Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

03 agosto 2011

Que a Presença, Seja!




.....Nelson Jonas diz: Bom dia!
.....Andrea Zafra diz.: Bom dia!
.....N.J.: Quer um cafézinho cósmico?
.....A.Z.: Manda! Demorou!
.....A.Z.: Vou ler.
.....(...)
.....A.Z.: Show o texto!
.....N.J.: Tocou-me bastante.
.....A.Z.: Sim, muito bom.
.....N.J.: O coração anda a mil.
.....Andrea Zafra di: Hoje, logo cedo fiquei vendo o movimento do ego. Esses dias tinha falado com minha amiga para falarmos com o RH a respeito de nossas férias. Aí, ontem por achar que o cara do RH estava de bom humor, dei um toque nela, que não se manifestou. Aí, hoje de manhã, disse-me que falou ontem com ele na copa. No primeiro momento, fiquei puta da vida, mas só observando aqui dentro... No mesmo instante consegui ver e não deu-se a identificação.
.....N.J.: Que bom! O lance não é ter razão, o lance é manter o estado de presença.
.....A.Z.: Não importa a atitude do outro, o outro é como tem que ser; eu não posso esperar nada do outro, que é o ego condicionado. Eu fico nessa de pensar no outro, nada a ver... O outro faz as coisas de acordo com o que convém. Aí veio no primeiro momento aquela coisa, o porque não sei que, mas como estava atenta consegui compreender no ato e não adianta mesmo: o outro não tem a consciência, então não adianta esperar nada. Está cada vez mais claro para mim. O lance é o silêncio, mas não o silêncio de birra, naturalmente.
.....N.J.: O outro é um ativador da sua doença ou da saúde - só depende do seu referencial com que vê os acontecimentos. Enquanto tem esse referencial no “eu”, sempre ocorrem essas reações quase que automáticas.
.....A.Z.: Sim! E o silêncio é a melhor coisa... Evito dar a primeira palavra que vai ativar minha loucura ou insanidade, mas que de qualquer forma o outro não vai entender, gera conflito, mal estar, raiva, enfim... Coisas que posso evitar para mim e para o outro, sendo assim, é melhor poupar. É melhor não falar nada mesmo, isso evita várias coisas.
.....N.J.: Sem dúvida.
.....A.Z.: Enfim, estou só de olho no danado... E ele fica pulando... Percebe que está com os dias contados, espero! Não aguento mais  esse tirano!
.....N.J.: Como pode? Ele não aguentar mais ele? (risos)
.....A.Z.: É... De tão insuportável que é.
.....N.J.: Dirija sua atenção para o centro do peito, saí dele, vai para o centro, vai para o Ser.
.....A.Z.: é o que tenho feito.
.....N.J.: E preste atenção na respiração... No ritmo... No ar que entra e sai.
.....A.Z.: Estou com falta de ar.
.....N.J.: É isso que está trazendo uma revolução dentro de mim. A falta de ar deve ser porque você perdeu seu ritmo... Encontre-o!
.....A.Z.: Muita dor nas costas, aí me da falta de ar.
.....N.J.: Talvez a falta de ar seja porque você perdeu o ritmo... Buscar o ritmo, o ar, o sopro...  Com a prática de uma atenção na presença que nos habita... Isso é fantástico... Uma nova dimensão é apresentada, uma nova maneira de estar em todas as situações... Vivi isso aqui com um cliente e não me dilui. Não houve aquele antigo cansaço, aquela antiga alergia...
.....A.Z.: Pois então, não te falei de hoje de manhã...
.....N.J.: De fato, funciona!
.....A.Z.: Aí, quando chegou aqui, meu amigo me disse que a esposa vai tirar férias em dezembro, na mesma época que eu. Aí falei para ele que ele já sabia que eu iria tirar férias nesse período... Aí ele: vamos ver o que vamos fazer! Eu disse: não podemos sair de férias no mesmo período. Aí fiquei puta, no primeiro instante, mas foi a mesma coisa... Ver o outro, onde ele está, mas ao mesmo tempo vou para o extremo, que já quero dar os meus dias pra ele tirar.
