Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

08 agosto 2011

Livre-se da dualidade

Livre da dualidade, upload feito originalmente por NJRO.


..........Quando ouvimos o nosso coração, quando ouvimos o sopro da consciência, todo condicionamento, toda forma de dependência, toda dúvida, todo conflito, toda confusão, todo mal estar proveniente de nosso modo de vida centrado nas limitações de nosso intelecto, com suas escolhas divergentes, contraditórias, retrocessas — uma vez que em si mesmo carecem de força, de propriedade, — são lançadas por terra. No entanto, isso só é possível quando saímos da identificação mental com os nossos pensamentos, como sendo esses pensamentos. Inicialmente, por causa de nossa educação, de nossa nefasta cultura herdada, sem que tenhamos consciência disso, nos identificamos como sendo os pensamentos, como sendo esse barulhento viveiro de arara que é a nossa mente. 
..........Com o desenvolvimento da manifestação de nossa consciência, começamos através de conflitos de outra espécie, a perceber que não podemos ser o conteúdo assustador de nossa mente, conteúdo esse que tememos por demais virem à superfície do conhecimento público, ou então de os mesmos serem materializados. É nesse período que se instala em nós, um outro estado de Ser, muito mais consciente do que o infeliz modo de ser de outrora, aquele modo de ser, totalmente identificado com as mensagens do intelecto. 
..........Ainda de forma inconsciente de nossa verdadeira realidade, ainda inconscientes do que somos, agora passamos a acreditar que somos esse “observador” que distingue e que separa a si mesmo desses “pensamentos”, disso que ele observa. Aqui, ao invés de nos sentirmos um só com o conteúdo insano de nosso egocêntrico intelecto, nos fragmentados, entre “observador” e a “coisa observada”. Aqui já se instala um grande avanço, no entanto, ainda limitado. Apesar deste estado de consciência já nos proporcionar um estado de ser muito mais centrado, livre das antigas confusões, das antigas compulsões, dos desvarios de nossos desejos infantis, ainda não sabemos o que pode significar a verdadeira liberdade do espírito humano. Ainda somos vitimados por conflitos de dualidade. Ainda somos passiveis de retrocessos, dúvidas e receios. Ainda somos vitimados por apegos, dependências, buscas de certezas, brigas por razões e toda forma de resistência que ainda é fruto amargo do intelecto. 
..........Mas, neste período ocorre o inicio de um milagre, o milagre da capacidade de escutar, de escutar pelos ouvidos do coração. É como sermos agraciados com cotonetes, nos ouvidos do coração, que através de seu uso constante, diário, vão retirando aos poucos as grossas camadas da fétida e limitante rolha de cerume dos condicionamentos humanos que limitam a descoberta de nossa vocação, a descoberta de nossa real função e participação neste eco-sistema cósmico (por favor não mistifique esta palavra última). A cada dia que passa, mais nos tornamos conscientes das insanidades provenientes das “sugestões imperiosas” do intelecto. Aqui, já não mais funcionamos no automático, aqui se instala o livre-arbítrio da escolha, o qual erroneamente, ainda confundimos com liberdade. No entanto, onde há escolha, não pode haver liberdade, não pode haver a manifestação imediata da consciência do real. Na consciência do real, não há espaço para a escolha, uma vez que a escolha é uma ação no tempo e, portanto, geradora de espaço, espaço este, sempre limitado pelo referencial do “eu”, do “intelecto”. Só no estado de plena consciência não há escolha, não há espaço, não há conflito. 
..........Esse estado de plena consciência é a nossa “Terra Prometida” é a nossa herança que nos é de direito e ela se manifesta gradualmente através da observação, através da prática desse auto-observar “relâmpago” dos pensamentos que insistem em surgir em nossa mente, com seus mais variados e sagazes impulsos. O intelecto tem vivido por séculos, desde o primeiro homem nesta  terra e tem aprendido como sobrepujar todas as limitadas ações do homem no sentido de silenciá-lo. Quando este pensa que o venceu, o pensamento entra pela porta de trás, com seus olhos raivosos, feito lobo feroz, trazendo com ele, mais sete, mais pensamentos conflitantes. Quando alimentamos a observação desses pensamentos, totalmente livres da ação de julgamentos, da ação de escolhas, da ação de preconceitos, mais nos aproximamos desse estado de ser, dessa terra prometida que é um verdadeiro Paraíso, um céu aberto de múltiplas possibilidades, totalmente livre dos conflitos existentes na "Faixa de Gaza do intelecto". Quando, ao