Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

04 abril 2007

O rebelde e o novo paradigma


A fraca e fria chuva permaneceu durante toda madrugada. Os aviões, hoje pareciam estar mais baixos e o barulho das suas turbinas atrapalhava a qualidade do sono. O asfalto, pela manhã, parecia bastante estufado.
Duas mulheres, com corpo e roupas de atletismo corriam compassadamente pela calçada, desviando dos demais pedestres que por ali andavam a passos largos.
A pequena árvore, devido toda chuva da madrugada, tinha seus sinuosos galhos de um tom muito mais escuro do que o normal. Suas folhas estavam repletas de pequeninas gotas d’água que mais pareciam com arranjos natalinos. Em cada gota, um microcosmo.
A cerca de trezentos metros, três homens, cercados por cones e faixas de segurança, com seus capacetes e botas de borracha, faziam uso de uma barulhenta britadeira para perfurar o asfalto.
As flores mantinham sua abertura voltada para o solo, como se estivessem cansadas por beberem tanta água. Os ônibus, como sempre cheios, com pessoas de semblante perdido por de trás dos vidros embaçados. O céu era de um imenso e uniforme cinza claro. Quando não eram os automóveis, era o som da serralheria ou da britadeira que ofendia o tão necessário silêncio.
Ela chegou sem ao menos me cumprimentar, dizendo que estava tomando calmantes e fazendo terapia particular. Logo tratou de suavizar o fato de estar tomando calmantes, alegando que os mesmos não eram de tarja preta.
– Quando você teve depressão, você chegou a tomar calmantes?
– Sim, mas apenas por uma semana. Senti que os calmantes embotavam minha mente, além de me deixarem com o corpo letárgico. Algo no mais profundo do meu ser insistia em me dizer que eu deveria passar por tudo aquilo “limpo”. Percebi que falar com pessoas que já haviam vivenciado na pele a “benção da depressão” era o melhor calmante que existe. A partir daí não precisei mais fazer usos de substâncias químicas que alteram a qualidade da mente. A propósito, você está freqüentando o grupo de ajuda-mutua do qual lhe falei?
– Não! Fui lá só uma vez! Vi um senhor num estado tão deplorável, que acabou me assustando ainda mais!
– Por favor, não tire conclusões precipitadas! Volte lá novamente; tenho certeza que você encontrará pessoas com as quais poderá compartilhar experiências, força e esperança!
– Deixe-me melhorar um pouquinho que voltarei lá, com certeza! Agora, deixe-me ir, pois estou com muita pressa! Tenho muitas coisas para resolver ainda hoje!
– Tome cuidado com os calmantes! Eles podem gerar a dependência psicológica! Tenha um dia repleto de bons momentos!
Ela abaixou a cabeça e saiu apressadamente pela calçada, parando um pouco mais a frente para cumprimentar dona Clarinda, que com toda certeza faria sua próxima parada aqui comigo.
– Bom dia!
– Bom dia dona Clarinda! Como está a sua existência? Com Vida ou sem vida?
– Xiii!!! Nem te conto! Cada hora é uma coisa!... Estes dias estou sofrendo terrivelmente com a minha labirintite. Estive no médico e ele me disse que o nosso cérebro está cheio de pequeninas veias, e que com certeza, alguma delas deve ter se rompido, e com isso, causado esse barulho infernal, esse zumbido que me impede de dormir. Como se já não bastasse os aviões de madrugada! Durante o dia tenho até medo de sair na rua por causa do zumbido e da tontura. Fico andando que nem bêbada olhando para o chão e se equilibrando.
– O doutor falou isso para a senhora sem ao menos lhe fazer exames? Será que isso não pode ser de fundo emocional?
– Humm! Imagine! Esses médicos de hoje atendem a gente como se estivessem esquecido a chave do carro no contato. Mal acabam de fazer a pergunta já passam a mão no caderninho e mandam mais um monte de bolinhas coloridas para a gente tomar. Já não chega o monte de remédio que tomo, agora tenho que tomar mais dois. Você precisa ver, todo dia é quase uma caixa de sapatos de tanto remédio que tomo. Não sei pra que a gente envelhece...
– Apesar do fato do médico rapidamente lhe dizer que a sua labirintite é de origem física, o que a senhora sente no mais fundo do seu ser?
– Ah! Tenho certeza que isso é de fundo emocional. Sabe, vou lhe contar uma coisa, sou muito emotiva, por qualquer coisinha choro! Tenho um medo danado que algo aconteça com alguma das minhas filhas ou dos meus netos. Vivo rezando para Nossa Senhora proteger a todos nós! O que me ajuda muito é a minha fé! Tenho certeza que nosso senhor Jesus Cristo e o amor do Pai vão me ajudar a ficar livre de todas essas doenças! Está vendo? Como já está escrito na Bíblia, de que adianta ajuntar tesouros na terra? A velhice leva tudo! Melhor é juntar tesouros no céu!
