É libertar-se dos paradigmas sociais e compreender o significado de sua existência.
Observo, porém, que as pessoas não estão interessadas em consciência.
Elas mal compreendem aquilo que são.
As pessoas estão por aí, andando de um lado para o outro, como baratas tontas, a procura de algo que elas mesmas ignoram. Elas não possuem identidade própria. Constroem uma personalidade, uma persona, uma máscara social.
Então, elas buscam meios para tornar esta máscara mais sofisticada, mais interessante.
Observe como é fácil atrair as multidões.
Basta você oferecer alguma forma de poder, algum item de destaque.
As pessoas estão com a auto-estima tão prejudicada que pagam caro para se sentirem melhores ou mais importantes: um carro luxuoso, roupas da moda, celulares de última geração.
Possuindo bens tão especiais, elas se sentirão mais especiais ainda.
Você também pode oferecer produtos que as façam permanecerem ainda mais adormecidas e inconscientes. Elas irão beber, irão se drogar e, por algum tempo, se sentirão melhores.
Mas isto tudo é pura estupidez. Entretanto, as pessoas estão adormecidas. Profundamente adormecidas.
É por isto que o Zen não é interessante para o mundo. Porque o Zen é a arte da simplicidade.
A proposta do Zen é o abandono do extraordinário e o olhar sereno e não-conflitivo para o ordinário, para o cotidiano. É um acolher as coisas como elas realmente são e não como eu gostaria que elas fossem. Olhar para o outro como ele é e libertá-lo de minhas expectativas.
Mas as pessoas estão interessadas em milagres. Estão interessadas no extraordinário.
Ofereça milagres para as pessoas. Diga que você possui algumas receitas mágicas para elas enriquecerem, ou que possui as chaves do sucesso. Ou, melhor ainda, mostre para as pessoas que elas possuem um corpo inadequado e que você tem a fórmula para elas adquirirem o corpo perfeito.
É fácil iludir as pessoas. Use a imaginação, treine um pouco a sua intuição, penetre na mente do outro e comece a simular que você possui alguns poderes especiais, talvez telepáticos...
As pessoas estão inseguras quanto ao futuro. Comece a divulgar que você prevê o futuro e você irá enriquecer em pouco tempo.
As pessoas estão se sentindo sozinhas. Comece a afirmar que você tem contato com outros mundos, com outros seres, talvez extraterrestres... Elas virão ao seu encontro.
Estar consciente não é interessante para o mundo.
Estar consciente significa acabar com a nossa cegueira. Mas o mundo quer permanecer cego.
As pessoas gostam de permanecer na ilusão, sentem algum contentamento nela.
Multidões estão vagando de um lado para o outro em busca de respostas.
Surge um novo messias, uma nova igreja, todos correm em busca de respostas e salvação.
Daqui a pouco, outra igreja ou quem sabe, um consultor de sucesso, um terapeuta, um político ainda mais poderoso desponta na mídia. Então, todos abandonam a antiga fórmula mágica e adotam a nova filosofia de vida.
O mal da humanidade é a depressão, a melancolia.
No fundo, todos estão num estado de quase morte.
A humanidade está tão entediada com tudo, que é preciso lança constantes novidades no mercado. Olhe para as prateleiras dos supermercados: "Novo Nescafé", "Novo Tody", "Nova Aveia Quaker", "Nova margarina Mila", "Leite Moça Nova Embalagem". Novo, novo, novo... Estes produtos já existem por décadas. Mas como seria possível vender algo que é antigo? As pessoas querem fugir do tédio.
É preciso um apelo de marketing. O "Novo" é o apelo.
Na verdade, o mundo não é um tédio.
Mas as pessoas conseguiram transformá-lo num tédio.
As taxas de suicídio continuam subindo.
O mundo é um lugar extraordinário. A vida é um fenômeno maravilhoso.
Mas, em sociedade, conseguimos nos afundar num mar de cobiças.
Compramos compulsivamente nos shoppings e nos afogamos em nossas próprias dívidas.
Buscamos desesperadamente o sexo e nos sufocamos de solidão.
Como num filme de "Matrix" você precisa acordar.
Precisa enxergar que a realidade não é o que você entende como realidade.
O real está dentro de você e não fora.
Meu trabalho é o despertar desta consciência.
Mas talvez, este trabalho esteja condenado ao fracasso.
Ou então, será o trabalho mais necessário a ser desenvolvido neste planeta.
"Estado búdico". Não sou budista, mas gosto desta expressão.
Viver um estado búdico é viver como um buda.
É estar presente neste planeta, interagir com as pessoas, mas não se deixar enganar pelas ilusões sociais.
É ser capaz de passar pelos problemas e dificuldades cotidianas, mas não se deixar abalar por elas.
Viver no "estado búdico" é não levar a vida tão a sério.
É compreender a temporalidade da vida.
É entender que tudo passa e, assim, não precisamos nos aborrecer tanto com as coisas.
É acordar pela manhã e agradecer pela graça da vida, pela oportunidade de fazer a experiência de mais um dia. É deixar de amaldiçoar as segundas-feiras e acolher com amor cada experiência que a vida nos traz.
É compreender que tudo é um aprendizado e que somos preparados para algo além do que nossos olhos presenciam.
Que caminho você está tomando? O que vai ser de sua vida?
Eu te convido a virar a mesa e fazer de sua vida uma experiência possível, serena, tranqüila e feliz.
Isto é possível, não com milagres. Mas com disciplina mental e disposição para um trabalho interior.
Esteja consciente. Seja Livre!
Paz profunda para você!
Chris Almeida