Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

04 outubro 2009

Deturpando o Aviso de Miranda




            Comecei bem este domingo nublado...
Depois de amargar uma noite mal dormida por causa de uma séria discussão com minha esposa, ao abrir minha caixa de e-mails, deparei-me com uma mensagem de um rapaz, que se dizia meu amigo. Sua mensagem, toda escrita em caixa alta, assim dizia:
- “CARA ME FAZ UM GRANDE FAVOR, ENFIE ESSE SUA PSEUDO INTELIGENCIA NO CÚ E NÃO ME ESCREVA MAIS POR FAVOR, POEMAS RIDICULOS CHEIO DE PSEUDO INTELIGENCIA, MEU SOME, SE CRUZAR NA RUA TB NÃO CHEGUE PERTO... FALO SÉRIO.”
Que bomba!
A cabeça logo pede por vingança, pede por uma atitude agressiva, não quer digerir o conteúdo do e-mail, não quer meditar nos fatos, uma vez que desde criança foi condicionada a não levar desaforo para casa.
Bastante perturbado, levanto-me em direção à cozinha em busca de um bom copo d’água. Coloco um pouco de ração para o cachorro e troco sua água. Vou para a sacada e fico por minutos observando o movimento dos carros e também os dois vasos, um com Jasmim e outro com um enorme pé de Boldo, com quais fui presenteado por este que se dizia meu amigo. Enquanto os observava, passavam em minha mente, de forma bem acelerada, cenas de vários e vários bons momentos de prosa e trocas de “figurinhas sem colar” com este amigo. Também passaram pela mente, os vários títulos de “filmes evolutivos” que trocamos durante o período de nossa amizade. Entre uma lembrança e outra, a mente tentava interferir de forma rancorosa com sutis idéias vingativas dotadas com requintes de crueldade. Não é nada fácil manter o equilíbrio quando se está no meio de um “tornado emocional”... Enquanto a mente gira em busca de estragos, não é fácil achar a direção que a leve para o centro do tornado, onde tudo é energia pura e equilíbrio.
Uma vez passado o Tornado, sentado diante do computador, relembro a última mensagem recebida do mesmo, bem como a resposta a ele enviada (ele tem o costume de enviar mensagens com PPS e vídeos em anexos). Este último versava sobre a importância da fé e gratidão em Deus, com aquelas frases bem clichês típicas dos PPS. Após assistir o último slide, mandei-lhe duas perguntas como resposta:
- Caro “X”, por acaso, essa fé e gratidão em Deus funcionam quando você se encontra confinado em seu quarto por uma profunda depressão?... Ou então quando sua mente é possuída por débeis compulsões? Pense nisso. Um forte abraço, Nelson.
Não sei ao certo se a sua reação emocional deu-se pela minha resposta ao seu e-mail, ou por causa dos últimos textos em meu Blog. O fato é que este acontecimento me fez lembrar uma experiência parecida que tive alguns meses atrás, onde expressei para “um amigo” meus reais pensamentos diante dos acontecimentos em que estávamos envolvidos. Percebi com isto que não devo mais me expressar por e-mail, pois nunca sei como o outro vai receber do outro lado da tela. No entanto, percebi que uma boa maneira de saber se o outro é amigo ou não, se considera ou não seus pontos de vista, é dizer com sinceridade aquilo que você pensa ver. Se este o considera como um amigo e possui equilíbrio emocional, com certeza meditará sobre o que lhe foi dito. Poderá aceitar ou não e ir até mais longe, continuando em conjunto a meditação sobre o assunto expresso. Caso contrário, o que surge é um deturpado "Aviso de Miranda":
- Olha aqui seu pseudo-inteligente, você tem a obrigação de permanecer em silêncio; tudo o que você disser poderá e deverá ser usado contra você no meu tribunal ou na rua quando eu novamente cruzar com você. E quando isso acontecer, você não terá direito a um advogado presente durante este ataque, muito menos de um defensor público. Será que desta vez você entendeu que não tem o direito de se expressar sinceramente?
Bem, parece que mais “um amigo” se foi... Sorte minha ter ficado o pé de Boldo, aliás, nada como um amargo chá de Boldo para a limpeza da amargura causada pelo fígado em tornados emocionais como este.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!