– Outra vez a senhora com essa idéia de ajuntar tesouros no céu? Ora bolas, se lá é um céu, para que ter que ajuntar tesouros?
– É você tem razão! Já está escrito na Bíblia que a Jerusalém do céu é um lugar de imensa riqueza! O que a gente tem que fazer é procurar pela salvação, não é mesmo?
– Salvação?... Salvação do que dona Clarinda? Por que um ser humano que vive feliz, livre, desfrutando da vida e de seus relacionamentos com toda intensidade precisaria de salvação? Acho que só precisa de salvação aquele que “empurra a vida com a barriga”! A senhora não acha?
– Ah! Eu não sei não! Só sei que eu quero ser salva!... Sabe, gosto de conversar com você porque você faz cada pergunta que na hora não vem a resposta e a gente tem que ficar pensando o dia todo! Agora, deixe-me ir que hoje estou com muita pressa! Que Jesus te abençoe, que te dê um ótimo dia e que você venda bastante!...
Ela saiu apressada, parando como de costume na banca de jornal a 50 metros daqui, talvez para continuar com a história da sua labirintite para outros ouvidos menos questionadores. É engraçado como as pessoas, ao se verem diante de perguntas que não estão dentro do aceito script básico social, logo fogem através da alegação de que estão sempre atrasadas! Talvez, no mais intimo delas mesmas, saibam que realmente estão “psicologicamente atrasadas” para terem esses tipos de conversas!
Isso tudo me levou a percepção de que a tradição vive do medo. Tem sua propagação e permanência no incentivo de sistemas de crença alicerçadas no medo A Tradição é mecânica, repetitiva, rotineira; não existe vigor na mesma. Ela se alimenta de mitos, lendas, contos, carregados de medo e culpabilidade. Os que detêm o poder fazem com que a massa não questione aquilo que é incentivado pela tradição. Eles sabem como tocar nos botões do medo e da culpa da massa; sabem manipular e conseguem estigmatizar com os rótulos de rebelde a qualquer ser pensante. Elegem “bodes expiatórios”, incitam o medo, a culpa e o conformismo. Eles sempre procuram inibir qualquer novo paradigma; não demonstram o interesse de compreender o que uma nova idéia representa. Por se encontrarem numa zona confortável de “respeitabilidade”, os “lideres” não possuem a mente aberta para a reflexão de novos pontos de vista, nem de novas experiências. Por viverem na base do medo, não se permitem cruzar as fronteiras das florestas do desconhecido e viajar em novos níveis de consciência. Qualquer movimento, qualquer fala contrária ao estabelecido pela tradição, é sempre visto com maus olhos, repletos de medo e intolerância e não é rara a punição através da ação do ostracismo, a todo ser questionador da tradição. Os “líderes” estão sempre presos na emoção e no medo. Não conseguem ver a pureza que se encontra num novo paradigma. A desaprovação do novo paradigma é unânime por parte dos lideres; eles não querem compreender o que se passa nas idéias de um ser questionador.
Um ser pensante questiona o tempo todo. Convida as demais pessoas ao seu redor ao questionamento, que quase sempre são barradas pelas lentes do medo e do conformismo, não se atrevem a olhar com novos olhos. O ser pensante, questionador, representa um perigo para a zona de conforto e para a respeitabilidade estabelecida pela liderança. Muitas dessas pessoas possuem o medo de até mesmo estarem ao lado daqueles que pensam, pois possuem o medo de perderem a respeitabilidade e a pseudo-segurança encontrada no clã a que pertencem e quase sempre se afastam dos mesmos.
Toda e qualquer manifestação contrária ao estabelecido pelo velho, desgastado e disfuncional script social, é sempre abafada através de atitudes manipuladoras, originárias das reuniões secretas nos bastidores sombrios da liderança. O ser pensante quase sempre é “diagnosticado” como um rebelde, um louco, um instigador da quebra da unidade e bem-estar coletivo – sendo reforçado o convite de se estar atento aos movimentos do chamado “rebelde”; para se estar atento a possíveis exposições dos mais novos ás idéias de tal rebelde. Como a massa não pensa, aceita prontamente as idéias contrárias impostas pela liderança ao novo paradigma e não raro, se identificam com o medo instalado por essas idéias contrárias.
A tradição vive das experiências mortas do passado, dos ritos, das convenções, das superstições; não há vigor, muito menos originalidade em si mesma – ela mata toda autenticidade e sensibilidade. A tradição quer ficar presa na mesmice e repudia qualquer pessoa que seja realmente “diferente” do convencional.
