Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

24 agosto 2011

Um estado disponível de ser

Marcos Gualberto e Nelson Jonas

E.R.: Fala, Nelsão... Está ocupado?
N.J.: Fala irmão, beleza?
E.R.: Na paz. Está ocupado aí?
N.J.: Isso é ótimo. Não, estou Deusocupado.
E.R.: Legal! E o satsang presencial, foi legal?
N.J.: 10 x 10 x 1000
E.R.: Legal! Muito bom! Me fala uma coisa...
N.J.: Diga!
E.R.: Antes e depois desse encontro com o Marcos, mudou alguma coisa? Aconteceu algo que você não previa? Algo novo? Ou está tudo normal como antes?
N.J.: Antes de mais nada: Marcos é só um instrumento; isso precisa ficar claro. O importante é a mensagem e não o carteiro que a trás. Está claro?
E.R.: Sim! Concordo.
N.J.: Ok! Acho que muito antes do Marcos, algo já estava em andamento dentro de mim. O encontro com o Ser através de um organismo limpo (Marcos) foi a precipitação, o fermento que possibilitou a bem-aventurança. Tudo mudou e nada mudou!
E.R.: Entendi!
N.J.: O mundo continua o mesmo, mas meu olhar mudou, meu sentir se instalou. Eu vivia na mente, agora, estou no coração. Sinto uma presença que se instalou.
E.R.: Legal! Isso é maravilhoso!
N.J.: Creio que todo trabalho anterior de descondicionar, preparou o terreno para este evento. Sinto que não estou pronto, estou vivenciando um processo, sinto as coisas ocorrendo, mas, na paz.
E.R.: Daqui pra frente, então, só tranquilidade e paz... Que bom isso!
N.J.: Na tranqüilidade.
E.R.: Legal!
N.J.: Agora, há um trabalho de vigia, de manutenção deste estado, numa atenção quanto as tentativas da mente assumir o domínio novamente.
E.R.: Legal.
N.J.: É preciso atenção, pois os impulsos para isso vêm de todos os lados, só que agora, há algo aqui no centro do peito, algo que não sentia antes. Agora há um centro onde posso repousar a mente, os sentidos, o olhar... Há uma Presença Calorosa, Amorosa, Presença que acarreta um estado de Unidade Interna, algo nunca sentido antes. Há uma dedicação nova em manter uma atenção, manter um contato consciente, momento a momento, com esta Presença. O interessante, é que a necessidade de ler, sumiu. A necessidade de assistir filmes, procurando por respostas, sumiu. A necessidade de pesquisar sites e blogs, sumiu. A necessidade de evitar pessoas e lugares, sumiu. Tudo parece absurdamente novo.
E.R.: Legal!
N.J.: A pressa, sumiu, a resistência, sumiu, a necessidade de dar a última palavra, sumiu, a necessidade de estar sempre com a razão, sumiu... A seriedade ácida, sumiu, a disputa por conhecimento, sumiu...
E.R.: Eita! Muito bom. Então, você está na paz! Está tranqüilo!
N.J.: Sinto que tudo isso só pode ser mantido, se mantido for este contato consciente com esta Presença. Quando esta consciência desta Presença se torna fraca, forte se torna as investidas mentais para a re-identificação com o passado modo de ser. Mas, há agora, um "despertador interno", tipo um splinker da alma, que dispara quando percebe que o contato está ficando fraco. Há uma necessidade de silêncio. Há uma visão imediata das coisas.
E.R.: Sim.
N.J.: Há um espaço entre os pensamentos, eles não sumiram, mas estão espaçados e sem a antiga violência. Os pensamentos agora são mais referentes a isto que está acontecendo, em como compartilhar... A criatividade explodiu feito milho em óleo quente... É pipoca cósmica para todo lado... Uns se deliciam com elas, outros rejeitam e hostilizam. Mas, não me importo se aceitam ou não; o lance, a alegria, está no ato de tornar disponível ao outro, numa espécie de "pegue e faça você também". Sinta-se à vontade para desfrutar, ou então, seguir com sua vida presa nas garras deste John Mclane, duro de matar... A escolha é do freguês, não sou mais responsável por consertar o mundo. No entanto, posso compartilhar do que vejo agora, sempre aberto para novos olhares mais aprofundados, com a mão aberta, sem me agarrar a nada... É isso que está rolando... Isso e mais um pouco que as palavras não alcançam.