.....N.J.: É uma questão de voltar para o centro e deixar que esse centro resolva... É a tal da confiança, da entrega, da certeza de que o melhor para nós se estabilizará sem que esse "eu", com suas escolhas, com seus achismo do que seja o melhor para nós, se manifeste.
.....A.Z.: É mas tenho que resolver isso hoje, porque minha filha precisa comprar as passagens, pois fica bem mais barata, quando comprada antecipadamente. Aí tenho que falar dos vinte dias que restam.
.....N.J.: Converse; coloque-se sem escolha... Só colocar e soltar...
.....A.Z.: Sim, é o que vou fazer. Estou me sentindo muito bem. Você disse aquela hora, como o ego não aguenta ele mesmo... Mas o observador é a coisa observada, e na observação ele é diluído... Se o observador vê, a coisa observada não tem poder, acaba. E o ego odeia ser observado, é como os olhos da medusa.
.....N.J.: Olha só: deixe-me partilhar como estou vendo isso tudo... Num primeiro momento há que ter o "observador e a coisa observada", até que isso se faça de modo natural, sem esforço, sem trabalho. A partir daí, há que se dirigir a atenção para a percepção dessa Presença, desse Sopro que nos habita, que não está na região do observador — na mente —
mas sim, ali no local da quentura, de onde nasce o Sopro. É essa percepção, é esse sopro quem vai diluir tanto observador como a coisa observada, de uma forma natural, imperceptível, sem escolha ou participação alguma do observador. Sinto que isto está acontecendo aqui. Sinto isso! Sinto que algo está acontecendo sem que eu queira que aconteça.
.....A.Z.: Ai é que está... Estou sentindo que, aquele que vê o observador e a coisa observada é o que “eu sou”, sem esforço nenhum.
.....N.J.: Isso! Se manter aí: na percepção, que não é uma ação do percebedor... Parace loucura, papo de doido, mas não é!
.....A.Z.: Sim, a loucura que cura, está me deixando mais leve.
.....N.J.: Na real, sinto que é o total distanciamento da loucura, manifesta pela identificação de que "eu" tenho que fazer alguma coisa, de que "eu" tenho que me colocar, de que "eu" tenho que me fazer ser respeitada... O lance é “dar a outra face”, a face que olha prá dentro e não para os agentes externos, que estão aí potencializado essa situação, ou de descontrole ou de auto-conhecimento.
.....A.Z.: Sim sem duvida é esse “eu”.
.....N.J.: Essa idéia de que "eu" tenho que, traz consigo uma energia cuja essência é separatista, é na certa, conflito.
.....A.Z.: E percebo que quando consigo perceber que não preciso ser aprovada, ou seja lá o que for, o que é se manifesta em mim, e não ligo para nada.
.....N.J.: Quando há essa energia, fruto da rendição e entrega, algo que é harmonia em essência, começa a tomar conta das situações, começa a restaurar as relações, pois começa a influenciar de forma direta, silenciosa e misteriosa também no "outro" mecanismo,   que em última análise, também somos. É o Ser Cuidando do Ser, onde todos somos UM.
.....A.Z.: Sim!
.....N.J.: Sei que pode soar um tanto místico, mas não vejo mais assim. Vejo, não é a palavra certa para essa constatação, a palavra certa é SINTO. Mas, isso só é possível na dimensão do coração. Quando se perde o contato com esta dimensão, o intelecto, a mente, toma conta e volta se instalar toda forma de conflito, na maioria das vezes, de forma velada, o que torna mais difícil a identificação dos fatos.
.....A.Z.: E de acordo com o meu coração, ele agora quer que eu abra mão das minhas férias em dezembro, porque estou morrendo de dó do fulano.
.....N.J.: O sentimento de “dó” também é do "eu".
.....A.Z.: Será?
