Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

26 outubro 2010

A beleza da naturalidade

Hoje* eu fui informado que bilhões de dólares são gastos em cirurgias plásticas apenas nos Estados Unidos. Quase meio milhão de pessoas, todo ano, fazem cirurgia plástica.

Inicialmente a faixa etária do grupo que costumava fazer essa cirurgia era de mulheres de meia-idade — e era confinado apenas às mulheres — quando elas começavam a se sentir velhas, faziam uma plástica para continuarem jovens, atraentes, por mais alguns dias.

Mas em uma pesquisa recente foi revelado que a maior parte das pessoas que estão fazendo cirurgia plástica nos Estados Unidos são homens, não mulheres, porque agora eles querem ficar jovens durante mais um tempinho.

No fundo, eles se tornarão mais velhos, mas as suas faces mostrarão a elasticidade de um jovem. E o fato mais surpreendente na pesquisa é o de que até mesmo um jovem de 23 anos de idade fez cirurgia plástica para ficar mais jovem.

Esse país é certamente a terra dos lunáticos. Se um rapaz de 23 anos de idade acha que precisa parecer mais jovem...

É tão feio ir contra a natureza. É tão bonito estar em sintonia com a natureza e com qualquer presente que ela traga: a infância, a juventude ou a velhice. Se você aceitar e seu coração estiver aberto, tudo o que a natureza traz tem a sua própria beleza.

De acordo com a minha compreensão — e todos os sábios orientais me apoiam — o homem torna-se realmente bonito e total no ponto mais alto de sua idade, quando toda a tolice da juventude se foi; quando toda a ignorância da infância desapareceu; quando ele transcendeu todo um mundo de experiências mundanas e atingiu um ponto onde ele pode ser um observador na colina — enquanto o mundo inteiro está se movendo lá embaixo nos vales escuros e sombrios, tateando cegamente.

A ideia de permanecer continuamente jovem também é feia. O mundo inteiro deveria conscientizar-se de que forçar a si mesmo a ficar jovem simplesmente torna você mais tenso. Você nunca ficará relaxado.
E se a cirurgia plástica for bem-sucedida, tornando-se uma profissão cada vez mais difundida no mundo, você terá algo estranho acontecendo: todo mundo começará a parecer igual. Todo mundo terá o nariz do mesmo tamanho, o que será decidido pelo computador; todos terão o mesmo tipo de rosto, as mesmas feições.

Não será um mundo bonito; ele perderá toda a sua variedade, perderá todas as suas lindas diferenças. As pessoas se tornarão quase como máquinas, todas iguais, saindo de uma linha de montagem, carros Ford, um a um, igualzinho ao seu anterior — em uma hora, sessenta carros. Vinte e quatro horas por dia isso continua; o turno dos trabalhadores vai mudando, mas a linha de montagem continua a produzir os mesmos carros.
Você deseja que a humanidade também tenha linhas aerodinâmicas, montadas em uma fábrica, todos exatamente iguais, de tal modo que em todo lugar que você for encontre uma Sophia Loren? Isso seria muito enfadonho.
Todo mundo quer viver por mais tempo, mas ninguém quer tornar-se velho. Por quê? Por causa do estágio seguinte. Ninguém está realmente com medo da velhice, mas depois da velhice está a morte e nada mais.

Todo mundo gostaria de viver o máximo de tempo possível, mas nunca se tornar velho, porque tornar-se velho significa que você entrou na área da morte. No fundo, o medo de tornar-se velho é o medo da morte, e somente aqueles que não sabem como viver temem a morte.

A juventude é uma enfermidade da qual o homem se cura um pouco a cada dia. A velhice é a cura. Você passou através de todo o teste de fogo da vida, e chegou a um ponto onde você pode estar inteiramente desprendido, distante, indiferente.

Mas o Ocidente nunca entendeu a beleza da velhice. Eu posso entender, mas não posso concordar com esta ideia do Ocidente: o problema com a vida é que há tantas mulheres lindas — e tão pouco tempo. Essa é a razão de ninguém querer tornar-se velho, apenas para esticar o tempo um pouquinho mais.

Mas eu lhes digo: o problema seria ainda pior se houvesse poucas mulheres e muito tempo! Assim como está, é um mundo perfeito.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
(* Palestra proferida em 28 de setembro de 1987)



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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!