Homens acima, foto por NJRO.
O pico mais alto da consciência é quando você é apenas um ser — sem fazer nada, imóvel, profundamente silencioso, como se não existisse mais. Subitamente toda a existência começa a derramar flores sobre você.
O homem é treinado para realizar porque toda a sociedade necessita dele treinado como trabalhador em diferentes direções, para a produção, para a ganância, para a esperteza, para o poder.
Ele tem de ser transformado em um escravo cuja vida inteira não seja nada além de fazer, desde a manhã até a noite. Ele nem mesmo rejuvenesceu pelo sono e já tem de ir trabalhar nas estradas, trabalhar nos campos, trabalhar nos pomares.
A sociedade fez do realizar algo muito proeminente e respeitável. Ela se esqueceu completamente de que existe outra dimensão na vida. Não estou dizendo que você não deva fazer nada. Você tem de comer, tem de se vestir, necessita de um teto, de modo que algum tipo de realização será necessário.
Mas o realizar deve ser apenas utilitário; ele não vai lhe dar as grandes experiências para as quais a vida é uma oportunidade. Seu realizar vai lhe dar a sobrevivência. Mas sobreviver apenas não é estar vivo.
Estar vivo significa ter uma dança em seu coração. Estar vivo significa ter cada fibra de seu ser cheia de música celestial. Estar vivo significa experimentar o fluxo eterno da força da vida dentro de suas veias.
Isso é possível não pelo realizar; isso é possível apenas pela não-realização. Portanto, a não-realização é o derradeiro valor. Realizar é simplesmente mundano — por necessidade você tem de fazer algo.
Mas existe tempo suficiente: vinte e quatro horas por dia. Você pode dedicar cinco ou seis horas às necessidades comuns, e ainda sobrarão dezoito horas. Se você puder encontrar até mesmo duas horas para a não-realização, ficará tão enriquecido que não poderá conceber antecipadamente — porque, quando você não está fazendo nada, você não existe.
Então o que existe? Esse imenso silêncio da existência, essa imensa beleza das flores, esse infinito do céu que cerca você, tudo se torna parte de você. E o toque do eterno e o infinito e o imortal trazem tanto júbilo que, mesmo quando você está fazendo, lentamente, lentamente você encontrará esses júbilos mesmo no seu fazer, esses êxtases estarão entrando em seu trabalho.
Então o trabalho não é mais trabalho. Fazer não é mais fazer; torna-se a sua criatividade. O que quer que você faça, fará com totalidade. E toda a existência o sustentará, o encherá com tanto néctar de modo que você possa derramar esse néctar em suas ações, nos seus afazeres.
Subitamente você se torna um mágico. O que quer que você toque irá se transformar em ouro. Para onde você for, a existência seguirá lhe dando as boas vindas, e o que quer que faça, por menor que seja, será parte de sua meditação.