.....N.J.: Olha para isso... O lance é o que é. Quem pode garantir que isso possa ser o melhor para ele? O Lance é sair do centro, da referência e permanecer como uma testemunha amorosa... A mente, com certeza vai se zangar.
.....A.Z.: Não sei se é esse o nome, mas eu posso escolher férias em qualquer período porque você também pode. Ele quer tirar junto com a esposa.
.....N.J.: Com certeza, esse “eu” vai justificar aos berros que não se pode ficar abaixando as calças e toda situação, que é preciso se fazer respeitar. Eu posso tirar férias a qualquer momento, mas e a sua filha?
.....A.Z.: Outubro já está certo os 10 dias.
.....N.J.: E quem é que sabe qual é a real necessidade de cada um dos envolvidos? Percebe? Portanto, como sugestão de prática, relaxe nesse ponto de quentura e deixe as coisas acontecerem... O mais importante não é o resultado externo, mas sim, o resultado interno AÍ e AGORA... Isso é que conta! Essa é a grande “férias permanente”, férias desse "EU"... (risos)
.....A.Z.: Meu peito está queimando igual brasa...
.....N.J.: E você merece uma longa férias desse "eu" que foi seu maligno patrão por decênios. Você precisa de umas férias para ver se ele percebe qual é o devido lugar dele na vida de relação.
.....A.Z.: Sim!
.....N.J.: Neguinha: algo está acontecendo por aqui, algo que é muito lindo, muito leve, muito esclarecedor, muito agregador... O importante é proteger isso na "manjedoura" que somos, sobre o bafo do animal que somos... Se é que queremos ser dignos de ser chamados de “humanos”.
.....A.Z.: Sim!
.....N.J.: Fazer nascer essa criança que vem com sua estrela própria, que traz um perfume, que traz brindes, presentes para celebrar a Vida... Esse é o verdadeiro Natal a ser festejado, compartilhado, comungado... É preciso estar atento pois o “Herodes” que é o nosso intelecto, não vai medir esforços para conseguir cortar a cabeça desta criança amorosa. Ele não vai medir esforços para se certificar que não será destronado de seu reino. É preciso se retirar para proteger essa criança que está ai, bem no centro do seu chacra do coração.
.....A.Z.: Sem dúvida nenhuma. Por isso o silêncio... Estou pegando fogo! Namastê!
.....N.J.: Então, como me disseram, “deixe-se ser consumida nisso que é, na única realidade, na única real necessidade humana, nessa única e necessária fusão que faz a mente sentir e o coração pensar... Estou feliz por poder compartilhar isto com você. Como sempre brinco, vem comigo! Vem que é um comigo, sem "mim"... Estamos muito próximos de revelar esse cubo mágico e que quando revelado, se dissolverá... E a partir de então, não existem mais quebra-cabeças, nem esse jogo de brincar de viver enquanto só se existe. Na real, estamos vivendo o chacra do coração, que nos leva para o chacra da garganta, onde encontramos nossa verdadeira voz, uma voz que tem propriedade e que, pela sua propriedade, sem esforço, traz o respeito pelo qual sempre esse “eu” inutilmente brigou. É um momento de dar e receber de forma incondicional, como uma testemunha... Isso põe fim às magoas, aos ressentimentos, às desconfianças... Traz leveza!
.....A.Z.: Faz sentido! Totalmente!
.....N.J.: Faz sentido e faz sentir! Isso é sentimento puro, sem filtros! Acho que esse tal de Ramana está trabalhando em nós, depois de anos e anos de krishnamurti e — nos últimos tempos — Nisargadatta Maharaj . Agora deve ser a vez desse médico invisível!
.....A.Z.: Sim, com certeza! Ontem foi muito boa a leitura; estou lendo mais sobre ele... E ele também pensava como krishnamurti, não queria ser melhor que ninguém; tenho pesquisado e tenho gostado muito do que tenho lido a seu respeito. Agora tenho que desligar. O patrão me chama. Beijos.
.....N.J.: Beijos e que a Presença, Seja!

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!