Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

24 outubro 2010

A Jornada do Herói

Costumamos dizer que algumas pessoas têm “alma”. Elas amaram, sofreram e têm um profundo senso do significado da vida. E, o que é, talvez, mais importante ainda, elas sabem quem são.

Outras pessoas parecem ter perdido suas almas. Elas podem ter bens materiais – uma boa casa, um bom carro, um bom emprego; podem até mesmo ter uma vida familiar estável ES serem religiosas. Por dentro, porém, se sentem vazias. Mesmo quando fazem o que deve ser feito, suas ações são destituídas de significado.

Existem ainda outras pessoas que amam, sofrem e vivem a vida intensamente, mas nunca chegam realmente a um acordo com as suas vidas. Elas parecem não conseguir encontrar um emprego ou relacionamentos pessoais que realmente as satisfaçam e, portanto, se sentem constantemente coagidas. Ainda que possam estar ligadas às suas almas, elas se sentem isoladas do mundo.

O caos mais triste é o daquelas pessoas que nunca aprendem a abrir caminho na vida ou como ser sinceras consigo mesmas. Suas vidas são vazias e sem graça – embora não precisem ser necessariamente assim: virtualmente, todos somos capazes de encontrar propósito e significado na nossa vida e na vida da comunidade humana.

Nas histórias sobre o heroísmo, encontramos um modelo para viver. A busca heróica implica em dizer sim a nós mesmos e, ao fazê-lo, tornamo-nos mais plenamente vivos e atuamos de forma mais eficiente no mundo. A Jornada do herói consiste primeiramente na realização de uma jornada para reencontrar o tesouro representado pelo nosso verdadeiro Self e, em seguida, na volta ao ponto de partida para dar nossa contribuição no sentido de ajudar a transformar o reino – e, ao fazê-lo, transformar a nossa própria vida. Embora a procura propriamente dita esteja repleta de perigos e armadilhas, ela nos oferece uma grande recompensa: a capacidade de sermos bem-sucedidos no mundo, o conhecimento dos mistérios da alma humana, a oportunidade de encontrar e expressar nossos dons sem iguais no mundo e de viver em harmonia com outras pessoas.
...
Cada Jornada é única e cada explorador traça um novo caminho. Todavia, é infinitamente mais fácil empreender essa jornada tendo pelo menos algum conhecimento a respeito das experiências daqueles que já estão à nossa frente. Quando aprendemos quais são os diversos caminhos heróicos possíveis, compreendemos que todos temos a oportunidade de ser heróis à nossa própria e singular maneira.

As histórias a respeito de heróis são profundas e eternas. Elas ligam os nossos próprios anseios, desgostos e paixões às experiências dos que vieram antes de nós, de modo que podemos aprender algo a respeito da essência do significado de ser humano, e também nos ensinam de que forma estamos ligados aos grandes ciclos dos mundos natural e espiritual. Embora os mitos que podem dar significado a nossas vidas sejam profundamente primitivos e arquetípicos, às vezes nos inspirando terror, eles também têm a capacidade de libertar-nos de modos de vida falsos e fazer com que passemos a ter uma vida de verdade. Se evitarmos o que T.S. Elliot chamou de “terror primitivo”, perdemos nossa ligação com a intensidade e o mistério da vida”. O encontro da nossa ligação com esses padrões eternos proporciona-nos um senso de significado e importância até mesmo nos nossos momentos mais penosos e alienados, recuperando dessa maneira a dignidade da vida.

O paradoxo da vida moderna é que, ao mesmo tempo que estamos vivendo como nunca se viveu antes e, assim, recriando diariamente o nosso mundo, nossas atividades frequentemente nos parecem infundadas e vazias. Para transcender esse estado, precisamos nos sentir enraizados simultaneamente na história e na eternidade.

É por isso que o mito do herói é tão importante no mundo contemporâneo. Trata-se de um mito imemorial que nos une a pessoas de todas as épocas e lugares. Ele fala em saltar intrepidamente através dos limites do conhecido e enfrentar o desconhecido e ter confiança de que, quando chegar o momento, teremos os recursos necessários para enfrentar nossos dragões, descobrir nossos tesouros e retornar para transformar o reino. Ele também fala em aprendermos a ser verdadeiros com nós mesmos e a viver em harmonia com os outros membros da nossa comunidade.

Fonte:
O Despertar do Herói Interior
Carol S. Pearson - Pensamento



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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!