Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

24 janeiro 2011

Nada te pode trazer paz

Mantenedores da ordem
A sociedade é uma onda. A onda move-se para a frente, mas a água da qual é composta não. A mesma partícula não sobe do vale para a crista. Sua unidade é apenas fenomênica. As pessoas que hoje perfazem uma nação morrem no ano seguinte, e sua experiência com elas.

E assim, a confiança na Propriedade, incluindo a confiança nos governos que a protegem, expressa a falta de autoconfiança. Os homens têm olhado para fora de si mesmos, para coisas, por tão longo tempo que chegaram a estimar as instituições religiosas, eruditas e civis como guardas da propriedade, e desaprovam investidas contra estas, porque as consideram investidas contra a propriedade. Eles medem sua estima recíproca pelo que cada um possui, e não pelo que cada um é. Mas um homem cultivado acaba por envergonhar-se de sua propriedade, graças a um novo respeito por sua natureza. Ele odeia especialmente aquilo que possui quando o comprova meramente acidental - caiu-lhe nas mãos por herança, ou doação, ou como produto do crime; então sente que não é um possuir; não lhe pertence, não está enraizado nele, e simplesmente se acha ali porque nenhuma revolução ou nenhum ladrão o levou embora. Mas aquilo pelo qual um homem é, ele o adquire necessariamente, e aquilo que o homem assim adquire é propriedade viva que não aguarda o gesto dos governantes, nem a turba, nem as revoluções, nem o fogo, nem as tempestades, nem as bancarrotas, mas se renova perpetuamente onde quer que o homem respire. "Teu quinhão ou porção de vida", disse o califa Ali, "te procura; assim sendo, folga em procurá-lo." Nossa dependência desses bens que nos são estranhos nos conduz ao respeito servil pelos números...

Não desta maneira, ó amigos, Deus condescenderá em entrar e habitar em ,vós, mas pelo método exatamente inverso. É somente quando o homem se desvencilha de todo suporte externo e fica a sós consigo, que eu lhe predico força e prevalência. A cada recruta sob sua bandeira, vejo-o mais fraco. Não é um homem melhor do que uma cidade? Nada peças aos homens e, na infinita mutação, serás a única coluna firme que em breve terá de surgir como o sustentáculo de todos que te cercam. Aquele que sabe que o poder é inato, que ele é fraco porque procurou o bem fora de si e alhures, e que, dando-se conta disso, toma sem hesitação partido de seu pensamento, corrigindo-se instantaneamente, apruma-se, comanda seus membros, faz milagres; da mesma forma que o homem que se ergue sobre os pés é mais forte do que o homem que caminha de cabeça para baixo.

Usa, pois, tudo o que se chama Fortuna. A maioria dos homens especula com ela, e tudo ganha ou tudo perde, ao girar de sua roleta. Mas abandona como ilegais esses ganhos, e lida com a Causa e com o Efeito, os chanceleres de Deus. Junto à Vontade, trabalha e adquire, e terás agrilhoado a roda da Fortuna, e deixarás de temer suas rotações. Uma vitória política, um aumento de rendas, a convalescença de teu doente, ou o regresso de teu amigo ausente, ou algum outro acontecimento favorável eleva teu espírito, e estás certo de, com isso, poder contar com bons dias por vir. Não te fies nisso. Nada te pode trazer paz senão tu mesmo. Nada te pode trazer paz senão o triunfo dos princípios.

Ralph Waldo Emerson

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!