Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

16 janeiro 2011

Resposta ao convite para a Confraria

Confrade,

sei que compartilhamos de uma alegria semelhante: a de conseguir transpor em palavras uma ínfima nesga do turbilhão de nossas inquietações; a de compor...sim, compor... fazer uma composição orquestral - com a máxima penetração possível permitida pela musicalidade deste termo, onde buscamos o mais fiel arranjo de palavras (como o músico busca as notas musicais mais fiéis) para externar a sutileza de uma dinâmica interna quase intransponível de tão comprimida, de tão pressurizada.

Por isso fico muito, mas muito mesmo, grato e gratificado pelo seu convite.

A escrita exerce este poder sobre os libertos de preciosísmo literário, os que escrevem de forma descompromissada em relação a uma escola literária, cuja realização já está alcançada na conclusão da escrita. Assim, creio, é como você escreve. Assim, também, é como eu escrevo.

Para alguns, a escrita faz o papel de válvula na panela de pressão: permite à panela continuar existindo sem explodir, sem se danificar ou gerar dano; ao alimento dentro da panela, continuar cozinhando para nutrir... entretanto basta aproximar a orelha - não o ouvido - do vapor emanado pela válvula para provar da queimadura, do calor, do ardor corrosivo que vai dentro daquela panela... quem ousa - ousadia sim, pois o risco de sair queimado é real - aproximar o seu ouvido, o seu único veículo silencioso da escuta singela, para perto do rugido daquela panela, talvez... e só talvez... obtenha alívio e conforto das opressões que lhe vão no âmago...

Talvez seja agraciado pela despressurização de uma espécie de amargor encastrado em seus modos...em seus educados modos atávicos, estes sim, servidores fiéis da inaudita violência presente nos longos prazos dos trâmites da justiça comum; estes sim, fazem apologia das forças psíquicas que movem aos crimes mais bárbaros: assassinos por motivo torpe, ladrões do erário público - matando e estuprando de forma indireta, instruindo e justificando os que efetivamente matam e estupram.

Sou diariamente bombardeado por miríades de anúncios assassinos e estupradores!

...vou repetir, faço questão...

O fato de alguns - sejamos justos ao evitar dizer todos - agentes da mídia se darem o título de 'formadores de opinião' é um assassinato e um estupro. Nem é preciso uma análise mais apurada para atestar esta evidência. Eles se tornam fabricantes em ritmo industrial, tão explosivo quanto a explosão demográfica, da legião de crimes que eles mesmos fazem questão em veicular, divulgar, propagar, disseminar..., minando a capacidade de ficar de bem consigo mesmo tendo o mínimo necessário para viver. Estamos continuamente sendo provocados para nos convencermos de que a razão do nosso descontentamento é não comprar tais e quais produtos.

A qual autoridade máxima devo recorrer para buscar meu direito legítimo de existir em paz?

Que direito tenho eu para me indignar, exigindo punição e, às vezes, até mesmo o linchamento, de crimes hediondos noticiados?

Como não enxergar a hediondez da imperceptível violência cometida de forma tão natural quanto espontânea em nosso trato diário com os atarefados em ações consideradas menores (o analfabeto faxineiro do banheiro público, por exemplo)?

Confrade, acho que este convite me inspirou...

Abraços de um confrade.

LIBAN

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!