Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

26 outubro 2010

O Guerreiro de Alto Nível

Para o Guerreiro do nível mais elevado, a verdadeira batalha é sempre contra os inimigos interiores - a preguiça, a descrença, a desesperança, a irresponsabilidade e a rejeição. A coragem de enfrentar os dragões interiores é o que nos permite enfrentar os dragões exteriores com sabedoria, habilidade e autodisciplina.

O custo da batalha pode ser muito alto, pois o mundo muitas vezes é um lugar difícil de se viver. É importante sermos suficientemente fortes, não apenas para nos mantermos firmes mas também para escolher nossas batalhas. Guerreiros maduros, especialmente aqueles que têm confiança em suas habilidades, não lutam por qualquer motivo. Eles escolhem cuidadosamente as suas batalhas.

Os Guerreiros definem suas metas e criam estratégias para atingi-las. Ao fazê-lo, eles identificam os obstáculos e desafios que provavelmente irão encontrar e planejam o modo pelo qual cada um deles será superado. Eles também identificam os oponentes que podem tentar impedir a consecução dessas metas. Os Guerreiros de nível inferior reduzem a complexidade da situação qualificando os oponentes como inimigos e usando de todos os meios para derrotá-los na guerra, até mesmo matando-os sem nenhum sentimento de remorso pela perda de vidas humanas.
Os Guerreiros de alto nível procuram convencer os outros a apoiar suas metas. Eles compreendem a política das organizações ou comunidades e sabem como granjear apoio para suas causas. Eles sabem como evitar pôr as cartas na mesa até terem a certeza de poder contar com o apoio de que necessitam. A verdadeira batalha é a escolha do último recurso, o qual deverá ser empregado depois de se ter pensado em todas as outras opções - contornar a oposição, confundi-la, controlar sua reação, enganá-la, infiltrar elementos em suas fileiras ou convertê-la. Além disso, os Guerreiros de alto nível sabem quando e como reconhecer que foram vencidos e aprendem com a derrota.

O que evidencia a qualidade de um Guerreiro não é a permanente insistência em persistir na batalha mas sim a consecução de suas metas. Os Guerreiros de alto nível podem preferir recolher-se durante algum tempo, desenvolver sua estratégia, mobilizar e reagrupar suas energias e agir apenas quando estiverem preparados. Por exemplo: uma mulher que estava lutando por uma causa no hospital, onde eventualmente trabalhava, resolveu deixar esse emprego. Embora pudesse ter permanecido e lutado, ela sabia que não iria alcançar os seus verdadeiros objetívos. Ao sair, ela conservou uma maior probabilidade de vir a alcançar suas metas e, tendo provado a si mesma sua coragem, não teve nenhuma necessidade de continuar a luta.

Na verdade, os Guerreiros mais habilidosos nem mesmo são reconhecidos como tais porque a única batalha que ocorre é a da sagacidade, travada nos bastidores. Nos níveis mais elevados, a vitória é alcançada não apenas sem derramamento de sangue mas também sem que ninguém seja humilhado; a paz só pode ser mantida quando todos sentem que foram tratados com justiça.

Os Guerreiros de alto nível sempre inspiram respeito pela sua tenacidade e pela sua avaliação inteligente de pessoas e situações; assim, eles podem lutar quando a luta é necessária e buscar um compromisso criativo sempre que isso for possível. Embora os Guerreiros de alto nível possam preferir a paz, eles não têm medo da luta. Na verdade, em determinado nível eles tendem a deleitar-se com ela, mesmo quando a sensatez prevalece e os confrontos são evitados.

Como pensadores e aprendizes, os Guerreiros cristalizam suas ideias em oposição às dos outros, que eles gostam de desqualificar como erradas (ou mesmo "perigosamente" ou odiosamente erradas) ou inadequadas, fracas, ingénuas ou inconsistentes. Este processo inicialmente predispõe o Guerreiro que existe dentro de cada um de nós a provar que estamos "certos" e os outros "errados", uma posição que encerra uma presunção de superioridade.

