Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

13 agosto 2011

A mística da obstinada negação


A idéia de Guru sempre me causou repulsa, uma obstinada negação. Havia um enorme contrassenso em meu modo de ser. Sempre me considerei um "sério buscador", daqueles que não se entregam de modo algum à dependência física de um guru (já não posso afirmar isso quanto aos gurus em forma de livros). Na minha pseudo-seriedade, na minha pseudo-sabedoria, nunca me ocorreu investigar o por que dessa obstinada recusa, o por que dessa obstinada negação, dessa obstinada resistência às experiências de outro ser humano, que afirma ter sido agraciado por uma visão de longo alcance, visão essa que não é fruto dos esforços do intelecto, mas sim, da Graça. Ao contrário, preferia defender com as unhas e dentes do meu intelecto, minha enorme, orgulhosa e presunçosa miopia. Sempre mantinha uma postura de medição analítica preconceituosa, a qual sempre me impediu o tão necessário estado de abertura de mente, sem a qual, nunca se dá o precioso encontro, aquele fecundo encontro no Ser, aquele encontro que é nutritivo em sua comunhão. Meu comportamento sempre foi diametralmente oposto: sempre um modo de vida pautado no enfrentamento político, na discussão verborrágica intelectualóide, na hiperintelectualidade estagnante. Nunca me ocorreu este fato, tão claro como me vem agora: apesar da minha obstinada negação, sempre tive um guru. Seu nome:... intelecto. 

Nelson Jonas R. de Oliveira

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!