Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

28 novembro 2010

Capitalismo Parasitário


Título: Capitalismo Parasitário
Subtítulo: E outros temas contemporâneos
Autor: Zygmunt Bauman
Tradução: Eliana Aguiar
Editora: Zahar
Edição: 1
Ano: 2010
Idioma: Português
Capítulos Especificações: Brochura | 96 páginas
FICHA TÉCNICA
ISBN: 978-85-3780-205-2
Peso: 160g
Dimensões: 210mm x 140mm

Intérprete perspicaz da realidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman lança seu olhar crítico sobre temas variados do mundo contemporâneo: cartões de crédito, anorexia, bulimia, medo, a crise financeira de 2009 e suas possíveis soluções, a inutilidade da educação nos moldes atuais, a cultura como balcão de mercadorias.

Todos são fenômenos que colaboram para o mal-estar dominante nas sociedades e estão brilhantemente relacionados ao conceito de liquidez desenvolvido pelo sociólogo. Em "Capitalismo parasitário" é possível encontrar exemplos do pensamento do autor em ação, sempre cortante, cirúrgico e esclarecedor.

Há quem julgue a visão de Bauman pessimista e sombria. Para esses, o sociólogo responde com a viva esperança na capacidade humana de elaborar alternativas ao que pode parecer uma realidade imutável.

Leia trecho:
....

Sem meias palavras, o capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro, destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou mesmo de sua sobrevivência.


Escrevendo na época do capitalismo ascendente e da conquista territorial, Rosa Luxemburgo não previa nem podia prever que os territórios pré-modernos de continentes exóticos não eram os únicos "hospedeiros" potenciais, dos quais o capitalismo poderia se nutrir para prolongar a própria existência e gerar uma série de períodos de prosperidade.


Em tempos recentes, assistimos a outra demonstração concreta da "lei de Rosa", o famigerado affaire das hipotecas, que estão na origem da atual recessão: o o expediente de fôlego curto, deliberadamente míope, de transformar em devedores indivíduos desprovidos dos requisitos necessários à concessão de um empréstimo. A única coisa que eles inspiravam era a esperança (um tanto astuta, mas vã, em última análise) de que o aumento dos preços das casas, estimulado por uma demanda artificialmente inflada, pudesse garantir, como um círculo que se fecha, que os "compradores de primeira viagem" pagassem os juros regularmente (pelo menos por algum tempo).


Hoje, quase um século depois de Rosa Luxemburgo ter divulgado sua intuição, sabemos que a força do capitalismo está na extraordinária engenhosidade com que busca e descobre novas espécies hospedeiras sempre que as espécies anteriormente exploradas se tornam escassas ou se extinguem. E também no oportunismo e na rapidez, dignos de um vírus, com que se adapta às idiossincrasias de seus novos pastos.


No número de 4 de dezembro da "New York Books Review", no artigo intitulado "The Crisis and What to Do About It", George Soros, brilhante analista econômico e praticante das artes do marketing, apresentava o percurso das aventuras capitalistas como uma sucessão de "bolhas" que, em regra, se expandem muito além de sua capacidade e explodem assim que atingem o limite de resistência.


A atual contração do crédito não é um sinal do fim do capitalismo, mas apenas da exaustão de mais um pasto. A busca de novas pastagens terá início imediatamente, alimentada, como no passado, pelo Estado capitalista, por meio da mobilização forçada de recursos públicos (usando os impostos, em lugar do poder de sedução do mercado, agora abalado e temporariamente fora de operação).


Novas "terras virgens" serão encontradas e novos esforços serão feitos para explorá-las, por bem ou por mal...



Fonte: Folha UOL

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!