Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

04 abril 2007

A Ditadura da normalidade

A praia agora já se encontrava bem vazia, talvez pelo fato do vento frio que soprava do mar para o areal.
O céu era de um cinza claro com nuvens mais escuras acompanhadas pelos navios cargueiros em direção ao porto quase sumidos na linha do horizonte.
Uma revoada de pombos de tom de preto, cinza e branco desceu sobre a areia suja em busca de restos de alimentos deixados pelos banhistas.
Um jovem rapaz carregando um saco plástico de cor preta vasculhava as lixeiras das barracas na procura de latinhas de cerveja para reciclagem.
Uma criança de pele e cabelos claros divertia-se solitariamente dentro de um enorme buraco feito na areia.
Podia-se ouvir de longe o apito do salva-vidas na tentativa de alertar os banhistas menos precavidos.
Os comerciantes locais já começavam a recolher suas cadeiras e guarda-sóis espalhados ao redor de suas barracas. Não estavam felizes, pois o dia não havia sido dos melhores.
Na areia, por todos os lados viam-se os rastros de sujeira deixados pelos turistas. Conversando com um dos comerciantes locais quanto a sujeira deixada pelos turistas, obtive a seguinte resposta:
– É normal! É sempre assim! Todo ano é a mesma coisa!
– O que você vê de “normal” nisso tudo? Como você pode ver “normalidade” em algo tão anormal?
Apesar de ser um nativo da região, talvez pelo contato excessivo com a insensibilidade dos turistas com relação a natureza, acabou tendo sua sensibilidade “normotizada”.
Como pode um ser humano sensível olhar para toda aquela sujeira deixada no leito da areia, chamar isso de normal?
Por que as pessoas, as autoridades se conformam com isso?
Encontrei respostas para estas questões nas letras dos poetas:
“É a força da grana que ergue e destrói coisas belas!...
A natureza não importa!
O importante...
É a renda!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!