Há falta de justiça na moral do perdão sistemático. Está bem perdoar uma vez e seria injusto não perdoar nunca; mas aquele que perdoa duas vezes torna-se cúmplice dos malvados. Ensinemos a perdoar; mas ensinemos também a não ofender. Seria mais eficiente. Ensinemos com exemplos, não ofendendo. Admitamos que a primeira vez se ofende por ignorância; mas acreditemos que a segunda vez costuma ser por vileza. O mal não se corrige com a complacência ou a cumplicidade; é nocivo como os venenos e deve-se aplicar antídotos eficazes: a recriminação e o desprezo.
José Ingenieros - O Homem Medíocre