eu tenho sessenta e dois anos e os jovens me aceitam como se eu fosse um deles. Como isso é possível?
Meditação é uma transformação de todo o seu ser. Você não é mais parte da multidão, não é mais um parafuso da máquina. Você tomou a responsabilidade sobre os seus próprios ombros; tornou-se um indivíduo livre.
A nacionalidade irá desaparecer, porque são linhas arbitrárias criadas pelo homem — a sua existência é algo feio porque mostra que o homem ainda não é maduro; senão qual é a necessidade de haver tantas nações, e de cada nação ter enormes exércitos?
As pessoas estão morrendo de pobreza, e setenta por cento do rendimento nacional em todo o mundo vai para gastos militares. A humanidade está vivendo apenas com trinta por cento e os exércitos ficam com todo o restante — naturalmente, porque eles venderam suas vidas e estão se preparando para a morte, seja para matar ou ser morto.
Isso parece ser tão inútil. Por que deve haver guerras? Por que deve existir violência? E por que as nações, após cinco mil anos de experiência, continuam a mostrar que são cancerosas, destrutivas?
O homem de meditação está destinado a ser cidadão do mundo. Ele não irá ser cristão, ou hindu, ou maometano, porque ele se relaciona com a existência por si mesmo; não há necessidade de nenhum mediador, de nenhum padre, de sagradas escrituras ou de igrejas.
Todas essas religiões não têm criado nada além de derramamento de sangue, queima de seres humanos vivos e a perpetuação de toda espécie de atos repugnantes contra uma humanidade inocente.
À medida que você se torna mais silencioso, que seus olhos se tornam mais claros, que a fumaça ao seu redor desaparece, as religiões, nações, discriminações entre preto e branco, entre homem e mulher, começam todas a desaparecer.
Está certo você se sentir sem idade.
A meditação começa por levá-lo além do tempo, porque ela vai também levá-lo além da morte.
Você ficará surpreso ao saber que em sânscrito há apenas uma palavra para morte e tempo. A palavra é Kal. Kal significa também amanhã — amanhã haverá apenas a morte e nada mais; a vida é hoje.
À medida que você se torna mais tranquilo... as suas tensões são o seu peso. Quando as tensões não existem mais, você se torna leve, sem peso. E a consciência, que é a sua realidade, não tem limitação de espaço e tempo.
Seu corpo cresce da infância para a juventude, para a velhice e para a morte. Essas mudanças estão ocorrendo apenas ao corpo. São uma troca de mobília da casa, ou uma nova pintura, ou uma nova fachada, mas o homem que vive na casa, o chefe da casa, não é afetado por essas coisas.
A consciência é o mestre.
O seu corpo é apenas a casa.
No momento em que você entra em meditação, você toca, dentro de si mesmo, em algo universal — algo que não tem idade, que não tem limitações seja de tempo ou espaço.
Isto não está acontecendo somente a você. Eu recebo muitas cartas de sannyasins velhos, dizendo que eles estão se sentindo tão jovens que não sentem nenhum contraste de gerações.
Eles se misturam com sannyasins jovens e nem por um momento lhes vem a ideia de que eles têm oitenta anos e que os outros têm apenas vinte. Eles se comunicam e ninguém acha isso estranho.
Uma mulher sannyasin, da Escócia, escreveu para mim: "Agora, Osho, já está um pouco demais!" Ela está com setenta e oito, e agora está correndo atrás de borboletas! Todo o vilarejo pensa que ela ficou louca, porque ela está continuamente rindo e se divertindo e ninguém consegue acreditar nisso.
Por eles a terem visto sempre miserável, não podem acreditar no que aconteceu. Ela está se comportando como uma criança.
Ela me perguntou: "O que eu devo fazer? Devo tentar me comportar da maneira antiga?"
Eu disse a ela: "Você pode tentar, mas não vai ser bem-sucedida. Não perca seu tempo, continue a correr atrás das borboletas. E por que se importar com os idiotas de sua cidade? Divirta-se."
Meditação não é algo mental.
Meditação é algo que diz respeito ao seu ser.
É necessário apenas uma pequena conexão... e, de súbito, tudo é diferente. O corpo continuará seu caminho, mas você saberá que não é seu corpo. Pessoas morrerão, mas você saberá que a morte é impossível.
A sua própria morte virá — mas a meditação o prepara para a morte, para que você possa ir dançando e cantando para o derradeiro silêncio, deixando a forma para trás e desaparecendo no sem-forma.
Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"