Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

02 agosto 2011

O "como e quando" vosso de cada dia nos dai hoje


Durante minhas buscas, seja através dos livros, seja através dos locais, instituições, irmandades pelas quais passei, sempre me deparei com as pessoas buscando por respostas que pudessem eliminar o próprio trabalho necessário para a compreensão de seus múltiplos conflitos emocionais. Perguntas que sempre visavam a busca de possíveis atalhos a serem ministrados pelos lideres, palestrantes e mentores de tais associações. Não raro, perguntas referentes a um “como”, “de que maneira”, “quando ocorreu”, “qual o fator que foi determinante”, “o que é preciso fazer”, “como você fez”, “o que seu mestre lhe disse”, entre outras mais. Todas perguntas prisioneiras da questão do tempo, perguntas criadoras de um tempo cronológico e psicológico para a solução futura de seu problema. Pior que ouvir tais perguntas, era ouvir os líderes também caindo nessa armadilha e discorrendo suas limitadas lembranças, como se tivesse um modo, como se fosse possível afirmar com precisão “foi exatamente aqui”. Como isso pode ser possível? Como é possível afirmar que o fator determinante foi o milionésimo segundo antecedente a consumação da verdadeira liberdade do espírito humano e não o momento da bancarrota que causou o fundo de poço emocional que levou a ocorrência benfazeja de seu “despertar iniciático”? E qual a inteligência em saber o “fator determinante” do outro? No que o “time” do outro pode potencializar o trabalho pessoal de auto-investigação, meditação e auto-conhecimento? Não seriam perguntas como estas uma espécie de inconsciente escapismo para a não consumação da dissolução desse “eu” assustado, conflitado, amedrontado? Não estaria atrás destas perguntas a inconsciente procrastinação do trabalho de auto-enfrentamento? Ou na melhor das hipóteses, no caso dos mais sérios, não seriam uma ansiedade que impede de ficar n o único momento e local capaz de solucionar tal pergunta? Na sustentação destas perguntas não se cria por parte de muitos questionadores a mistificação, a respeitabilidade separatista, a “gurutização” daquele a quem se dirige a pergunta? O que seria mais válido para o processo de quem faz a pergunta: receber o histórico do tal momento determinante da experiência ocorrida no passado da pessoa atingida pela realização (realização do que ou de quem?), ou uma resposta-pergunta capaz de fazer o questionador compreender a entidade, os motivos que a levam a questionar, bem como o encontro de sua própria resposta? (visto que quase sempre a resposta se encontra na própria pergunta). Imagino que esse tipo de situação é o mesmo que alguém se aproximar de um reconhecido e premiado pescador e lhe questionar quanto ao local exato, a direção exata do imenso oceano percorrido, o momento exato da semana, a vara exata, a linha exata, o anzol exato, a isca exata, a temperatura exata da água, o modelo exato do barco, o ajudante certo para atrair “o peixe exato”? E o pior de tudo: o bom velhinho responder e o questionador acreditar na validade da resposta e seguir viagem, tendo como isca, a imitação...

Nelson Jonas R. de Oliveira


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!