contrário, nos identificamos, ou seja, ficamos idênticos à tudo aquilo que se passa em nossa mente, em nosso intelecto abarrotado de conhecimento, de imagens, não há como ser diferente: somos vitimados, paralisados por toda forma de medo, por toda forma de conflito, por toda forma de ressentimento, por toda forma de separação, de desafeto e desamor, nos entrincheiramos, acuados e assustados nos limites da zona de conflito que é o intelecto humano. Aqui, somos uma sanguinária máquina distribuidora de conflito e doença. Somos um estado de constante desconfiança enrustida, de constante resistência não declarada, de constante insegurança a ser sistematicamente disfarçada. Somos possuídos por infindáveis medos que tentamos disfarçar com nossas transitórias posses, nas quais nos apegamos de modo infantil, tal qual a criança que chora, que faz birra para não compartilhar de seu brinquedo. Vivemos em constante estado de tensão, tensão esta que nos rouba a capacidade do desfrute, do comungar, do vivenciar. Nosso passo, nosso corpo e nossa respiração se fazem pesados e toda forma de somatização é possível de se manifestar. Somos vitimados pelo tédio e pela insatisfação crônica da rotina. Vemos tudo pelo enorme arquivo de imagens do ontem, do passado. Não há como a cada segundo, cada minuto ser um milagre de possibilidades de descobertas de um impacto amorosamente profundo. 
..........Isso só pode acontecer quando estamos “plugados” na rede do coração. Só aqui, só nesta rede calorosa, cujo balanço é suave e constante, balanço livre da nossa necessidade de dar impulso, é que nossa rede social pode passar a ter qualidade e não a superficialidade e a mediocridade, resultantes dos velhos e desgastados conteúdos da mente condicionada. Só aqui, na dimensão do coração é que a vida pode ser uma festa, uma festa válida de ser compartilhada. Só aqui, cada ação, cada descoberta, cada experiência merece ser compartilhada aos demais corações. Aqui, não há o menor interesse pelas medianas e superficiais partilhas intelectuais, com a qual a grande maioria tenta matar sua sede de ser, do mesmo modo como alguém em meio ao deserto tenta matar sua sede bebendo água salgada. Aqui, nesta dimensão do coração, não há como se ter sede: como é possível? Como que água pode sentir sede estando no colo da Fonte? Deixo está pergunta para você. espero que ela seja tão fecunda quanto foi para mim um dia.
..........Se você estiver na dimensão do coração, sei que não precisará fazer uso das limitações de seu intelecto para poder responder esta pergunta. Aliás, se você estiver mesmo nesta dimensão do coração, — nem imaginando estar nela — nem mesmo sentirá a necessidade de expressar qualquer coisa, pois saberá que aqui, só há espaço para o sentir. No entanto, se for seu triste caso, se ainda se ver prisioneiro do intelecto, na pior das hipóteses, terá descartado este texto muito antes de se deparar com esta pergunta. Ou então, poderá ter chego até ela, num estado de múltiplas defensivas. Meu amigo, se for este o seu caso, gostaria de lhe pedir o mesmo que um dia me foi pedido, quando em profundo estado de resistência: Tenha um pouquinho de paciência, paciência comigo e com você, afinal, o que você pode ganhar com esse modo de estar na vida? Se continuar com esse “modo operantis”, que mais poderá fazer do que fechar esta página, e seguir contrariado, frustrado, continuar seguindo a vida com suas tristezas, conflitos e mazelas ocultas?... Escute agora este convite de um irmãozinho que cansou de bater com a cabeça, não em muitas paredes, mas tão somente na espessa parede do intelecto. Eu lhe convido agora:
..........Permita-se! Permita-se que a dimensão do coração se estabeleça em você. Solte-se! Relaxe! Você está em terreno seguro! Permita que essa presença seja em você. Não é preciso muito para que isso aconteça, basta, pela ação da observação, deixar que o próprio coração lhe apresente de forma holística a resistência que o mantém distanciado desta calorosa e suave dimensão do ser. Permita-se deste desfrute. Permita-se conhecer esta chama que a tudo inflama de modo amoroso e que nos liberta de vez, que põe abaixo, toda forma de dualidade. Permita-se e você encontrará uma nova dimensão, capaz de trazer a você, sua verdadeira vocação, sua verdadeira participação nutritiva neste mundo de relação, neste mundo aparentemente confuso, neste mundo, que nesta dimensão do coração é um verdadeiro banquete cósmico!
..........Seja bem-vindo a sua real natureza!
..........Namastê!

..........Nelson Jonas R. de Oliveira

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!