Os Guerreiros geralmente se sentem mais à vontade num universo em que as questões relativas à integridade são razoavelmente simples e diretas e é fácil saber quem está certo e quem está errado. O mundo moderno, porém, não é assim. Combater no mundo moderno requer integridade dentro de um universo complexo e ambíguo.

O mundo contemporâneo exige Guerreiros que possam tomar decisões e agir quando nada é absolutamente certo ou errado. A questão, nesse caso, não é simplesmente "Qual é a maneira correta de pensar ou agir?" mas, sim, "O que é correto para mim?'' e, finalmente, "O que é melhor para todos os envolvidos?''

Neste contexto, uma compreensão de que todos vemos o mundo a partir de uma perspectiva diferente e de que nenhum de nós é dono da verdade ajuda o Guerreiro a deixar de lado um modelo de tomada de decisões e resolução de conflitos em que um perde e o outro ganha e a substituí-lo por um modelo em que as duas partes ganham. Se eu estou "certo" e você discorda de mim, então você tem de estar "errado". Mas se eu estou fazendo ou pensando o que é certo para mim e você está fazendo ou pensando o que é certo para você, não existe necessariamente uma oposição, mesmo se estivermos pensando ou fazendo coisas muito diferentes.

Não obstante, a maioria dos bons Guerreiros impõe alguns limites ao relativismo cultural (certamente em relação a atos criminosos ou claramente antiéticos), pois eles têm a ftinção de proteger o reino contra as forças interiores ou exteriores que possam prejudicá-lo ou enfraquecê-lo. Os Guerreiros de alto nível buscam o equilíbrio apropriado entre situações nas quais é necessário respeitar as diferenças e aquelas que exigem uma rápida e vigorosa reparação.

Os Guerreiros também adotam diferentes modelos de luta baseados em seu nível de desenvolvimento. O primeiro nível é o de um combatente que luta na selva. O combate é sujo e a meta é destruir, e não apenas derrotar a oposição (interior ou exterior). O inimigo é considerado completamente mau e, talvez, inumano. Quando o Guerreiro se torna mais civilizado e refinado, o combate é limitado pelos princípios ou regras do fair-play, e a meta passa a ser a derrota da oposição, se possível, sem fazer-lhe mal desnecessariamente. Na religião, por exemplo, pode-se procurar converter os infiéis em vez de matá-los.

No terceiro nível, o único objetivo do Guerreiro é atingir uma meta que seja de amplo interesse social. Quando as metas do Guerreiro são definidas apenas pelo Ego, é provável que elas se realizem em competição com os outros pois, conforme disse Jung, a função do Ego é provar o nosso valor em relação às outras pessoas. Assim, nós iremos aprender a alcançar os nossos objetívos e a triunfar sobre as pessoas que têm outros pontos de vista.

Por fim, quando o desejo está informado pela Alma e o Guerreiro age a serviço do chamamento da Alma, frequentemente não existe nenhum conflito entre aquilo que a pessoa quer realizar e o que contribui para o bem geral, particularmente se conseguirmos desenvolver a capacidade de ouvir e de aprender com as outras pessoas, mesmo (ou especialmente) com aquelas que se opõem a nós. A lição que mais cedo ou mais tarde os grandes Guerreiros acabam aprendendo é a de que não existe maneira de aprender realmente a vencer se não estivermos contribuindo com aquilo cuja doação é motivo de estarmos aqui.

Quando fazemos isso, todos saem ganhando. Assim, os Guerreiros do nível mais elevado procuram soluções que satisfaçam a todas as partes, pois sabem que é do interesse de cada um de nós que todos obtenham aquilo que irá realizá-los e trazer-lhes alegria no nível mais profundo.

Carol S. Pearson - O Despertar do Herói Interior

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!