Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

08 novembro 2010

Tristeza


Tristeza, upload feito originalmente por NJRO.


A tristeza pode se tornar uma experiência muito enriquecedora. Você precisa trabalhar nela.

É fácil fugir de sua tristeza — e todos os relacionamentos são geralmente fugas: a gente simplesmente prossegue evitando-a. E ela está sempre oculta lá... a corrente continua.

Mesmo no relacionamento ela irrompe muitas vezes. Assim a gente tende a lançar a responsabilidade sobre o outro, mas isso não é a coisa real. É a sua solidão, sua própria tristeza. Você ainda não atentou para isso, desse modo ela irá surgir de novo e novamente.

Você pode fugir no trabalho. Você pode escapar com alguma ocupação, no relacionamento e na sociedade, nisso e naquilo, viajando, mas ela não irá embora, porque ela é parte do seu ser.

Todo homem nasce sozinho — no mundo, mas sozinho; vem através dos pais, mas sozinho. E todo homem morre sozinho, novamente deixa o mundo sozinho. E entre essas duas solidões prosseguimos iludindo e enganando a nós mesmos.

É bom criar coragem e mergulhar em nossa solidão. Embora isso possa parecer duro e difícil no princípio, vale muito a pena. Uma vez que você se arranja com isso, uma vez que você começa a desfrutar disso, uma vez que você sente isso não mais como tristeza, mas como silêncio, uma vez que você compreende que não há como escapar disso, você relaxa.

Nada pode ser feito sobre isso, então por que não desfrutá-la? Por que não penetrar profundamente e sentir o sabor dela, ver o que ela é? Por que ficar desnecessariamente assustado? Se ela vai estar lá presente e se é um fato, existencial, não acidental; então por que não chegar a um acordo com ela? Por que não chegar nela e ver o que ela é?

Quando você se sentir triste, sente-se silenciosamente e permita a tristeza chegar; não tente escapar dela. Torne-se tão triste quanto possível. Não a evite — essa é uma coisa para lembrar. Grite, chore... sinta todo o sabor disso. Grite muito... se jogue no chão... role — e deixe isso prosseguir por si mesmo. Não o force; isso irá, porque ninguém pode ficar num humor permanente.

Quando ela se vai você se sentirá descarregado, absolutamente aliviado, como se toda a gravidade tivesse desaparecido e você pudesse voar, leve. Esse é o momento para penetrar em si mesmo.

Primeiro traga a tristeza. A tendência geral é não permitir isso, encontrar algum jeito e meios para que você possa olhar para outra coisa — ir para um restaurante, para uma piscina, encontrar os amigos, ler um livro ou ir para o cinema, tocar uma guitarra; fazer algo, a fim de que você possa estar ocupado e possa desviar sua atenção para alguma outra coisa.

Isso é para ser relembrado — quando você estiver se sentindo triste, não perca a oportunidade. Feche as portas, sente-se e sinta-se tão triste quanto possa, como se o mundo inteiro fosse um inferno. Vá fundo nisso... mergulhe nisso. Deixe que todo pensamento triste penetre em você, que cada emoção triste lhe agite. E grite e chore e diga coisas, e as diga bem alto, não há nada com que se preocupar.

Portanto, primeiro viva a tristeza por alguns dias, e quando o momentum da tristeza se for, você irá se sentir muito calmo, em paz — como a gente sente após uma tempestade. Nesse momento sente-se silenciosamente e desfrute do silêncio que está chegando por si mesmo. Você não o trouxe; você estava trazendo tristeza. Quando a tristeza se vai, na vigília, o silêncio se assenta.

Escute esse silêncio. Feche seus olhos. Sinta-o... sinta a própria textura dele... a fragrância. E se você se sente feliz, cante, dance.

Osho, em "Be Realistic: Plan for a Miracle"

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!