E.R.: hum...
N.J.: Outro fator importantíssimo... Estou muito sensível a energia do outro, mesmo pela tela do computador... Isso parece loucura, mas, duas ou três palavras e já pesco logo.
E.R.: rsrs... Que legal! Isso é fantástico, é maravilhoso!
N.J.: Sim! Se vejo que ali tem espaço para troca nutritiva, vamos juntos... Caso contrário, vou para o silêncio, não o silêncio rancoroso de outrora... Isso é muito simples, muito simples... Nada de desperdiçar a lenha... A lenha, agora, é para acender este fogo, este fogo do Ser e não para atacar o outro... Pescou? Eu levo a lenha, e o Ser traz o fogo que está queimando todas as impurezas da mente... Sinto isso como um processo de cura... Também sinto que se instalou, uma nova capacidade de exercitar um "olhar relâmpago" diante dos pensamentos, sentimentos e emoções"... Nesse olhar, não sobra tempo e espaço para a identificação. Isso é uma benção, uma benção qualitativa. Textos, poemas, idéias de arte e fotografia, explodem sem o mínimo esforço...
E.R.: Entendi!
N.J.: Abriu-se um portal, podemos dizer assim... Sinto que o fator primordial para que isso acontecesse foi eu estar me sentindo totalmente impotente diante da solução do meu tédio, da minha insatisfação, mediante a ação do pensamento, da ação da mente. Cheguei num instante em que senti que não tinha mais onde ir, o que ler, ou o que assistir. Estava me sentido totalmente impotente para conseguir uma mudança em minha vida que a tornasse significativa através da observação da mente. Sentia no mais fundo de meu ser, a necessidade de algo além mente.
E.R.: hum.
N.J.: Na observação, me sentia como um cachorro correndo atrás do próprio rabo... Eu perseguia um pensamento, quando ele estava quase findando, vinha com outros sete pela porta dos fundos e pelas janelas laterais... Pescou?
E.R.: Sim!
N.J.: Cheguei num ponto de exaustão. Foi quando encontrei o Marcos, e, com poucas palavras suas, ou com poucas palavras manifestas através dele, me rendi. Quando me rendi, quando soltei o controle, algo aconteceu... E dai pra frente, você pode conferir nos textos do blog.
E.R.: Legal, muito bom, maravilhoso!
N.J.: É como se a visão, o estado de ser, passasse da digital para o 6D...
E.R.: Quero te agradecer também pelo seu trabalho e pela força que você tem dado. Você anda conosco nisso e eu fico muito grato pelo seu trabalho aí junto com o Marcos.
N.J.: Cara, como não posso fazer isso? Como não tentar facilitar que outros bebam disso? De que jeito? Isso não pode ser retido! Isso precisa ser manifesto, compartilhado!
E.R.: É verdade, concordo com você!
N.J.: Estou dando de graça, o que me foi dado pela ação da Graça! Sinto que quanto mais faço, mais me abro para que isto me derreta por inteiro... Para que isto dissolva qualquer achismo, qualquer ranso mental, qualquer ranso de resistência, qualquer entrave de disputas egóicas, de disputas imaturas de conhecimento livresco, ou de conhecimento institucionalizado... Quanto mais faço, mais observo e absorvo; quanto mais observo, mais me dissolvo... Isso está me levando a um processo de dissolver e, nesse dissolver, isso está me deixando muito leve, leve, livre e solto.
E.R.: Muito bom!
N.J.: Não há preocupações... Isso é fantástico... Nada de mundo da lua, tudo muito pé no chão, pé no chão e a mente no coração. Bem, agora preciso ir buscar a Deca no Metrô. Você vai para o Satsang de hoje a noite?
E.R.: Estarei sim.
N.J.: Nem preciso dizer que nosso bate-papo vai pro Blog...
E.R.: Abraços, irmão! É isso aí, valeu!
N.J.: Um abração e um chute búdico nas canelas!
E.R.: rsrs, legal! Valeu
N.J.: Fui

Conversa entre Ed Roney e Nelson Jonas via MSN

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!