Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

18 janeiro 2011

Commemorare

Na noite passada, fui a comemoração do 11º aniversário de um ser que muito me é querido...


...Comemorar, do latin, "commemorare"... Com mesmo ar... Trazer à memória; fazer recordar; lembrar...

Pois é! Fui lá e não encontrei o tal do "com mesmo ar"? 

Definitivamente, algo deve estar errado comigo; não é possível!... Tem que estar! Porque, entre os meus, já não sinto mais "o mesmo ar"; sinto-me um estranho no ninho de outros estranhos... Não sinto mais liga! Por mais que me esforce, não consigo... 

Definitivamente, chego a conclusão que festas de aniversário e outras datas tidas como especiais, não mais são para mim. Não vejo sentido em me entregar à euforia de altos decibéis, sentar em volta de uma mesa farta de bebidas, salgados e doces e participar ativamente de fofocas referentes a algum familiar ausente (nas costas dos outros é que se vê como devem tratar a sua). É um saco ficar ouvindo os outros "cagando regras" de como o outro deve ser (de si, ninguém fala). O "outrismo" parece ser o prato preferido nesses desencontrados encontros. O pior é ver a pessoa que mais fala dos outros, sempre iniciar sua fala com a expressão:

- Não que eu queira falar de fulano, mas...

E, pelo fato de eu não me entregar à euforia, sempre tem alguém que me rotula de "desanimado".

Sempre é a mesma coisa, não sobra muita opção. Se não é a mesa fofocante, tem-se assuntos trabalhista ou a maldita da televisão. Hoje, foi vídeo de "flashback dos anos 80"... Comemoramos Abba, Queen, Air Supplay e outros. Riu-se das roupas e dos cortes de cabelo. Fechamos com o colorido DVD de Ivete Sangalo no Madison Square Garden. Todos pareciam felizes...

A comemoração com a aniversariante deu-se em apenas dez minutos de "Parabéns à você", com direito a tradicional foto, agora de celular, com pais, avós, tios e primos. 

Cantado os parabéns, uma fatia de bolo, cinco minutos de média e a seqüencia de polidos "tudo de bom pra você: foi um prazer!"... Contenho meu impulso; como que alguém que não me conhece, que não conversou comigo nem por 3 minutos pode dizer tamanho absurdo? 

E, com um sorriso elástico e cara de paisagem, internamente me pergunto: foi mesmo?... Por que, pra mim, não foi!... Mas tudo bem! Eu devo ser o problema, ou então, o problemático!    

Como fui à comemoração e não encontrei o mesmo ar, só me restou uma opção: no mesmo ar,  partir para a ação e comer.

Nelson Jonas

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!