Outro fato interessante é o de que a liderança foge da tristeza, do vazio existencial, da insegurança e do medo através de várias maneiras, mas, não consegue por causa da respeitabilidade adquirida, admitir plenamente e abertamente de que é vitima constante desses sentimentos. Seus conflitos estão sempre trancafiados no escuro da sua consciência. Escondem-se por detrás de uma máscara de esperteza, sabedoria e espiritualidade. As idéias que são aprovadas pela liderança são aquelas as quais julgam não ser uma ameaça para a própria zona de conforto, alegando que pensam em nome do coletivo. Para proteger essa zona de conforto, vivem a contar histórias do passado como uma maneira de manipular e embaçar a natureza intrínseca do desejo do novo paradigma. A liderança não pensa no bem estar do coletivo, mas sim, em manter seus próprios desejos de segurança, em manter seus segredos trancafiados, motivados pela ação de medos por vezes inconscientes.
Mas um rebelde sempre consegue ver a insegurança por detrás da máscara do bem-estar, seja da liderança, seja do coletivo. Ele vê e por ser alguém que vê, logo é visto pela liderança; sua visão gera a insegurança dos líderes e a segurança em si mesmo. Por ter visão pode andar livremente, sem a neurótica necessidade de se adaptar a uma determinada linha de pensamento. A liderança se agarra ao seu pacote de memórias como uma forma de segurança psicológica contra as dificuldades do passado. Mantém sempre acesa a chama do passado, que com sua fumaça, embaralha a visão do presente. Acreditam que o esquecimento do passado possa fazer com que ele renasça no presente, ou num futuro próximo.
Já o rebelde não teme abrir a caixa de memórias do passado para colocá-las a luz da consciência. Ele se permite ao movimento que pode libertá-lo de vez do medo coletivo imposto pela tradição. Ele não espera por nenhum tipo de salvação vinda de fora, capaz de lhe proporcionar liberdade! Mas a liderança não quer a liberdade, quer apenas falar em liberdade. Na visão da liderança, a atitude do rebelde em relação ao desconhecido é rotulada como insensatez. Mas o rebelde, movido por seus mais profundos sentimentos, não tem como deter esse impulso ardente em direção ao desconhecido. Ele quer conhecê-lo, quer tocá-lo e por causa disso, avança, no início vacilante, mas avança. Alguns membros da massa, interiormente até invejam a coragem do rebelde em enfrentar a tradição, mas alegam que não acham certo esse tipo de ação. Mas o rebelde não se conforma com a limitação da visão da tradição. Ele quer ver mais. Quer ver o mundo livre da visão da tradição. Ele quer ver o novo e voltar para de algum modo, incentivar a massa na ampliação de sua visão limitada. Mas essa atitude causa vários nós nos estômagos do coletivo. Mas, em cada contato entre o rebelde e a massa, algo vai se instalando na consciência daqueles que ouvem, com a mente aberta, que de modo algum, voltam a ser os mesmos de antes.
O rebelde não teme a desaprovação geral, o ostracismo. Prefere isso do que viver escondido no quarto escuro e estagnante do conformismo. Assume sua postura de rebeldia ao tradicional diante da liderança. Inicialmente até chega a se ressentir por não poder mais se conformar ao que é estabelecido pela tradição, mas, precisa seguir seus impulsos mais profundos. Ele se ressente pelo mal estar causado, mas sabe que não pode voltar atrás e torce para que seu modo de ver a vida não cause mais sofrimentos aos seus entes queridos. Com profundo pesar, se entrega a solidão de sua própria busca. É notório o mal estar e constrangimento causado no coletivo diante de tal postura. No entanto, alguns dos membros da liderança admiram e invejam silenciosamente a coragem de tal atitude do rebelde, mas admitem para si mesmos que não possuem a coragem para tal abandono.
A liderança acredita na tradição da prece, dos ritos, das crenças, das oferendas como uma forma de restauração do bem-estar pessoal, coisa que se apresenta como total absurdo diante dos olhos do rebelde. Ele assiste a tudo isso em meio de sua solidão mental. A liderança se preocupa com as aparências e por isso, só aparentemente vive. A liderança impede a existência de uma verdadeira intimidade entre os seres humanos. Ninguém ousa ir mais fundo e por isso, não há como “tocar” o outro. A liderança manipula os acontecimentos; manipula as informações de modo que as pessoas não entrem em contato com a realidade. Para a liderança, a segurança se encontra em mostrar eficiência e alegria e com isso, mantém a massa e a si mesmos num caminhar vacilante. Medos coletivos são expostos como forma de manipulação. O medo é instalado como um modo de se fazer censura. E se algum rebelde viola as fronteiras do conhecido, reuniões entre as lideranças são instauradas, uma vez que o coletivo não pode tomar consciência da falência da tradição. Mas nem isso consegue fazer com que o rebelde recue. Ele enfrenta o próprio medo e segue adiante. Alguns membros da massa questionam a coragem do rebelde diante do medo dos demais. Mas os olhos do rebelde não se encontram no futuro, mas sim, no presente, naquilo que deve ser feito. Ao mesmo tempo em que encontra dificuldades para expressar o que pensa, sente um forte impulso para expressar o que pensa. Não consegue parar de se questionar.
