Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

15 janeiro 2011

Confraria dos despertos

cadeado


Carta de um Confrade

A nossa consangüinidade está - não no sangue que corre em nossas veias, neste corpo débil e impermanente, formadora de uma família de elos encadeados (literalmente 'e n C A D E A D O S') - mas na seiva que penetra nossas entranhas, constituidora de uma família para além da mais vasta noção de espaço e tempo, de uma confraria, como você disse, onde a presença da morte é necessária para anunciar a vida...e denunciar a falta do viver...

A cada dia que passa tomo maior consciência da minha necessidade visceral de viver a maior quantidade de instantes que consigo conceber na iminência da morte...próximo a ela...próximo de quem está próximo dela....dos desesperançados, dos que estão passando por momentos extremos, no limite de suas forças psíquicas ou orgânicas...

...nesta condição extrema, somente nestas circunstâncias verdadeiramente radicais, onde a vida fica em suspensão (que faz qualquer prática esportiva dita 'radical' parecer como brincadeira de criança - tendo isto valor e significado também), é quando efetivamos um contato com o que há de humano, divino e, mesmo, infernal em nós. E este contato dá sentido e razão no viver, mesmo quando se vive na loucura de estar fora dos padrões.

Meu raro amigo Nelson, perdoe minha avalanche de absurdos...mas sei que você está apto a compreendê-los por ter vivenciado e vivenciar algo similar. Vivo querendo morrer...sou um Vivo, querendo morrer...pois me recuso a estar morto, querendo Viver...

Um abraço de um confrade...

Liban

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!