantas décadas, e se desidentificar não é fácil! Por isso que a gente vem falando através dos áudios; subimos um, esta semana, que retrata a importância do colapsar: enquanto não tem esse colapsar aí, fica muito difícil de querer assumir mesmo a busca da verdade, não é? Só a verdade mesmo! Só a verdade, apenas a verdade! A grande maioria não consegue ficar; não ficam nessa sala aqui, não ficam com esse paradigma, porque ele arrancando tudo, ele não dá nada! Vai arrancado tudo e o medo vem, não é? O medo de abrir mão das zonas de conforto, profundamente desconfortantes, profundamente estagnantes, faz com que muitos saiam correndo! Faz com que se consiga uma meia-desculpa para sair correndo, criando intrigas, falando mal do paradigma, falando mal de tudo... Transformando esse grupo, essa confraria aqui em inimigos externos... A mente adquirida precisa criar isso! É uma de suas nefastas habilidades, com a qual se escuda pra não correr o risco de se deparar com sua irreal realidade; é por isso que ela está sempre em busca de "inimigos externos"; ela cria um inimigo externo pra depois criar uma justificativa para, de algum modo, buscar por engajamento numa forma qualquer de militância. Esse é um dos padrões dessa mente adquirida, dessa mente social adquirida: a fuga de si mesmo através do engajamento numa forma de militância. Então, têm um monte de militância:  a militância política, a militância vegana, a militância das sociedades protetoras dos animais, a militância contra a Nova Ordem Mundial... Tudo isso para estar ocupada e não ter tempo para perceber sua própria desordem com a qual alimenta a milenar desordem social. Têm um monte de forma de escapismo, socialmente aceito e incentivado; tudo muito bacana... Mas apenas, bacaninha! Bacaninha porque nos distraí da “única coisa necessária"... A única coisa necessária! Que é achar essa "cara que eu tinha... Essa cara que eu tinha, antes de que se passarem esses anos aí,  e eu ficar deste tamanho!", como foi muito bem cantado na música de Arnaldo Antunes e do Nando Reis, a qual ouvimos hoje...

Encontrar essa cara que tínhamos, antes desses condicionamentos sociais aí, alterarem nosso "Sopro", alterarem nosso "Ritmo", criarem essa disritmia do Ser que somos e que a tudo contamina, que a tudo adultera! É isso é "a única coisa!" É "a única coisa"; não adianta! Sem encontrar isso, sem retomar esse "Sopro", sem retomar esse ritmo natural, sem retomar esse contato consciente com a "Consciência que somos", como que — em estado dormente, inconsciente — é possível se fazer algo que realmente seja benéfico, aí na sociedade? Diz pra mim!  É só conflito por onde você for! É bacaninha só nas primeiras páginas, não é? Até ter a primeira riscadinha no ego... Aí, daqui a pouco, já se arruma outro inimigo externo, lá mesmo no lugar da recente militância. Por isso que os partidos políticos têm o nome de "Partido"... Se fosse bom não era partido, era inteiro! Mas é tudo partido, porque a própria base já é partida, não é? Está tudo aí pra gente ver, só que a gente está com os olhos fechados, não é? É aquela cena do "Matrix", em que o "Neo" está deitado na cama, e se vira para o "Morpheus" e diz: "Por que a minha vista está doendo?" E Morpheus lhe responde com muita propriedade de visão: "Porque você nunca as usou antes!"... Nunca os usou antes! Em nossa arrogante rebeldia adolescente, pensávamos que estávamos vendo alguma coisa! Então, não é fácil mesmo, abrir os olhos! Não é fácil se deparar com todas as nossas relações e perceber o grande investimento furado que fizemos durante anos... Não é fácil fazer reparações diretas dos danos causados devido essa inconsequente e inconsciente identificação ilusória com o pensamento psicológico social; com todas suas exigências descabidas, tanto de si, como dos demais. Não é fácil!... Só mesmo homem e mulher de "saco roxo"! Só quem realmente "colapsou"; quem já não tem mais escolha. Quem ainda tem escolha, quem ainda está se achando no direito de escolher a cor da boia,  ainda não está se afogando, não é mesmo? Ainda não colapsou! Então, terá que ir lá pra fora, fazer mais um cursinho de pós-graduação de "pensamentose crônica"; torcer para não arrumar uma neurose crônica, uma psicose, uma esclerose, sei lá outra "Ose"! qualquer! Quem sabe, se der tempo, consiga olhar para o que esses poetas estão falando; têm um monte de poeta que tentam deixar aí pelo caminho menos percorrido, alguns de seus toques!

Vá pegar a única coisa necessária! Vá descobrir quem é você! Você não é esse monte de falas aí do seu pai, da sua mãe, dos seus professores, dos seus amigos, dos seus casos, não é? Das suas conquistas, das suas derrotas...  Nada disso, não é? Não, você não é esse pacotinho todo aí! Não é nada disso!... Vai lá dar uma olhada no que realmente é! Se der tempo, volta, não é? Não é pra aqui! Volta pra isso que você é, volta pra essa realidade aí; volta pra essa realidade! Caso contrário, será que nem cantava Elis Regina:

"Você pensa que é diferente,
mas no fundo, você é igual aos seus pais!"...
Vai acabar sendo mais um adulto,  adulterado, adulterando a realidade dos que estão os olhos mais fechadinhos do que você!

Outsider

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!