MOYERS: Em The Mythic Image, você escreve sobre o centro transformador, a idéia de um lugar sagrado, onde os muros temporários podem se dissolver, revelando algo maravilhoso. O que significa ter um lugar sagrado?
CAMPBELL: Isso, hoje, é uma necessidade absoluta para qualquer um. Você precisa de um quarto, uma determinada hora ou um certo dia em que não leu as notícias da manhã, não sabe quem são seus amigos, não sabe o que deve a quem quer que seja, nem o que lhe devem. É um lugar onde você simplesmente vivencia e traz à tona o que você é e o que pode ser. É o lugar da criação incubativa. No início, você pode achar que nada acontece. Mas se você tem um lugar sagrado e se serve dele, alguma coisa eventualmente acontecerá.
MOYERS: Esse lugar sagrado fará por você o que as planícies fizeram pelos caçadores.
CAMPBELL: Para eles, o mundo inteiro era um lugar sagrado. Mas a orientação de nossas vidas se tornou tão prática e econômica que, à medida que você envelhece, as solicitações do momento se tornam prementes a ponto de você mal saber onde diabo está, ou quais são suas intenções genuínas. Você está sempre fazendo algo exigido de você. Onde está a sua estação de bem-aventurança? Você precisa se esforçar para encontrá-la. Pegue o aparelho de som e ponha uma música de que você realmente goste, ainda que seja uma música piegas, ultrapassada, que ninguém mais aprecie. Ou pegue o livro que você realmente gosta de ler. No seu lugar sagrado, você atinge aquele sentimento de respeito pela vida que esses povos tinham para com o mundo todo em que viviam.
O Poder do Mito
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