Admitimos a necessidade de arranjar dinheiro, quaisquer que sejam os meios, porque é presentemente impossível dispensá-lo, mas não a necessidade de trabalhar. Aliás, nós já não trabalhamos: fazemos umas merdas. A empresa não é um lugar onde existimos, é um lugar que atravessamos. Não somos cínicos, apenas reticentes em ser abusados. Os discursos sobre a motivação, a qualidade, o investimento pessoal, passam-nos ao lado, para grande perturbação de todos os gestores de recursos humanos. Dizem que estamos desiludidos com a empresa, que esta que esta não honrou a lealdade dos nossos pais, que os despediu de forma demasido expedita. Mentem. Para estar desiludido, é preciso ter tido esperança a dada altura. E nós nunca dela esperamos nada: vêmo-la pelo que ela é e nunca deixou de ser, um joguinho para imbecis de conforto variável. Lamentamos no entanto que os nossos pais tenham caído nesse embuste, e que pelo menos alguns tenham acreditado nisso...
O atual aparelho de produção é então, por um lado, esta gigantesca máquina de mobilização psíquica e física, de sugar a energia dos seres humanos tornados excedentários e, por outro, esta máquina de triagem que concede a sobrevivência às subjetividades conformes e deixa sucumbir todos os «indivíduos em risco», todos os que encarnam um outro emprego da vida e, dessa forma, lhe resistem. De um lado fazem viver os espectros, de outro deixam morrer os vivos. Tal é a função propriamente política do atual aparelho de produção.
Organizar-se para lá do e contra o trabalho, desertar coletivamente do regime da mobilização, manifestar a existência de uma vitalidade e de uma disciplina na própria desmobilização é um crime que uma civilização com a corda na gargante não está nem perto de nos perdoar; é, na realidade, a unica forma de lhe sobreviver...
Sabemos que o indíviduo existe tão pouco que tem de ganhar a vida, vender o seu tempo em troca de um pouco de existência social. Tempo pessoal em troca de existência social: eis o trabalho, eis o mercado.
O atual aparelho de produção é então, por um lado, esta gigantesca máquina de mobilização psíquica e física, de sugar a energia dos seres humanos tornados excedentários e, por outro, esta máquina de triagem que concede a sobrevivência às subjetividades conformes e deixa sucumbir todos os «indivíduos em risco», todos os que encarnam um outro emprego da vida e, dessa forma, lhe resistem. De um lado fazem viver os espectros, de outro deixam morrer os vivos. Tal é a função propriamente política do atual aparelho de produção.
Organizar-se para lá do e contra o trabalho, desertar coletivamente do regime da mobilização, manifestar a existência de uma vitalidade e de uma disciplina na própria desmobilização é um crime que uma civilização com a corda na gargante não está nem perto de nos perdoar; é, na realidade, a unica forma de lhe sobreviver...
Sabemos que o indíviduo existe tão pouco que tem de ganhar a vida, vender o seu tempo em troca de um pouco de existência social. Tempo pessoal em troca de existência social: eis o trabalho, eis o mercado.
Fonte: A Insurreição Que Vem