Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

03 dezembro 2010

Estar ausente é o milagre.

Certo dia, Bankei estava ensinando tranquilamente aos seus seguidores quando a sua fala foi interrompida por um padre de uma outra seita.

Essa seita acreditava no poder dos milagres e pensava que a salvação vinha com a repetição de palavras sagradas.

Bankei parou de falar e perguntou ao padre o que ele queria dizer.

O padre alardeou que o fundador da religião dele podia ficar numa margem do rio com um pincel na mão e podia escrever um nome sagrado em um pedaço de papel mantido por um assistente seu na margem oposta do rio.

O padre perguntou: "Que milagres você pode fazer?"

Bankei respondeu: "Só um. Quando tenho fome, eu como, e quando tenho sede, eu bebo".

O único milagre, o milagre impossível, é ser só ordinário. O desejo da mente é o de ser extraordinário. O ego tem sede e fome de reconhecimento. O ego alimenta-se no reconhecimento de que você é alguém.

Uns alcançam esse sonho por meio da riqueza, outros, por meio do poder, da política; outros ainda podem alcançar esse sonho por meio de milagres, ilusionismo, mas o sonho permanece o mesmo: Eu não posso me tolerar sendo um joão-ninguém.

E este é o milagre: quando você aceita a sua nulidade, quando você é tão ordinário quanto qualquer outra pessoa, quando você não pede nenhum reconhecimento, quando você pode existir como se não existisse. Estar ausente é o milagre.

Osho, em "Um Pássaro em Voo: Conversas Sobre o Zen"



Pequeno Perfil De Um Cidadão Comum
Toquinho
Composição: Belchior/ Toquinho

Era um cidadão comum
Como esses que se vê na rua.
Falava de negócios, ria,
Via show de mulher nua.
Vivia o dia e não o sol,
A noite e não a lua.
Acordava sempre cedo,
Era um passarinho urbano.
Embarcava no metrô,
O nosso metropolitano.
Era um homem de bons modos:
"Com licença", "Foi engano".
Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida.
Que caminha para a morte,
Pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida.
Que tem no fim da tarde
A sensação da missão cumprida.
Acreditava em Deus
E em outras coisas invisíveis.
Dizia sempre "sim"
Aos seus senhores infalíveis.
Pois é, tendo dinheiro,
Não há coisas impossíveis.
Mas o anjo do Senhor,
Do qual nos fala o livro santo,
Desceu do céu pra uma cerveja
Junto dele no seu canto.
E a morte o carregou
Feito um pacote no seu manto.
Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida.
Que caminha para a morte,
Pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida.
Que tem no fim da tarde
A sensação da missão cumprida.

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!