P: Há um ponto na vida da pessoa quando ela se converte na testemunha?
M: Oh, não. A pessoa por si mesma não se transforma na testemunha. É como esperar que uma vela apagada comece a arder no curso do tempo. A pessoa pode permanecer na escuridão da ignorância para sempre, a menos que a chama da Consciência a toque.
P: Quem acende a vela?
M: O guru. Suas palavras, sua presença. Na Índia é muito frequente o mantra. Uma vez que a vela esteja acesa, a chama a consumirá.
P: Pode a pessoa tornar-se consciente de si mesma por si mesma?
M: Sim, isto acontece algumas vezes como um resultado de muito sofrimento. O guru quer salvar você da dor interminável. Tal é sua graça. Mesmo quando não há um guru externo que possa ser encontrado, sempre há o sadguru, o guru interior, que dirige e ajuda a partir dentro. As palavras "externo" e "interno" são relativas ao corpo apenas; na realidade tudo é um, sendo o externo uma mera projeção do interno. A consciência chega como se de uma dimensão superior.
M: Antes de acender a chama não há nenhuma testemunha que perceba a diferença. A pessoa pode ser consciente, mas não está ciente de ser consciente. Está completamente identificada com o que ela pensa, sente e experimenta. A escuridão que nela está é de sua própria criação. Quando a escuridão é examinada, é dissolvida. O desejo de examinar é instalado pelo guru. Em outras palavras, a diferença entre a pessoa e a testemunha é como entre não se conhecer e conhecer a si mesma. Quando há harmonia, o mundo visto na consciência é da própria natureza da consciência; mas quando a atividade e a passividade aparecem, elas obscurecem e distorcem, e você vê o falso como real.
P: O que pode a pessoa fazer para preparar-se para a vinda do guru?
M: O próprio desejo de estar pronto significa que o guru já chegou e a chama foi acesa. Pode ser uma palavra casual ou uma página em um livro; a graça do guru trabalha misteriosamente.
Sri Nisargadatta Maharaj