Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

31 dezembro 2010

Virada Cultural 2011: jogando o jogo.


A quem possa interessar, seguem as minhas resoluções para o Ano de 2011. São elas:
  • Ler os principais jornais, revistas semanais políticas e esportivas, bem como da vida dos colunáveis, para garantir assuntos de interesse público.
  • Incluir também o "livro da moda" e alguns almanaques.
  • Permanecer ansioso pelo próximo "BBB".
  • Colecionar amigos virtuais, scraps e comunidades dotadas de profunda mediocridade.
  • Hipnóticamente acompanhar a novela global.
  • Acreditar 100% no conteúdo das notícias propagadas pela mídia lucrativa. Acreditar sempre, levantar questionamentos, jamais!
  • Encostado ao balcão, com ajuda de alguns copos de cerveja, discutir política, acreditando que tal discussão possa solucionar o problema da corrupção anônima geralmente financiada por empresas despatriadas.
  • Me curvar diante das artimanhas escravagistas do mercado de trabalho para ser por todos bem visto e não mais como um "acomodado" (mal sabem eles o trabalho e responsabilidade que dá viver sem se curvar à isso).
  • Ser o mais hipócrita possível, mantendo sempre o olhar de paisagem e o sorriso elástico. De modo algum revelar a natureza dos meus sentimentos e pensamentos. O compartilhar e o entendimento intelectual deve ser deixado de lado em nome do bem-estar prá lá de comum.
  • Esquecer por completo a busca de valores perenes e me entregar à desmedida agitação pelos valores transitórios.
  • Abster-me do bom-senso e adequar meu corpo à vigente "Ditadura da Moda".
  • Abandonar meu atual modo de vida pautado na simplicidade voluntária e correr atrás de produtos, bens e patrimônios que possam me brindar com o prestígio social.
  • Endeusar o empreendedorismo por seguir fielmente a utópica e desumana cartilha do capitalismo selvagem. Louvar seus altos índices de sucesso de vendas, às custas das "vendas" colocadas em seus consumidores consumidos, da covarde exploração da mão de obra escrava, mesmo que por vezes registrada - (bem como seu insensível descarte),  e da sua inconsequente irresponsabilidade planetária. 
  • Curvar minhas costas e servir de desprezível degrau para o ganancioso crescimento de terceiros. Desprezar meu justo valor, para ajustar-me a mesquinha "política de preços" corporativista.
  • Criar uma rede de relacionamentos de conveniência (bajular sempre, aspirar ser ouvido, jamais!)
  • Manter sempre meus ouvidos disponíveis à confissão das insanidades alheias, mesmo que o confessante insista na continuidade das mesmas - sempre com maiores requintes - abstendo-me de qualquer retorno (em caso positivo, dizer exatamente aquilo que o confessante espera).
  • Tirar do peito a inconveniente necessidade de relacionamentos com pessoas nutritivas.
  • Afim de poder ser visto como um "homem esforçado", um "excelente profissional", dedicar-me a estafante rotina de uma carreira sólida, sempre cercada de medos e inveja, transformando-me num especialista, ao invés de me permitir a liberdade do ócio criativo e suas múltiplas experiências e possibilidades. Conformar e estagnar sempre, variar e evoluir, jamais. 
  • A altos custos, fazer um curso superior qualquer, mesmo que inferior às minhas profundas aspirações, para poder garantir um curriculum aceitável e o direito ao servilismo domesticado mal remunerado.
  • Para ser digno do rótulo de espiritualista, participar de algum sistema de crença organizada, apesar de sua notável caduquice. 
  • De modo político, ser um propagador de uma arcaica moral mesmo sem fazer os devidos ajustes em minha conduta e palavras.
  • Abrir mão do frescor da originalidade e contentar-me com a putrificável imitação.
  • Acreditar que a voz do povo é a voz de deus (de todas, acho que essa vai ser a mais difícil). 

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!