Mas o absurdo se manifesta mais cedo ou mais tarde e é através da manifestação do absurdo que a graça do novo paradigma também se manifesta. A tradição acredita no poder do pensamento positivo, vive na busca do poder, do prestígio, das posses e por isso é uma eterna fonte de conflitos. Um rebelde não aceita esse modo de vida. Ele lidera a si mesmo enquanto os outros apenas seguem. Ele vê luz onde os outros só vêem escuridão. Ele tem os olhos fechados para as cores artificiais da tradição. Ele sabe onde se encontra e solitário sai em busca de medicamentos para as suas próprias feridas psicológicas que talvez possam ser úteis para os demais. Ele enfrenta os próprios medos e segue adiante, tateando por lugares onde não há caminhos, sem nenhuma fonte de apoio e segurança. O rebelde consegue compreender a falta de coragem da massa e da própria liderança em enfrentar os próprios medos e o desconhecido da floresta da inconsciência. Ousa entrar em contato com aquilo que os outros não ousam mencionar e percebe que tudo não passa de uma crença, de uma farsa. Ao tomar consciência disso, não há mais espaço para a crença e para o medo. Ele segue em frente. Percebe que não precisa mais ter o medo causado pela crença. A liderança teme entrar em contato com os próprios sentimentos e perceber a total falta de sentido de sua existência, por isso não vai mais fundo e impede que os outros também o façam. O rebelde se entristece pela liderança e a massa, mas segue sua busca. O rebelde deu seu próprio coração a essa causa e está pronto para assumir o que por direito é apenas seu. A liderança se esquece de que, aquilo que inicialmente os movia, antes de se instalarem na mofada cama da respeitabilidade, era o mesmo tipo de sentimento de buscar por algo melhor; o mesmo impulso que agora incentiva o rebelde a seguir seus sentimentos mais profundos. Não consegue perceber que é o medo que os manteve na zona de estagnação, no qual, o rebelde não se conforma a se entregar. Devido a tal zona de estagnação, a liderança, perde a sensibilidade e o poder de agir segundo o coração. Suas atitudes são apenas racionais, baseadas no auto-interesse, no intelecto dominado pelo medo. Mas, o que a liderança não se dá conta é de que faltam pessoas para perpetuarem o antigo paradigma e mais cedo ou mais tarde terá que se render ao novo paradigma. Não conseguem perceber que o futuro depende dos rebeldes. Não percebem que ao negarem olhar para o novo paradigma, abrem mão de toda inocência. Perdem a chama interna do amor, que é a essência que motiva o rebelde. Nessa busca solitária, o rebelde terá que lidar com as próprias vozes interiores de seus condicionamentos, será um tempo para explorar e aprender sobre si mesmo, livre de qualquer livro, mestre ou tradição. Tropeçara em buracos sombrios, mas suas raízes não deixaram que se perca. Abandonará suas muletas e toda idéia de segurança. Aprenderá com as próprias feridas. Lidará com os próprios fantasmas. Talvez seu medo o faça andar por alguns períodos em círculos. Seus pensamentos virão à mente com toda carga de medo, mas ele começará a perceber o que é falso, o que não é real. E através dessa visão, chegará ao que é real, onde já não há mais espaço para o medo. Para o rebelde, a vontade de viver é muito grande. O rebelde caminhará sozinho, até encontrar sua própria estrada que o fará sair da floresta da inconsciência. Quando menos esperar, se deparara com os últimos grandes muros da tradição e terá que fazer um grande esforço para transpô-los, sem nenhum tipo de ajuda. O rebelde descobrirá por si mesmo, que a ajuda da liderança, mantém as pessoas presas em seu passado, torna-as limitadas, impossibilitadas de desenvolverem seus talentos, sua visão critica, preservando um modo de vida medíocre e até mesmo selvagem.
O rebelde tem pressa; sabe da urgência das respostas. Sabe como mais ninguém, o quanto que sua saúde psíquica encontra-se em grande risco, bem como de muitos outros. A liderança tentará – como sempre – manipular as informações para a massa não pensante. Mas, a verdade permanecerá viva dentro do coração do rebelde, que em contato com outros rebeldes iniciará uma revolução de consciência.
O avião já ia longe deixando um rastro no céu cinzento. Os homens com a britadeira já haviam terminado o seu serviço e agora, recolhiam seus objetos de trabalho numa pequena camionete. O barulho da serra ainda soava alto.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!