Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.
02 dezembro 2010
O Labirinto
O Labirinto
Sérgio Godinho
Entro
naquilo que fora se chama por dentro
buscando o caminho que há-de ir dar ao centro
deixando as saudades e o medo lá fora
e agora?
que vejo? que faço?
que passo eu não vou dar em falso
até ao que se chama chegada
porque é tudo e quase nada
Sinto
que a cabeça é quase como um labirinto
em que cada rua tem um nome indistinto
em que cada escolha é feita sobre a hora
e agora?
que sigo? que temo?
que rumo
eu tacteio e presumo
até ao que se chama chegada
porque é tudo e quase nada
E no centro do centro
está o centro da vida
como se fosse por isso
que eu me morro e me perco
e que só dou por isso
quando renasço outra vez
e à vez
sei que hei-de ser vivo
e à vez
sei que hei-de ser vivo
e à vez
sei que hei-de ser vivo
e à vez
sei que hei-de ser vivo
E furo
sem saber por onde encontro o que procuro
e a luz que era a luz é agora um rio escuro
e dou-me à torrente e o corpo desarvora
e agora?
que agarro? que agito?
que grito
eu não vou dar aflito
até ao que se chama chegada
porque é tudo e quase nada
E perto
do centro de mim há um portão entreaberto
e tenho p´la frente o monstro a descoberto
a fera que eu guardo e guarda o que em mim mora
e agora?
que encaro? que enfrento?
que alento
me empurra p´ro centro
até ao que se chama chegada
porque é tudo e quase nada
E no centro do centro......etc. (refrão)
E travo
a luta que travaria quem foi escravo
e só pelo amor à liberdade é um bravo
e lança o pavor à fera que o apavora
e agora?
que ataco? que ouso?
que pouso
eu persigo teimoso
até ao que se chama chegada.
Porque é tudo e quase nada
E chego
enfim para lá da paz e do sossego
onde só tem nome a perda e o desapego
que não há mais a perder e a atirar fora
e agora?
que aprendo? que encontro?
em que ponto
eu me vejo por dentro
e que é o que se chama chegada
por que é tudo e quase nada
E no centro do centro
está o centro da vida
como se fosse por isso
quando renasço outra vez
e à vez
sei que hei-de ser vivo
e à vez
sei que hei-de ser morto
e à vez
sei que hei-de ser vivo
e à vez
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Escolho meus amigos pela pupila
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde