Ontem por volta do horário do almoço, enquanto conversava com um jovem amigo, recebi a visita de outro amigo, com quem costumo almoçar uma vez por semana. Em determinado momento da nossa conversa, este último, começou a reclamar da dificuldade que algumas pessoas possuem de falar de seus sentimentos – uma discreta insinuação dirigida ao jovem amigo – pelo fato dele não sentir a necessidade de pertencer a um determinado grupo terapêutico. Sua atitude despertou-me para a prepotência e arrogância espiritual característicos do fundamentalismo grupal. Tenho visto nesses grupos muitas pessoas se iludindo com a idéia de que falam de si. De que adianta falar?... Papagaio também fala! Além do que, bafo de boca nunca cozinhou ovo! Creio que seja muito mais benéfica uma exaustiva e enérgica honestidade para consigo próprio do que essa pseudo-honestidade grupal, quase sempre isenta da real responsabilidade de ação. Essa experiência despertou-me para o fato de que o fundamentalismo grupal é a grande barreira que impede a autêntica intimidade entre os homens, e sem esta, torna-se impossível a nutrição e a beleza característica de um real encontro. Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.
19 abril 2007
Fundamentalismo Grupal
Ontem por volta do horário do almoço, enquanto conversava com um jovem amigo, recebi a visita de outro amigo, com quem costumo almoçar uma vez por semana. Em determinado momento da nossa conversa, este último, começou a reclamar da dificuldade que algumas pessoas possuem de falar de seus sentimentos – uma discreta insinuação dirigida ao jovem amigo – pelo fato dele não sentir a necessidade de pertencer a um determinado grupo terapêutico. Sua atitude despertou-me para a prepotência e arrogância espiritual característicos do fundamentalismo grupal. Tenho visto nesses grupos muitas pessoas se iludindo com a idéia de que falam de si. De que adianta falar?... Papagaio também fala! Além do que, bafo de boca nunca cozinhou ovo! Creio que seja muito mais benéfica uma exaustiva e enérgica honestidade para consigo próprio do que essa pseudo-honestidade grupal, quase sempre isenta da real responsabilidade de ação. Essa experiência despertou-me para o fato de que o fundamentalismo grupal é a grande barreira que impede a autêntica intimidade entre os homens, e sem esta, torna-se impossível a nutrição e a beleza característica de um real encontro. Postagens populares
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Escolho meus amigos pela pupila
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde